O tempo voa, correndo depressa depois de vivido, como de
outro modo voa o pensamento, no sentido de pairar e transportar a recordação,
trazendo imagens e sensações. Voando nas asas do pensamento, desta vez, a
saudade de minha mãe, até pousar aqui em mim, num voo de afeto, passados trinta
anos de seu falecimento.
Foi a 15 de Janeiro de 1988, há trinta anos, cuja ocasião
não mais esquece e continua presente em tudo o que permanece dessa data e
desses dias. Fazendo ainda pousar no ramo de minha memória o voo da lembrança,
desde os tempos em que comecei a andar agarrado a ela, mais a tê-la sempre comigo,
tanto sua presença esteve a meu lado no ensinamento das primeiras orações, me
levou à escola quando eu ainda nem fazia ideia de como teria interesse saber
ler e escrever, quão estava em meu aperto de peito quando menino ainda saí de
casa bem cedo e tive de deixar atrás a minha terra para ir estudar longe, como teve
um dia feliz no meu casamento, esteve junto a mim logo após o nascimento de
meus filhos. De jeito que recordo minha Mãezinha agora – tendo ainda comigo sua
imagem na retina dos olhos e coração. Incluindo, entre outros casos, também recordações
físicas, como o catecismo de sua Comunhão Solene, de cujo frontispício interior
junto imagem, nesta rememoração evocativa. Lembrando-a agora e sempre, porque
gosto muito dela!
A. P.