Artigo escrito para o Semanário de Felgueiras, em cuja edição de 13 de abril fica publicado – enaltecendo o felgueirense mestre de iluminras e poeta Lucas Teixeira (nome de assinatura artística de Armando Teixeira, falecido em 2013 com 95 anos), na oportunidade do período comemorativo de seu centenário natalício, pois que no passado mês de março fez 100 anos que nasceu.
Conforme se assinala na alusiva crónica, sob título
Centenário de Lucas Teixeira - iluminurista notável
Como entoação de sacros cantos
gregorianos ecoando de antigos claustros e paredes graníticas de altos templos,
entre ambiente perfumado de incenso elevado a altíssimo destino, chega ao
conhecimento e permanece na memorização a lavra de iluminuras de um artista
nascido em terra felgueirense, felizmente honrado na toponímia do concelho
natal – o artista clássico Lucas Teixeira, com nome numa rua da cidade de
Felgueiras como Frei Lucas Teixeira.
É norma de bons princípios haver
gratidão, também no sentido de reconhecimento. Sendo uma boa maneira de honrar
tal consideração a elevação honorífica. Como sucede com a atribuição de nomes
salientes à celebridade toponímica, entre denominações honradas com perpetuação
na toponímia. De modo que, assim como os nomes de lugares antigos perduraram,
de igual forma pessoas notáveis são homenageadas em modo de chegarem à
posteridade, na junção da utilidade à atração, juntando o útil ao agradável,
para que se não perca a memória do que merece valorização. Quão aconteceu,
entre diversos casos, com Lucas Teixeira: notável artífice da nobilíssima arte
da iluminura e poeta de refinada veia. Figura em apreço desta feita neste
espaço de memorização, em época da passagem de seu centenário natalício,
ocorrido a 23 de março.
Nascido em Varziela, corria o ano de
1918, em tempo da I Grande Guerra que levou às trincheiras da Flandres também
mancebos felgueirenses, veio ao mundo para os lados de Pedra Maria com o nome
de Armando Teixeira. Ser humano que desde a infância teve jeito para o desenho, mais tarde aprimorado na escola claustral seguida, até se ter revelado nos lavores
da mesma arte no convento de Singeverga, já como Dom Lucas Teixeira, após ter
professado na ordem beneditina. Tendo posteriormente, já fixado no Brasil, como
cidadão que procurou a felicidade, seguido caminho artístico e tido percurso
honrado, desenhando e poetando, para viver e fazer viver. Acabando por ter
ficado lá para sempre, após longa vida percorrida. Longe de sua terra, mas
entre sua família ali bem constituída. Com os sinos de sua infância no ouvido do
pensamento, como deste modo se dá toque eterno, de laudatório Te Deum à sua memória.
Muito teria de se escrever aqui, mais,
para narrar seu longo e prestigiado percurso de vida. Coisa que o espaço desta
crónica naturalmente não permite. Contudo está descrito pelo autor destas
linhas, também, em espaço informático da Internet, no blogue pessoal “Longra
Histórico-Literária”, em artigo publicado na própria data de seu centenário. E
em tempo oportuno será motivo duma iniciativa pública, a decorrer possivelmente
na sede do concelho. Sendo como é este felgueirense ilustre um nome toponímico,
honrado na denominação duma rua da cidade de Felgueiras, enquanto ínclito
conterrâneo que louvou a vida através de sua arte de iluminar documentos com
letras góticas pintadas a ouro em pergaminhos, que muito enobrecem momentos e
factos.
Na ideia de que o céu pode ser, em
certos aspetos, onde se encontrar aquilo que queremos, alegra-se o céu e a
terra com pessoas assim, em ter havido um Frei Lucas Teixeira, o felgueirense
Armando Teixeira, o artista iluminurista Lucas Teixeira. Quais espirais de
incenso, em formato de iluminuras, são suas obras chegadas ao Além na linha da
Exortação Apostólica do Papa Francisco «Gaudete et Exsultate» – Alegrai-vos e
exultai – tomando frase do sermão das Bem Aventuranças, de apelo à virtude no
mundo atual.
ARMANDO PINTO
((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))