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sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Felgueirismo à prova de consideração em artigo no Semanário de Felgueiras


À porta de entrada da vida local num ciclo diferente e no mesmo número da edição do Semanário de Felgueiras em cujo espaço é publicada a primeira grande entrevista do novo presidente da Câmara Municipal de Felgueiras, Nuno Fonseca, mais um artigo de opinião do autor deste blogue tem também lugar em parte duma das páginas do mesmo jornal. No caso, como de costume, com a memória particular e coletiva no sentido. Desta vez subordinando o tema da crónica ao 

Felgueirismo

Como Felgueirenses que somos, e extensivamente Nortenhos do país começado há séculos por esta região de fortes raízes luso-galaicas e sucessor sangue afonsino aliado ao pendor sousão, temos natural caráter genuíno, ao jeito como consideramos e chamamos de gajo um espécime de referência, como alguém que por bem ou por mal não passa despercebido. Tal qual sujeito, à imagem da gramática clássica, é elemento fundamental numa frase, referimos certos tipos de figuras pelo prisma da atenção geral, sem constrangimento mas como sujeito de imaginário figurativo interessante. Podendo assim dizer que somos uns gajos porreiros, quão por vezes até conseguimos dizer umas coisas, como recentemente aconteceu com a mudança dos destinos do figurino autárquico, por assim dizer.

Pois bem, Felgueiras passa a viver uma outra fase diante da nova vivência com a realidade derivada das eleições autárquicas acontecidas ao começo deste outubro de transição, entre diferenciados casos da essência felgueirense.

Assim sendo, com natural apetência de trocar os bês pelos vês na derivação da antiga ligação aos alfozes portucalenses-durienses e arribas minhoto-galegas, cá nos postamos sem trocar de identidade, por mais água que corra pelos diversos cursos de água que formam o rio Sousa, por aqui assim chamado em diferentes percursos dos riachos que nascidos de variados locais se juntam ao sair do concelho. O que mostra, mais uma vez, como por aqui, em paragens felgarianas, é a diversificação que até ao correr da liquidez, se solidifica no que deve unir a generalidade do que torna identificável a sede da gente que bebeu e se sacia nas fontes locais.

Não há como nos sentirmos ser de alguma coisa e termos qualquer causa afetiva a que nos sintamos ligados, como sermos e termos a nossa terra e tudo o que nos leva a sentirmo-nos apertados ao rincão natal e afetivo. Realidade alterada com a reorganização administrativo-territorial decidida pelos políticos reinantes ao princípio da segunda década do século XXI, originária da união de freguesias que a partir de 2012/2013 levou a certo desinteresse generalizado pela coisa pública, incluindo o recorde de abstenção verificado nas eleições autárquicas desse período. Vindo a talhe, como mero exemplo, que um pólo urbano mais conhecido por sua localização com direitos históricos tenha passado no papel a ter outro nome imposto. O que, como se costuma dizer que há pecados que também se pagam neste mundo, tem feito com que alguns dos responsáveis dessa aberração a nível nacional e regional já tenham caído na consideração pública e outros vão pagando fatura moral, pelo menos. Como há certas coisas que apesar das dúvidas se costuma dizer que haver há-as, as quais por vezes lembram como pragas juradas por razões justas pegam mesmo e são bem feitas nas cores do tempo, por causa do cheiro da fortidão das tintas ambientais.

Estas loas de afinidades têm que se lhes diga. Numa derivação de como é, por exemplo, sentir ligação ao pão de ló, apesar de não termos qualquer lucro e apenas sensibilidade bairrista, com isso (no caso pessoal aqui do autor destas regras), por ser algo que transporta bom sabor coletivo. Bem como, noutro exemplo bem vincado, ocorreu com a alteração há anos sucedida no panorama do futebol felgueirense, perante o desaparecimento do clube representativo do nome Felgueiras e posterior ressurgimento com a fundação do sucessor clube episódico, como é da história (entretanto também narrada em livro respetivo). A pontos, que não mais esquece, em certo jogo onde o autor destas linhas presenciava a evolução do novo grupo que passara a equipar com cores diferentes do clube histórico, um assistente ao lado passou todo o tempo a puxar pela equipa adversária, pensando ser o Felgueiras que tinha na cabeça, o que só descortinou quando se deu conta que quem vestia de azul-grená eram os da outra equipa…

Estamos pois, no refrescar duma aragem capaz de fazer memória, de novo atentos à revitalização da identidade felgueirense, com esperança no que venha daí, diante do que possa voltar a tornar interessante o felgueirismo que nos corre nas veias.

ARMANDO PINTO
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