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quinta-feira, 25 de julho de 2019

Dia de S. Tiago, Padroeiro de Rande-Felgueiras e a "Descida da Cruz" da festa vizinha de Lousada


25 de Julho, dia de S. Tiago, é o dia da antiga Festa de Rande, também. Sendo como é a paróquia de S. Tiago de Rande, neste recanto do concelho de Felgueiras, uma comunidade sob invocação do apóstolo S. Tiago, em sinal do patronato originado na ligação de ter sido terra de passagem no itinerário do Caminho de Santiago usual pela região, inclusive como ponto de paragem até (devido à fonte de S. Tiago, que estava assinalada nos roteiros da época, onde com as vieiras típicas – conchas - os romeiros matavam a sede no local). Bem como mais ao norte, no concelho de Felgueiras, também ficou como padroeiro de Pinheiro e Sendim, precisamente como pólo de afluência de outro itinerário nas redondezas. 

Na prece acostumada dos fiéis (metendo um pouco de história memorial), conta-se a paga de promessas, os ex-votos, das chamadas esmolas deixadas junto ao andor do Padroeiro, em dia de festa, a que depois havia correspondência no recebimento do “Registo da romaria”, uma pagela com a gravura do santo. Como serve de exemplo uma imagem anexa (a encimar aqui o artigo), do facto ultimamente em revitalização.


Ora, atendendo a toda essa envolvência, e como especial característica identificativa da paróquia, relembra-se o que escrevemos há uns anos bons (sobre o “Orago S. Tiago”), num pequeno livro, intitulado «Freguesia de Rande (S. Tiago) e Povoação da Longra», publicado em Março de 1996, numa edição patrocinada pela Junta de Freguesia de Rande, a reverter para verbas destinadas a obras da igreja, nesse tempo. Em cujo acto tivemos então participação, nesse caso, na co-autoria desse pequeno livro, em género de mini-colectânea abarcando temas diversos da freguesia de Rande. Serve ainda o mote, na oportunidade, para recordar que S. Tiago chegou a ser o Patrono da Península Ibérica e depois foi tido como Padroeiro de Espanha, e como tal conhecido por S. Tiago Mata-mouros, pela proteção aos cristãos nas lutas contra os mouros, durante a Reconquista cristã.


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Pela mesma ocasião, sensivelmente no mesmo fim de semana da tradicional Festa de Rande, em território felgueirense, ocorre também a Festa Grande ao Senhor dos Aflitos, da vizinha vila cabeça do concelho de Lousada. Uma festividade que, pelas ligações antigas desta região à antiga vila do Torrão, desde tempos imemoriais que é muito concorrida pelas gentes da área sul do concelho de Felgueiras, sobretudo pelas populações das freguesias de Unhão, Lordelo, Rande, Sernande e Pedreira. Como ficou nos anais históricos dos tempos da passagem do antigo comboio de Penafiel e Entre os Rios até à Lixa (original Linha Ferroviária do Vale do Sousa), que nas primeiras décadas do século XX tinha um programa de transporte para essa festa, como mais tarde houve durante muitos anos uma ligação de carreira exclusiva, com camionetas da Cabanelas e posteriormente da Pereira Meireles (e sucessora Rodonorte) a ligar de hora a hora transporte direto desde a Longra até Lousada – parando as camionetas debaixo da carvalha da padaria da Longra, até terem gente suficiente para nova carreira.

Ora essa festa de Lousada, a famosa do Senhor dos Aflitos, além de tudo o mais, considerada uma das maiores da região sousã, levou inclusive a que algumas outras festividades fossem antecipadas alguns dias, para não coincidirem ao mesmo tempo. Como atualmente resulta da Festa de Rande ser já realizada no fim de semana anterior ao dia 25 (realizando-se no próprio dia apenas as celebrações religiosas da missa solene e procissão paroquial, como mais uma vez este ano acontece) e também o desfile dos automobilistas, vulgo Parada de S. Cristóvão, ter já tido lugar no passado fim de semana, como tem sido nos anos recentes na festas dos motoristas (desde S. Cristóvão de Lordelo até ao monte de Santa Quitéria).


A Festa do Senhor dos Aflitos, famosa por seu ambiente noturno das pucarinhas de cera e arraial de reencontro de pessoas conhecidas, mais circuito de ciclismo e diversos números artísticos do cartaz, com duração desde sexta até à segunda-feira seguinte, tem início com a cerimónia da descida da cruz, no santuário do Senhor dos aflitos  (este ano calhando precisamente neste dia 25), quão é celebrada a deposição da grande cruz de seu altar para ser honrada perante os devotos com vigília solene antes da colocação no andor com que sairá na procissão. 


Um momento sempre emocionante, a dar relevo à parte religiosa que muito adorna essa grande festa.

Armando Pinto
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