Espaço de atividade literária pública e memória cronista

sexta-feira, 1 de março de 2019

Carnaval da Longra, na linha tradicional do Entrudo Longrino



Está já aí o Carnaval, à chegada dos dias mais carnavalescos do ano, passe a redundância de expressividade. Aproximando-se então o domingo gordo e seguinte terça-feira de Entrudo, em dia que por estes lados se saboreia em família o bom cozido à portuguesa, com sobremesa tradicional do serrabulho doce da região.

É pois ocasião de, mais uma vez, se realizar também o muito tradicional Carnaval da Longra, através do habitual Corso Longrino, que desde 1997 tem feito encher tudo quanto é sítio da antiga povoação e atual vila da Longra. Dando seguimento a antigas andanças de muitos “caretas” andarem a correr o carnaval de forma espontânea, de cujas réstias ainda aparecem muitos figurantes a acompanhar o cortejo que se tem vindo a realizar.

Ora este Corso da Longra de forma organizada surgiu a partir da altura em que deixou de ser organizado o antigo Desfile de Carnaval da cidade de Felgueiras. Acontecimento esse, nas sede do concelho, que durante alguns anos substituiu e alterou o antigo costume de andarem pelas freguesias os ancestrais caretas espontâneos. Pois com a centralização das atenções na cidade cabeça do concelho o povo passou a acorrer aí, deixando de haver o anterior movimento de magotes dos mascarados ocasionais pelas restantes localidades concelhias, por assim dizer, na generalidade. Contudo, assim como surgiu, também desapareceu passados poucos anos o Corso de Felgueiras, deixando de se realizar esse cortejo pelas artérias da cidade de Felgueiras desde meados dos anos noventas, do século XX. Tal como este ano volta a reaparecer, indo de novo acontecer Carnaval festivo na cidade de Felgueiras. Esperando-se que não seja apenas episódico, como na outra série, e umas coisas não acabem com outras, para depois morrer tudo.

Assim sendo, o Carnaval da Longra, e também o de Jugueiros, os dois Corsos que se têm realizado nas últimas décadas em terras de Felgueiras, vão ter este ano a companhia da organização citadina. Estando para suceder, segundo parece, que alguns dos carros alegóricos do Corso da Longra, pelo menos, depois de desfilarem pela vila ainda seguirão depois para cima até à cidade, de modo a contribuírem para o Corso de Felgueiras, que como tal começará mais tarde.


O Corso da Longra está para sair para a estrada pelas 14, 30 horas. Iniciando-se então desde a zona industrial da antiga Metalúrgica da Longra pelas “duas e meia da tarde”.

Como de costume, já está colocado no centro do histórico Largo da Longra o tradicional boneco figurativo do Entrudo. Como chamariz anunciador, entretanto, para depois, por fim, ser queimado após o enterro alusivo e respetiva leitura dos acórdãos do costumeiro testamento popular – à imagem dos velhos usos e costumes.


Na pertinência de como no Carnaval nada é levado a mal e a brincar se vão mostrando realidades, a propósito, o “macaco” do Entrudo dá azo a reparar-se nalgumas circunstâncias ali decorrentes, desde os fios aéreos que em pleno século XXI ainda atravessam a estrada para ligar o candeeiro central… O que faz com que nos últimos anos esteja quase sempre desligado (tal como está presentemente), algo que não está bem; assim como há muito estão tortas e continuam enviesadas as placas de sinalização de código rodoviário e da sinalética informativa – como, além de ser já cenário sempre visto por quem passa e olha, se pode notar também pelas imagens captadas na atualidade, com o altaneiro Entrudo a chamar a atenção para isso e tudo o mais em volta.  


Armando Pinto
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