Ontém e hoje, 12 e 13 de maio, foram dias das cerimónias de Fátima. Do que anualmente se
passa em Maio no santuário da Cova da Iria. Cujas imagens permanecem sempre.
Ora, as celebrações do 13 de Maio de Fátima mexem sempre com
qualquer pessoa de sentimentos normais. Como muita e boa gente já sentiu, quer
mesmo lá no santuário, para quem lá esteve no dia da primeira e maior
peregrinação anual, em maio (embora também nos outros meses e mesmo em qualquer
dia), e também quem viu e vê pelas transmissões televisivas. Havendo no caso
pessoal, quanto a isso, ainda algumas memórias de pelos princípios dos anos 60,
lá pelos sessenta e poucos (1961/62), quando andava na escola primária, na
Longra, ter havido uma vez em que a minha professora da 1:ª classe, D. Candidinha
Sousa, nos deixou sair mais cedo, ainda a meio da manhã, para irmos ver
pela televisão as cerimónias de Fátima. Sendo isso naquele tempo em que andávamos livres como passarinhos pelas estradas e caminhos. Tendo então uns ido à Casa do Povo, enquanto
eu e mais alguns amigos do Zé Cardoso Pereira (então conhecido por Zezé e
Zéquinha) fomos a casa do senhor Américo Pereira, pai dele. Ou seja nas duas
únicas televisões que havia nesse tempo pela região. Assim como num outro ano,
coisa duns dois anos depois, foi nesses dias que se passou um caso triste da
minha infância, inesquecível pela inversa, que narro numa passagem no meu livro
de contos Sorrisos de Pensamento, daquela “Suave Recordação”...
Antes ainda, talvez coisa dum ano antes de entrar na escola,
pois era muito pequeno, assisti pela primeira vez a uma procissão de velas com
a imagem da Senhora de Fátima a passar diante dos meus olhos admirados. Penso
que até essa altura não teria havido alguma procissão de velas na região, ou pelo
menos não era muito usual haver (pelo menos não me lembro). E então, tendo vindo
para as redondezas da Longra uns padres duma ordem religiosa, os Carmelitas que
tinham vindo para a casa da Mata, de Lordelo, nas fronteiras com Unhão, Pedreira
e Airães, quase às portas da Longra, esses padres chamaram depressa as atenções
e afluência do povo das cercanias. Acrescendo terem passado a ser familiares os
hábitos desses frades nas suas vindas à Longra (lembro-me ainda dum Padre
António, que vinha de bicicleta de senhora, para o quadro curvo permitir a
veste conventual a andar sobre rodas…) para fazer compras e ter contactos sociais. E
como causavam impacto os seus hábitos cobertos por uma capa branca resplandecente,
enquanto a missa deles dava encanto e fazia girar os olhos por tudo aquilo que
decorria sob o sorriso do Padre Casimiro e seus confrades!
Pois então na véspera do 13 de Maio desse ano, naquela noite
de tal dia 12 reluzente pelas muitas velas que se viam no terreiro da casa da
Mata, em volta da capela de fora, antiga, pela primeira vez assisti a uma
procissão de velas, ali pela mão de minha mãe. E sem saber como nem porquê dei
comigo muito sentido ao ver minha mãe com os olhos rasos de água, com as lágrimas
a saltar dos olhos. Muito admirado então pois não entendia, o que hoje sei ter
sido por emoção. E a minha mãe comovia-se muito nessas ocasiões. Como dessa vez
em que a vi a acenar com um lenço à imagem de Nossa Senhora. E eu admirado sei
que lhe olhei bem para a cara e a achei muito linda, tal como a minha mãe.
Armando Pinto
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