Espaço de atividade literária pública e memória cronista

domingo, 30 de agosto de 2015

Mais uma recordação relativa à Longra…


Com a mesma retaguarda memorial de outras (anteriores) postagens aqui remembradas, eis uma imagem de um outro artefacto com história: 

- Um “Molde” de bobinagem, dos que foram da lavra operária de Joaquim Pinto (“Prémio da Associação Industrial Portuense - 1959”, recorde-se), com que o autor da sirene da "Metalúrgica da Longra" fazia as bobines de fios para os motores e máquinas eléctricas da indústria da Longra e arredores. No caso, o molde que guardamos, e se vê na foto, era próprio para os consertos (que necessitassem de bobinadelas) da soldadura da "Ferfor" e serviu ainda para o miolo da carcaça da sirene também da “Ferfor” da Serrinha, da autoria do mesmo.

Armando Pinto

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sábado, 22 de agosto de 2015

Mais recordações da Longra...


Eis um tinteiro antigo, dos tempos de escrita à pena, mas também para recarregar as canetas de tinta permanente, que foi do escritório da fábrica da Longra, dos inícios de sua laboração no Largo da Longra.

Como é da história memorial da região, a indústria metalúrgica da Longra começara precisamente no Largo, no princípio dos anos de 1920, estando as instalações fabris, no célebre barracão, ao correr da estrada até à carvalha da Longra. E no extremo do Largo estava a parte dos escritórios, na casa de pedra ainda ali existente, embora em estado há muito a necessitar de recuperação.  

Pois este tinteiro, que possuímos como recordação paterna, patente na secretária do atual escritório doméstico, foi oferecido a meu pai pelo "patrão" sr. Américo Martins, aquando da mudança de instalaões da Metalúrgica para a reta da Arrancada e consequente instalação de toda a parte electrica e criação da sirene da fábrica...
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Armando Pinto

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Recordações da Longra…


Quão diz um velho rifão popular, de que “Recordar é viver”... tem certo sabor memorial relembrar-se alguns factos marcantes da vivência respeitante a uma comunidade, como no caso da nossa. A propósito de se recordar a antiga existência de futebol associativo na Longra, com o extinto mas histórico F C da Longra que disputou o campeonato do futebol amador da Associação de Futebol do Porto, tendo inclusive sido campeão numa época – como está registado e ilustrado no livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras”.


Dessas eras, para não deixar morrer a memória, rememoramos agora "O Longra", como era conhecido o clube, dessas eras, que já então englobava jogadores, dirigentes e espetadores das diversas terras da área geográfica hoje tida por Vila da Longra. Trazendo aqui à lembrança uma publicação alusiva, de quando o Longra teve lugar na página “Bolas Fora” do antigo jornal diário “O Comércio do Porto”, em sua edição de 29 de Outubro de 1991, à página 24, na secção de Desporto.


Armando Pinto

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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Crónica no SF sobre Nossa Senhora das Vitórias


O jornal Semanário de Felgueiras tem para publicação mais um nosso artigo, desta feita sobre a tradicional ligação da Lixa à sua histórica padroeira, mais derivados vínculos - cuja coluna em princípio deverá ter publicação no jornal desta semana.

Dessa crónica juntamos aqui o respetivo texto original para leitura, por este meio. 

Nossa Senhora das Vitórias

Na atmosfera dos dias de hoje, como brisa corredia em horas de calor, haverá sempre uma espécie de propriedade, na teologia das coisas. No sentido de coisa própria, com ênfase de existência.

É assim que se nos revela o significado das nossas coisas, como se costuma dizer, englobando sentimento de rincão pátrio, apego ao que identifica a terra mátria. Tal como a nossa terra tem individualidade no carisma do genuíno pão de ló, em comparação com um bolinhol ou pão de ló húmido de outras zonas geográficas; bem como tem um gosto especial o Pão Podre tradicional das tendas de nossas romarias, de massa apaladada com mel e canela, em contraste ao limão do chamado doce da Teixeira. Etc e tal… E temos ainda um singular exemplo, como é o caso de Nossa Senhora das Vitórias, que desde tempos imemoriais se venera na Lixa e faz parte da simbologia lixense. Diferenciada de outras, a padroeira da grande festa da Lixa, mas que, com alguma curiosidade, irradia hossanas. Tanto que, com o mesmo nome, chegou ao Brasil, onde até há a Senhora das Vitórias padroeira dum grande clube desportivo.

Com alguma água na boca, da curiosidade da descrição e perante esta realidade, vamos por partes. Quando se está em período apropriado, pela respetiva afetividade à pertença conterrânea. Por quanto Nª Sª das Vitórias está quase a ter sua festa na Lixa, por estes tempos próximos, ao virar do mês de Agosto para Setembro. Num período propício de regresso às raízes.

Segundo narram crónicas coevas, o priorado de Nª Sª das Vitórias está relacionado à guerra civil portuguesa do século XIX, mais precisamente com a última batalha entre os dois irmãos régios, D. Pedro e D. Miguel, oriundos da geração fugida às invasões francesas. Cuja peleja se travou nos arredores da Lixa, pelos contornos do Ladário, nos princípios de Abril de 1834. Conforme rezam narrativas da época, aludindo ao facto: As tropas Miguelistas, comandadas pelo General Torres, vinham de Guimarães a caminho de Amarante e foram surpreendidas no monte do Ladário pelas forças de D. Pedro, comandadas pelo Brigadeiro José Cardoso. Embora bastante reforçados com militares de diversas terras, os Miguelistas foram derrotados, refugiando-se em Amarante. No monte fronteiro ao Ladário havia uma capelinha dedicada a Nª Sª Aparecida. Ora, então D. Pedro, atribuindo essa sua vitória e todo o consequente triunfo bélico a Nossa Senhora, mandou substituir a imagem da Sª Aparecida por outra, a que por conseguinte apelidou de Nª Sª das Vitórias, estabelecendo que se celebrasse todos os anos uma festa em sua honra. Passando, com o decorrer do tempo, a ser tradição a realização dessa festividade próxima à feira das uvas, que já acontecia ao tempo, ficando assim também como feirão do aparecimento das cebolas, por ocasião do primeiro fim de semana de Setembro. Sendo esta a festa-mor da Lixa, desde esses tempos.

Enquanto isso, mais tarde, pelos anos vinte do século XX, a Senhora das Vitórias passou também a ser a padroeira dum grande clube brasileiro representante da comunidade portuguesa, o Vasco da Gama. Com efeito, no Brasil, Nª Sª das Vitórias é a padroeira oficial do Clube de Regatas Vasco da Gama, de fortes conexões com a cultura portuguesa. E, segundo descreve uma crónica oficial do mesmo clube, ali «a devoção por Nª Sª das Vitórias foi iniciada no período em que o cruzmaltino conquistou seus primeiros triunfos no futebol. Em 1923, após conquistarem o primeiro Campeonato Carioca da 1ª divisão, os jogadores receberam, das mãos de Carlito Rocha, cordões com medalhas da padroeira. Alguns anos mais tarde, movido por sua devoção à mesma santa, um associado do clube presenteou os jogadores com uma imagem da padroeira, que foi colocada na portaria.» Acontecendo que um histórico dirigente desses tempos, o tesoureiro da direção Alberto Baltazar Portela era natural do concelho de Felgueiras, chegando até a ser benemérito da escola primária da Longra (onde costumava ser homenageado sempre que vinha de visita à terra natal) e teve seu nome atribuído ao campo de basquetebol da Longra, existente pelos anos trinta e quarenta…Conf. consta no livro "Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras".

Podendo ou não haver uma relação direta entre tais casos, o certo é que a imagem viscaína da sua padroeira tem diversas semelhanças com a da Lixa, sendo esta portuguesa venerada em terra felgueirense desde era antiga, com ancoragem na capital da Vera Cruz à chegada dos anos 20, do século XX. Havendo nas suas instalações desportivas, na zona do estádio São Januário, uma capela dedicada à mesma protetora do famoso clube de grande história futebolística – cuja construção contou com contribuição de alguns clubes portugueses, com realce para FC Porto, Benfica e Sporting, que mandaram caixas com terras de seus recintos… em associação simbólica.

ARMANDO PINTO