Espaço de atividade literária pública e memória cronista

sábado, 5 de julho de 2014

Mais uma crónica no SF: Temas felgueirenses de ontem e hoje…


Com a festa concelhia de S. Pedro como denominador comum, entre diversas situações que viraram factos memoriais e fastos históricos, recordamos desta feita algumas facetas dignas de menção nos anais felgueirenses, em mais uma crónica no Semanário de Felgueiras.

Na pertinência de se verificar atualmente a união clubista do futebol em Felgueiras, com a anteriormente tão adiada e agora finalmente concretizada fusão, aproveitamos a maré para focar assuntos de interesse relacionado, em vista a procurar puxar pela mística Felgueirista.


Mas, porque pensamos ter discorrido o essencial, o melhor é ler, pois está lá tal intenção com algum desenvolvimento.


Ora, desse artigo, cujas palavras escorridas no texto têm realidade, poderá ver-se a respetiva coluna em imagem digitalizada - do que foi publicado na edição de sexta-feira dia  4 de Julho, na página 10 do jornal Semanário de Felgueiras.


… E, do mesmo, de seguida colocamos o texto datilografado, para melhor leitura:

Quando S. Pedro ia mais à bola…

Ainda está na retina o colorido vistoso do cortejo das flores que mais singular torna a festa do concelho de Felgueiras. Todavia a festividade já passou por este ano, diluindo-se no tempo as tonalidades que alegraram o ambiente. Porém a essência de tais festejos comunitários permanecem como festim de união, qual elo de aproximação coletiva, pese a importância que possa ser dada por cada qual.

É assim que pessoas antigas por muitos anos recordaram e transmitiram uma festa do São Pedro terminada debaixo de violento temporal; como outros avivavam, pelos tempos adiante, memórias dos antigos cortejos com gente rogada pelas freguesias, enquanto de véspera eram guardados lugares, no terreiro frondoso, para no próprio dia, e finda a deposição das flores em torno do monumento da Imaculada, todos comerem os farnéis sentados sobre mantas estendidas por tudo quanto era sítio, no monte da Santa.

Ora, também por isso, com um motivo algo particular, ficou na memória aquela festa do São Pedro de Felgueiras do ano da primeira subida de divisão do Futebol Club de Felgueiras (pois era assim ainda inglesado que normalmente era escrito, nessas eras), a meio da década de sessenta, do século XX.

Muito tempo decorreu, entretanto. Embora lá no alto de Santa Quitéria ainda não haja mesas e bancos para comer merendeiros, passados tantos anos. Pois não falta já muito para perfazer meio século, desde então. Tendo naquele ano toda a festa, por assim dizer, haver fluído com todos mantendo o futebol no sentido, estando sempre presente na cabeça o que se jogava no ainda pelado terreno da Rebela, no Campo Doutor Machado de Matos. A pontos de em plena caminhada pela encosta acima, durante o trajeto do cortejo das flores, muito bom folião quase ter deixado as mulheres a cantarem entre elas, com as cantorias por sua conta, porque muitos acompanhantes, apesar de levarem cravo ao peito e alfádega na orelha, por baixo do chapéu, irem entre eles a conversar, antevendo o que podiam fazer Sabú, Pimenta, Rodas (como popularmente era tratado César Roda), Estebaínha, Mário, Cardoso, Pacheco, Zé Maria, Mendes, Mamede, etc… e como o Monteiro surpreendera inicialmente a malta assistente, por ter aparecido a divisar o ponto central da baliza, até à pequena área, com marcação pelo próprio pé duma risca para sua orientação – coisa que até ali se não vira por estes lados… como aqui o autor destas notas se recorda de ter escutado, petiz ainda, mas desenvolvido já em ouvidos bem abertos, por quanto interessava aquele tema, que até fazia esquecer o refusto provocado pela camisa de linho colada ao corpo suado… em traje folclórico, como mandava a ocasião.  

Passara também aquela época do S. Pedro, em Felgueiras, sem contudo ter acontecido de imediato a ascensão ansiada, como é sabido pela história memorizada e também escrita. Tanto que teve de se esperar pelo início de Julho seguinte, para a tal subida de divisão acontecer. Sob calor estival e peripécias inesquecíveis, em que finalmente se verificou a primeira subida, da então 3ª Divisão para a 2ª Distrital. Faz para o próximo ano cinquenta anos.

Este ano o ciclo festivo do S. Pedro de Felgueiras fica ligado à atualidade de passar a haver de novo um só clube, decidida que está a fusão dos recentes dois clubes de futebol com nome de Felgueiras.

Ora, estando prestes a ser oficializada assim a união do futebol da sede do concelho, finalmente, pode-se dizer que de novo volta a existir o Felgueiras, clube de futebol felgueirense, sucessor do histórico Futebol Clube de Felgueiras. E, nada melhor que, de modo a vincar o facto, para o ano possa conjuntamente ser evocada a passagem de 50 anos da 1ª subida de divisão do F C Felgueiras. Podendo até, se possível, ser isso assinalado com homenagem pública aos obreiros ainda vivos, dos que protagonizaram um dos mais memoráveis momentos da vida felgueirense de meados do século XX, fazendo reviver na ternura da idade a gloriosa época de 1964/65, do clube azul-grenã. Porque daqui a um ano, sensivelmente, fará 50 anos desde que o Felgueiras subiu pela primeira vez. Quando S. Pedro ia mais à bola… E daqui em diante pode voltar a vir, trazendo melhores dias ao panorama do futebol felgueirense.

Armando Pinto


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