Estando-se em período comemorativo da passagem do 90º
aniversário da 1ª Travessia Aérea Portugal-Índia, realizada em novembro de 1930
pelo piloto-aviador Francisco Sarmento Pimentel, felgueirense que foi
acompanhado pelo seu amigo e compadre transmontano Capitão Moreira Cardoso, a
navegador, vem a talhe vislumbrar uma entrevista dada por Francisco Pimentel a
um jornal, em que passados muitos anos recordava o facto e esclarecia
situações.
Com efeito, em entrevista publicada no jornal Diário de Lisboa, em agosto de 1979, aquando de uma sua vinda a Portugal, então para receber a condecoração da Ordem da Liberdade com que justamente foi reconhecido, o heroico aviador, respondendo à curiosidade do entrevistador desse jornal então existente em Lisboa, deu largas à sua memória, ele que estava nesse tempo com 84 anos, mas muito lúcido e em boa forma física, ainda.
Isso passou-se então ainda durante sua longa vida e longos anos de exílio político fora do país, cerca de uma década antes de Francisco Pimentel falecer.
Assim, por essa conversa transcrita naquele diário lisboeta, além de se relembrar as peripécias da arrojada viagem no pequeno avião denominado “Marão”, o piloto autor da longa rota pelo ar, desde o extremo ocidental da Europa até ao Oriente, esclareceu como não recebeu nada do Governo português desse tempo e mesmo assim ainda ofereceu depois o aviãozinho (género avioneta) ao Estado Português da Índia. Havendo apenas tido ajuda de um grupo de amigos que “cobriram o empréstimo bancário” que ele tinha feito para a compra do aparelho… Algo que se pode discernir pelo facto de ambos os tripulantes do Marão não serem apoiantes do Estado Novo, que vigorava e fez com que essa viagem fosse esquecida de compêndios oficiais desse período de censura emanada do sistema reinol.
Armando Pinto
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