Associando-nos a uma homenagem de cariz felgueirense, levada a efeito pela Câmara Municipal de Felgueiras, marcamos presença por este meio, também, no sentido da valorização que merecem atos destes. Tal qual se espera que igual tratamento venha ainda a acontecer para com a memória do autor da Casa das Torres (Luís Gonçalves, recorde-se), cuja homenagem por que pugnamos ainda se não realizou como deve ser…
Ora, para já, reservou o atual executivo municipal, para esta altura, uma homenagem pública a um cidadão felgueirense que se distinguiu em sua função ao longo da vida, num reconhecimento também derivado na proximidade de recente conta aniversária significativa, por ter completado 100 anos esse felgueirense que é o Sargento Músico Manuel Ribeiro da Silva. Aliando-nos a esse reconhecimento, escrevemos então um pequeno artigo de complemento à informação oficial alusiva.
Desse escrito, mais um dos que lavramos para o Semanário de Felgueiras, na habitual crónica, desta vez sobre a vida e obra do homenageado em apreço, coincidindo com o dia da homenagem respetiva - partilhamos a respetiva coluna. Quanto ao que é publicado hoje no Semanário de Felgueiras, à página 12 da edição impressa desta sexta-feira 22 de Fevereiro.
(Clicar sobre este recorte digitalizado, para ampliar e ler)
Do mesmo, para fácil leitura, colocamos o texto revertido conforme o original:
Homenagem ao maestro felgueirense Manuel Ribeiro da Silva
Vai Felgueiras, através da representatividade autárquica, prestar agora uma justa homenagem a um dos seus ilustres filhos, o maestro Manuel Ribeiro da Silva.
Tão justo reconhecimento será consagrado pela Câmara de Felgueiras, com a atribuição da Medalha de Mérito Municipal. Numa cerimónia a decorrer nos paços do concelho, esta sexta-feira (dia da publicação da presente edição do S F), com honrosa presença de D. António Taipa, Bispo Auxiliar do Porto.
Diz um texto oficial alusivo ao significado da ação em apreço, que «a condecoração surge no âmbito de proposta, apresentada na última reunião de Câmara, e tem como objetivo reconhecer publicamente uma pessoa ligada à cultura que, através do seu mérito, levou o nome de Felgueiras mais longe. Nascido há 100 anos, em Felgueiras, Manuel Ribeiro da Silva fez um percurso notável enquanto instrumentista, maestro e compositor, demonstrando sempre um grande talento e profissionalismo. Concluiu a sua carreira militar como Sargento Ajudante Músico. Notabilizou-se como compositor, sendo de sua autoria várias marchas militares, rapsódias e números ligeiros que ainda hoje são tocados por inúmeras bandas filarmónicas de Portugal.»
Tão apreciado currículo merece mais ser completado diante de algumas facetas e distinções de sua vida e obra, a começar por ter sido de sua lavra a autoria da versão final do Hino-Marcha dos Bombeiros de Felgueiras. Com efeito, ao tempo, esse professor de música e compositor, em virtude de haver colaborado (com Aniceto Ferreira) na partitura inicial do referido hino e mais tarde por ter feito os arranjos definitivos daquela mesma peça dedicada à corporação dos BVF, teve direito a figurar na exposição comemorativa do centenário dos Bombeiros felgueirenses, com a marcha “Bombeiros Voluntários de Felgueiras”, de sua autoria, para Clarim e Banda em conjunto.
= Partitura do Hino dos BVF - Marcha com clarins...=
Nascido a 2 de Fevereiro de 1913, em Margaride, iniciou sua aprendizagem musical pela idade escolar, aos 7 anos, com Aniceto Pinto Ferreira; enquanto logo aos 10 anos ingressou na Banda de Música de Felgueiras como executante em Sax-Trompa; e pouco depois em Trompete. Posteriormente deu rumo à sua vida ao ingressar na carreira militar como voluntário, aos 17 anos, tendo assentado praça no Regimento de Penafiel, na classe de aprendiz de música da banda daquela unidade, onde depressa progrediu. Assim, aos 18 anos foi promovido a 1ºcabo músico, aos 20 ascendeu a furriel músico, aos 22 a 2º Sargento, aos 24 a 1º Sargento músico e, finalmente, promovido a Sargento ajudante músico-Subchefe de Banda Militar. Entretanto foi 1º Trombone em várias Companhias Internacionais de Ópera e Zarzuela, na cidade do Porto. Até que em 1960 pediu a sua aposentação do Exército.
Na Orquestra Sinfónica do Porto desempenhou lugar de 1º Trombone durante 33 anos, desde a sua respetiva fundação em 21/6/1948 até Abril de 1981, tendo executado muitos concertos (nas suas palavras, em informação a um jornal felgueirense, cerca de 1.700). Em cujas andanças teve contactos e atuou sob regências de afamados homens da música, tais como Ino Savini, Padre Luís Rodrigues, Markewitch, Dobrowem, Klemperer, Pedro de Freitas Branco, Silva Pereira, Gunter Gamba, Álvaro Cassuto, José Atalaia, etc. Havendo ainda atuado com a mesma orquestra em 19 temporadas internacionais de ballet nos mais importantes teatros de Lisboa e Porto. Como compositor, escreveu cerca de 35 marchas militares e de concerto, algumas das quais premiadas em concursos, como: Lutar e Vencer-1º prémio; Desfilando e Região Militar de Lisboa-2. ºs prémios; mais 7 rapsódias populares executadas de Norte a Sul de Portugal e no estrangeiro; bem como cerca de 40 números ligeiros, hinos, arranjos e outros. Tal como teve também 3 prémios em concursos de Marchas de S. João no Porto. Sendo de referir, por fim, que suas obras se encontram registadas na Sociedade Portuguesa de Autores, das quais algumas foram inclusive gravadas em discos de vinil, casssetes e CD’s.
Armando Pinto
»»»»» Clicar sobre as digitalizações «««««
Nenhum comentário:
Postar um comentário