Pelos idos anos da década de 60 e ainda durante algum tempo
dos anos 70, foi deveras apreciada a vinda da camioneta dos livros, como chamávamos
à carrinha do Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste
Gulbenkian. Contendo muitos e bons livros em estantes no interior das
carrinhas. Cujo serviço havia sido criado em 1958, como biblioteca-circulante, através
de diversos veículos preparados para o efeito e espalhados pelo país, na ideia
de promover e desenvolver o gosto pela leitura e elevar o nível cultural dos
cidadãos, possibilitando a todos os interessados livre acesso às estantes,
empréstimo para leitura domiciliária e gratuitidade do serviço.
Não será necessário explicar ou recordar em pormenor o caso,
por ainda estar certamente na memória de toda a gente desses tempos.
Não havendo fotografia desse tempo alusiva ao tema, para
ilustração, junta-se uma imagem duma dessas carrinhas, conforme consta de
algumas publicações.
Ora um desses veículos, que percorria a região aqui de Felgueiras
e terras de concelhos circunvizinhos, passava e parava então na Longra.
Primeiro junto à Casa do Povo e depois entre a casa do senhor Castro Africano e
a Farmácia Abreu (hoje entre a casa da família do sr. Luís Sousa e a fabrica
IMO). Tendo ficado na lembrança essa utilidade e derivadas recordações, desde o
condutor, um senhor novo, e o bibliotecário, um senhor idoso, até à praxe de
requisitar os livros com a apresentação dum cartão próprio, etc.
Pois disso mesmo ainda tenho o meu cartão. Não o primeiro,
que tive ainda no tempo da escola primária, pelo menos aí desde
1961,sensivelmente, quando comecei a aprender a ler, e ia lá buscar livros de
bonequinhos, para ver e ir lendo. E depois quando comecei a ler livros de
histórias infantis, mais livros sem imagens, posteriormente. Ou seja no tempo
da escola primária e depois. Até que mais tarde, quando vinha de férias,
estando ausente da terra por via dos estudos, mas regressava para passar
temporadas, voltei a ir buscar livros à mesma carrinha, quando parava por cá,
sendo desse tempo o meu segundo cartão, passado quando tinha 15 anos. Este aqui
partilhado em imagem, estando ainda guardado como recordação pessoal.
Armando Pinto
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