Espaço de atividade literária pública e memória cronista

terça-feira, 13 de maio de 2025

Memórias duns 12 e 13 de Maio… pelos inícios dos anos 60!


Ontém e hoje, 12 e 13 de maio, foram dias das cerimónias de Fátima. Do que anualmente se passa em Maio no santuário da Cova da Iria. Cujas imagens permanecem sempre.  

Ora, as celebrações do 13 de Maio de Fátima mexem sempre com qualquer pessoa de sentimentos normais. Como muita e boa gente já sentiu, quer mesmo lá no santuário, para quem lá esteve no dia da primeira e maior peregrinação anual, em maio (embora também nos outros meses e mesmo em qualquer dia), e também quem viu e vê pelas transmissões televisivas. Havendo no caso pessoal, quanto a isso, ainda algumas memórias de pelos princípios dos anos 60, lá pelos sessenta e poucos (1961/62), quando andava na escola primária, na Longra, ter havido uma vez em que a minha professora da 1:ª classe, D. Candidinha Sousa, nos deixou sair mais cedo, ainda a meio da manhã, para irmos ver pela televisão as cerimónias de Fátima. Sendo isso naquele tempo em que andávamos livres como passarinhos pelas estradas e caminhos. Tendo então uns ido à Casa do Povo, enquanto eu e mais alguns amigos do Zé Cardoso Pereira (então conhecido por Zezé e Zéquinha) fomos a casa do senhor Américo Pereira, pai dele. Ou seja nas duas únicas televisões que havia nesse tempo pela região. Assim como num outro ano, coisa duns dois anos depois, foi nesses dias que se passou um caso triste da minha infância, inesquecível pela inversa, que narro numa passagem no meu livro de contos Sorrisos de Pensamento, daquela “Suave Recordação”...

Antes ainda, talvez coisa dum ano antes de entrar na escola, pois era muito pequeno, assisti pela primeira vez a uma procissão de velas com a imagem da Senhora de Fátima a passar diante dos meus olhos admirados. Penso que até essa altura não teria havido alguma procissão de velas na região, ou pelo menos não era muito usual haver (pelo menos não me lembro). E então, tendo vindo para as redondezas da Longra uns padres duma ordem religiosa, os Carmelitas que tinham vindo para a casa da Mata, de Lordelo, nas fronteiras com Unhão, Pedreira e Airães, quase às portas da Longra, esses padres chamaram depressa as atenções e afluência do povo das cercanias. Acrescendo terem passado a ser familiares os hábitos desses frades nas suas vindas à Longra (lembro-me ainda dum Padre António, que vinha de bicicleta de senhora, para o quadro curvo permitir a veste conventual a andar sobre rodas…) para fazer compras e ter contactos sociais. E como causavam impacto os seus hábitos cobertos por uma capa branca resplandecente, enquanto a missa deles dava encanto e fazia girar os olhos por tudo aquilo que decorria sob o sorriso do Padre Casimiro e seus confrades!

Pois então na véspera do 13 de Maio desse ano, naquela noite de tal dia 12 reluzente pelas muitas velas que se viam no terreiro da casa da Mata, em volta da capela de fora, antiga, pela primeira vez assisti a uma procissão de velas, ali pela mão de minha mãe. E sem saber como nem porquê dei comigo muito sentido ao ver minha mãe com os olhos rasos de água, com as lágrimas a saltar dos olhos. Muito admirado então pois não entendia, o que hoje sei ter sido por emoção. E a minha mãe comovia-se muito nessas ocasiões. Como dessa vez em que a vi a acenar com um lenço à imagem de Nossa Senhora. E eu admirado sei que lhe olhei bem para a cara e a achei muito linda, tal como a minha mãe.

Armando Pinto

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