Ocorreu recentemente o desaparecimento deste mundo do amigo Arnaldo Sousa Pinto, popularmente também conhecido na cidade de Felgueiras por Neca. Tal ocorrência, naturalmente tornada conhecida entre a população, deu azo a que, na habitual crónica mantida no jornal Semanário de Felgueiras, lhe prestássemos um justo tributo - na medida do conhecimento granjeado na sua passagem pelas atividades da Casa do Povo da Longra, há alguns anos, aquando da gerência do autor destas linhas na presidência da mesma instituição Longrina. O que gerou amizade e admiração refletidas em mais um artigo publicista, do qual agora partilhamos aqui a respetiva coluna, do que foi publicado no mais recente número do S F, à página 12 da respetiva edição impressa, nesta sexta-feira 22 de Março.
(Clicar sobre este recorte digitalizado, para ampliar)
Do mesmo, para mais fácil leitura, colocamos o texto conforme o original:
Pró memória: Arnaldo Sousa Pinto
Faleceu Arnaldo Sousa Pinto, poeta e artista autodidata felgueirense, na passada terça-feira, dia 12, aos 64 anos. Homem da palavra e de bagagem cultural, calou a sua voz declamadora, vitimado por enfarte, num infausto acontecimento que se deu quando tinha em mãos uma exposição coletiva patente na Casa das Artes de Felgueiras.
Arnaldo Manuel Baptista de Sousa Pinto nasceu em Guimarães a 25 de Junho de 1948, e, residindo em Felgueiras, entretanto, frequentou o Seminário de S. José, em Lagares; e o Seminário Santa Teresinha, em Pombeiro. Foi funcionário dos CTT e bancário na área de Lisboa, até que regressou a Felgueiras em 1986. Publicou poemas na imprensa local e está representado na Primeira Colectânea de Poetas Felgueirenses, edição de 1989 do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Felgueiras; e em Com Verso Ando, Antologia Poética, publicada em 1993 numa edição do Café Belém. Foi também ensaiador e ator do Grupo de Teatro da Casa do Povo da Longra, durante algum tempo, sensivelmente nos primeiros anos 2000, até há alguns anos atrás, numa relação interessada pela cultura em geral e pela arte cénica em particular. Tendo por isso sido autor de algumas peças de teatro, uma das quais, pelo menos, chegou a ser representada em palco na Longra. Desempenhou ainda lugar de deputado à Assembleia Municipal de Felgueiras, eleito pelo PS, mas sobretudo em representação desta terra, onde ficou sepultado no cemitério municipal de Margaride.
Desaparece assim fisicamente um cidadão ativo e muito sociável, sendo figura deveras conhecido dos meios culturais felgueirenses. Paz à sua alma. E que no Além não deixe de declamar alguns de seus belos versos, como ele tão bem sabia. Dizendo agora adeus por algumas estrofes dum poema da sua autoria:
«Partem as aves aladas
Em eternas revoadas
Procurando outros beirais!...
Mas fica meu ser aos ais,
Chorando sem parar mais
Em gotas agras, salgadas.
Partem as aves, coitadas,
Mas partem, sim, confiadas
Em voltar aos seus casais!...
Só eu não sei se tu vais
Para eu te encontrar jamais
E viver horas passadas».
Armando Pinto