De 14 para 15 DE JANEIRO DE 1988 - presente em 2022:
Há 34 anos, numa noite
fria do mês primeiro, sob auspícios do luar de janeiro e de amor primeiro, foi
também de amor por inteiro. Faleceu no Hospital de Felgueiras a minha mãe, pela
uma hora da manhã do dia 15. E então, trazendo-a nós para casa, por essa hora
foi hora do meu último beijo na minha mãe ainda quente.
Pois agora, porque não me sai mais nada, apenas sentindo cá
dentro, deixo falar o que leio escrito por António Lobo Antunes:
«Agora, que já não está perto de mim (se calhar está, se
calhar há-de arranjar sempre maneiras de estar)
(…)
e acenarmos de longe um ao outro, felizes por afinal
estarmos muito mais perto. E então podia, com a idade que tenho, sentar-me ao
seu colo, perguntar
– Não tem por aí um beijo a mais de que não precise para eu
pôr nesta bochecha?
e voltar a sentir a sua boca, que a mãe às vezes me dizia
doer-lhe por causa das dúzias de beijos que, em pequenino, me dava.»
Armando Pinto
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