Espaço de atividade literária pública e memória cronista

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Memórias pessoais e coletivas duma "Excursão do Pessoal da Casa do Povo da Longra" para sempre recordar...

O tempo passa mas as boas memórias permanecem. Como no caso da Excursão realizada em 2004, corria o sábado 21 de agosto, quando com a organização e concretização de um grande passeio de toda a gente que pertencia às atividades da Casa do Povo da Longra, em dois autocarros grandes, fizemos um Passeio com destimo ao alto do Santuário da Senhora da Peneda, nas serranias das terras de Arcos de Valdevez e proximidade de Soajo, Lindoso e Melgaço, em plena região do parque nacional da Peneda-Gerês.

Tal o exemplo dessa inesquecível realização ocorrida em 2004, ainda na gerência aqui do autor destas linhas à frente dos destinos da Casa do Povo do Povo da Longra. Tendo a excursão sido uma entre várias realizadas ao longo da dúzia de anos em que pertenci à Direção da histórica Associação, mas com especial enfoque nas lembranças por ter sido uma bela jornada de convívio, desde o percurso em bom ambiente nos autocarros, até à passagem do dia naquele alto da Gavieira. 

Vem o caso a talhe na passagem da efeméride desse dia. Quão ocorreu então a 21 de agosto de 2004, entre realizações decorridas no âmbito dos convívios proporcionados pelo ambiente vivido naquele tempo. Recordando-se tal grande “Passeio” de toda a gente que se incluía e andava então nas atividades da Associação Casa do Povo da Longra. Como então fomos desde a Longra, passando por Guimarães, Arcos de Valdevez e Soajo, até ao santuário montanhoso da Senhora da Peneda, no cimo do parque natural da Peneda-Gerês, regressando ao fim do dia pelo Lindoso e daí, com a noite cerrada mas alegre na satisfação estampada nos rostos, chegamos à Longra satisfeitos.

Na ocasião foram 2 grandes autocarros cheios de passageiros de pessoal afeto à Associação Casa do Povo da Longra, indo todo o mundo devidamente esclarecido da essência de tal realização, conforme estava explicado no desdobrável panfleto escrito pelo presidente da instituição e que foi distribuído por todos os excursionistas logo à entrada nos autocarros, à saída da Casa do Povo da Longra.

Ocorrência essa que bem permanece nas boas recordações de muita e boa gente, quão faz parte da história da instituição Casa do Povo da Longra e das suas anexas seções, sendo que foi então toda a gente dos diversos departamentos que ao tempo existiam na casa, ou seja, os Grupos do Rancho, dos Cavaquinhos, do Teatro e dos Fados, cujos elementos, mais os diretores, à época, bem como antigos dirigentes e patrocinadores convidados, incluindo os associados que se quiseram associar, puderam assim confraternizar num dia pleno de convivência cultural e ambiental.

De tal dia, além de tudo o mais, ficaram as recordações impressas nas fotografias que cada um captou, como as que estão guardadas nos álbuns particulares do autor. Com a lembrança de alguns que já partiram deste mundo, permanecendo contudo sua ligação à terra no Além que nos une pela eternidade até aos confins dos tempos.

Armando Pinto

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quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Desenho de meu retrato pessoal - da autoria de meu irmão Fernando (em 1969)

 

Podia perguntar-se se alguém reconheceria o então jovem retratado, neste retrato desenhado a lápis em folha simples de papel. Mas, além de familiares e amigos com alguma “memória fotográfica”, assim como pudesse haver quem se deitasse a adivinhar, por certo não reconheceriam este rosto… ao certo. Mas efetivamente retrata em desenho a fisionomia do autor destas lembranças, feito pela mão do meu irmão Fernando, o autor do interessante desenho.

Assim sendo, revelado o facto, além da identidade foca-se a sua autoria… Tendo este desenho sido feito pelo meu irmão Fernando, numa tarde de brincadeiras entre nós, com amigos da Longra, em 1969, durante as férias grandes do verão desse ano (como se dizia nesse tempo, quanto às férias escolares, nos descansos de anos letivos). Desenho este que desde então está bem guardado aqui comigo, apenas o partilhando visualmente através deste meu blogue LONGRA HISTÓRICO-LITERÁRIA.


Contudo, é de frisar, o desenho é dele, mas não a cara desenhada. Para comprovar e ao mesmo tempo recordar, basta ver como era ele, o meu irmão Fernando Pinto, nesse tempo. Como se recorda, mais para o lembrar, sempre.


Fica a recordação, também eternamente em coisas como estas, simples mas grandes nas lembranças, para sempre.

Armando Pinto

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sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Evocação do Padre Luís Rodrigues - na lembrança de sua Missa Nova (a 9 de AGOSTO de 1930) em Rande/Felgueiras

 

Na passagem deste dia, que num belo domingo de agosto de 1930 foi de festa na Paróquia de S. Tiago de Rande, vem a propósito celebrar memorialmente o Padre Luís de Sousa Rodrigues na efeméride da sua Missa Nova, celebrada a 9 de agosto, em 1930.

Ora, como recordação desse facto, temos felizmente o "santinho" (pagela) de sua Missa Nova, guardado com estimação entre idênticos de sacerdotes naturais da paróquia e freguesia de Rande, do concelho de Felgueiras, ordenados Presbíteros da Igreja católica, no século XX, celebrantes de sua Missa Nova na paróquia natal de S. Tiago de Rande. Como do Pade L. Rodrigues, a 9 de Agosto desse ano, que apraz lembrar.  

É assim propício, desta feita, evocar a primeira missa do célebre Padre Luís Rodrigues, mais tarde celebrado mestre de música gregoriana, compositor de cânticos de música sacra e musicólogo de renome, também famoso por suas homilias e ação pastoral como Reitor da igreja da Lapa, no Porto.

Descrevendo essa época, ficou narrada a ocorrência e factos relacionados no livro "Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras", publicado em 1997.

Como talno aniversário da sua Missa Nova, rezada festivamente a 9 Agosto de 1930 na igreja onde foi batizado e viveu sua via paroquial, em Santiago de Rande (Felgueiras), sua terra natal, fica uma especial saudação de afinidade e pedido de bênção do Alto para todos os seus e nossos conterrâneos e amigos, bem como todos os cristãos e cidadãos que tiveram a ditosa oportunidade de o ouvir e conhecer.

Ilustrando a recordação, na data desta efeméride, presta-se mais uma homenagem por esta via a tão venerando personagem da igreja Portucalense e Portuguesa, natural de Rande-Felgueiras e de especial múnus apostólico na Lapa do Porto, com a lembrança do “santinho” (pagela alusiva) de recordação de sua Missa Nova; mais imagens da capa e contra-capa do livro que lhe foi dedicado aquando da passagem de 25 anos de sua morte; como ainda mais amostras documentais de alguns exemplares do arquivo pessoal do autor destas remembranças.


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Na oportunidade, relembra-se algo do que doutras vezes já aqui neste blogue referenciamos sobre a memória do Padre Luís Rodrigues:

 

Na Diocese do Porto é tradição entre julho e agosto haver as Ordenações de Presbíteros, sempre que há novos padres para ordenar. E, ou num mês ou noutro, desses, normalmente no início de cada respetivo mês, conforme as circunstâncias derivadas de tais anos. Vindo o tema mais uma vez à atualidade, por nas Ordenações sacerdotais no Porto ser carismático o alusivo cântico "Tu es sacerdos in aeternum” (Sacerdote para sempre), entoado na apoteose da celebração, ser da autoria do Padre Luís Rodrigues, natural de Rande-Felgueiras e celebrizado como reitor da Lapa, no Porto. 

Padre Luís de Sousa Rodrigues 

«...Parece-me que o mundo de hoje anda muito à procura de processos de evangelização, porque pensa que o problema está na mecânica dos processos. E, como assim, anda o mundo descrente de muita coisa, porque só vê movimentos externos e não descobre a sua verdadeira alma interior. O seu lume, o seu Espírito.».

Era assim que o Padre Luís da Lapa, eminente Filho de Felgueiras, via a consciência global, nos alvores da década de setenta, no século XX.

= Fotos do percurso de Luís Rodrigues ao tempo de  Seminarista, com familiares, amigos e colegas...

Também, duma das suas homilias, das famosas pregações breves e incisivas que fazia, se pode retirar à posteridade uma outra passagem de suas reflexões. Então, certa vez em que desenvolveu tema sobre a Personalidade Própria, com que analisava numa homilia aquela parte do Evangelho onde ficou descrito quando Jesus estava a expulsar o demónio de um mudo, e depois de referir que o mesmo satanás tanto pode aparecer como demónio como também feito anjo, quais mudos que surgem a qualquer um em diversas facetas da vida, tentando anular as personalidades autênticas de cada qual, acrescentava: «O mesmo se passa na política e em muitas outras áreas. Ou desenvolvemos e afirmamos o nosso próprio “eu”, e as capacidades que nos foram dadas, ou não passamos de um zero na vida, e não estamos dentro do plano da realização actual da vida que nos foi dada.»

Isto, dito assim, em tempo de ditadura política Salazarista, que atirara para o exílio o Bispo do Porto, D. António... Revelava coragem e faz compreender lendas de audições do Padre Luís na sede da “Pide” no Porto.

= Monumento (de que na foto se faz sobressair a parte superior), com busto e respetiva peanha, colocado no adro lateral da igreja da Lapa, no Porto, em honra do Padre Luís de Sousa Rodrigues – escultura da autoria de Irene Vilar e inaugurado pelo Bispo do Porto D. António Ferreira Gomes. =

É esse Padre Luís que o Povo de Felgueiras, mas não só, deveria conhecer bem. Na vertente intelectual e humanista, junto à sua lavra artística, como ainda na feição humana e sentimental.

*

Com esse fito procurou-se, oportunamente, fazer algo para que as gentes locais ganhassem algum pecúlio de apreciação valorativa, também nesse especto. Como foi do conhecimento de significativa franja da atenção conterrânea, decorreu durante parte do ano de 2004 uma sequência comemorativa da passagem de 25 anos sobre a morte do Padre Luís de Sousa Rodrigues, o distinto Felgueirense em causa, qual figura de proa da cultura como da música eclesial, além de sacerdote com grande carisma na diocese do Porto, como afinal na Igreja Portuguesa e compositor famoso aquém e além-fronteiras.

O Padre Luís Rodrigues entretanto foi alvo de significativa homenagem em 2004 na sua freguesia natal, tendo sido colocada pela Junta de Freguesia de Rande, ao tempo da presidência de Vitor Pedro Ribeiro, uma placa alusiva na casa onde nasceu, na Fonte (que à época de seu nascimento pertencia ao lugar da Bouça, nome depois desaparecido com as transformações ambientais verificadas na sucessão dos tempos), em Rande. 

= Igreja de Rande, onde foi batizado e Casa da Fonte onde nasceu. Mais instantâneo do descerramento da lápide assinalável, que ficou na mesma casa de seu nascimento. = 

Aconteceu que a nível concelhio, apesar do que fora entretanto realizado em sua homenagem (sobretudo com exposição bio-bibliográfica na sede concelhia e finalmente a atribuição de seu nome a uma rua de Felgueiras), constatava-se porém na convivência normal que ainda não havia correspondente conhecimento geral, relativamente ao nome desse Ilustre Felgueirense, notando-se continuar a não ser muito acentuado no domínio público o devido preito pela sua vida e obra, da qual não houvera de permeio assimilação exata, para não dizer que sobre ele ainda pairava um quase total desconhecimento.     

= Panorâmica ambiental e humana da inauguração da Exposição na Biblioteca Municipal de Felgueiras – Julho de 2004. =


= Descerramento da placa da Rua Padre Luís S. Rodrigues, na sede concelhia de Felgueiras, pelo então Presidente da Câmara de Felgueiras em exercício, Dr. António Pereira, e pela Vereadora da Cultura, ao tempo, Dr.ª Margarida Sousa. = 

Então, para que pudesse e possa haver, se possível, melhor reconhecimento, ou seja para evocar mais amplamente a figura de tão insigne conterrâneo, de modo a que daí resultasse plena visão de sua dimensão e frutifiquem suas virtudes, houve, por fim, uma Conferência na Casa do Povo da Longra, dedicada à memória do Padre Luís Rodrigues, ato público que teve lugar a 27 de Novembro de 2004, nas instalações da Associação Casa do Povo local, quando era Presidente da Direção da mesma instituição associativa o autor deste texto, também. 

Tal acontecimento teve por fundo uma dissertação, proferida solenemente pelo Cónego Dr. Ângelo Alves, da Cúria Diocesana do Porto, expressamente convidado para o efeito, como Orador dessa sessão pública organizada pela Direção da Associação respetiva, que mereceu lugar reservado na sala de espetáculos da mesma instituição Longrina e contou com aliciante programa. 

= Descerramento da lápide alusiva (pelo palestrante Cón. Dr. Ângelo Alves, na companhia do Presidente em Exercício da Câmara Municipal de Felgueiras, Dr. António Pereira, e pelo Presidente da Associação organizadora, Armando Pinto), lápide que ficou a assinalar a primeira conferência realizada na Casa do Povo da Longra, dedicada a um personagem ilustre natural da região, na mais representativa Associação local – Novembro de 2004. =

= Mesa da Conferência sobre o Padre Luís Rodrigues, na Casa do Povo da Longra: O conferencista, Dr. Ângelo Alves, no uso da palavra, ladeado de um lado pelo então presidente da instituição e responsável da organização, Armando Pinto, e pelo pároco de Rande, Padre Manuel Ferreira, mais do outro lado pelo Presidente da Câmara em exercício, Dr. António Pereira, e pelo presidente da Junta de Rande, Vitor Pedro Ribeiro. =

No intuito também de vincar quanto representa o percurso do visado personagem, o autor destas linhas publicou um livro evocativo da biografia e currículo do célebre Reitor da Lapa do Porto, intitulado “Padre Luís Rodrigues: Uma Vida de Prece Melodiosa”, com o qual se procurou visar o mesmo fim, aliando simultaneamente essa tentativa documental, com apresentação coincidente na ocasião.

Dessa realização, terá cabimento registar a marca de autenticidade dada na formação de mesa d’ honra, com autoridades civis e religiosas, atingindo auge por meio da palestra de fundo, cuja presença do referido ilustre orador ficou perpetuada com descerramento de uma lápide alusiva.

De uma espontânea opinião ali emitida, na leitura das comunicações recebidas, se pode sintetizar o evento: “...no meio do ambiente natural, a Associação Casa do Povo dá valor às pessoas de valor, fazendo lembrar uma expressão de um antigo Presidente da Academia de Ciências, quando disse «mediocridade atrai e promove mediocridade; o valor atrai e promove o valor».”

Em suma, acrescentamos, tal qual nem só de pão vive o homem, rematou-se com a referida realização uma possibilidade de fortalecimento espiritual, no sentido moral e cultural. Que, como dizia o Padre Luís Rodrigues, «na Compreensão está o vislumbre do Espírito».

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Na sequência à razão de procurar honrar a memória do Padre Luís Rodrigues, procurou-se sempre dar continuidade aos estudos sobre tudo o que lhe diz respeito, numa simbiose atenta entre o autor destas linhas e outros interessados entusiastas, o amigo sr. José António Araújo, do Porto, mais o Dr. José Melo, Felgueirense residente também no Porto, de mãos dadas na pesquisa e inerente divulgação, visando complementações possíveis de dignificar a comemoração de seu centenário, em 2006.

Para superar certas formas limitadas de apreciação, nunca é de mais contemplar quem honra a terra, mesmo que num universo já a fazer parte do passado, e não só olhar ao que nos rodeia de momento. Pois que, neste caso, o Padre L. Rodrigues foi Alguém muito apreciado, também pela sua especialização musical, até ou sobretudo no estrangeiro. Como pela vertente humana, subjacente no seu Apostolado.

 = O Padre Luís da Lapa com o seu amigo e célebre Bispo do Porto D. António Ferreira Gomes

Além do que se aludiu e ficou escrito anteriormente, noutras publicações, acresce, de entre diversas descobertas interessantes, que se passou a conhecer mais algumas curiosidades relativas ao percurso e ao valor do Padre Luís Rodrigues:

Assim, apercebemo-nos que também o muito conhecido compositor Fernando Lopes Graça, por sinal nascido no próprio ano do P.e Luís, igualmente esteve em Paris, tal como L. Rodrigues, a estudar com Charles Koechlin.

De particular apreço, descortinou-se também verificação de dado sintomático, quanto à sua importância: o facto de em 1977 uma publicação estrangeira haver integrado o Padre Luís de Sousa Rodrigues entre os grandes vultos da música. Com efeito, foram então incluídas algumas das suas composições na antologia inglesa, sobre grandes compositores mundiais, denominada “International Who’s who in Music”, de Cambridge-England, a qual, na correspondente oitava edição publicada em 1977, menciona as principais obras do mesmo compositor português e felgueirense.

Como, intercalando apêndices sempre possíveis sobre ele, se ter passado a saber que, entre os coros que ficaram ligados ao currículo do P.e Luís Rodrigues (p. ex. os da Sé do Porto, de S. Tarcísio e Gregoriano do Porto), esteve também o das Pequenas Cantoras do Postigo do Sol, coral que durante anos abrilhantou uma das missas da igreja da Lapa, sob regência do maestro e professor Vergílio Pereira (natural de Paredes, onde nascera em 1900, tendo vivido no Porto até falecer em 1965, sendo ligado à Lapa pela amizade com o Padre Luís).

*

O centenário do nascimento do P.e Luís Rodrigues, em 2006, foi comemorado de algumas formas.

Terá, entretanto, de se fazer notar que, quantas vezes, por desconhecimento ou desinteresse, podem acontecer simples menosprezos ou mesmo barbaridades, quando não se sabe valorizar algo até respeitável, à falta de informações para a devida instrução de dados apreciativos. Nem todos saberão, por exemplo, mas se não tivesse havido em Portugal um Homem como D. Fernando II, o rei-consorte e regente, com apreciável apego à pátria afetiva, tinha acontecido que a célebre custódia de Belém teria sido derretida para cunhar moeda; tal como, pasme-se, se ele não tivesse tido conhecimento a tempo e não houvesse impedido, o Mosteiro da Batalha ia ser destruído, pois havia sido vendido em hasta pública para servir de pedreira... (conf. Rainer Daehnhardt, in “Páginas Secretas da História de Portugal”). Ora, só se conhecendo o significado das coisas, o passado dos monumentos, bem como de pessoas de valor, enfim a associação correspondente de pessoas e objetos a uma pátria terra, se poderá valorizar a identidade coletiva. É o que se passou, por exemplo, com a referida efeméride, digna de valorização, no contexto do sentimento matriz do concelho de Felgueiras, como era a passagem do centenário do musicólogo Padre Luís Rodrigues, um insigne Filho de Felgueiras que foi reconhecido honorificamente pelo Governo Português com a Comenda da Ordem de Santiago da Espada. Tendo cabimento o “à parte” do cotejo anterior, pese as diferenças na comparação das referidas ocorrências remotas, por o aludido segundo marido de D. Maria II (conf. “Padre Luís Rodrigues: Uma Vida de Prece Melodiosa”) haver ficado na memória da igreja da Lapa, do Porto, onde mais tarde o “nosso” P.e Luís foi célebre reitor.

Felizmente, depois de diversos “picanços” de alertas, houve comemoração alusiva no Porto.

Então, no dia 6 de Julho de 2006, data em que se completaram 100 anos desde o nascimento do Padre Luís de Sousa Rodrigues, houve programa comemorativo a assinalar o respetivo centenário.

Na manhã do próprio dia o Coro de S. Tarcísio recordou o seu fundador, na igreja da Trindade, com um Te Deum, em cuja celebração teve acompanhamento do Coro Gregoriano do Porto.

Depois, ao fim da tarde dessa quinta-feira, teve lugar na Lapa desenvolvido ato evocativo. Recorde-se que foi às 20 horas, pelas «oito horas da tarde», que nasceu em Rande-Felgueiras Luís S. Rodrigues, corria o sexto dia de Julho de 1906, conforme registo de seu nascimento e foi narrado no livro “...Uma Vida de Prece Melodiosa”. Com respeito, realizou-se assim uma sessão solene alusiva na igreja da Lapa, onde esse famoso musicólogo foi reitor. Aí, com uma decoração centrada em quadro do Padre Luís, decorreu o ato com elevação, contando com a presença do Bispo do Porto, D. Armindo Lopes Coelho, que presidiu a mesa de honra composta por algumas figuras ligadas ao percurso do homenageado, na presença de individualidades e público fiel (onde o autor destas linhas esteve, só não sendo o único representante Felgueirense, ali, por ter estado acompanhado por sua filha e genro... e lá ter estado também o Dr. José de Melo, Felgueirense residente no Porto, mais o referido D. Armindo...).

= Visualização duma casa onde viveu quando jovem, no lugar de Valdomar, em Rande-Felgueiras (imagem já de tempos próximos à sua demolição, desaparecida que foi com o rasgamento da auto-estrada que passa na encosta de Rande) e sua sepultura, no cemitério da Lapa no Porto, em ocasião de homenagem acontecida no tempo de seu sucessor, Cónego Ângelo Alves, como reitor da Lapa.

Então, de forma a celebrar a efeméride, para evocar tão carismático compositor e professor da área musical litúrgica e clássica, bem como sacerdote humanista, condecorado com honorífica comenda nacional, o programa começou mediante apresentação do Provedor da Venerável Ordem de Nª Sª da Lapa, António França do Amaral, proferindo alocução de abertura a invocar o sentido da homenagem. Depois teve lugar uma Conferência, pelo Monsenhor Dr. Ângelo Alves, sucessor do P.e Luís na Lapa, desenvolvendo tema sobre “P.e Luís Rodrigues: Uma perspetiva da sua Acão pastoral e pedagógica”. Seguiu-se uma dissertação do Cónego Dr. António Ferreira dos Santos, atual reitor da Lapa e músico discípulo do Padre Luís, em torno d’ “A herança do P.e Luís Rodrigues voltada para o futuro”. Encerrou essa parte uma efusiva intervenção do Bispo do Porto e também Felgueirense, D. Armindo, a recordar passagens da sua vivência com o P.e Luís, de que foi aluno, fazendo apologia da sua dimensão, nas variadas facetas que o tornaram notável. De permeio, nos intervalos das intervenções dos palestrantes houve execução, ao órgão, de várias obras musicais escritas pelo P.e L. Rodrigues, através do Mestre Capela da igreja da Lapa, Filipe Veríssimo. Seguiu-se, em tempo de intervalo, uma romagem ao cemitério da Lapa, ao mausoléu do Padre Luís, até que, por fim, de novo no interior do histórico templo que alberga o coração de D. Pedro, se celebrou um solene Te Deum, por meio de composição do homenageado P.e Luís Rodrigues.

Na ocasião teve lançamento uma 2ª edição do livro “Do Evangelho para a Vida”, de reflexões sobre homilias do P.e Luís Rodrigues, contendo desta feita um CD anexo com gravação da voz do mesmo P.e Luís.

Numa possível continuação do ciclo comemorativo, ficou idealizado que ainda fosse editada, quando possível, uma nova publicação com apontamentos biográficos e de virtudes características do Padre Luís de Sousa Rodrigues, ficando também ainda agendadas outras ações públicas na Invicta, inclusive com uma atribuição pela Câmara Municipal do Porto, dentro do mesmo âmbito. Tendo depois sido finalmente dado o nome do Padre Luís Rodrigues a uma rua, próxima à igreja da Lapa.

= Página do livro "Jorge Nuno Pinto da Costa O Portador de Alegrias", em que o "Padre Luís da Lapa" é referido elogiosamente pelo conhecido portuense Pinto da Costa. 

Em Felgueiras, entretanto, com algumas mudanças sociais acontecidas no concelho, incluindo alteração das composições do Executivo Municipal e também na Direção da Casa do Povo da Longra, apenas houve tal lembrança oficial através de um Concerto da Banda de Felgueiras, em honra do mesmo Padre L. Rodrigues. Tendo, na verdade, a Associação da Banda de Música de Felgueiras realizado, no dia 30 de Setembro seguinte, um concerto musical em homenagem a esse importante Felgueirense, sessão que teve lugar no Teatro Fonseca Moreira, na cidade de Felgueiras. Numa execução pública destinada a assinalar o centenário natalício daquele vulto da musicologia, no âmbito comemorativo do dia mundial da música. Ficando, nessa apoteótica cadência, mais vincado merecer o Padre Luís Rodrigues ser oficialmente considerado um dos Filhos Prediletos de Felgueiras.

= Prospeto entregue aos assistentes do Concerto da Banda de Música de Felgueiras com que, em 2006, a filarmónica de Felgueiras assinalou publicamente o centenário do grande nome Felgueirense da música, Padre Luís Rodrigues. Homenagem essa efetuada através de concerto público, realizado em 30 de Setembro na casa do Teatro Fonseca Moreira – no âmbito comemorativo do dia mundial da música, que se celebrava no dia imediato à execução que teve lugar na noite daquele sábado, em que foi evocado o Padre Luís de Sousa Rodrigues, musicólogo, compositor de música sacra e erudita, além de mestre de canto gregoriano.=

Mais tarde, a Câmara de Felgueiras ao tempo unicamente dedicou uma página, quase ao expirar o ano do centenário, sobre a figura do P.e Luís Rodrigues, no jornal municipal “Felgueiras-município com futuro”, em seu nº 2, de Dezembro de 2006.

No ano seguinte, depois de no Porto ter havido uma comemoração do cinquentenário do Coro de São Tarcísio, a 25 de Maio de 2007, esse mesmo espetáculo foi trazido à Casa do Povo da Longra, sendo incluído nos festejos do 4.º aniversário da Vila da Longra, numa organização da Casa do Povo e das Juntas de Rande, Sernande e Pedreira, em tributo a esse grupo coral de que o Padre Rodrigues foi fundador, numa ocorrência que teve lugar quando passavam já 101 anos do nascimento do mesmo Padre Luís.

Também já em 2022 o Padre Luís Rodrigues foi incluído numa obra literária historiadora felgueirense, no caso sobre a Banda de Música de Felgueiras, com temas extensivos a felgueirenses ligados à música – o livro “SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DA BANDA DE MÚSICA DE FELGUEIRAS”, de Mário Pereira e Henrique Pinto Ribeiro. No qual há duas páginas sobre o Padre Luís Rodrigues (embora com troca da ordem dos sobrenomes, como se pode ver no título). 

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Passado isso, há reforços bastantes sobre o quanto é valorizado “lá fora” o trabalho do P.e L. Rodrigues. Curiosamente, há o seguinte exemplo paradigmático: um grande catedrático dado pelo nome de Paulo Castagna, investigador de música e professor do Instituto das Artes da UNESP-Universidade Estadual Paulista, de S. Paulo-Brasil, incluiu diversas passagens do livro “Música Sacra: História e Legislação”, do P.e Luís Rodrigues, na sua tese. Documento esse que, pela sua fundamentação e amplitude, foi muito divulgado, a ponto de ser traduzido para espanhol (“PRESCRIPCIONES TRIDENTINAS PARA LA UTILILIZACION DEL ESTILO ANTIGO Y DEL ESTILO MODERNO EN LA MUSICA RELIGIOSA CATOLICA – 1570/1903”), passando o mesmo a constar num “site” chileno da Internet, com divulgação em Buenos Aires e São Paulo, no qual o P.e L. Rodrigues aparece como autoridade na musicologia e aquele seu tratado, escrito em 1943, ainda como uma referência bibliográfica insistente.

= Da biblioteca particular do autor: - Literatura relacionada com a vida e obra do Padre Luís Rodrigues: desde um livrinho do Colégio da Longra (Rande-Felgueiras) onde ele estudou antes de ir para o Seminário do Porto, até outros de afinidade, quer exemplares de obras suas, como brochuras oficiais de homenagens, mais livros biográficos  e outros em que é referido.

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A repercussão do carisma do Padre Luís Rodrigues, apesar de certo esquecimento que por vezes se abate sobre a memória, tem mantido avivada uma relativa aura, surgindo de tempos a tempos alguma ressonância da sua caixa de música perene, sensivelmente ao que provoca o legado que deixou. Sinal disso é o facto de a partir de 2010 ter sido reabilitado na seleta de cantos da liturgia da Diocese do Porto um cântico famoso, que estivera olvidado muito tempo e, sendo então recordado, passou a deter renovada importância. Com efeito, aquando das ordenações sacerdotais de 2010 na Sé do Porto, por iniciativa dos alunos do Seminário Maior do Porto, foi entoado um dos mais célebres cânticos em latim outrora muito usados, o “Tu es sacerdos in aeternum”, de L. Rodrigues, no sentido apropriado à celebração. Passando, novamente desde então, esse cântico do Padre Luís Rodrigues a integrar o programa de celebrações solenes da catedral portuense e derivadas cerimónias da Igreja Portucalense, como tem sido extensivamente, além das ordenações, também na festa da cidade do Porto, à solenidade do nascimento de São João Baptista, na igreja de S. João Novo, entre outros casos.

Então não é bom ter havido Gente assim? E haver perdurado seu rasto memorial?!

Armando Pinto

Nota: Fotos de arquivo pessoal do autor.

Armando Pinto

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quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Entre curiosidades e recordações: uma imagem que faz parte de muitas memórias locais...

Imagem de uma página do Facebook. Dando para recordar, por ser algo que fez parte de ocorrências de tempos idos entre nós, também.

Da respetiva página consta a seguinte mensagem a legendar a imagem: «Bons para "partir os dentes", como se dizia, os confeitos de açúcar marcaram a infância de muitos de nós.

Nas romarias e outras festas religiosas, estas bolinhas de todas as cores adoçavam os momentos especiais

Quem ainda se recorda de ouvir o sino da igreja a tocar o “toque de batizado" e correr apressadamente para apanhar um simples confeito?»

Ora, além disso tudo, por cá e quanto me lembro de nossa infância, os confeitos eram também e sobretudo usados no final dos casamentos, à saída dos noivos da igreja e quando depois com os convidados empreendiam a caminhada em direção ao local da boda (pois toda a gente ia a pé normalmente, entre povo comum). Sendo então usual lançarem-se amêndoas e confeitos para o meio das crianças que assistiam e se lançavam a apanhar. Como, até a propósito é de lembrar, eu referi num conto ("Suave recordação"...) do meu livro de contos “Sorrisos de Pensamento”, publicado em 2001.

Armando Pinto

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sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Fotos contendo história... com alunos e alunas da escola da Longra dos anos 50 e 60 !

 

A invenção e existência da fotografia foi um marco deveras interessante e sobretudo importante por tudo que capta e encerra. Testemunhando e exprimindo. Bastando ver fotos antigas para se sentir e apreciar tal facto e tudo que possibilita. Como no caso em apreço. Tratando-se de fotos que, embora sem terem a ver com temas da antiga escola da Longra, (conforme o título), contêm porém caras e fisionomias de crianças que andaram na Escola pelos idos anos das décadas de 50 e 60, no século passado.

Assim, atente-se nas fotos, que aqui já foram publicadas noutros contornos e temas, mas desta feita dão para se ver pelo prisma da recordação de antigas fisionomias de colegas nossos ou conhecidos conterrâneos. Sendo as fotografias dos tempos do antigo Rancho da Longra, dos escalões adulto e infantil do Rancho das Quatro-Barrocas da Longra, em cujas fileiras andaram crianças, rapazes e raparigas que foram dos muitos jovens que se sentaram também nas cadeiras da escola velha da Longra.

Indo por partes, começa-se pelo Rancho Infantil, em cuja pose de grupo se podem ver tantos rapazinhos e meninas do tempo de escola aqui do autor, estando eu junto à ensaiadora (Mena Ferreira), ao cimo, e de enfiada estão os amigos e colegas mais próximos das brincadeiras desses tempos; assim como pelos degraus abaixo mais outros e outras, das mesmas idades ou com pouca diferença. 

(Claro que sei os nomes de todos, em todas estas fotos, lembrando-me e reconhecendo toda a gente, por memória fotográfica, conforme se diz, mas deixa-se à apreciação pública, como soe dizer-se…)

De seguida coloca-se a foto de grupo do Rancho adulto, numa pose de seus princípios. Podendo ver-se tanta gente que andou na escola antes, pelos anos 50 e mais pelos anos 60. Com a curiosidade de aparecerem (em baixo, à direita) intrometidos dois rapazes mais novos, que foram meus colegas de escola.


E por fim, através da captação da saída da Longra da Marcha de S. Tiago, em frente à Casa do Povo (que se vislumbra no aspeto anterior ao aumento que teve depois). Em cortejo alegórico que incluía as tradicionais Marchas, no dia da Festa de Rande de 1963, dirigindo-se o cortejo até ao arraial da igreja paroquial. Em cujo desfile ia a juventude do Rancho das Quatro-Barrocas da Longra, enquanto dos lados e à frente acompanhavam mais alguns meninos e meninas em idade escolar desse tempo.

Armando Pinto

OBS.: Fotos que estão publicadas no livro "Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras" (publicado em 1997), nos capítulos correspondentes e com as devidas narrativas historiadoras, desenvolvidamente.

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