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sábado, 8 de janeiro de 2022

Sobre um antigo elemento do Rancho da Longra: Reportagem no jornal O Louzadense - "Pedro Mendes, um produtor cultural resiliente"

 

Do jornal “O LOUZADENSE”- versão On Line (Janeiro 6, 2022 - Em Espaço Cidadania, Sociedade):

« Pedro Mendes, um produtor cultural resiliente

Aos 35 anos de idade, Pedro Miguel de Bessa Mendes, de Lousada (São Miguel), tem um vasto currículo como curador de exposições artísticas, organização de eventos, criação de instalações artísticas, entre outras iniciativas culturais. A Esclerose Múltipla de que padece desde os 17 anos de idade, é contornada com muita resiliência. Isso permitiu a Pedro Mendes realizar uma mostra bastante diversificada e original intitulada Santo António Arte, cuja terceira edição deverá acontecer em 2022.

“Grande parte dos meus anos de idade são dedicados ao universo das Artes, fruto das minhas escolhas do 9º ano de escolaridade”, afirma Pedro Mendes, que escolheu o ramo de ensino Arte/Design, “que permitiu elaborar os meus projetos e sonhos para o futuro”, acrescenta.

Esse gosto acentuou-se nos anos seguintes, “no decorrer do ensino secundário, o meu conhecimento foi absorvido com muita satisfação e sucesso”, declara.

Mas uma infeliz revelação marcou a sua vida a partir dos 17 anos: “eu estava no 12º ano quando descobri, com ajuda de amigos e com a equipa de neurologia do hospital, que padecia de Esclerose Múltipla”, revela.

“O meu mundo, desde os meus pais, familiares, amigos e o corpo docente da escola, ficou em choque. Para mim, era como se fosse uma gripe ou outra coisa com que eu tinha que lidar, ao mesmo tempo que tinha de manter o foco no meu grande objetivo, a entrada no ensino superior”, confessa Pedro Mendes, que assim se manifesta positivista face a esta doença degenerativa.

A entrada na Universidade aconteceu pelo curso de História da Arte, da Faculdade de Letras do Porto, conseguindo não só a licenciatura neste curso, entre 2005 e 2009. Mais tarde, entre 2009 e 2014 fez o mestrado em História da Arte Portuguesa. O estágio curricular foi realizado no Palácio das Artes do Porto, no projeto Fábrica de Talentos, em 2012.

“No ensino superior fui sinalizado como aluno NEE, com Necessidades Educativas Especiais, e ajudei a criar o centro de auxílio desse tipo de alunos, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que é e será sempre para mim um local especial e onde a minha madrinha de Mestrado é Bibliotecária”, declara.

Agente de informação sobre Esclerose Múltipla

“A Esclerose Múltipla é uma doença crónica e tenho noção da gravidade que esta patologia tem, a vários níveis, e sei muito bem que é para ser levada a sério, pois atualmente tenho 88 por cento de incapacidade e encontro-me desempregado”, confessa este lousadense. 

Para divulgar informação sobre a Esclerose Múltipla e congregar as pessoas direta e indiretamente ligadas a esta patologia, Pedro Mendes tem vindo a realizar várias iniciativas e é o representante em Lousada da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla. “Além disso, fui fundador do Gang da Esclerose Múltipla, através do qual tenho realizado sessões de esclarecimento e caminhas a nível local, regional e nacional”, acrescenta.

Pedro Mendes foi organizador da conferência de esclarecimento alusiva à Esclerose Múltipla, no Espaço AJE, em Lousada, em 2008, evento esse que tem replicado ao longo dos anos em diferentes locais. 

“Santo António Arte é o meu filho”

Ainda não tinha terminado os estudos e Pedro Mendes já se dedicava às artes. “Uma das produções artísticas ou eventos de que tenho orgulho de salientar é precisamente a primeira curadoria que realizei, no final do 12º ano e se intitulava «Retrospectiva»”, confidencia o produtor cultural.

No decorrer do Ensino Superior organizou sessões de esclarecimento sobre «O que é a Esclerose Múltipla», além de fazer curadoria de exposições artísticas em variados locais, desde os mais comuns até aos «fora da caixa»: “fiz exposições em galerias de arte privadas e públicas, associações, bibliotecas municipais e na rua”.

Neste âmbito surgiu o projeto «Santo António Arte», que nas palavras deste autor, “é o meu filho, pois concebi-o e criei-o, num desafio de unir o comércio, os serviços e a restauração num único objetivo, que é reavivar o comércio de rua e atrair os consumidores habituais, os novos e curiosos consumidores ou visitantes, na mais longa e emblemática rua de Lousada”.

Está prevista, para curto prazo, a realização da terceira edição desta iniciativa que contempla diversas artes espalhadas pelos estabelecimentos comerciais da referida artéria da vila, com muita animação musical.

A curadoria da exposição de artes plásticas é uma das suas áreas preferidas, sendo de assinalar a mostra “Erijo tona” de Hugo Soares, nas Piscinas Municipais de Lousada, em 2011,

Experiências profissionais

A incapacidade física não é uma limitação para Pedro Mendes trabalhar. Os projetos pessoais são exemplo disso, assim como as inúmeras experiências profissionais que contabiliza no seu currículo. Entre estas destaca-se a última, um Estágio CEI+ (Contrato Emprego-Inserção), na Câmara Municipal de Lousada, onde “desempenhei funções de Técnico Superior, que estava responsável pela pesquisa de candidaturas no âmbito do Quadro Comunitário de Apoio, e prestava auxílio na organização de eventos, como as Jornadas Sociais e as Jornadas da Europa”, esclarece.

Noutro estágio de caráter profissional, Pedro tinha estado, também como Técnico Superior, na Câmara de Felgueiras, entre Outubro de 2013 e Dezembro de 2014, num projeto sobre Renda de Filé, no Pelouro da Cultura e Património. Nesse contexto, fez parte da organização dos eventos comemorativos dos 500 anos do Concelho de Felgueiras, em Outubro de 2014.

De assinalar também o trabalho temporário que desenvolveu na Galeria de Augusto Canado e que “foi muito gratificante”, afirma.

É caso para dizer que de resiliência não padece Pedro Mendes, que persiste e insiste na busca da sua realização em cada atividade e projeto, mas acima de tudo num emprego que busca incessantemente. »

Comentários

Armando Pinto  1 dia ago

Um abraço ao Pedro. Um dos meus “meninos” do Rancho que fundei e ao qual presidi durante alguns anos mais, o Rancho Infantil e Juvenil da Casa da Longra (Felgueiras). Ao qual o Pedro Mendes pertenceu como um dos bons elementos juvenis do grupo de danças. Força e vou ver se consigo estar presente numa das tuas próximas iniciativas culturais.

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A. P.