Espaço de atividade literária pública e memória cronista

sexta-feira, 12 de março de 2021

Recordando Personalidades da Região da Longra: – Padre Joaquim Barroso, um simpático sacerdote de memórias anciãs…

Um destes dias, correspondendo a pedido de um amigo historiador dum concelho vizinho, pedindo informações sobre um antigo sacerdote que foi pároco duma freguesia aqui desta região, conhecida à distância como da Longra, e tendo podido corresponder com algo a jeito através duma pagela guardada há uns anos, isso fez lembrar quão interessante será recordar aqui o mesmo – o Padre Joaquim Nunes Barroso. O tão estimado “Padre velhinho da Pedreira”, como era carinhosamente referido popularmente em seus últimos anos da longa vida, que passou pelo apreço de muitas gerações desta área geográfica.  

Natural de Modelos (concelho de Paços de Ferreira), onde nasceu a 23 de março de 1890, passou enquanto jovem por diversas paróquias (Esmoriz, Valbom-Gondomar, Real-Vila Meã/Amarante, S. Martinho de Recezinhos-Penafiel), até ter passado também de modo marcante pelo concelho de Lousada, como pároco da Aparecida (S. Fins do Torno), antes de vir para a Pedreira (Felgueiras). Sendo falado entre seus contemporâneos que, em sinal de como era apreciado na Cúria Diocesana, teve percurso de vontade comum dele e de seu Prelado, o Bispo do Porto da época, o lousadense D. António de Castro Meireles, que lhe deu a escolher a paróquia aquando duma visita pastoral à região.

Ora o senhor Padre Joaquim Barroso, tão conhecido e acarinhado de quem o conheceu, ele que viveu até idade avançada, naturalmente já não é do conhecimento dos mais jovens. Sendo como tal pertinente evocar sua marcante passagem pelo concelho de Felgueiras, tendo sido pároco da Pedreira desde 1940 até à sua morte, com quase 92 anos, em 1982 (falecido a 1 de janeiro desse ano); além de, ao mesmo tempo, também ter sido pároco de Airães entre 1941 a 1950. Conforme se comprova pelo que ficou impresso na pagela distribuída aquando de seu funeral. 

Ficou na memória geral o quanto ele prezava cumprir todas as cerimónias e ritos tradicionais, mesmo já quase sem poder, tendo sido dos párocos da região que foram sempre, sem nunca faltar, à peregrinação concelhia da Imaculada Conceição, ao Monte de Santa Quitéria, incluindo quando num ano houve uma espécie de tentativa de acabar com a mesma peregrinação, e então ele foi dos poucos que fez finca-pé mantendo sua presença. Bem como fez questão de presidir ao Compasso na Pedreira todos os anos, mesmo já quando ancião, autenticamente, chegando a ser levado quase ao colo pelos membros da Visita Pascal que o acompanhavam, em sítios de mais difícil acesso. Como faz parte das recordações aqui do autor destas linhas… Pois no ano em que fui paroquiano da Pedreira ele foi com o Compasso a minha casa, já quase à noite desse dia de Páscoa.

Desse tempo guardo ainda, com gosto, algo que tem sua assinatura. Sim, porque durante alguns meses, em 1978, também residi na paróquia e freguesia de Santa Marinha da Pedreira, motivo porque tenho um cartão escrito por ele aquando do batizado de meu filho, feito em S. Tiago de Rande. Devidamente timbrado com o carimbo branco da paróquia respetiva (como se consegue vislumbrar, dentro do possível, ampliando a parte da assinatura).


Sobre o Padre Barroso já em tempos escrevi um artigo que foi publicado no Semanário de Felgueiras há alguns anos, cuja crónica será também motivo para outro artigo destes aqui neste espaço de memorização.

Armando Pinto

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