Espaço de atividade literária pública e memória cronista

sexta-feira, 15 de março de 2019

Artigo no SF sobre Património Memorial, consubstanciado no Museu concelhio felgueirense ainda em falta


Com interesse de Felgueiras por mote, mais um artigo foi escrito para chegar à consciência felgueirense através do jornal Semanário de Felgueiras, em cuja edição de 15 de março fica impresso. Desta feita sobre 

Património Memorial

O sentido de património já vai sendo diferente da noção antiga do que existia de outros tempos. Sendo que património, como a palavra significa na decomposição da mesma, de patri (pai) mais monium (dinheiro recebido, herança), traduz o que recebemos de nossos pais. E mais amplamente o que vem dos antepassados. Quão acontecia em tempos antigos haver ideia de heranças olhando mais à propriedade monetária, enquanto hoje se valoriza melhor a memória associada ao conceito familiar e comunitário. Como se pode alongar na visão de afinidades coletivas, entre gente duma mesma terra, como é a unidade concelhia afinal, em maior interesse sobre o que somos e de onde vimos, quanto à identidade comum.

Assim, com esse fito de valorização patrimonial, sem ideias de comparação mas apenas de constatação, no valor de preservação, sabendo-se como muito se perdeu ao longo dos tempos quanto a objetos de interesse público, há muito tempo que é sentida a falta de um museu concelhio na sede do concelho de Felgueiras. Algo sentido, com efeito, de modo a salvaguardar o que ainda possa existir de testemunhos do passado de tempos dos antepassados felgueirenses. Notando-se que a cidade de Felgueiras será das poucas urbes cabeças do concelho sem um local de reunião central do que corporiza o sentimento coletivo, além de ponto estratégico de natural visita na rota turística, mais óbvia autoestima proporcional.

É do conhecimento público como em tempos idos saíram dos locais de origem certas pedras trabalhadas com história e peças artísticas, para falar em termos genéricos, precisamente por o conceito de património público ser menos evidente. Tal o ocorrido no caso do original chafariz do mosteiro de Pombeiro e desse mesmo ambiente também alguns arcos, da parte antes arruinada do antigo claustro, acabaram a fazer de pórticos e portões de entrada nalgumas casas e quintas. Mas mesmo mais recentemente sucedeu em casos diante dos olhos, conforme desapareceu o real brasão granítico que se via na esquina do edifício de Belém, junto à Rua Costa Guimarães, e ainda há muito pouco tempo foi deixado apear a casa solarenga que estava ligada aos laços existenciais do Conde de Felgueiras. Assim como, noutro aspeto menos monumental, foram desaparecendo outras evidências de tempos remotos, que podem ao menos ainda ser avivadas ao conhecimento posterior, de modo a poder chegar notícia a tempos vindouros.

Claro que de eras longínquas melhor aguentaram por fatores favoráveis alguns monumentos fortificados e igrejas monumentais, mas se houvesse já conceito vasto de preservação também teriam restado outras valias. Realidade que agora pode e deve ser levada em conta, de forma a fazer chegar ao futuro até realidades atuais, que daqui a tempos serão já raras. Como ainda fazem parte de recordações as antigas lojas de comércio tradicional, mercearias e tabernas, boticas e posteriores farmácias artesanais, estabelecimentos comerciais de vendas a retalho de tudo e mais alguma coisa, casas de espetáculos e lazer, instituições públicas, associações populares, aposentos de antigos misteres de laboração e fábricas desaparecidas, etc. etc. Algo que, como ainda existem peças de mobiliário, maquinaria e decoração de associação a sítios desses, bem ficavam no tal museu com que urge dotar a cidade de Felgueiras de um local de visita cultural, quase ao jeito de culto memorial.

Obviamente nada mais move estas considerações que o interesse coletivo. Numa outra ideia que o nosso rincão pode ser mais à medida do que lhe queremos, tal como o céu em vida poderá resultar de encontrarmos aquilo que quisermos. Ora, se não fosse a História, por haver informações e poder acrescer conhecimentos historiográficos, não se saberia ter havido boas dotações, grandes cometimentos e celebrizados heróis do passado. Tanto que das gerações recentes, apesar de tudo, ainda se valoriza algo relacionado na mística subjacente à memória coletiva. Então, havendo Felgueiras, deve haver felgueirismo representativo.

ARMANDO PINTO
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segunda-feira, 11 de março de 2019

Continuação dos artigos no SF sobre Património Cultural em Felgueiras, por Mário Pereira


No seguimento das anteriores transposições e partilhas dos artigos com que o amigo sr. Mário Pereira, no Semanário de Felgueiras, tem pugnado pela valorização do que respeita ao Património Cultural em Felgueiras, registamos mais uma interessante e bem elaborada crónica, publicada na respetiva edição de sexta-feira dia 8 de março – em dia da Mulher e como tal a preceito na ideia de luta pela dama da cultura patrimonial felgueirense.


Armando Pinto
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sexta-feira, 8 de março de 2019

Trabalho escrito para uma publicação – Resumo de apresentação da freguesia-natal


A pedido de pessoa amiga, solicitando obséquio de um pequeno texto com dados referenciais sobre a freguesia natal, eis um resumo de apresentação e enquadramento sobre 

A MINHA TERRA – RANDE

1 - Caraterização
2 - Património
3 - Festividades
4 - Coletividades / Associações

1- Caraterização

Rande, antiga freguesia do concelho de Felgueiras, está situada na região do Vale do Sousa, atual Comunidade de Tâmega e Sousa, em terreno que abrange parte de planalto e outra de vale. Descendo desde a encosta do alto de Santana até ao vale da Longra e por fim subindo para o outro lado em pequeno monte, por isso mesmo chamado de Montinho, no antigo lugar de Cimalhas, onde apareceram recentemente vestígios arqueológicos, mas que voltaram a ser soterrados. Sendo, pela sua posição morfológica, região de clima geralmente ameno, abrigada a terra como está pelas duas encostas. Área esta que se sente como de transição na região de Entre Douro e Minho, na histórica província do Douro Litoral.

Rande, como paróquia é S. Tiago de Rande, e nesse aspeto já teve também como paróquia anexa a vizinha de S. João de Sernande. Enquanto como área administrativa está atualmente como freguesia extinta, integrada na chamada União de Freguesias de Pedreira, Rande e Sernande, embora haja esperança que volte ainda a ser reposta a verdadeira independência de direitos históricos (caso se possa ainda confiar em políticos). Porque não há afinidades entre todas, visto as duas freguesias que desde inícios do século XX sempre tiveram pároco comum, nunca antes tiveram grande afinidade com a outra imposta pela lei da reorganização administrativa de 2013.


2 – Património

Na freguesia de Rande existe como património, quanto a elementos patrimoniais públicos:

- A igreja paroquial, edificada em 1730, construída sobre ruínas de uma antiga igrejinha que ruiu. Mais o cruzeiro paroquial, o qual sofreu entretanto diversas alterações, sendo ainda réstia da comemoração do tricentenário da dedicação da Padroeira de Portugal, na grande campanha de edificação de cruzeiros entre 1940 a 1946.

- Os Nichos de Alminhas, um perto da igreja, conhecido por Alminhas da Renda, por estar na parede da antiga casa com esse nome (por ser onde antigamente eram pagas as rendas ao pároco) e monumentozinho já referido nas Memórias Paroquiais de 1758; e outro na Longra, as Alminhas das Quatro Barrocas, construído e benzido em 1961.

- As capelas do miradouro de Santana, com cruzeiro sobre grande penedo, no sopé do qual estão desde 1930 as antigas capelas, mais uma mais recente já de finais do século XX. Local que em tempos levou a alguma confusão administrativa, por confusões da Junta de Freguesia de Idães nesse tempo, contudo com direito legal reconhecido a favor de Rande por decisão de tribunal de 2002.

- Nicho de Nossa Senhora de Rande, edificado e benzido em 2003; sito no lugar do Outeiro, como antigamente era chamada toda essa área que engloba o antiquíssimo caminho da Calçada, também.

- Caminho antigo da Calçada, assim conhecido, que é réstia do percurso do Caminho de Santiago (para Compostela) que passava ali, na via do Caminho do Baixo Douro, em direção a Pombeiro (conforme relata em pormenor o Padre Arlindo Magalhães no seu livro sobre os Caminhos de Santiago; e ficou ilustrado no livro Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras, de Armando Pinto).

- Algumas casas brasonadas, como a Casa de Rande, que deu nome à freguesia, e a Casa da Torre, onde nasceu o aviador pioneiro Francisco Sarmento Pimentel, piloto da primeira travessia aérea de Portugal à antiga Índia portuguesa. Mais as também antigas Casas de Santiago, da Quinta e do Outeiro, essas sem brasão de família original.


3 – Festividades

Na freguesia a festividade mais tradicional é a festa paroquial em honra do padroeiro S. Tiago Maior. Além de episódicas ocorrências festivas, como anualmente é organizado o Festival de Folclore da Casa do Povo da Longra, por exemplo.

4 – Coletividades

Quanto a colectividades e Associações, atualmente, a mais histórica e existente há muito, é a Casa do Povo da Longra, criada por despacho ministerial de 1939. Dentro da mesma, desde 1994 considerada como Associação Casa do Povo da Longra, existe o Rancho Folclórico Infantil e Juvenil da mesma casa, criado também em 1994, e um grupo de tocadores de concertinas ainda recente.

Armando Pinto
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terça-feira, 5 de março de 2019

Corso do Carnaval da Longra – Felgueiras / 2019


Mais uma vez saiu à rua o já tradicional Corso Longrino, o cortejo que há bons anos já tem desfilado pela antiga povoação e na atual vila da Longra.

Após o almoço, comido o tradicionalmente farto cozido à portuguesa e saboreado o serrabulho doce também usual da ocasião, mais outras iguarias porventura, como de costume convergiram as atenções populares ao Cortejo do Entrudo da Longra. Com o tempo meteorológico a não ajudar muito, pela chuva que de vez em quando fez aparições e levou os assistentes a terem de se abrigar nos seus guarda-chuvas ou então refugiarem-se nas barracas de doçaria típica nas bermas das estradas, assim como nos cafés abertos, além das varandas das casas rentes à estrada albergarem mais gente.

Contrariando o tempo e teimando perante as situações atuais, não faltou animação nem imaginação.


Efetivamente, apesar das condicionantes, o cortejo evoluiu estrada adiante e rua acima, desfilando assim o Corso do Carnaval da Longra sob a apreciação condizente da população.

Como testemunho do bom sucesso do mesmo falam as imagens captadas pelo autor para este blogue pessoal, que aqui se partilham à posteridade, como tal.

Armando Pinto
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segunda-feira, 4 de março de 2019

Buracos…!


Há pouco tempo ainda foi aqui feita menção do caso da danificação existente na bifurcação da Rua Verdial Horácio de Moura com a Rua Conselheiro Dr. António Mendonça, na Longra. Ou seja na subida de quem vem do lado do rio e chega à via principal, à Estrada 207 de ligação Felgueiras-Lousada. Com o incompreensível desleixo decorrente.

Ora, nesta segunda-feira antecedente ao Carnaval veio uma equipa da Câmara Municipal de Felgueiras reparar algo disso, sendo “tapados os buracos”, mas sem que tenha sido levado o lixo derivado, das pedras saídas com a passagem de veículos sobre o piso danificado, mas também com as pedras soltas, tipo gravilha, do que foi agora retirado aquando do enchimento dos buracos com alcatrão.


Na ocasião estava outro carro de lixo a proceder a outros trabalhos que nada têm a ver com o caso, que apenas se refere para não haver confusão, visto ter sido captado na ocasião. Simplesmente dando para ver como enquanto o carro do lixo levava um contentor a despejar e o pousava de novo, foi feito o trabalho de tapar os buracos. Apenas que enquanto o outro carro levou o lixo que tinha de levar, já no caso da caminheta dos trabalhos da estrada não só ficou o que já estava depositado como ainda foi amontoado mais…


Pois então, como no artigo anterior deste blogue foi aflorado o tema do carnaval, até parece que vem a propósito notar que há coisa que continuam a não ser levadas a sério.


Na oportunidade há pois duas vertentes a considerar: Primeiro, é de louvar que tenha sido consertado o estado da referida via municipal, de ligação da Longra até ao Nicho de Rande, desde a carvalha da Padaria, na Longra, até à estrada para o cruzeiro de Rande e continuação para Barrosas-Idães; assim como foi feito em menos de um minuto o que levou meses a merecer atenção de quem de direito. Por outro lado, em segundo lugar, lamenta-se que não tenha sido feito trabalho completo, ficando por limpar o que estava amontoado e passou a ficar ainda mais atulhado na berma.

Acreditando-se que nos serviços competentes da Câmara Municipal haja pá e vassoura para o efeito, fica o reparo antes que esse montão de lixo vá entupir mais as entradas das águas pluviais próximas.


Também na pertinência do Carnaval e do "boneco de cartaz" que está no Largo da Longra, deverá também alongar-se mais abaixo a vista, estando o altaneiro Entrudo a chamar a atenção para tudo o mais em volta.  

Armando Pinto
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sexta-feira, 1 de março de 2019

Carnaval da Longra, na linha tradicional do Entrudo Longrino



Está já aí o Carnaval, à chegada dos dias mais carnavalescos do ano, passe a redundância de expressividade. Aproximando-se então o domingo gordo e seguinte terça-feira de Entrudo, em dia que por estes lados se saboreia em família o bom cozido à portuguesa, com sobremesa tradicional do serrabulho doce da região.

É pois ocasião de, mais uma vez, se realizar também o muito tradicional Carnaval da Longra, através do habitual Corso Longrino, que desde 1997 tem feito encher tudo quanto é sítio da antiga povoação e atual vila da Longra. Dando seguimento a antigas andanças de muitos “caretas” andarem a correr o carnaval de forma espontânea, de cujas réstias ainda aparecem muitos figurantes a acompanhar o cortejo que se tem vindo a realizar.

Ora este Corso da Longra de forma organizada surgiu a partir da altura em que deixou de ser organizado o antigo Desfile de Carnaval da cidade de Felgueiras. Acontecimento esse, nas sede do concelho, que durante alguns anos substituiu e alterou o antigo costume de andarem pelas freguesias os ancestrais caretas espontâneos. Pois com a centralização das atenções na cidade cabeça do concelho o povo passou a acorrer aí, deixando de haver o anterior movimento de magotes dos mascarados ocasionais pelas restantes localidades concelhias, por assim dizer, na generalidade. Contudo, assim como surgiu, também desapareceu passados poucos anos o Corso de Felgueiras, deixando de se realizar esse cortejo pelas artérias da cidade de Felgueiras desde meados dos anos noventas, do século XX. Tal como este ano volta a reaparecer, indo de novo acontecer Carnaval festivo na cidade de Felgueiras. Esperando-se que não seja apenas episódico, como na outra série, e umas coisas não acabem com outras, para depois morrer tudo.

Assim sendo, o Carnaval da Longra, e também o de Jugueiros, os dois Corsos que se têm realizado nas últimas décadas em terras de Felgueiras, vão ter este ano a companhia da organização citadina. Estando para suceder, segundo parece, que alguns dos carros alegóricos do Corso da Longra, pelo menos, depois de desfilarem pela vila ainda seguirão depois para cima até à cidade, de modo a contribuírem para o Corso de Felgueiras, que como tal começará mais tarde.


O Corso da Longra está para sair para a estrada pelas 14, 30 horas. Iniciando-se então desde a zona industrial da antiga Metalúrgica da Longra pelas “duas e meia da tarde”.

Como de costume, já está colocado no centro do histórico Largo da Longra o tradicional boneco figurativo do Entrudo. Como chamariz anunciador, entretanto, para depois, por fim, ser queimado após o enterro alusivo e respetiva leitura dos acórdãos do costumeiro testamento popular – à imagem dos velhos usos e costumes.


Na pertinência de como no Carnaval nada é levado a mal e a brincar se vão mostrando realidades, a propósito, o “macaco” do Entrudo dá azo a reparar-se nalgumas circunstâncias ali decorrentes, desde os fios aéreos que em pleno século XXI ainda atravessam a estrada para ligar o candeeiro central… O que faz com que nos últimos anos esteja quase sempre desligado (tal como está presentemente), algo que não está bem; assim como há muito estão tortas e continuam enviesadas as placas de sinalização de código rodoviário e da sinalética informativa – como, além de ser já cenário sempre visto por quem passa e olha, se pode notar também pelas imagens captadas na atualidade, com o altaneiro Entrudo a chamar a atenção para isso e tudo o mais em volta.  


Armando Pinto
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