Espaço de atividade literária pública e memória cronista

terça-feira, 25 de julho de 2023

Rande acolhe Jovens Peregrinos da Jornada Mundial da Juventude/2023

A Paróquia de S. Tiago de Rande, através de grupos de dinamização paroquial e apoio da Junta de Freguesia da atual união das freguesias, aderiu ao acolhimento de jovens oriundos de outros países que vêm a Portugal com destino à Jornada Mundial da Juventude, que este ano tem lugar na capital política e religiosa do país, Lisboa, como epicentro, para a Jornada Portuguesa da Juventude a partir do dia 1 e receção ao Papa Francisco de 2 a 6 de Agosto, neste quente verão de 2023.

A Jornada Mundial da Juventude é um evento religioso instituído pelo Papa João Paulo II em 20 de dezembro de 1985, que reúne milhões de católicos de todo o mundo, sobretudo jovens. Com duração de cerca de uma semana, promovendo eventos da Igreja Católica para os jovens e com os jovens. Sendo que, depois de outros anteriores Encontros das JMJ por variados países, desta vez acontece em Portugal, com palcos e altares em Lisboa, embora também de passagem episódica por Fátima.

Assim sendo, sabendo-se que o concelho de Felgueiras recebe muitos desses peregrinos, sobretudo para acolhimento no Encontro Internacional de Jovens Vicentinos que decorre de 29 a 31 de julho no concelho, especialmente na cidade e no alto do monte de Santa Quitéria, antecipando o culminar da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, também a freguesia e Paróquia de Rande aderiu, fazendo sua parte, ao receber alguns desses jovens, no caso um grupo de algumas raparigas e um rapaz de duas nacionalidades. Ora, a jornada em Rande já começou, com a particularidade de ser precisamente em ocasião especial, a 25 de julho, no próprio Dia de S. Tiago, do nosso Padroeiro São Tiago Maior, o Apóstolo da Península Ibérica e primeiro mártir dos Apóstolos de Cristo. Sendo assim recebidos em S. Tiago de Rande, onde vão viver por estes dias, jovens da Nicarágua e do Brasil. Chegando logo pela manhâ as três primeiras moças. 

As primeiros a chegar entretanto foram as jovens da Nicarágua. Sejam Bienvenidos! 


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Esperando-se de seguida a representação dos irmãos Brasileiros, de duas raparigas e um rapaz.

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De tarde chegaram as jovens e o jovem do Brasil, juntando-se com as Nicaraguenses, mais acompanhantes portugueses de Rande-Felgueiras. Tendo toda essa juventude estado presente à noite nas cerimónias litúrgicas do dia do Orago da paróquia, na igreja de Rande. E inclusive três das raparigas incorporaram como figurantes bíblicas a Procissão Paroquial, em honra do Padroeiro S. Tiago. 

Como testemunho e registo memorial de tudo isso, por fim o grupo de jovens recebidos em Rande posaram para fotos de recordação, junto com o pároco e representantes do acolhimento.


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Estada em Rande dos jovens para a Jornada Europeia da Juventude, durante os dias seguintes: 
- Imagens de memorização entre momentos significativos na Paróquia de S. Tiago de Rande, com responsáveis do acolhimento; e na cidade de Felgueiras - pose do grupo com representantes da Câmara Municipal de Felgueiras e da Paróquia de Rande - durante a festa municipal alusiva à receção aos jovens das muitas nações que demandaram terras felgueirenses, antes de seguirem viagem para Lisboa.

Armando Pinto

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quinta-feira, 20 de julho de 2023

Históricas fotos da então vila de Felgueiras – até finais da década dos anos 1960 e princípios de 1970… com a célebre e saudosa Pérgula!

Sem recuar muito às memórias históricas do interesse geral do concelho de Felgueiras e particularizando à sede concelhia, um dos aspetos deveras lembrados e lamentados na memória coletiva é o caso do desaparecimento da antiga Pérgula, existente nos jardins do centro da então vila durante largos anos, e que depois foi destruída aquando das obras de ajardinamento novo no espaço em frente aos Paços do Concelho construídos nos anos 50. Cuja envolvência foi concluída pelos finais dos anos 60 até princípios de 70 – desde o tempo da presidência municipal do Dr. Dias Ribeiro, até à era da presidência do Dr. José de Barros.

Tema esse, da Pérgula urbana de Felgueiras, bem como de outros similares de antigas panorâmicas felgueirenses, que foi e foram descritos pelo autor deste blogue, também, em anteriores ocasiões, e inclusive em partes de um trabalho escrito sobre o concelho de Felgueiras que há muito ficou guardado e esquecido, por falta de possibilidades de apoio para a devida publicação. 

Como enquadramento, acrescente-se: Felgueiras é conhecida por ser terra com certas características de comportamentos de seus representantes, uma das quais é de ser má mãe e boa madrasta, em sentido figurado popularucho, quanto ao reconhecimento e patrocínio de entidades oficiais e mesmo ambientação de organismos e firmas. Incluindo obviamente o Município, como representação máxima da terra concelhia. Tal como se nota, sendo por norma bem acolhidos os forasteiros, em comparação com a atenção dada aos naturais do concelho, por exemplo. Assim como até por cá haver patrocínios para trabalhos de autores vindos de fora, daí surgindo coisas e loisas desfasadas com o que se passou ou ocorre, e há esquecimento e desinteresse para quem conhece a realidade e não faz nada de conta... como se diz. Isso desde há muito, como algo enraizado. Ora, com tudo isso, o caso da Pérgula ficou esquecido anos a fio, quase em total branqueamento, mas a memória popular não deixa passar nem esmorecer essa imagem.

Assim, a pérgula era realmente ALGO MUITO APRECIADO DOS FELGUEIRENSES. Como alguém ainda recentemente afirmou (na página da Internet “Felgueiras de outros tempos"): - «era lindíssima e foi uma crueldade não ter sido preservada até aos nossos dias.»

Pois dessa antiga realidade são algumas fotos que, com muito gosto, aqui se dão à estampa, desta feita. Mostrando como era belo esse «fantástico local no centro da cidade» (ao tempo da então ainda vila de Felgueiras). Fotos para aqui transpostas da referida página informática, em partilha da publicação ali feita pelo amigo Zé Mário Sousa, proprietário e dinamizador atual do Café Jardim e que havia recebido essas mesmas fotografias antigas da pérgula por cedência do Sr. Constantino Lira, conforme ele mesmo agradecia ali tal «partilha deste legado histórico da cidade». (Referindo-se isto porque, como as mesmas não têm marca de água de origem, pode eventualmente um dia ser reclamadas injustificadamente por alguém, como em certos casos já tem acontecido.) Enquanto a outra foto, colocada por fim, do tempo da transformação do jardim, será de arquivo da família Sousa da também histórica Pensão Albano e café Jardim, tendo sido partilhada pelo Zé Mário.

Assim sendo, repare-se nas fotos da pérgula, primeiro do tempo de sua existência plena, em tons azulados. Podendo ver-se em pormenor suas particularidades (incluindo assentos de namoro, tais as populares namoradeiras dos antigos varandins, mais espaço frondoso de sombras)…

(Nota mais particular do autor: Nalguns desses bancos interiores das “namoradeiras”, em certos dias da Primavera e inícios do Verão de 1965, comi ali por vezes sentado o farnel da merenda, ao almoço, no intervalo das aulas de preparação com vista ao exame final da 4.ª Classe Primária, quando íamos, eu e os meus colegas da Escola da Longra, para a casa da nossa professora – então residente na vila de Felgueiras  para ensino mais intensivo e eficaz apenas à classe dos finalistas.)

… E por fim pouco antes do seu desaparecimento, aquando do Início da construção do novo ajardinamento da Praça da República, quando ainda existia a Pérgula (que popularmente era também conhecida por "pérola") - como se vê ao fundo da imagem.


Para se fazer uma ideia de como era aquilo nesse tempo, relembre-se: A Pérgula estava sensivelmente onde hoje está posicionada a estátua do busto do Dr. Magalhães Lemos, mais o arruamento por trás. E esse conjunto escultórico, da estátua e seu pedestal de meio círculo, estava ao cimo do mesmo espaço, ou seja em frente ao edifício da Câmara (tendo sido edificado ainda antes da construção do mesmo edifício municipal), onde depois ficou e está situado o pequeno lago de espelho de água, junto à rua defronte da mesma Casa da Câmara. Enquanto o Cruzeiro-padrão da Independência (hoje ao meio do jardim) estava implantado ao fundo de tudo, na parte mais baixa (como se pode ver pela imagem coeva duma destas fotos).

Quando por vezes se fala em fazerem alterações neste jardim do centro da cidade de Felgueiras, normalmente com ideias muito fora dos desejos da população e da memória tradicional da felgaridade nativa... porque não ser pensado em repor, em seu sítio, essa antiga Pérgula tão ao gosto romântico dos felgueirenses?

Armando Pinto

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domingo, 16 de julho de 2023

Cortejo Histórico de Felgueiras - um dos números de cartaz dos primeiros anos de comemorações do aniversário da Cidade de Felgueiras

Quando Felgueiras ainda vai estando em festa no período entre a Festa do Concelho e a Comemoração da Cidade de Felgueiras, vem a propósito lembrar a ainda não muito antiga tradição do Cortejo Histórico que fez parte do cartaz desse período festivo felgueirense, no tempo dos primeiros anos da comemoração da elevação da sede concelhia a cidade. Havendo sido levados à rua desfiles sobre temas diversos, como por exemplo em anos sucessivos sobre motes de "Felgueiras e a Descoberta do Brasil", “Felgueiras no Mundo”, “Felgueiras terra com futuro”, “Felgueiras Uma terra de Exemplos”, "2001 Aos de História de Figuras de Felgueiras", "Pequena História das Freguesias - Padroeiros, Coutos e Honras de Felgueiras"etc, etc.  

Deitando olhos da memória a essa retrospetiva que ficou na retina, tomando entre vários uns dois exemplos dessa realidade já antepassada, recorda-se o caso dos cortejos de 2001 e 2004, da viragem do século.

Então, no primeiro caso, versando 2001 anos de História Felgueirense através da lembrança de figuras históricas da memória coletiva, começa-se por esse histórico cortejo felgueirense uma visão de teor memorando. 

Cortejo Histórico de Felgueiras

No ano de 2001, incluído entre algumas iniciativas integradas no âmbito do programa das comemorações do XI Aniversário de Felgueiras Cidade, ou seja da elevação de Felgueiras a cidade, realizou-se pela primeira vez um cortejo histórico dedicado à História de Felgueiras. Intitulado de “2001 anos de História”, em atenção ao ano então decorrente (pois que não é tão antigo o concelho de Felgueiras, nem coisa que se pareça), e com propensão evocativa de “Figuras de Felgueiras”, decorreu esse desfile figurativo perante assinalável moldura humana, assistente à sua passagem pelas artérias da sede do concelho, na noite de 15 de Julho do primeiro ano do século XXI.

Anteriormente houvera em anos precedentes, igualmente na comemoração dessa efeméride, uma outra iniciativa apelidada de cortejo histórico mas apenas dedicado aos Descobrimentos, cuja organização levou a efeito algumas realizações anuais, nuns anos com a viagem de Vasco da Gama à Índia por tema, noutros anos a descoberta do Brasil e ainda noutros juntando as duas viagens descobridoras, em ambos os casos por a essas viagens marítimas estar ligado o nome do “Felgueirense” Nicolau Coelho. Contudo foi o cortejo de 2001 que efectiva e primeiramente desenvolveu facetas da história comum.

Por ter sido a primeira vez que houve um cortejo alargado a motivos abrangentes à totalidade da História Felgueirense, dentro do possível, merece pois o mesmo que sobre ele fique registado, à espécie de guião, um memorando descritivo, aproveitando-se para fazer um trajecto contemplativo pela história local:

A parada pública, provinda pela “avenida nova” acima (ou seja desfilando ao longo da Avenida Dr. Leonardo Coimbra em direcção ao centro da cidade, efectuando percurso por várias das suas ruas, a passar em frente ao edifício da Câmara Municipal, até parar em frente à então ainda denominada Biblioteca Municipal Dr. Miguel Mota, na Avenida Agostinho Ribeiro), começava por prestar homenagem ao passado de Felgueiras, colocados que vinham à frente alguns jovens trajados alegoricamente de arautos (só que, talvez por distracção ou dificuldade organizativa, em vez de trombetas, como deveria ser, vinham a tocar concertinas, instrumentos desajustados da época retractada...). Jovens esses assim prestados em significado ao ambiente mensageiro dos antigos pregões, os quais aclamariam nas propagandas o tradicional vozeirão apelativo de Arraial! Arraial! Por Felgueiras!, acompanhados de grupos de tamborileiros a abrir o desfile, antecedendo primeiro carro. O qual continha pintado na frente o brasão concelhio e comportava alegoria, composta por outros jovens envergando trajes medievais com cores heráldicas do concelho de Felgueiras, empunhando bandeiras do Município de Felgueiras. Seguiam depois alguns carros, poucos em número, e personagens apeados, na grande maioria, estes quase todos agrupados em alas paralelas (cujos nomes se indicam a negro no desfile descritivo, conforme a indicação contida na legenda do dístico acompanhante que ia em mãos de uns espécies de pajens), e tudo em conjunto representando por diferentes quadros alguns de diversos momentos, factos e personalidades marcantes da memória colectiva.

Assim, o I Quadro, dedicado à ocupação romana em Felgueiras, procurava vincar característica de que os verdejantes vales do Sousa e Vizela desde tempos imemoriais convidaram à fixação de distintos povos e civilizações, cuja história se vislumbra parcialmente nalguns vestígios arqueológicos e toponímicos encontrados e existentes, respectivamente, por todo o concelho. Como tal seguiam representantes das enigmáticas e valorosas legiões romanas que atravessaram vias de que existem réstias.

Com efeito desde longas eras que povos e civilizações ocuparam as terras destes vales entrecortados de planaltos, havendo presentemente restos arqueológicos descobertos de antiga Villa Romana de Sendim, onde os fragmentos estudados pelo arqueólogo Marcelo Mendes Pinto comprovam tese de vida quotidiana na actual área do concelho entre os séculos III e IV da Era Cristã. O aglomerado era até importante, pois possuía termas, pavimento em mosaico geométrico, esgotos, canalização de abastecimento de água, etc.

Em parêntese, acrescente-se, a propósito, que o caso em desfile, porém, traz à ideia que outras idênticas ruínas existem e mais possíveis vestígios existirão noutros sítios da região Felgueirense, sabendo-se, pela História, que houve mais villas romanas, antecessoras de fortificações e sucessoras mansões solarengas. Ou seja, onde há casas antigas importantes, solares ancestrais com verdadeiros pergaminhos nobres, haverá por perto, embora não a descoberto, restos das primitivas ou pelo menos antigas construções e civilizações. Algo de que, aliás, se tem ouvido falar por vezes, pois como a descoberta de Sendim, aparecida com obras efectuadas numa propriedade, surgiram já outras com idênticos vestígios aquando de obras ocorridas noutros locais do concelho, apenas que, devido às consequências, na ocasião foi sendo mantido sigilo e prosseguido as decorrentes construções, sem que tais casos tenham chegado ao conhecimento oficial...

Continuando no cortejo revivalista: Em alegoria, a passagem referente à villa romana de Sendim era então, no desfile, representada por carro a recordar algo da Romanização, com reprodução da casa de Sendim ancestral e a ponte velha de Vila Fria (embora tivesse faltado representatividade dos Godos, povo neocolonizador de cuja origem foram os nobres fundadores das antigas Villas embrionárias das sucessoras freguesias da região, de que ficaram como prova os toponímicos de diversas paróquias/freguesias).

O II Quadro aludia ao Conde D. Gomes Aciegas, fazendo relembrar que na época da reconquista Cristã, em que valorosos reis cristãos recuperaram terras aos infiéis em pelejas impiedosas, se destacou um Governador no Entre Douro e Minho, homem de Felgueiras, o Conde D. Gomes Aciegas, frequentador da corte de Fernando Magno, rei de Leão e Castela.

O III ilustrava a fundação do Mosteiro de Pombeiro, mediante imponente carro alegórico representativo desse monumento nacional e de intervenientes da sua construção, recordando em legenda o ano 1059 da sua fundação (data que lhe tem sido atribuída, embora possa ser do séc. IX, pois já se lhe referia um breve papal de Leão IV de 853 – conforme vem em “Tesouros Artísticos de Portugal”, edição de 1976 das Selecções do Reader’s Digest).

O IV retinha referência à atribuição da Carta de Couto do Mosteiro de Pombeiro feita por D. Teresa em 1112, tornando subjacente comprovação da importância que esse cenóbio deteve nas terras Felgarianas e zonas envolventes, facto ilustrado com figuras de notário, nobres e plebeus, sugestivos da instituição da documental Carta de definição de direitos e deveres, da população abrangente do proteccionismo feudalista do mosteiro.

No V vinha enfim ilustração à doação de bens a Pombeiro por D. Afonso Henriques, fazendo menção ao facto de em 1155 o nosso primeiro rei haver doado propriedades em Pombeiro ao Conde D. Gonçalo Mendes de Sousa, conhecido à posteridade por “o Bom” (n.1124-f.1179), o qual, segundo os “Documentos Medievais Portugueses”, foi também conselheiro do fundador da nacionalidade, sendo que aquelas terras doadas por D. Afonso I provinham de herança que o conquistador da Portugalidade recebera do nobre Ordonho Echigues e que foi o mesmo monarca quem primeiro confirmou o Couto de Pombeiro e honrou as Terras de Unhão.

O VI Quadro adiantava o passo em corrida no tempo, referenciando doação de Felgueiras por D. João I a Gonçalo Pires Coelho, em 1385 – pois que o Mestre de Avis depois que assumiu o trono e manteve a soberania portuguesa concedeu, entre outras terras, o senhorio de terras de Felgueiras a D. Gonçalo, tornando-se este donatário e capitão-mor do pequeno concelho existente nesse tempo, título que deteve até à sua morte no ano de 1417.

O VII, alusivo à participação de Nicolau Coelho (séc.XV-XVI) na rota marítima para a Índia e descoberta do Brasil, sobressaía em carro alegórico próprio com formas de caravela, recriando as destemidas viagens de Coelho, o comandante da Bérrio homenageado como descobridor Felgueirense.

O VIII, prosseguindo o desfilar revivalista, dava vez à concessão do Foral de Felgueiras outorgado por D. Manuel I em 1514, apresentando séquito de vassalos e damas da corte a anteceder o casal real, fazendo desfilar o personagem do rei “Venturoso” – o qual nessa mesma distante era também concedera em 1515 idêntica Carta de Foral ao então existente Concelho do Unhão, cujas terras mais tarde passaram a completar o concelho de Felgueiras.

No IX apareceu recriada a fábrica do Pão-de-ló de Margaride, apresentando essa particular tradição local que detém imagem de marca do concelho, iguaria típica e exclusiva de reconhecimentos régios.

No X Quadro, através de alongado desfile de figurantes em passeio, eram apresentados alguns Ilustres Felgueirenses, numa galeria contudo deveras incompleta. Desse jeito, passaram diante dos assistentes diversos personagens representados em significativo número de recreações de tais figuras salientes, qual corolário de um passado distinto em que se destacaram esses notáveis Filhos de Felgueiras de naturalidade ou afeição.

Como assim, essa parte demonstrativa começava por homenagear os escritores através de D. Manuel Faria e Sousa (1590-1649), historiador, poeta, filólogo e moralista crítico promotor de Camões; seguindo-se Francisco dos Guimarães (1767-1839), sacerdote e professor erudito, autor de Memória sobre um documento inédito (referente ao Conde D. Henrique), saído no tomo IV das Memórias da Academia das Ciências; bem como António José da Fonseca Moreira (1841? ou 1848? -1938), autor de peças teatrais e patrono da casa de teatro municipal – pecando a mostra por não indicar o seu primeiro nome, para distinção do seu sobrinho Dr. Luís Gonzaga Fonseca Moreira, figura de proa do desenvolvimento local do começo do século XX (que, afinal, se verificou que faltava, não tendo sido lembrado nesta acção). Falta notória esta, por exemplo, como outras, entre as quais se notou ausência de um Dr. Eduardo Freitas (1866-1926), médico, antigo Presidente da Câmara e Provedor da Misericórdia de Felgueiras, que foi autor da primeira monografia historiadora do concelho. Depois apresentavam-se aristocratas, surgindo Egas Gomes de Sousa (1059-1102), o 1º dos Sousãos; seguido de Assis Teixeira (1850-1914), 1º Conde de Felgueiras; e Fernão Teles de Menezes (1589-1651), 1º Conde do Unhão. Aprestavam-se logo atrás alguns destacáveis vultos da magistratura, como o Conselheiro Dr. Alexandre Barbosa Mendonça (1860-1936), Juiz do Supremo Tribunal de Justiça – faltando também distinção relativa com seu irmão, o Conselheiro Dr. António Barbosa Mendonça (1858-1932), carismático político do antigo Partido Regenerador concelhio, Presidente da Câmara Municipal no último período da Monarquia e jornalista eminente, incompreensivelmente olvidado na galeria apresentada. Sendo lembrado no imediato o Conselheiro Dr. José Joaquim Coimbra (1882-1950), antigo Presidente do Supremo Tribunal de Justiça; aparecendo depois lembrança do Dr. José de Barros Carneiro (1894-1988), causídico que viveu no concelho retirado das lides judiciais e que foi figura conhecida de tertúlias e acontecimentos afamados na transmissão popular. Em justa representação de religiosos ilustres, aparecia de seguida D. Frei João de Santa Gertrudes Amorim (1818-1894), Abade do Mosteiro de Cucujães e superior da fundação do Mosteiro de Singeverga - notando-se lacunas várias nesse aspecto, tantos os exemplos possíveis, entre os quais o Padre Luís da Cunha Pereira Sampaio, a quem se liga os primeiros passos da devoção local a Santa Quitéria, os antigos reitores mais famosos do Santuário de Santa Quitéria, Padres Álvares de Moura e Henrique Machado, como o Padre Luís Rodrigues (1906-1979), mestre de música gregoriana e célebre compositor de cânticos litúrgicos, reconhecido internacionalmente; mais Frei Lucas Teixeira (1918), mestre de Iluminuras e poeta, ainda vivo ao tempo. Surgia depois representante da política de outros tempos, mediante figura do Dr. Custódio Rebelo de Carvalho (1805-1883), célebre Par do Reino, a quem se ficaram a dever algumas intervenções com influência em melhoramentos públicos e na criação da Comarca de Felgueiras. Nesse prisma logo ressaltava falha grave, devido a esquecimento para com a memória do Dr. Costa Guimarães (1807-1866), principal lutador obreiro da referida promoção de Felgueiras a Comarca, concretizada em 1855. Após isso, na continuação da marcha, a representatividade de heróicos pioneiros era atribuída ao Coronel Piloto-Aviador Francisco Sarmento Pimentel (1895-1988), militar intervencionista no derrube da Monarquia do Norte em 1919, destemido aviador que empreendeu em 1930 a 1ª travessia aérea de Portugal à Índia e opositor do regime de Salazar, exilado político durante longos anos, condecorado com a Ordem da Liberdade após a democratização portuguesa – sendo Francisco Sarmento Pimentel tratado por Comandante na legenda apresentada publicamente, quando esse título honorífico era atribuído a seu irmão João, então Capitão, por este ter comandado as tropas dos movimentos militares do vitorioso 13 Fevereiro de 1919 (no derrube da Monarquia do Norte, junto com o visado Francisco) e do frustrado 3 de Fevereiro de 1927 (contra a situação política da ditadura saída do 28 de Maio de 1926), como liderara depois a colónia portuguesa de exilados políticos no Brasil (também ele, João Sarmento Pimentel, não referenciado, embora neste caso se aceite porque, apesar de ter vivido muito tempo em Felgueiras, onde muito justamente está perpetuado na toponímia citadina como General Sarmento Pimentel, não era natural do concelho como é o irmão). A figura heróica daquele aviador e militar Felgueirense, Francisco Pimentel, não teve porém condigna apresentação, pois em vez de sua figuração seguir em carro alegórico, como outros personagens eventualmente de destaque inferior (podendo ter sido apresentada alegoria que metesse imponência de um avião, coisa que nem tem faltado em carros de desfiles de corsos carnavalescos e marchas luminosas, quando se justificava que devesse mais aparecer numa altura destas)... ia tal representação de Francisco Sarmento Pimentel a pé, apresentado com uma farda que pretendia ser arremedo de uniforme militar de carreira... Passada essa reboada, apareciam simulados personagens representativos de antigos beneméritos, que muito contribuíram para a projecção da antiga vila, como Ribeiro de Magalhães (1847-1919), fundador da Misericórdia de Felgueiras, e Agostinho Ribeiro (1848-1916? ou 1920?), patrono do Hospital concelhio; e ainda o Dr. Magalhães Lemos (1855-1931), brilhante psiquiatra e cientista de renome. Por último, o Dr. Leonardo Coimbra (1883-1936), filósofo, orador e político ligado a reformas do ensino superior durante a 1ª República. Voltou então a notar-se outras faltas, entre as quais para com personagens da diáspora Felgueirense, ou seja naturais do concelho que se salientaram em terras onde se radicaram no país e no estrangeiro, de que são exemplos o Conde-barão Joaquim Pereira Marinho, falecido em 1887 na Baía-Brasil, onde foi destacado cidadão e empresário de comércio naval; assim como Basílio Leite de Vasconcelos (1885-1938), primeiro director do Arquivo Distrital do Porto. Falhas verificadas, no caso, extensíveis a outras áreas sociais, nomeadamente para com os promotores dos primórdios industriais geradores de progresso e outros agentes sociais, sendo de reter que bem merecia lugar entre as Figuras Gradas da terra, por exemplo, um José Xavier (1882-1957), pioneiro da indústria no concelho e personagem activo em realizações culturais, tal como também outros “dinossauros” da revolução industrial concelhia, como uns Antero Cunha (1886-1968), Américo Martins (1893-1967) e Verdial Moura (1915-1969), este, inclusive, além de se ter salientado na ascensão da indústria panificadora, foi até o fundador do Futebol Clube de Felgueiras. Outrotanto, nessa falha emergiu outra falta havida para com a importância do desporto e por extensão uma transposta ideia de idêntico reconhecimento para com Artur Coelho (1934-1983), antigo praticante valoroso do panorama ciclista nacional e internacional, vencedor da Clássica 9 de Julho-Volta a São Paulo, no Brasil e por diversas vezes camisola amarela na Volta a Portugal em bicicleta; bem como José Sampaio Peixoto, atleta que foi recordista nacional em provas de pista e inclusive detentor do máximo Ibérico na distância de 400 metros, em atletismo. Tal qual com instituições de carácter especial, como a centenária Associação Humanitária dos Bombeiros de Felgueiras, sendo aí de notar mais uma falta de lembrança tida para com o “Comandante” Dr. Eduardo Coelho, personagem histórico na criação da corporação dos Bombeiros Voluntários de Felgueiras, tal qual carismáticos continuadores da “Bomba Felgueirense” como foi o patriarca da família Lickfold; e ainda o Mestre Aniceto Ferreira que foi regente da Banda dos Bombeiros e da Banda de Música de Felgueiras; assim como outros grandes Homens em diferentes valências da vida local, sendo de lembrar, entre outros, mais uns Dr. António Pinto Sampaio e Castro, célebre Administrador do Concelho; Eduardo Cabanelas, pioneiro no ramo dos transportes públicos; Professor Joaquim de Barros Leite, fundador do Externato Infante D. Henrique, e D. Dulce Moura, sua continuadora;  Teófilo Leal de Faria, alma-mater de diversas empresas que deixaram progressista cunho vincado; e outros mais, entre cujo leque será de lembrar o autor da música do Hino de Felgueiras, de nome Joaquim Chicória (1876-1951), músico vizelense da antiga Filarmónica Musical conhecida popularmente por “Banda do Aniceto” de Felgueiras.

A propósito, deverá acrescentar-se que essa versão do Hino Municipal foi composta em 1919 e, depois de pela primeira vez tocada em público no ano de 1942, com dedicatória ao então Presidente da Câmara Dr. Miguel Bacelar, foi recuperada muito mais tarde, com uma letra encomendada em 1991 pela C. M. F. ao poeta popular Arlindo Pinto (natural de Penafiel e residente em Felgueiras, conhecido normalmente por “Cabo Pinto” devido a ter vindo para Felgueiras como Cabo da GNR). Esse canto, com nome oficial de Hino de Felgueiras Cidade, teve gravação editada em disco de vinil no ano de 1992. A propósito, convirá focar também que há um outro hino, chamado de Hino do Concelho de Felgueiras, que aliás foi o primeiro a ter arranjo total de composição musical e poética, cuja versão foi feita em 1984 com letra de Fernando Ferreira Machado e música do Padre Carlos Moura (melodia que foi gravada em cassete através de interpretação do Coro Vicentino de Felgueiras e era entoada nos sinais de abertura e fecho das emissões iniciais da Rádio Felgueiras). 

Voltando à descrição do desfile em apreço: Encerrava a artística marcha, por fim, o último carro alegórico, de homenagem ao Poder Local, ostentando gravura a retractar o Dr. Machado de Matos (1915-1989), Presidente da Comissão Administrativa formada em 1974 após o 25 de Abril e 1º Presidente da Câmara eleito, sufragado em 1976 por maioria de votos, apesar de não ter sido natural mas sim residente de Felgueiras, para sempre representante do sentir Felgueirista como figura sintomática de democrata e bairrista Felgueirense.

Esperava-se um final apoteótico, no encerramento do cortejo, o que se não verificou totalmente, quando poderia haver, por exemplo, uma parada final de símbolos do presente, como que em representatividade de todas as associações, agrupamentos, clubes, estabelecimentos oficiais e outras instituições, enfim das colectividades e agremiações espalhadas pelo concelho, bastando as respectivas bandeiras a marcar presença, empunhadas por porta-estandartes em representação do que existe dentro desses valores colectivos – alusivo ao trabalho incessante dos «descendentes briosos do passado que constroem, no presente, o futuro ilustre de Felgueiras». 

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Em 2002 foi reeditado o mesmo Cortejo Histórico, com poucas alterações e correcções, então denominado “Felgueiras no Mundo”. E, felizmente, no ano seguinte começaram a surgir modificações.

Em 2004 houve mudança de tema, tendo o Cortejo Histórico como lema “Padroeiros, Coutos e Honras de Felgueiras”, procurando demonstrar uma “Pequena História das Freguesias”.

Assim, a abrir, o primeiro carro apareceu dedicado aos 19 santos Padroeiros das 32 freguesias do concelho de Felgueiras. Depois, seguiam-se os quadros alusivos, com ilustrações históricas desde os alvores da expansão, das freguesias com História mais marcante – segundo o que foi apresentado no desfile:

Quadro I – S. João de Aião, com referência ao Couto do lugar de Brulhães, de 1257, como o privilégio de isenção de impostos a moradores de Aião, concedido por D. João I em 1395.

Q. II – Santa Maria de Airães, aludindo o seu Padroado ter sido da Coroa, da Ordem de Avis e da de Cristo.

III – S. Miguel de Borba de Godim, em cuja representação constava a confirmação do 1º rei de Portugal sobre Godim.

IV – S. Martinho de Caramos, ilustrando a fundação do seu mosteiro e a importância dos seus monges Crúzios em tempos remotos.

V – S. Tomé de Friande, com invocação da doação da ermida de Santo André.

VI – Santa Maria de Idães, referindo a antiga paróquia e freguesia de Samarim, depois anexa a Idães, e sobre o mosteiro de Barrosas.

VII – S. Pedro de Jugueiros, maila sua Carta de Couto, outorgada por D. Teresa.

VIII – S. Cristóvão de Lordelo, referindo a erecção da capela do Espírito Santo.

IX – Santa Leocádia de Macieira da Lixa, fazendo alusão a pergaminho de 1240, contendo referência a obrigação de seus moradores pagarem votos a Santiago de Compostela. 

X – Santa Eulália de Margaride, aludindo o testamento de Mumadona de 1059, no qual aparece sua primeira referência; assim como era representada pelo templo de Santa Quitéria e com revivalismo à Feira de Margaride.

XI – S. Salvador de Moure, em cuja representação aparecia idêntica referência à Condessa Mumadona, bem como à Justiça ali praticada antigamente em Simães. 

XII – S. Tiago de Pinheiro, antiga Honra, incluindo os ancestrais Mogudos de Sendim.

XIII – Santa Maria de Pombeiro, aludindo a fundação do correspondente mosteiro e seu Couto.

XIV – S. Tiago de Rande, que incluía alusão aos antigos fidalgos, dos quais as suas antigas quintas de Rande e Sernande, de Randi Villa, foram doadas no decurso do tempo ao Hospital de Malta, por D. Gomes Soares; aludindo, ainda, antigos vínculos de Rande, como freguesia, a posteriores Honra e Concelhos por onde andou na evolução administrativa.

XV – Santa Comba de Regilde, recordando sua Honra e posterior unificação de S. Veríssimo da Ribeira a Santa Comba de Regilde.

XVI – Santa Maria de Revinhade, com sua antiga Honra e Padroado, ao qual andou anexa a Comenda de Torrados.

XVII – S. Jorge de Riba Vizela, aludindo ter sido outra Honra, do nome antigo da freguesia, Cela.

XVIII – S. Tiago de Sendim, como freguesia do solar dos Coelhos e sede dos Capitães-mores do concelho.

XIX – S. Vicente de Sousa, antiga Honra dos Sousas, onde se situava seu palácio patriarcal e de onde houve o nome do rio que nasce no concelho.

XX – S. Pedro de Torrados, mostrando haver documento de testamento de Mem Moniz, irmão de Egas Moniz, aio do rei fundador, como de Torrados ter sido Comenda da Ordem de Cristo, em parceria com Revinhade. 

XXI – S. Salvador de Unhão, que incluía referência à fundação da sua igreja e a ter sido antiga Honra, Comenda e Concelho, como terra dos Condes de seu nome.

XXII – S. Salvador de Vila Cova da Lixa, lembrando os seus primitivos senhores, os Gondufes.

XXIII – S. Mamede de Vila Verde, terra coutada pelo Conde D. Mendo de Sousa, que teve legado aos frades de Pombeiro.

(Obviamente não estão todas as freguesias integrantes do concelho, mas foram estas as referenciadas no desfile em apreço.)

Encerrava o cortejo, em último carro alegórico, a representação do santo das Festas do Concelho, S. Pedro, motivo de romaria e veneração dos Felgueirenses desde longas eras.

 Armando Pinto

(Obs.: - Junção de textos entretanto já colocados em partes noutras publicações e como artigo conjunto para também poder ser publicado noutra eventualidade editorial). 

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sábado, 8 de julho de 2023

No 40.º Aniversário da Ordenação Sacerdotal do Padre Abílio Barbosa – Lembrança de antiga publicação, aquando das suas "Bodas de Prata"

 

= Padre Abílio Barbosa – antigo pároco das paróquias componentes da atual Vila da Longra (mais Várzea, Airães e Refontoura) e atualmente das paróquias da cidade da Lixa. =

A 10 de julho de 1983 foi ordenado na Sé catedral do Porto o Padre Abílio Barbosa, que como tal completa 40 anos de vida sacerdotal esta segunda-feira, dia 10.

Ordenado então em 1983 (junto com outros colegas, entre os quais o Padre Cónego Dr. Jorge Cunha, de Sendim-Felgueiras e atual membro do Cabido do Porto), o Padre Abílio veio depois para Felgueiras em 1984 como Pároco das Paróquias de Pedreira e Várzea. A cujo múnus de seguida se juntaram, anos depois, as paroquias de Rande e Sernande, seguidamente também Refontoura, e por fim Airães. Até que atualmente é Pároco de Vila Cova da Lixa, Borba de Godim e Macieira da Lixa.

Ora, como agora passam 40 anos de sua ordenação, vai ser assinalada essa soma de anos de sacerdócio com uma celebração especial no próprio dia, segunda-feira, dia 10, pelas 20 h 30, na Igreja Nova da Lixa.

Nesta oportunidade relembra-se o que por ocasião da passagem de 25 anos da mesma sua ordenação foi escrito (em 2008)  pelo autor deste blogue “Longra Histórico-Literária” num outro blogue, intitulado “Vila da Longra”. Antigo blogue esse em que ao tempo, eu (expondo mais diretamente na primeira pessoa) fui colaborador; e do qual a gestão principal era do amigo conterrâneo Carlos Faria, de parceria com outros gestores amigos da área da Longra. E (blogue esse) também que, ao tempo, em que houve vários blogues com "coisas e loisas" sobre Felgueiras, ganhou algum destaque no concelho derivado a certa celeuma com um outro blogue, intitulado Jornal da Longra, mas que apesar do nome, para distrair, era contudo de alguém da cidade de Felgueiras...

Pois então, do antigo blogue "Vila da Longra", partilha-se assim a recordação do que à época foi escrito. Algo que, curiosamente, serviu ainda para, por estes dias, ter dado azo à recolha de dados por algumas páginas informáticas… como facilmente se nota.



(In Blogue "Vila da Longra" - publicado a 18/6. Do qual foi feita cópia impressa em papel a 19/6/2008)

Armando Pinto

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quarta-feira, 5 de julho de 2023

Artigo no Semanário de Felgueiras sobre a passagem do 20.º Aniversário da Vila da Longra

A propósito da passagem da conta de 20 anos desde que a Longra passou a ser vila, antes ainda da comemoração respetiva do aniversário, foi pelo autor escrito um artigo alusivo, em moldes de efabulação elucidativa, então publicado no Semanário de Felgueiras Jornal, em sua edição de 3 de julho seguinte. Para cujo número entretanto já não foi a tempo, depois, uma pequena notícia escrita reportando à comemoração da elevação da Longra a vila e sobretudo sobre a cerimónia oficial, registo noticioso esse que deverá ter publicação na edição que virá a seguir, agora que este único jornal felgueirense de publicação normal é quinzenário, em tempo de saída a público.

Posto isto, regista-se neste espaço de memorização o artigo referido, conforme teve publicação na página 6, em página inteira da edição de 3 de julho. Partilhando-se aqui através de digitalização dividida em duas partes de cada meia página, para proporcionar melhor leitura.

Armando Pinto

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terça-feira, 4 de julho de 2023

Recordando o Padre Luís Rodrigues, autor do cântico das Ordenações Sacerdotais na Sé do Porto

 

Na Diocese do Porto é tradição entre julho e agosto haver as Ordenações de Presbíteros, sempre que há novos padres para ordenar. E, ou num mês ou noutro, desses, normalmente no início de cada respetivo mês, conforme as circunstâncias derivadas de tais anos. Vindo o tema mais uma vez à atualidade, com a próxima  ordenação sacerdotal que irá ocorrer no domingo 9 de julho (deste ano de 2023), em cerimónia na Sé Catedral do Porto. Curiosamente em dia coincidente em efeméride com o que há 23 anos ocorreu quando foi ordenado o atual Pároco de Rande, Sernande e Idães, Padre Manuel Joaquim Costa Ferreira. Sendo extensivamente caso de referência por nas Ordenações sacerdotais no Porto ser carismático o alusivo cântico "Tu es sacerdos in aeternum” (Sacerdote para sempre), cujo autor é o Padre Luís Rodrigues, natural de Rande-Felgueiras e celebrizado como reitor da Lapa, no Porto. 

(Por acaso até mote, esse, que anos depois, em 1964, serviu de lema à Ordenação do Padre Marílio Faria, muito mais novo mas também natural de Rande, como consta no seu "santinho de recordação" da Ordenação e seguinte Missa Nova.)

Nesta conjugação de factos e fatores, avivam-se memórias alusivas.

Com o tempo cálido de verão, este ambiente de dias de altas temperaturas faz lembrar tempos de outrora, de ida até ao Porto com destino principal mais propriamente à Sé catedral da Diocese do Porto, do autor destas lembranças, mais amigos e conhecidos, entre gente da freguesia e paróquia de Rande, para presenciar a ordenação de um então jovem seminarista que ia ser ordenado padre, o Padre Marílio, como já o tratávamos mesmo antes, enquanto seminarista. Sendo que durante anos as Ordenações Sacerdotais no Porto ocorriam sobretudo no primeiro ou segundo domingo dos iniciais fins de semanas de agosto. Enquanto agora isso está a ser celebrado no início de julho. Costumando, na ocasião e de há anos a esta parte, as cerimónias serem coroadas liturgicamente com o cântico “Tu es sacerdos in aeternum”, de L. Rodrigues (Padre Luís Rodrigues), no sentido apropriado à celebração.

Ora, estando-se pois em tempo de Ordenação de novos Presbíteros na Diocese do Porto, calha a preceito relembrar alguns casos que nos dizem mais respeito. Como foram as ordenações de Padres naturais de Rande e padres que vieram a ser Párocos da mesma nossa paróquia de S. Tiago de Rande. Através de estampas alusivas, as populares pagelas, popularmente chamadas de “Santinhos”, das ordenações de alguns dos sacerdotes nascidos em Rande e também de padres que depois vieram para párocos de S. Tiago de Rande – conforme os “Santinhos de recordação” que consegui ter, uns recebidos de meus pais e outros obtidos pessoalmente, dos que tenho guardados.


Na pertinência de toda esta envolvência e pelo significado subjacente, vem a talhe recordar a vida e obre do "nosso" Padre Luís Rodrigues, o autor do cântico das ordenações sacerdotais na Sé do Porto. 

~~~ ***** ~~~ 

Padre Luís de Sousa Rodrigues 

«...Parece-me que o mundo de hoje anda muito à procura de processos de evangelização, porque pensa que o problema está na mecânica dos processos. E, como assim, anda o mundo descrente de muita coisa, porque só vê movimentos externos e não descobre a sua verdadeira alma interior. O seu lume, o seu Espírito.».

Era assim que o Padre Luís da Lapa, eminente Filho de Felgueiras, via a consciência global, nos alvores da década de setenta, no século XX.

= Fotos do percurso de Luís Rodrigues ao tempo de  Seminarista, com familiares, amigos e colegas...

Também, duma das suas homilias, das famosas pregações breves e incisivas que fazia, se pode retirar à posteridade uma outra passagem de suas reflexões. Então, certa vez em que desenvolveu tema sobre a Personalidade Própria, com que analisava numa homilia aquela parte do Evangelho onde ficou descrito quando Jesus estava a expulsar o demónio de um mudo, e depois de referir que o mesmo satanás tanto pode aparecer como demónio como também feito anjo, quais mudos que surgem a qualquer um em diversas facetas da vida, tentando anular as personalidades autênticas de cada qual, acrescentava: «O mesmo se passa na política e em muitas outras áreas. Ou desenvolvemos e afirmamos o nosso próprio “eu”, e as capacidades que nos foram dadas, ou não passamos de um zero na vida, e não estamos dentro do plano da realização actual da vida que nos foi dada.»

Isto, dito assim, em tempo de ditadura política Salazarista, que atirara para o exílio o Bispo do Porto, D. António... Revelava coragem e faz compreender lendas de audições do Padre Luís na sede da “Pide” no Porto.

= Monumento (de que na foto se faz sobressair a parte superior), com busto e respetiva peanha, colocado no adro lateral da igreja da Lapa, no Porto, em honra do Padre Luís de Sousa Rodrigues – escultura da autoria de Irene Vilar e inaugurado pelo Bispo do Porto D. António Ferreira Gomes. =

É esse Padre Luís que o Povo de Felgueiras, mas não só, deveria conhecer bem. Na vertente intelectual e humanista, junto à sua lavra artística, como ainda na feição humana e sentimental.

*

Com esse fito procurou-se, oportunamente, fazer algo para que as gentes locais ganhassem algum pecúlio de apreciação valorativa, também nesse especto. Como foi do conhecimento de significativa franja da atenção conterrânea, decorreu durante parte do ano de 2004 uma sequência comemorativa da passagem de 25 anos sobre a morte do Padre Luís de Sousa Rodrigues, o distinto Felgueirense em causa, qual figura de proa da cultura como da música eclesial, além de sacerdote com grande carisma na diocese do Porto, como afinal na Igreja Portuguesa e compositor famoso aquém e além-fronteiras.

O Padre Luís Rodrigues entretanto foi alvo de significativa homenagem em 2004 na sua freguesia natal, tendo sido colocada pela Junta de Freguesia de Rande, ao tempo da presidência de Vitor Pedro Ribeiro, uma placa alusiva na casa onde nasceu, na Fonte (que à época de seu nascimento pertencia ao lugar da Bouça, nome depois desaparecido com as transformações ambientais verificadas na sucessão dos tempos), em Rande. 

= Igreja de Rande, onde foi batizado e Casa da Fonte onde nasceu. Mais instantâneo do descerramento da lápide assinalável, que ficou na mesma casa de seu nascimento. = 

Aconteceu que a nível concelhio, apesar do que fora entretanto realizado em sua homenagem (sobretudo com exposição bio-bibliográfica na sede concelhia e finalmente a atribuição de seu nome a uma rua de Felgueiras), constatava-se porém na convivência normal que ainda não havia correspondente conhecimento geral, relativamente ao nome desse Ilustre Felgueirense, notando-se continuar a não ser muito acentuado no domínio público o devido preito pela sua vida e obra, da qual não houvera de permeio assimilação exata, para não dizer que sobre ele ainda pairava um quase total desconhecimento.     

= Panorâmica ambiental e humana da inauguração da Exposição na Biblioteca Municipal de Felgueiras – Julho de 2004. =

 

= Descerramento da placa da Rua Padre Luís S. Rodrigues, na sede concelhia de Felgueiras, pelo então Presidente da Câmara de Felgueiras em exercício, Dr. António Pereira, e pela Vereadora da Cultura, ao tempo, Dr.ª Margarida Sousa. = 

Então, para que pudesse e possa haver, se possível, melhor reconhecimento, ou seja para evocar mais amplamente a figura de tão insigne conterrâneo, de modo a que daí resultasse plena visão de sua dimensão e frutifiquem suas virtudes, houve, por fim, uma Conferência na Casa do Povo da Longra, dedicada à memória do Padre Luís Rodrigues, ato público que teve lugar a 27 de Novembro, de 2004, nas instalações da Associação Casa do Povo local, quando era Presidente da Direção da mesma instituição associativa o autor deste texto, também. 

Tal acontecimento teve por fundo uma dissertação, proferida solenemente pelo Cónego Dr. Ângelo Alves, da Cúria Diocesana do Porto, expressamente convidado para o efeito, como Orador dessa sessão pública organizada pela Direção da Associação respetiva, que mereceu lugar reservado na sala de espetáculos da mesma instituição Longrina e contou com aliciante programa. 

= Descerramento da lápide alusiva (pelo palestrante Cón. Dr. Ângelo Alves, na companhia do Presidente em Exercício da Câmara Municipal de Felgueiras, Dr. António Pereira, e pelo Presidente da Associação organizadora, Armando Pinto), lápide que ficou a assinalar a primeira conferência realizada na Casa do Povo da Longra, dedicada a um personagem ilustre natural da região, na mais representativa Associação local – Novembro de 2004. =

= Mesa da Conferência sobre o Padre Luís Rodrigues, na Casa do Povo da Longra: O conferencista, Dr. Ângelo Alves, no uso da palavra, ladeado de um lado pelo então presidente da instituição e responsável da organização, Armando Pinto, e pelo pároco de Rande, Padre Manuel Ferreira, mais do outro lado pelo Presidente da Câmara em exercício, Dr. António Pereira, e pelo presidente da Junta de Rande, Vitor Pedro Ribeiro. =

No intuito também de vincar quanto representa o percurso do visado personagem, o autor destas linhas publicou um livro evocativo da biografia e currículo do célebre Reitor da Lapa do Porto, intitulado “Padre Luís Rodrigues: Uma Vida de Prece Melodiosa”, com o qual se procurou visar o mesmo fim, aliando simultaneamente essa tentativa documental, com apresentação coincidente na ocasião.

Dessa realização, terá cabimento registar a marca de autenticidade dada na formação de mesa d’ honra, com autoridades civis e religiosas, atingindo auge por meio da palestra de fundo, cuja presença do referido ilustre orador ficou perpetuada com descerramento de uma lápide alusiva.

De uma espontânea opinião ali emitida, na leitura das comunicações recebidas, se pode sintetizar o evento: “...no meio do ambiente natural, a Associação Casa do Povo dá valor às pessoas de valor, fazendo lembrar uma expressão de um antigo Presidente da Academia de Ciências, quando disse «mediocridade atrai e promove mediocridade; o valor atrai e promove o valor».”

Em suma, acrescentamos, tal qual nem só de pão vive o homem, rematou-se com a referida realização uma possibilidade de fortalecimento espiritual, no sentido moral e cultural. Que, como dizia o Padre Luís Rodrigues, «na Compreensão está o vislumbre do Espírito».

*

Na sequência à razão de procurar honrar a memória do Padre Luís Rodrigues, procurou-se sempre dar continuidade aos estudos sobre tudo o que lhe diz respeito, numa simbiose atenta entre o autor destas linhas e outros interessados entusiastas, o amigo sr. José António Araújo, do Porto, mais o Dr. José Melo, Felgueirense residente também no Porto, de mãos dadas na pesquisa e inerente divulgação, visando complementações possíveis de dignificar a comemoração de seu centenário, em 2006.

Para superar certas formas limitadas de apreciação, nunca é de mais contemplar quem honra a terra, mesmo que num universo já a fazer parte do passado, e não só olhar ao que nos rodeia de momento. Pois que, neste caso, o Padre L. Rodrigues foi Alguém muito apreciado, também pela sua especialização musical, até ou sobretudo no estrangeiro. Como pela vertente humana, subjacente no seu Apostolado.

 = O Padre Luís da Lapa com o seu amigo e célebre Bispo do Porto D. António Ferreira Gomes

Além do que se aludiu e ficou escrito anteriormente, noutras publicações, acresce, de entre diversas descobertas interessantes, que se passou a conhecer mais algumas curiosidades relativas ao percurso e ao valor do Padre Luís Rodrigues:

Assim, apercebemo-nos que também o muito conhecido compositor Fernando Lopes Graça, por sinal nascido no próprio ano do P.e Luís, igualmente esteve em Paris, tal como L. Rodrigues, a estudar com Charles Koechlin.

De particular apreço, descortinou-se também verificação de dado sintomático, quanto à sua importância: o facto de em 1977 uma publicação estrangeira haver integrado o Padre Luís de Sousa Rodrigues entre os grandes vultos da música. Com efeito, foram então incluídas algumas das suas composições na antologia inglesa, sobre grandes compositores mundiais, denominada “International Who’s who in Music”, de Cambridge-England, a qual, na correspondente oitava edição publicada em 1977, menciona as principais obras do mesmo compositor português e felgueirense.

Como, intercalando apêndices sempre possíveis sobre ele, se ter passado a saber que, entre os coros que ficaram ligados ao currículo do P.e Luís Rodrigues (p. ex. os da Sé do Porto, de S. Tarcísio e Gregoriano do Porto), esteve também o das Pequenas Cantoras do Postigo do Sol, coral que durante anos abrilhantou uma das missas da igreja da Lapa, sob regência do maestro e professor Vergílio Pereira (natural de Paredes, onde nascera em 1900, tendo vivido no Porto até falecer em 1965, sendo ligado à Lapa pela amizade com o Padre Luís).

*

O centenário do nascimento do P.e Luís Rodrigues, em 2006, foi comemorado de algumas formas.

Terá, entretanto, de se fazer notar que, quantas vezes, por desconhecimento ou desinteresse, podem acontecer simples menosprezos ou mesmo barbaridades, quando não se sabe valorizar algo até respeitável, à falta de informações para a devida instrução de dados apreciativos. Nem todos saberão, por exemplo, mas se não tivesse havido em Portugal um Homem como D. Fernando II, o rei-consorte e regente, com apreciável apego à pátria afetiva, tinha acontecido que a célebre custódia de Belém teria sido derretida para cunhar moeda; tal como, pasme-se, se ele não tivesse tido conhecimento a tempo e não houvesse impedido, o Mosteiro da Batalha ia ser destruído, pois havia sido vendido em hasta pública para servir de pedreira... (conf. Rainer Daehnhardt, in “Páginas Secretas da História de Portugal”). Ora, só se conhecendo o significado das coisas, o passado dos monumentos, bem como de pessoas de valor, enfim a associação correspondente de pessoas e objetos a uma pátria terra, se poderá valorizar a identidade coletiva. É o que se passou, por exemplo, com a referida efeméride, digna de valorização, no contexto do sentimento matriz do concelho de Felgueiras, como era a passagem do centenário do musicólogo Padre Luís Rodrigues, um insigne Filho de Felgueiras que foi reconhecido honorificamente pelo Governo Português com a Comenda da Ordem de Santiago da Espada. Tendo cabimento o “à parte” do cotejo anterior, pese as diferenças na comparação das referidas ocorrências remotas, por o aludido segundo marido de D. Maria II (conf. “Padre Luís Rodrigues: Uma Vida de Prece Melodiosa”) haver ficado na memória da igreja da Lapa, do Porto, onde mais tarde o “nosso” P.e Luís foi célebre reitor.

Felizmente, depois de diversos “picanços” de alertas, houve comemoração alusiva no Porto.

Então, no dia 6 de Julho de 2006, data em que se completaram 100 anos desde o nascimento do Padre Luís de Sousa Rodrigues, houve programa comemorativo a assinalar o respetivo centenário.

Na manhã do próprio dia o Coro de S. Tarcísio recordou o seu fundador, na igreja da Trindade, com um Te Deum, em cuja celebração teve acompanhamento do Coro Gregoriano do Porto.

Depois, ao fim da tarde dessa quinta-feira, teve lugar na Lapa desenvolvido ato evocativo. Recorde-se que foi às 20 horas, pelas «oito horas da tarde», que nasceu em Rande-Felgueiras Luís S. Rodrigues, corria o sexto dia de Julho de 1906, conforme registo de seu nascimento e foi narrado no livro “...Uma Vida de Prece Melodiosa”. Com respeito, realizou-se assim uma sessão solene alusiva na igreja da Lapa, onde esse famoso musicólogo foi reitor. Aí, com uma decoração centrada em quadro do Padre Luís, decorreu o ato com elevação, contando com a presença do Bispo do Porto, D. Armindo Lopes Coelho, que presidiu a mesa de honra composta por algumas figuras ligadas ao percurso do homenageado, na presença de individualidades e público fiel (onde o autor destas linhas esteve, só não sendo o único representante Felgueirense, ali, por ter estado acompanhado por sua filha e genro... e lá ter estado também o Dr. José de Melo, Felgueirense residente no Porto, mais o referido D. Armindo...).

= Visualização duma casa onde viveu quando jovem, no lugar de Valdomar, em Rande-Felgueiras (imagem já de tempos próximos à sua demolição, desaparecida que foi com o rasgamento da auto-estrada que passa na encosta de Rande) e sua sepultura, no cemitério da Lapa no Porto, em ocasião de homenagem acontecida no tempo de seu sucessor, Cónego Ângelo Alves, como reitor da Lapa.

Então, de forma a celebrar a efeméride, para evocar tão carismático compositor e professor da área musical litúrgica e clássica, bem como sacerdote humanista, condecorado com honorífica comenda nacional, o programa começou mediante apresentação do Provedor da Venerável Ordem de Nª Sª da Lapa, António França do Amaral, proferindo alocução de abertura a invocar o sentido da homenagem. Depois teve lugar uma Conferência, pelo Monsenhor Dr. Ângelo Alves, sucessor do P.e Luís na Lapa, desenvolvendo tema sobre “P.e Luís Rodrigues: Uma perspetiva da sua Acão pastoral e pedagógica”. Seguiu-se uma dissertação do Cónego Dr. António Ferreira dos Santos, atual reitor da Lapa e músico discípulo do Padre Luís, em torno d’ “A herança do P.e Luís Rodrigues voltada para o futuro”. Encerrou essa parte uma efusiva intervenção do Bispo do Porto e também Felgueirense, D. Armindo, a recordar passagens da sua vivência com o P.e Luís, de que foi aluno, fazendo apologia da sua dimensão, nas variadas facetas que o tornaram notável. De permeio, nos intervalos das intervenções dos palestrantes houve execução, ao órgão, de várias obras musicais escritas pelo P.e L. Rodrigues, através do Mestre Capela da igreja da Lapa, Filipe Veríssimo. Seguiu-se, em tempo de intervalo, uma romagem ao cemitério da Lapa, ao mausoléu do Padre Luís, até que, por fim, de novo no interior do histórico templo que alberga o coração de D. Pedro, se celebrou um solene Te Deum, por meio de composição do homenageado P.e Luís Rodrigues.

Na ocasião teve lançamento uma 2ª edição do livro “Do Evangelho para a Vida”, de reflexões sobre homilias do P.e Luís Rodrigues, contendo desta feita um CD anexo com gravação da voz do mesmo P.e Luís.

Numa possível continuação do ciclo comemorativo, ficou idealizado que ainda fosse editada, quando possível, uma nova publicação com apontamentos biográficos e de virtudes características do Padre Luís de Sousa Rodrigues, ficando também ainda agendadas outras ações públicas na Invicta, inclusive com uma atribuição pela Câmara Municipal do Porto, dentro do mesmo âmbito. Tendo depois sido finalmente dado o nome do Padre Luís Rodrigues a uma rua, próxima à igreja da Lapa.

= Página do livro "Jorge Nuno Pinto da Costa O Portador de Alegrias", em que o "Padre Luís da Lapa" é referido elogiosamente pelo cidadão portunese Jorge Nuno Lima Pinto da Costa. 

Em Felgueiras, entretanto, com algumas mudanças sociais acontecidas no concelho, incluindo alteração das composições do Executivo Municipal e também na Direção da Casa do Povo da Longra, apenas houve tal lembrança oficial através de um Concerto da Banda de Felgueiras, em honra do mesmo Padre L. Rodrigues. Tendo, na verdade, a Associação da Banda de Música de Felgueiras realizado, no dia 30 de Setembro seguinte, um concerto musical em homenagem a esse importante Felgueirense, sessão que teve lugar no Teatro Fonseca Moreira, na cidade de Felgueiras. Numa execução pública destinada a assinalar o centenário natalício daquele vulto da musicologia, no âmbito comemorativo do dia mundial da música. Ficando, nessa apoteótica cadência, mais vincado merecer o Padre Luís Rodrigues ser oficialmente considerado um dos Filhos Prediletos de Felgueiras.

= Prospeto entregue aos assistentes do Concerto da Banda de Música de Felgueiras com que, em 2006, a filarmónica de Felgueiras assinalou publicamente o centenário do grande nome Felgueirense da música, Padre Luís Rodrigues. Homenagem essa efetuada através de concerto público, realizado em 30 de Setembro na casa do Teatro Fonseca Moreira – no âmbito comemorativo do dia mundial da música, que se celebrava no dia imediato à execução que teve lugar na noite daquele sábado, em que foi evocado o Padre Luís de Sousa Rodrigues, musicólogo, compositor de música sacra e erudita, além de mestre de canto gregoriano.=

Mais tarde, a Câmara de Felgueiras ao tempo unicamente dedicou uma página, quase ao expirar o ano do centenário, sobre a figura do P.e Luís Rodrigues, no jornal municipal “Felgueiras-município com futuro”, em seu nº 2, de Dezembro de 2006.

No ano seguinte, depois de no Porto ter havido uma comemoração do cinquentenário do Coro de São Tarcísio, a 25 de Maio de 2007 (de que demos anteriormente notícia no Semanário de Felgueiras de 04 do mesmo mês), esse mesmo espetáculo foi trazido à Casa do Povo da Longra, sendo incluído nos festejos do 4.º aniversário da Vila da Longra, numa organização da Casa do Povo e das Juntas de Rande, Sernande e Pedreira, em tributo a esse grupo coral de que o Padre Rodrigues foi fundador, numa ocorrência que teve lugar quando passavam já 101 anos do nascimento do mesmo Padre Luís.

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Passado isso, há reforços bastantes sobre o quanto é valorizado “lá fora” o trabalho do P.e L. Rodrigues. Curiosamente, há o seguinte exemplo paradigmático: um grande catedrático dado pelo nome de Paulo Castagna, investigador de música e professor do Instituto das Artes da UNESP-Universidade Estadual Paulista, de S. Paulo-Brasil, incluiu diversas passagens do livro “Música Sacra: História e Legislação”, do P.e Luís Rodrigues, na sua tese. Documento esse que, pela sua fundamentação e amplitude, foi muito divulgado, a ponto de ser traduzido para espanhol (“PRESCRIPCIONES TRIDENTINAS PARA LA UTILILIZACION DEL ESTILO ANTIGO Y DEL ESTILO MODERNO EN LA MUSICA RELIGIOSA CATOLICA – 1570/1903”), passando o mesmo a constar num “site” chileno da Internet, com divulgação em Buenos Aires e São Paulo, no qual o P.e L. Rodrigues aparece como autoridade na musicologia e aquele seu tratado, escrito em 1943, ainda como uma referência bibliográfica insistente.

= Da biblioteca particular do autor: - Literatura relacionada com a vida e obra do Padre Luís Rodrigues: desde um livrinho do Colégio da Longra (Rande-Felgueiras) onde ele estudou antes de ir para o Seminário do Porto, até outros de afinidade, quer exemplares de obras suas, como brochuras oficiais de homenagens, mais livros biográficos  e outros em que é referido.

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A repercussão do carisma do Padre Luís Rodrigues, apesar de certo esquecimento que por vezes se abate sobre a memória, tem mantido avivada uma relativa aura, surgindo de tempos a tempos alguma ressonância da sua caixa de música perene, sensivelmente ao que provoca o legado que deixou. Sinal disso é o facto de a partir de 2010 ter sido reabilitado na seleta de cantos da liturgia da Diocese do Porto um cântico famoso, que estivera olvidado muito tempo e, sendo então recordado, passou a deter renovada importância. Com efeito, aquando das ordenações sacerdotais de 2010 na Sé do Porto, por iniciativa dos alunos do Seminário Maior do Porto, foi entoado um dos mais célebres cânticos em latim outrora muito usados, o “Tu es sacerdos in aeternum”, de L. Rodrigues, no sentido apropriado à celebração. Passando, novamente desde então, esse cântico do Padre Luís Rodrigues a integrar o programa de celebrações solenes da catedral portuense e derivadas cerimónias da Igreja Portucalense, como tem sido extensivamente, além das ordenações, também na festa da cidade do Porto, à solenidade do nascimento de São João Baptista, na igreja de S. João Novo, entre outros casos.

Então não é bom ter havido Gente assim? E haver perdurado seu rasto memorial?!

Armando Pinto

Nota: Fotos de arquivo pessoal do autor.