Espaço de atividade literária pública e memória cronista

terça-feira, 10 de junho de 2025

Aerogramas - entre memórias de tempos da guerra colonial...

Estando-se em tempo de comemoração do Dia de Portugal, a 10 de junho, ainda saiem dos arcanos da memória certos factos relacionados com as comemorações do Dia da Raça noutros tempos. Como quando eram condecorados alguns soldados que se distinguiram por algum motivo na Guerra Colonial, ao tempo chamada guerra do Ultramar português. Por vezes com medalhas entregues a alguém da família respetiva, quando se tratava de mortos do contigente militar. Cujos familiares, de todos os soldados e praças de todos os ramos das forças armadas, contactavam com seus entes queridos através de aerogramas.

Ora... Ainda fazem vir acima muitas recordações os célebres “Aerogramas” do tempo da guerra do ultramar português, com que era mantida correspondência entre o povo português na ligação de quem estava a cumprir serviço militar nas colónias das províncias ultramarinas, com familiares e amigos distantes no contingente militar.


Não será necessário explicar o que era isso, embora para as gerações que não viveram esse período possa ser algo quase mitológico. Sendo um tipo de carta de envio por correio aéreo, sem necessidade de sobrescrito, a fechar através de processo de colagem das pontas do formato apropriado, de papel desdobrável. Coisa que foi frequente nos costumes nacionais durante a Guerra Colonial, como meio de comunicação preferencial entre as famílias na Metrópole e as tropas destacadas nas províncias em guerra com Portugal, ou seja Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, mas também com as restantes onde estavam militares em missão de soberania, como em Macau e Timor, por exemplo. Em virtude de ser um meio gratuito de correspondência, mantido pelo antigo SPM (Serviço Postal Militar) entre 1961 e 1974, através de emissão oficial do Movimento Nacional Feminino, organização de representatividade estatal.

Eram tempos em que a comunicação oficial do Governo do Estado Novo fazia mexer a sensibilidade patriótica. Lembrando as crónicas radiofónicas de um repórter de guerra que se apresentava dizendo: "daqui fala Ferreira da Costa"... e então o hino "Angola é nossa, gritarei"... e tantas imagens das chegadas e partidas dos "Vapores" rumo a Moçambique, Angola, Guiné, Timor... e mais os tais aerogramas que vinham e iam pelo correio. 


Assim, desses modelos de partilhas de missivas, também ficaram alguns exemplares de trocas de correspondência de familiares, amigos e conhecidos com o autor deste blogue. Cujos "aeros" por norma foram guardados, sobretudo de familiares, mas por vezes também de amigos. Entre os quais, do acervo de recordação pessoal, se ilustra aqui o tema recordatório mediante imagens de um dos diversos exemplares ainda existentes em arquivo pessoal. No caso (com a frente, a totalidade e o verso, de endereço e remetente) dum aerograma em que o remetente está apenas assinado por uma rubrica, ou seja por este não ser edentificável facil e publicamente. Servindo como exemplo de um desses tais aerogramas da correspondência nos tempos da guerra de lá de longe... como se dizia.

Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens )))