Espaço de atividade literária pública e memória cronista

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Felgueiras no 5 de Outubro de 1910… em artigo no SF.


Em mais uma sequência de nossa colaboração publicista, damos desta vez conta do artigo que faz parte do número atual do jornal Semanário de Felgueiras, distribuído publicamente nesta quinta-feira, atendendo ao feriado de amanhã - por sinal este ano assinalado pela última vez a nível nacional, por imposição da nova vaga política reinol.


Assim, partilhamos aqui a respetiva coluna, para conhecimento de eventuais interessados sobre a crónica impressa na edição correspondente à sexta-feira, dia 5 de Outubro.

(Clicar sobre o recorte digitalizado, para ampliar) 

Do mesmo trabalho, para facilitar a leitura, juntamos o texto original: 

Felgueiras e o 5 de Outubro… 

Entrado Outubro no calendário, depara-se a chegada do tempo incerto outonal, como que saudoso de melhores dias, enquanto no meio ambiente tal nostalgia se contagia pelas troikas e baldrocas do estado do país. No qual, ainda antes do cair das folhas, este ano se comemora o feriado do 5 de Outubro, da implantação da República que a atual geração política não aprecia muito, pelos vistos. 

Ora, essa efeméride, que afinal de contas devia dizer algo aos portugueses, tem também laços afetivos a Felgueiras, como acontecimento em que esteve presente certa colaboração conterrânea à transformação acontecida em 1910. Uma data histórica bem paradigmática de profunda transformação na vida nacional, quer a nível político pela mudança do cetro monárquico para o regime constitucional republicano, bem como a nível social por via do desenvolvimento surgido, segundo se notou na evolução repentina. Aí Felgueiras também teve, enfim, ligação a esse movimento da implantação da República: No terreno por meio da ativa participação de João Sarmento Pimentel, então jovem que apesar de ser transmontano de nascimento era Felgueirense de residência, atendendo à sua estada mais regular em Felgueiras, habitante que foi na casa-mãe da sua família (solar da Torre, em Rande). E através de contribuição logística do Felgueirense Dr. António Pinto de Sampaio e Castro, político local de ideias republicanas. 

Com efeito João Pimentel, como Cadete da Escola do Exército, tomou parte ativa incorporando-se com armas na decisiva batalha da Rotunda, em Lisboa, dando o corpo ao manifesto da revolta do 5 de Outubro que implantou a Republica em Portugal. O Dr. António Sampaio Castro, personagem muito respeitado, contribuiu no movimento a modos que anonimamente, atuando na clandestinidade durante o último período da Monarquia. Sendo assim o Dr. António Castro grande ativista político e amigo de João Sarmento Pimentel, ficou no conhecimento popular que o Cadete Militar, João da Torre, levara para Lisboa artesanais bombas feitas na Longra, na Casa do Dr. Castro, na Leira, de Rande (onde residia, embora oriundo de família da Casa de Moinhos, do Unhão), pelo que se tornou lendário que algumas das primitivas cargas usadas na implantação da República foram originárias de Felgueiras. 

Ora, no longínquo 1910, por tal motivo o Dr. Luís Gonzaga Fonseca Moreira, figura de prestígio local e amigo dos dois personagens republicanos em apreço, escreveu no jornal de Felgueiras desse tempo a novidade, transmitida com grande ênfase a dar conta da participação do então Cadete João Pimentel no 5 de Outubro, conforme notícia inserta nesse Outono no periódico concelhio sob título “Um Bravo”. A vitória do 5 de Outubro foi mesmo aclamada publicamente na vila de Felgueiras, em frente ao edifício onde funcionavam na época os Paços do Concelho, largo que por esse facto ficou durante longas décadas denominado como Praça 5 de Outubro (até que estranhamente o nome foi alterado em 1993 para Praça do Foral). 

Depois sobre o Dr. António Castro, então Conservador concelhio, recaiu escolha para Administrador do Concelho após a implantação da República, sendo ao mesmo tempo Conservador do Registo Civil de Felgueiras. Desempenhava as funções de Administrador quando, anos volvidos, se deu o levantamento oposicionista da Traulitânia que impôs a Monarquia do Norte, em finais de 1918. Então manteve-se fiel à Republica e, apesar de pressionado para se demitir, resistiu e fez com que tudo se mantivesse normalizado, pelo que foi muito vitoriado aquando da derrota desse efémero regime. Mal se soube do movimento liderado por João e (seu irmão felgueirense) Francisco Sarmento Pimentel, na restauração da República no Porto, a 13 de Fevereiro de 1919, juntou-se muito povo em Felgueiras, no Largo 5 de Outubro, em frente ao “Registo”, numa manifestação popular de júbilo pelo importante protagonismo conterrâneo no derrube do regime de Couceiro e aplauso pela atitude firme do Dr. António Castro... 

Mas isso são já outras histórias, importando agora focar ter havido contribuição felgueirense na causa republicana, qual certeza que houve e há cá dentro gente digna de honrosa memoração. 

ARMANDO PINTO 

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