Está ainda no limbo das questões o caso que se passa com o caminho da Calçada de Rande (como se sabe um caminho medieval da parte que resta do antigo percurso do Caminho de Santiago verdadeiro, que passava na região), de interesse público. Caminho agora e desde há muitos anos com atribuição toponímica oficial de “Travessa da Calçada”, com colocação devida da respetiva placa da toponímia de foro municipal. Cuja ocorrência ali acontecida por estes dias está ainda por esclarecer e urge resolver da melhor forma para a inerente preservação.
Esse caso demonstra como estudos de registo histórico ainda
conseguem fixar à posteridade certos aspetos entretanto desaparecidos ou em
vias de destruição. E levam a pensar como até há certos factos de menor impacto,
mas com características de interesse memorial. Que se apontam como curiosidade, visto se não tivessem sido registados de algum modo se lhes perderia o rasto. Tal como se passa precisamente
com os nomes de ruas, travessas e vielas que ainda preservam os nomes dos
antigos lugares, a fazer memória do conhecimento popular. Visto saber-se que há antigos lugares em escrituras que já nem se sabe onde ficavam. E ainda há outros de características
locais tradutoras da tradição oral. Como por exemplo acontece com nomes antigos
de lugares, quão lembra os nomes dos antigos lugares de Valdomar de cima e de baixo,
(hoje já só restando o de baixo, por o de cima ter desaparecido com o
rasgamento e passagem da auto-estrada) em Rande. Sendo na versão escriturária
dado o nome de Valdemar, mas na tradição popular e conhecimento comum sido e
ser sempre Valdomar. Igualmente com o lugar das Chãos, no alto de Rande, que pelo nome
feminino seria das Chãs, como foi alterado na escrita, mas o povo continua como
antes a chamar-lhe lugar das Chãos, conforme constava em antigos documentos.
Igualmente no nome da freguesia de Sernande, que pela regra gramatical seria
Cernande, mas é escrita Sernande, segundo vem de tempos idos. Bem como na Pedreira, o lugar popularmente conhecido por Crasto seria Castro, de local de um antigo sítio castrejo, mas o povo e a tradição deram e dão conhecimento de Crasto, pela evolução popular. Entre diversos
exemplos, em modo ciente de como a tradição é prova afinal histórica, também.
Armando Pinto