Espaço de atividade literária pública e memória cronista

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Artigo no SF: Sobre tempo da Quaresma, nas recordações das Candeias e Cinzas…

 

Passado o ambiente Carnavalesco, lembramos a imediata e presente quadra da Quaresma. Após os festejos do Carnaval que tiveram na Longra, mais uma vez, um dos seus expoentes, como é já tradição, realizado que foi desta feita pelo 17º ano consecutivo, como organização oficial do Corso de Carnaval Longrino. Curiosamente com a atual organização a teimar em atrasar um ano as suas contas, sabendo-se que tal desfile começou em 1997 e, como tal, esse primeiro ano também conta na soma das edições entretanto concretizadas. E como, aliás, a ideia e a respetiva concretização dessa 1ª vez foi da mesma autoria das organizações dos pioneiros anos seguintes, nem se entende essa teimosia ou então desconhecimento dos factos históricos. 

Posto isso, passamos ao tema da época quaresmal vigente, que serviu de mote a mais um artigo publicista, na crónica que escrevemos e foi publicada no Semanário de Felgueiras. De onde partilhamos aqui a respetiva coluna, do que está no mais recente número do mesmo jornal S F, à página 12 da edição impressa desta sexta-feira 15 de Fevereiro.

  
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Do mesmo, para mais fácil leitura, colocamos o texto conforme o original: 

Na Quaresma do tempo… 

Chegado Fevereiro, no mando da tradição com tempo até muito próprio, pois sendo “chuvoso faz o ano formoso”, o ambiente cinzento do panorama ambiental mistura-se com a época de trevas quaresmais, após o Carnaval. Começado que foi o mês logo pela conta das Candeias, na passagem do dia de Nossa Senhora das Candeias. Como tradicionalmente se designa essa data litúrgica da apresentação do Senhor ou da Purificação de Nossa Senhora. Uma época que, devido ao Carnaval ser uma festividade de data móvel, calhando tanto no início, como a meio ou final do mês, se confunde com essa fase, derivada como terá sido de festividades populares de tempos recuados. Sabendo-se disso por se haverem realizado durante a romanização as Lupercais, antes das Calendas de Março, celebradas em honra de Pan, deus dos pastores - relacionando-se a denominação com Lupercus (do latino lobo). Ora esta festa anual estava associada a orgias e outras boémias, durante a quadra do entrudo, pelo que o Papa Gelásio instituiu, em sua substituição, a festa da Purificação ou da Candelária. Não tendo sido, porém, completamente extintos os festejos com os desmandos abusivos do Carnaval, passou depois essa festa religiosa a cingir-se ao dia, como ficou mais conhecido, de Nª Sª das Candeias. 

Na importância dada à ocasião, está associado um velho ditote popular, afiançando: Em dia das Candeias “se (havendo dia chuvoso) Nossa Senhora estiver a chorar, está o inverno a acabar; se (perante tempo de sol) estiver a rir, está o inverno p’ra vir”, diz a voz popular. Isto segundo o calendário rifoneiro, das fases descritas através de rifões com que a sabedoria popular impregnou os elementos naturais do quotidiano social. 

Passados dias das Candeias e Carnaval, chega o tempo da Quaresma, iniciado na quarta-feira de cinzas. E eis-nos então neste período que, pese tantas transformações operadas na vida normal da sociedade comum e com a religiosidade a ficar algo aquém de antigos hábitos, permanece na memória duma época de afeições, dum tempo romântico aos olhos de nossas recordações. Tal as lembranças que afloram, ao autor destas linhas, sobre tempos da missa das Candeias mais a das Cinzas e, por extensão, do afago de nossa mãe… 

Um destes dias, numa daquelas ocasiões em que nos deixamos levar por pensamentos, nas asas do tempo – em devaneios, até que… zás! – demos connosco a pensar em tempos de infância, quando ia pela mão de minha mãe à igreja e à sua beira ficava, lá no meio, enquanto ela me sussurrava ao ouvido orações, que me entravam com encanto no mais íntimo do ser. Ali, com ela a rodear-me em seus braços, enquanto me ensinava a orar – além de assim, também, me ter à sua beira, para não estar junto aos outros moços, alguns por acaso normal sempre com os sentidos noutros lados e modos. E dei comigo a experimentar como sinto falta, agora, de me achar bem junto à minha mãe, de como tenho saudades dela. Já passaram muitos anos, desde que perdemos sua presença física. Mas parece que foi ontem ainda que nos sentíamos abraçados no encosto de seus sussurros carinhosos, ali na igreja, como nos ensinamentos de vida que nos foi dando. E lá veio à mente as missas das candeias e das cinzas, por serem dum tempo marcante, decorrendo o inverno, como agora. Íamos logo pela manhã cedo, com o corpo a tentar espantar o frio, ainda a noite dominava o horizonte de breu, perante o caminho alumiado por lanternas, tal a escuridão (também coisa que volta ao panorama, nos dias que correm com as poupanças atuais em luz pública, enquanto nas altas esferas do poder continua um forrobodó…); e, então naquele tempo, chegados ao templo, resplandecia um ambiente de luz das muitas velas e lâmpadas espalhadas, mais um odor de incenso que se elevava no ar. Ficando-nos, para sempre, na retina memorial, essas manhãs, em tais dias, daqueles que tivemos nossa mãe a envolver-nos… ternamente. E, no caso das Candeias, aflorando o caso do dito popular, até parecendo, apesar da penumbra do alvorecer da manhã, sem ter rompido ainda o sol, que nossa senhora sorria…! 

Armando Pinto

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Carnaval da Longra – Felgueiras / 2013!


Pela 17ª vez, em dezassete anos consecutivos, realizou-se mais uma vez, este ano, o tradicional Carnaval da Longra. Corso Carnavalesco, este, que tem sido organizado oficialmente desde 1997: primeiro através de organização da Direção da Associação Casa do Povo da Longra, depois do Grupo de Teatro e do Rancho da mesma Associação, e, por fim, após a Longra ter passado a vila, desde 2004 tem havido realização em parceria conjunta de algumas Juntas de freguesia da área da vila e outras organizações sócio-culturais.


Sem necessidade de muita legendagem literária, pois as imagens praticamente falam por si, bem como da importância que este cortejo já detém; e continuando sempre com a ideia de registo; guardam-se aqui e agora algumas fotos do mesmo desfile, na versão de 2013.

















Armando Pinto 

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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Memórias e tradições do dia das Candeias


Candeias do Tempo…! 

Chegado Fevereiro, no mando da tradição com tempo até muito próprio, pois sendo “chuvoso faz o ano formoso”, logo entra a conta das Candeias, a 2 de Fevereiro, na passagem do dia de Nossa Senhora das Candeias. Como tradicionalmente se designa essa data litúrgica da apresentação do Senhor ou da Purificação de Nossa Senhora Mãe de Deus.

Uma época que, devido ao Carnaval ser uma festividade de data móvel, calhando tanto no início, como a meio ou final do mês, se confunde com essa fase, derivada como terá sido de festividades populares de tempos recuados. Sabendo-se disso por se haverem realizado durante a romanização as Lupercais, antes das Calendas de Março, celebradas em honra de Pan, deus dos pastores - relacionando-se a denominação com Lupercus (do latino lobo). Ora esta festa anual estava associada a orgias e outras boémias, pelo que o Papa Gelásio instituiu, em sua substituição, a festa da Purificação ou da Candelária. Não tendo sido, porém, completamente extintos os festejos com os desmandos abusivos do Carnaval, passou depois essa festa religiosa a cingir-se ao dia, como ficou mais conhecido, de Nossa Senhora das Candeias. 

Em dia das Candeias “se (havendo dia chuvoso) Nossa Senhora está a chorar, está o inverno a acabar; se (perante tempo de sol) estiver a rir, está o inverno p’ra vir”, diz a voz popular. Isto segundo o calendário rifoneiro, das fases descritas através de rifões com que a sabedoria popular impregnou os elementos naturais do quotidiano social.

= Nossa Senhora das Candeias ou Rainha da Paz – como em Rande está representada na estatuária paroquial (vendo-se a imagem de Nª Senhora sobre andor, aquando de procissão da festa de S. Tiago de Rande).= 

Eis-nos então neste tempo, de início de Fevereiro e em plena Candelária. As candeias, que, pese tantas transformações operadas na vida normal da sociedade comum e com a religiosidade a ficar algo aquém de antigos hábitos, permanece na memória duma época de afeições, dum tempo romântico aos olhos de nossas recordações. Tal as lembranças que afloram, ao autor destas linhas, sobre tempos da missa das Candeias e, por extensão, do afago de nossa mãe… 

Um destes dias, numa daquelas ocasiões em que nos deixamos levar por pensamentos, nas asas do tempo – em devaneios, até que… zás! – demos connosco a pensar em tempos de infância, quando ia pela mão de minha mãe à igreja e à sua beira ficava, lá no meio, enquanto ela me sussurrava ao ouvido orações, que me entravam com encanto no mais íntimo do ser. Ali, com ela a rodear-me em seus braços, enquanto me ensinava a orar – além de assim, também, me ter à sua beira, para não estar junto aos outros moços, alguns por acaso normal sempre com os sentidos noutros lados e modos. E dei comigo a experimentar como sinto falta, agora, de me achar bem junto à minha mãe, de como tenho saudades dela. Já passaram muitos anos, coisa de um quarto de século, desde que perdemos sua presença física. Mas parece que foi ontem ainda que nos sentíamos abraçados no encosto de seus sussurros carinhosos, ali na igreja, como nos ensinamentos de vida que nos foi dando. E lá veio à mente a missa das candeias, por ser dum tempo marcante, decorrendo o inverno, como agora. Íamos logo pela manhã cedo, com o corpo a tentar espantar o frio, ainda a noite dominava o horizonte de breu, perante o caminho alumiado por lanternas, tal a escuridão (também coisa que volta ao panorama, nos dias que correm com as poupanças atuais em luz pública, enquanto nas altas esfera do poder continua um forrobodó…); e, então naquele tempo, chegados ao templo, resplandecia um ambiente de luz das muitas velas e lâmpadas espalhadas, mais um odor de incenso que se elevava no ar. Ficando-nos, para sempre, na retina memorial, essas manhãs das Candeias, em tais dias, daqueles que tivemos nossa mãe a envolver-nos… ternamente. E, até parecendo, apesar da penumbra do alvorecer da manhã, sem ter rompido ainda o sol, que nossa senhora sorria…! 

© Armando Pinto

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Exaltação ao Padroeiro dos Escritores e Jornalistas – in Semanário de Felgueiras


«Anime-se (cada um de nós) e transforme os problemas em matéria para seu progresso e maturidade». Tal qual devemos «fazer tudo por amor, nada por força». Bem como é também celebre a sua frase: «A verdadeira piedade não destrói, mas enobrece e embeleza». Assim escrevia S. Francisco de Sales, entre as mensagens que em seu tempo transmitiu e como máximas palavras ficaram conhecidas. Da autoria desse santo que, em virtude de sua Obra - tendo deixado ensinamentos que, de acordo com o papa Bento XVI, «são estrada para a verdadeira obediência» - é considerado patrono dos literatos. Pois a "sua escrita. ao bom gosto dos melhores clássicos, assenta muito no uso de exemplos da natureza e da vida, que a embelezam, dando-lhe um fino recorte literário" (como o apresenta, nesta última frase, o jornal diocesano "Voz Portucalense" em seu número também hoje chegado a público).


É precisamente este “conhecedor do coração humano, como foi São Francisco de Sales”, que procuramos exaltar em mais um artigo publicista, dando a conhecer sua figura, na crónica que desta vez escrevemos no Semanário de Felgueiras. De onde partilhamos aqui a respetiva coluna, desta vez (por motivos técnicos) em imagens fotográficas, do que está publicado no mais recente número do mesmo jornal S F, à página 12 da edição impressa desta sexta-feira 25 de Janeiro.


(Clicar sobre este recorte captado em imagem, para ampliar) 

Disso, para leitura, colocamos o texto conforme o original: 

S. Francisco de Sales: Padroeiro dos jornalistas e escritores 

Não tem sido muito difundido e será pouco conhecido, mas há um santo patrono dos jornalistas e escritores, de quem se dedica à escrita, por assim dizer: S. Francisco de Sales, cujo dia litúrgico lhe é dedicado a 24 de Janeiro. 

Passou assim ontem (quanto à atualidade da publicação desta edição) esse dia dedicado ao santo orago dos publicistas e entusiastas pelos registos literários. Um santo que mereceu tal consideração pela sabedoria dos seus escritos, com saliente dimensão em quanto encerra o legado das suas obras. 

Considerado um líder da Reforma Católica, também chamada de "Contra-Reforma", tornou-se famoso pela sua sabedoria e ensinamentos. Tal como consta da própria biografia: «Em 1609, seus escritos (cartas, pregações) foram reunidos e publicados com o título "'Introdução à vida devota" ou "Filotéia", que é a sua obra mais importante e editada até hoje. Outra obra que também é ainda editada é o "Tratado do Amor de Deus", fruto de sua oração e trabalho. Estes dois livros são considerados clássicos espirituais. Além desses tomos, a coletânea de cartas, pregações e palestras alcança 50 volumes. Derivando disso que a popularidade e o valor destes escritos fez com que fosse considerado padroeiro dos escritores católicos». 

Nascido a 21 de Agosto de 1567, em Castelo de Sales, na Saboia, veio a falecer a 28 de Dezembro de 1622, em Lião. Desde então logo venerado nos meios católicos, foi oficialmente beatificado no mesmo ano e, depois, canonizado em 1655, por reconhecimento ao tempo do Papa Alexandre VII. Em 1867 foi declarado Doutor da Igreja pelo Papa Pio IX. Até que foi declarado em 1923, pelo Papa Pio XI, patrono da imprensa católica. Daí que, extensivamente, tenha sido escolhido para englobar sob sua proteção toda a função literária, nos campos do jornalismo e da literatura.

= S. Francisco de Sales representado com solidéu episcopal a cobrir parte da calvice e com uma murça (pequena sobrecapa usada nas vestes sobre a sobrepeliz), tal como a cruz peitoral, mais os símbolos de escritor com que normalmente aparece na iconografia.= 

Ora, a memória litúrgica de São Francisco de Sales, como padroeiro dos jornalistas e escritores, celebra-se desde 1969 a 24 de Janeiro. Tratando-se dum personagem saliente num dos períodos mais conturbados da história da Igreja e da história da Europa. Foi Bispo de Genebra, na Suíça, a pátria mãe do mais exacerbado calvinismo. Tendo vivido, efetivamente, no período da chamada Reforma (1567-1622), «sabendo então contrapor a um certo pessimismo de influência calvinista um sentido da valorização da dignidade do homem, um otimismo humanista de fundo evangélico sabiamente conjugado com os ideais renascentistas que valorizavam a condição e a pessoa humana como sede da sabedoria. É essa dimensão da presença do divino na condição humana que conduziu a uma das mais conhecidas facetas da sua personalidade: a bondade, a paciência, a simplicidade. A doçura, dizem os livros ascéticos. Uma especial capacidade de convicção levava a que os seus sermões e os seus escritos se viessem a tornar paradigmas de uma arte de convencer, que tinha muito do vigor oratório dos grandes pregadores do seu tempo (ao estilo do gosto retórico da época), mas sobretudo nascia da fundura de uma fé forte e dinâmica e de um estudo da perceção dos sinais de Deus no coração dos homens, e os sinais da humanidade que levam à descoberta de Deus. É neste sentido (de atenção ao humano, de respeito pela pessoa, de elevação dos seus valores e convicções) que o exemplo de São Francisco de Sales deve ser modelo para o jornalismo moderno, mesmo para os profissionais que não são crentes: a capacidade da descoberta nas complexas e contraditórias atitudes dos homens e da emergência dos problemas de convivência humana na interação criativa entre o homem e a natureza, na preservação dos recursos comuns...» 

S. Francisco de Sales, iconograficamente, é apresentado no imaginário sacro perante fisionomia de calvo e com barbas, sem mitra e com sobrepeliz, tal como por vezes ainda uma murça e uma cruz peitoral, tendo um livro na mão. 

Armando Pinto 

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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Caixa no SF sobre o tradicional canto dos Reis… em Rande-Felgueiras


In: jornal Semanário de Felgueiras de 18 de Janeiro de 2013 

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Artigo de colaboração publicista no SF…


De mais um artigo, dos que escrevemos para o Semanário de Felgueiras, na habitual crónica, desta vez sobre considerações em torno da necessidade de proteção à história que respeita a todos, partilhamos a respetiva coluna. Quanto ao que foi publicado no mais recente número do Semanário de Felgueiras, à página 12 da edição impressa desta sexta-feira 18 de Janeiro.

(Clicar sobre este recorte digitalizado, para ampliar e ler) 

Do mesmo, para mais fácil leitura, colocamos o texto revertido conforme o original datilografado: 

Honra e mérito 

Refletiu J. Luis Borges, um dia, sempre imaginar que o paraíso fosse uma espécie de livraria. Como quem diz onde houvesse atrativos permanentes, quanto ao que mais sentia. E a eternidade estivesse ali à mão, na disposição do que os livros encerram. 

Efetivamente os livros, entre outros materiais de impressão perene, são bem capazes de transmitir o que possa passar até ao além, transportando notícias e conhecimentos, memórias e novidades, na preservação do que mereça chegar do passado ao futuro. O que numa situação como ocorre atualmente, de crise de quase tudo e mais alguma coisa, deverá merecer ainda mais cuidados, atendendo a tudo o que encerra, qual mensagem capaz de atravessar oceanos e tempestades e num recipiente se rebola por fim na areia de costa espraiada, ao alcance do destino. 

Vem ao caso a proteção memorial que deveria ser prestada à história local, de modo a que se não percam testemunhos existentes, de acontecimentos merecedores de estudo e transmissão pelos tempos fora. Ultimamente, estando-se em tempo de transição de século e consequente atenção evocativa do que se passou no anterior, pela similar conta de anos, tem havido na atualidade, por terras deste país, diversas iniciativas tendentes à memorização de factos relacionados. Quanto as transformações sociais na mudança da monarquia para o regime republicano, as questões e cisões entre a Igreja e o Estado na lei da separação e secularização dos bens eclesiais, etc. etc.. Bem como alterações urbanas, delimitações territoriais, etc. e tal. Entre exemplos demonstrativos do que foi o panorama vivido por nossos antepassados, naqueles tempos, por exemplo, como realidade que se não for registada se evapora e desaparece. 

Antigamente, quando não havia televisão nem outras distrações modernas, convivia-se familiarmente à roda da lareira, e, contava-se então, ao serão, histórias que já haviam sido ouvidas e, assim, iam passando na transmissão oral de avós a netos, de vizinhos a amigos e conhecidos. Além de, nessas horas passadas em torno do fogo crepitante e alongamento do tempo ao borralho, pela noite dentro, haver ainda ensejo para pôr as conversas em dia, estalando as novidades e se atiçar o lume das andanças locais. Agora, com a pouca disposição existente, tal o ambiente derivado da crise social reinante, com tudo a andar para trás e só classes mais favorecidas poderem andar melhor com a vida, nada sendo como dantes, já reina mais o deixa andar e passa à frente, não contando outras loas, pese a facilidade de comunicações reais e virtuais. 

Pode então questionar-se se valerá a pena ainda valorizar e gastar valias e energias com assuntos culturais e históricos, no sentido de apreço pela memória coletiva, no que toca ao caso. Porém, se assim (não) fosse, nada do que chegou até nós, por pouco que seja, não teria sobrevivido, pois crises sempre houve, em todas as situações, melhores ou piores, e as marés vão e vêm, com as ondas. Quão dignificante será fazer libertar da lei do esquecimento tudo e todos o que por obras valerosas se alevantam diante do bem comum. Sem nostalgia, mas ternura, no intuito de se não perder a recordação, na ideia, certa, de que depressa esquecem os que se cruzam na breve vida, sendo a existência humana quase um breve instante, um fogo-fátuo. Algo, contudo, a dever ser guardado, numa resistência digna de valorizar o que merece valimento. Qual galhardia do que foi feito e possa vir a acontecer ainda com préstimo, a distinguir com honra ao mérito.

Armando Pinto 

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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

25 Anos de Saudade: À Minha Mãe!


Faz hoje 25 anos, um quarto de século já, que faleceu a minha Mãe. Matilde da Costa, nascida a 27 de Junho de 1915 e falecida a 15 de Janeiro de 1988, tendo sido sepultada no seguinte dia 16, em Rande. 

Depurando esta data e espiritualizando todo o sentimento que sussurra bem cá dentro a sua ausência, mas nos preenche também a sua existência marcada em nosso ser, dedicamos-lhe uma poesia...

Fazendo nossas as palavras de um poeta que admiramos, nosso conhecido e, por sinal, Felgueirense Lucas Teixeira – tal o pseudónimo do amigo sr. Armando Teixeira, mestre de iluminuras e poeta de veia sensível – aqui fica um poema, de emoção enternecida.

Armando Pinto

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