Espaço de atividade literária pública e memória cronista

quarta-feira, 26 de abril de 2023

84.º Aniversário da Casa do Povo da Longra

Criada a 26 de abril de 1939, por Despacho Ministerial, a corresponder a aspiração manifestada in illo tempore por uma comissão de bairristas das Forças Vivas locais, a Casa do Povo da Longra perfaz agora 84 anos de existência. Sendo a mais antiga Casa do Povo do concelho de Felgueiras e originária do mais antigo Posto de Saúde que houve também no concelho de Felgueiras, continuado depois com o seguinte Posto Médico da Casa do Povo da Longra e posterior Centro de Saúde da Longra, até à atual Unidade de Saúde Familiar Lôngara Vida.

O percurso de tão histórica instituição, recordamos, está historiado no livro escrito aqui pelo autor deste blogue, também, feito e publicado aquando do 60.º aniversário da mesma Associação Casa do Povo da Longra, em 1999. Em cuja ocasião foi também cunhada uma medalha comemorativa e um carimbo. Recordações essas com que aqui e agora se ilustra esta menção, parabenizando a Casa do Povo da Longra em tão histórica longevidade, através de algumas páginas desse memorando.

Armando Pinto

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quarta-feira, 19 de abril de 2023

Em acrescento à cronologia vitoriosa da equipa de ciclismo felgueirense: mais uma vitória da Fonte Nova Felgueiras em Equipas de Clubes. E vitória na Geral da Taça de Portugal !

 

Disputou-se no passado domingo, 16 do corrente mês de abril, mais uma corrida de ciclismo de competição de estrada com a participação da equipa sub-23 Fonte Nova-Felgueiras.

Saldando-se mais esta prova, no caso, a "Clássica Aldeias do Xisto", por mais uma vitória da equipa Fonte Nova-Felgueiras na classificação coletiva de equipas de clubes, dentro do escalão sub 23. Em mais uma boa prestação, dentro do possível, também, à compita com ciclistas de elite e clubes profissionais de alta competição nacional, além dos congéneres de formação. 

A prova em disputa foi, então, uma corrida controlada pelo pelotão que não deixou formar qualquer fuga. Apenas nos últimos 20 quilómetros se deram-se algumas movimentações, que resultaram no desfecho da corrida. Assim sendo, já na subida à meta e também contagem de Prémio de Montanha deu-se a disputa da etapa, vencida naturalmente por um dos profissionais de elite, Frederico Figueiredo, da Glassdrive-Q8-Anicolor. Já Javier Moreno foi o melhor classificado da equipa de Felgueiras, colocado na 26ª posição. Enquanto a equipa Fonte Nova Felgueiras venceu novamente a classificação coletiva de equipas de clube. E, com esta classificação, na soma das provas a contar para a Taça de Portugal, a equipa azul venceu ainda também a Geral de Equipas de Clube da Taça de Portugal Jogos Santa Casa 🏆

Classificação 👥

26º Javi Moreno + 4m 22s

41º Francisco Campos +14m 12

42º José Dias +14m 12

OTL Diogo Saleiro

OTL Rui Silva

OTL Pedro Pinto

OTL Diogo Mendes


Armando Pinto

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terça-feira, 18 de abril de 2023

A propósito do "Dia Internacional dos Monumentos e Sítios": - Tradição e monumentalidade singlela dos nichos de "Alminhas" em Felgueiras

 

No território concelhio felgueirense, pese não existirem atualmente castelos roqueiros, que está levemente historiado até poder terem existido, mas infelizmente desapareceram na erosão dos tempos, ainda há algumas construções que como testemunhos de eras antepassadas se podem considerar património coletivo. Além das igrejas românicas e solares, templos setecentistas e ermidas, pontes e calçadas seculares, como ainda igrejas de eras oitocentistas, também perduram pequenos monumentos, entre os quais, sóbrios ou simples que sejam, merecem particular atenção os que marcam épocas, mesmo que não distantes por demais.

Em ideia de fixação extensiva sobre tais afinidades e vínculos memoriais, mete-se assim em rol de sabor ancestral a tradição da existência das Alminhas, dos Cruzeiros e dos Nichos - dotações religiosas com elos de ligação entre si e que, dentro do campo das edificações comunitárias, por assim dizer, desempenham papel especial no lugar que ocupam.

Deambulando por qualquer parte do nosso país, com maior incidência no norte e particularmente, no caso, pelo concelho de Felgueiras, num qualquer recanto, mais propriamente junto a confluências e nas bermas de caminhos e estradas, encontram-se numa profusão assinalável certos motivos escultóricos de tradição religiosa como são as Alminhas, os Cruzeiros e os Nichos de tipo capela.
(…)

As Alminhas são antes um marco de religiosidade, construídas em votos de “promessa” ou erigidas para fazerem lembrar o culto dos mortos.

No concelho de Felgueiras, parcela nacional que nos é mais familiar naturalmente, deparam-se nesse género muitos pequenos e singelos monumentos ou capelinhas votivas, sendo autênticos padrões sacros. Podem considerar-se típicas formas de escultura popular, existentes em estradas nacionais e municipais, vielas urbanas, caminhos e atalhos rurais, como ancestrais exemplos de arte iconograficamente expressiva, além de enternecedores temas de fé piedosa.

Primitivamente continham no seu interior “frescos” impressos na cal ou retábulo de madeira a formar painel pictórico de belas pinturas de arte popular em lugar de destaque, representando cenas religiosas. Retábulos votivos algo ingénuos e modestos por vezes, ou mais clássicos noutros casos, mas que de qualquer forma induziam incitamento à devoção do passante em vista à oração pelos falecidos.

Supõe-se haver alguma relação com antiquíssima existência de painéis havidos no tempo do império romano, numa espécie de altares em honra dos chamados lares viales e capitales, génios protetores de caminhos de encruzilhadas e dos campos, aos quais eram dedicados tais oratórios fundidos na crença do povo, quais intuitivas formas de expressão pitoresca do sentir religioso de então. E como a romanização se estendeu também a estes sítios portucalenses do velho condado, pode enquadrar-se extensiva, sem rigores cronológicos, esta necessidade que se expressou publicamente em imagens personificadas de veneração, convidando à devoção e à prece por meio de imagens e legendas capazes de tocar a piedade espiritual.

Contudo, embora tivessem acontecido adaptações dos ritos pagãos com o novo credo, aquando da chegada do Cristianismo, a interligação será apenas de alguma continuidade que não de motivo, sem raiz direta portanto. Aliás essa sua origem confunde-se no tempo, fazendo parte da fisionomia local desde eras mais ou menos recuadas, enquanto a possível ligação sofreu longo desaparecimento pois, dos que existem, os mais antigos, conforme as Memórias Paroquiais de 1758 (in Torre do Tombo), foram erigidos por Confrarias das Almas, instaladas antigamente em algumas das paróquias-freguesias, como foi o caso de Rande com as Alminhas da Renda de Santiago.

= Alminhas da Renda de Santiago, em Rande - na rua de S. Tiago, de acesso à igreja paroquial: vista do retábulo e aspeto geral.

É propositadamente que se juntam aquelas duas denominações de paróquias/freguesias, com que são referenciadas as terras conforme a indicação religiosa ou civil, pela explicação necessária: os termos Paróquia e Freguesia são ambos de origem religiosa, embora o vocábulo paróquia nunca se tenha tornado popular (profano), um tanto ao invés de freguesia, mais usado e que terminou por ser oficializado sensivelmente na segunda década do século XX, no período transformador da sociedade verificado após a implantação da República.

Mas retornando ao assunto, pode notar-se que com o decorrer dos tempos, os retábulos aludidos foram sendo alterados por painéis de azulejos, mas sempre com o mesmo sentido bondoso, convidando ao recolhimento em oração pelas almas do Purgatório.

Estes lindos e rústicos pequenos monumentos tradicionais têm por tema central, nos mais antigos, Nossa Senhora do Carmo estendendo o escapulário às almas suplicantes; havendo-os também com motivos da Paixão, ou S. Miguel Arcanjo a suspender a balança da justiça alusiva ao juízo; bem como, em alguns casos, com os santos invocados na região. Os mais recentes foram construídos por meio de promessas de fiéis, cujo incremento resultou de campanhas que atingiram cariz nacional, embora de lavra de sacerdotes da diocese do Porto, primeiro em nova iniciativa do Padre-Monsenhor Francisco Moreira das Neves (a juntar à sua faceta de incansável apóstolo da Cruzada Eucarística das Crianças); e por fim incentivada depois pelo Padre Francisco Babo (natural de Amarante, confrade de curso de D. António Ferreira Gomes, bem como dos felgueirenses Padres Luís Rodrigues e João Ferreira da silva, o primeiro célebre reitor da igreja da Lapa do Porto e compositor musical de relevo, tendo o segundo sido histórico pároco de Rande e Sernande). Houve então, nessa renovada fase um fomento de restauro aos mais antigos e edificação de novos oratórios. E entre esses, feitos desde as décadas de cinquenta e sessenta, sobretudo, sobressaem alguns com dedicação a Nossa Senhora de Fátima, com e sem os pastorinhos videntes da Cova da Iria. Todos eles, os temas referidos, têm de comum ostentarem legendas alusivas a encimar as chamas e as almas em penas purificadoras.

No carácter puramente estilístico estes motivos escultóricos representam, por assim dizer, expressão sincera de natureza especialmente elevada, sem ligar muito a escolas, como quem diz processos de arte, antes singelidade exalada na fé consubstanciada nas cenas traduzidas e introduzidas nos conjuntos trabalhados em cantaria granítica, na arte nata do povo antepassado. Em construções menos antigas aparecem, porém, alguns edificados em materiais recentes, em especial de cimento.

= Alminhas das Quatro Barrocas, na Longra, freguesia de Rande - cruzamentos de antigos caminhos, na ligação ao lugar das Cortes Novas ( e atual rua com nome recentemente alterado, sem respeitar a tradição histórica, para uma inventada Corte Nova...)

Na obra literária de índole monográfica, “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras”, fazemos outra abordagem geral e debruçamo-nos mais distintamente aos dois exemplares de Rande, as Alminhas da Renda de Santiago, de edificação do século XVIII (pois vem referenciada nas Memórias Paroquiais de 1758), e as Alminhas das Quatro Barrocas da Longra, de construção existente desde 1961 – entre os diversos espalhados no território concelhio onde, praticamente, não há freguesia que não tenha pelo menos um desses monumentozinhos de arte da religiosidade local, integrantes da paisagem Felgueirense e Sousã.

Muito ou pouco cuidados, os modelos de Alminhas que perduram pela região, autênticas belezas conterrâneas, erguem-se formosos, em relevo da tradição. A merecerem catalogação e sobretudo conservação. Porque, como se cantava nestes sítios em anos recuados: “O Cruzeiro e as Alminhas, / desde há muito na nação / foram da alma lusitana / a mais terna devoção”.
(…)

(Texto que, com certas adaptações, conforme o tempo de publicação, teve já lugar no livro “Encontr’Artes 99 – VII Encontro de Autores do Vale do Sousa-V Colectânea de Textos de Autores do Vale do Sousa”, editado em 1999 pela Câmara Municipal de Paredes; bem como no “Monumento do Nicho nas Mais-Valias de Rande”, edição de autor de 2003; quer sob tema e título de Tradição de Alminhas no Vale do Sousa e Felgueiras; quer como Tradição de Alminhas, Cruzeiros e Nichos em Terras de Felgueiras. Para aqui transposto apenas na parte das Alminhas, a propósito de por estes dias serem lembrados alguns focos monumentais no âmbito do "Dia Internacional dos Monumentos e Sítios".)

Armando Pinto


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segunda-feira, 17 de abril de 2023

Memória excursionista dum dos "Passeios" de outrora entre todo o pessoal da Associação Casa do Povo da Longra… !

O tempo passa mas as memórias ficam. Bem como passam as pessoas mas as instituições continuam e devem permanecer. Tal o exemplo duma inesquecível realização ocorrida em 2004, ainda na gerência aqui do autor destas linhas à frente dos destinos da Casa do Povo do Povo da Longra. 

Vem o caso a talhe deste tempo primaveril em que começam os convívios comunitários, vendo-se já diversas manifestações atinentes a recuperar ânimos. Tal como ocorreu já  há quase duas décadas, entre realizações ocorridas no âmbito dos convívios proporcionados pelo ambiente vivido naquele tempo. Como foi há cerca de 19 anos (pela conta deste lembrete de 2023, apenas como exemplo de um dos diversos rumos excursionistas, pois nesse caso até foi já em pleno verão daquele ano de 2004), recordando-se tal grande “Passeio” de toda a gente que se incluía e andava então nas atividades da Associação Casa do Povo da Longra. Como então fomos em inesquecível Excursão de convívio desde a Longra, passando por Guimarães, Arcos de Valdevez e Soajo, até ao santuário montanhoso da Senhora da Peneda, no cimo do parque natural da Peneda-Gerês.

Na ocasião foram 2 grandes autocarros cheios de passageiros de pessoal afeto à Associação Casa do Povo da Longra, indo todo o mundo devidamente esclarecido da essência de tal realização, conforme estava explicado no desdobrável panfleto escrito pelo presidente da instituição e que foi distribuído por todos os excursionistas logo à entrada nos autocarros, à saída da Casa do Povo da Longra.

Ocorrência essa que bem permanece nas boas recordações de muita e boa gente, quão faz parte da história da instituição Casa do Povo da Longra e das suas anexas seções, sendo que foi então toda a gente dos diversos departamentos que ao tempo existiam na casa, ou seja, os Grupos do Rancho, dos Cavaquinhos, do Teatro e dos Fados, cujos elementos, mais os diretores, à época, bem como antigos dirigentes e patrocinadores convidados, incluindo os associados que se quiseram associar, puderam assim confraternizar num dia pleno de convivência cultural e ambiental.

De tal dia, além de tudo o mais, ficaram as recordações impressas nas fotografias que cada um captou, como as que estão guardadas nos álbuns particulares do autor. Com a lembrança de alguns que já partiram deste mundo, permanecendo contudo sua ligação à terra no Além que nos une pela eternidade até aos confins dos tempos.

Armando Pinto

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sexta-feira, 14 de abril de 2023

Livro de edição particular: "Um tal Covid na história familiar… num sorriso de vida!" - (dedicado ao Vasco, meu 4.º neto) - Publicado em DEZEMBRO de 2022

 

Um tal Covid na história familiar – no sorriso de vida do Vasco

Armando Pinto

= Livro dedicado ao Vasco Pinto Matos, meu quarto neto – menino que vejo crescer e completa a nossa família. Escrito numa mistura de crónica e evocação, a pensar nele, o meu neto Vasco.

Edição do autor, em tiragem restrita de 15 exemplares numerados manualmente e autenticados com rubrica autógrafa do próprio autor.

N.º ......

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Em 2020 chegou o Vasco à nossa vida, ainda naquele mesmo ano em que o mundo foi surpreendido pela pandemia do vírus Covid, algo que assolou também Portugal de modo inesperado e fica de memória do século, por assim dizer.

Contudo, tudo o que o Covid fez à sociedade, restringindo a vida das pessoas e tirando mesmo muitas vidas, foi bem amenizado pela chegada ao mundo do Vasco. De modo que, afinal, a minha felicidade está satisfeita nos olhos da paixão, muitos anos antes. Afirmando à vista da memória ter valido a pena a razão do namoro inicial, em 1973, do qual resultou o casamento em 1977 da origem de toda a família. Tal se pode buscar aos confins do pensamento essa manhã leda e bela em que primeiro nos falamos, nós na formação do casal originário, em busca da madrugada que daria frutos vindouros. Falando baixinho na retina das lembranças, neste acordar feliz pleno de beijos de amor paternal e avoengo, abraçando a vida na descendência que deu vidas sucessoras. Agora numa vida mais completa com o Vasco.

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Como a estrela de Natal incidiu seus raios sobre o presépio do nascimento do Menino Jesus, recaem reluzentes radiações na junção de mais um membro de nosso presépio familiar, a completar o que sentimos e somos. Pois estamos agora mais completos, todos nós na família Pinto, com o Vasco. O meu quarto neto, que se junta ao seu mano Gonçalo e aos primos Tiago e Diogo, todos Pintos como eu, os meus quatro netos, herdeiros do meu apelido familiar e descendentes de meu sangue, como seus pais, os meus filhos.

Diz-se e é verdade: Um neto é um dos maiores tesouros da vida! Frágil como uma porcelana e mais valioso que um diamante

Ao Vasco, meu quarto neto, no conjunto de meus membros sucessivos, como no corpo há duas pernas e dois braços. Na sequência de livros dedicados aos netos, mas não por isso pois cada um tem sua história particular, este é para o Vasco. Ficando também dentro destas páginas um beijo eterno e um daqueles abraços que me fazem agarrar à vida.

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Na transição do verão para o outono de 2020 chegou o Vasco à nossa vida, entrando na vida da nossa família. Nascido a 15 de outubro, ao início do dia, logo aos 7 minutos depois da meia-noite dessa madrugada, no Hospital S. Francisco Xavier, freguesia de Belém (onde nascera o irmão também). Longe fisicamente daqui dos avós da Longra, mas bem perto por ficar dentro de nossos corações, desde cá até Lisboa. Vi-o obviamente logo mas por fotografias, enviadas pelos telemóveis dos pais. Esperando então, logo que fosse possível, depois poder ir a Carnaxide visitá-lo a ele e aos pais e irmão, naturalmente. Mas com a situação pandémica da época, que ficará também para a história, isso teve de ir sendo adiado. E continuou tal adiamento por mais tempo que o esperado.

Ora, mas mesmo assim, sabia que já gostava muito dele, todos gostávamos dele. Do meu neto que antes de o conhecer pessoalmente senti que realmente já gostava muito dele.

Ora o ano 2020 foi tempo de ambiente público caracterizado pela visão geral das pessoas andarem de máscara protetora, normalmente de pano ou material cirúrgico, presa às orelhas e a não deixar ver a cara entre o nariz e a boca, para evitar a propagação. Com todo o mundo metido em casa, evitando-se contacto com outras pessoas no exterior, limitando a vivência e convivência. Tendo esse período de pandemia se estendido por 2021 e em parte a 2022, embora com o aparecimento de vacinas protetoras, tendo a população sido vacinada em massa sucessiva, o ambiente foi melhorando enquanto era aliviado tudo das anteriores restrições.

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Ao longo dos tempos tem havido diversas vagas de pestes, desde remotos séculos, cuja evolução das antigas mezinhas da medicina tradicional e mais tarde da ciência médica, bem como os próprios hábitos de vida social, foram combatendo dentro das possibilidades. Havendo notícias de pestes nos séculos XIV e XV, por exemplo, a que a religiosidade popular levou à invocação de santos, que depois passaram a oragos de algumas terras (como no caso de S. Roque e S. Sebastião, tidos como protetores ante enfermidades infeciosas e pestes, respetivamente). Surgindo entretanto, de tempos a tempos, algumas pandemias históricas pela sua expressão, tais como a lepra, a peste negra, a cólera, a tuberculose, febre tifoide, a cólera-mórbus, a febre-amarela, mais gripes diversificadas – e destas umas passageiras e outras não, além de uma duradoura de cerca de dois anos como foi a Pneumónica, mais conhecida por Gripe Espanhola, que grassou em 1918 e 1919.

 Até que passado sensivelmente um século desde essa epidemia internacional que em Portugal dizimou muita gente, apareceu na China pelo final de 2019 e depressa alastrando ao mundo o Coronavírus, tecnicamente chamado Covid-19 (embora no feminino, mas referido vulgarmente em modo masculino), mais popularmente conhecido por Corona.    

Esse nome foi dado pela Organização Mundial da Saúde, atribuindo tal denominação de COVID-19, por ser o nome da doença que resulta das palavras “Corona”, “Vírus” e “Doença” com indicação 19 do ano em que surgiu (2019).

COVID-19/Coronavírus é uma epidemia originária de uma grande família de vírus comuns em muitas espécies diferentes. Tendo em dezembro de 2019 havido a transmissão de um novo coronavírus (SARS-CoV-2), o qual foi identificado em Wuhan na China e causou a COVID-19, sendo em seguida disseminada e transmitida pessoa a pessoa. Algo que com a globalidade mundial, pelos transportes de uns lados para outros, facilmente correu mundo. Sendo então a COVID-19 uma doença causada pelo Coronavírus denominado SARS-CoV-2, com um espectro clínico variado de infeções assintomáticas a quadros graves. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, podendo a maioria (cerca de 80%) dos pacientes com COVID-19 terem poucos sintomas (serem assim assintomáticos), e aproximadamente 20% dos casos detetados requererem atendimento hospitalar por provocarem dificuldade respiratória, dos quais aproximadamente 5% podem necessitar de assistência através de ventiladores (suporte ventilatório).

Esse vírus pode advir de transmissão decorrente de uma pessoa doente para outra ou por contacto próximo por meio de aproximações diretas, tais como toque corporal do aperto de mãos contaminadas, gotículas de saliva; espirro; tosse; catarro; objetos ou superfícies contaminadas, como telemóveis, mesas, talheres, maçanetas de portas, brinquedos, teclados de computador e telemóvel, etc. Resultando depois a possibilidade da doença, principalmente, em pessoas com febre, tosse, dor de garganta, dores musculares, distúrbios de diarreia, náuseas, vômitos, perda ou diminuição do olfato e paladar, sem outras causas atribuíveis. Como foi vulgar então, em 2020 e tempo imediato.

Após testes, para diagnóstico laboratorial, em caso positivo de sintomas, seguiu-se período de confinamento e tratamento, quando necessário.

Por isso houve grande campanha pública a alertar para a necessidade de se lavar com frequência as mãos até a altura dos punhos, com água e sabão, ou então higiene pessoal com álcool em gel 70%. Em frequência ampliada quando em ambiente público, como ainda ao utilizar estruturas de transportes públicos ou tocar superfícies e objetos de uso compartilhado. Assim como ao tossir ou espirrar, cobrindo nariz e boca com lenço ou com a parte interna do cotovelo. Assim como mantendo distância mínima de cerca de 1 (um) metro entre pessoas em lugares públicos e evitar de haver convívio social. Evitando abraços, beijos e apertos de mãos. Adotando comportamento sem contato físico.

Isso e tudo o mais que passou a ser usual, alterando comportamentos e o ambiente, por assim dizer. Tendo em conta a evolução da situação pandémica, primeiro após o aparecimento na primavera dessa calamidade que andou em altas percentagens até ao verão, e depois novamente no outono e inverno em segunda vaga, com crescentes restrições aos movimentos e atividades, o ano tornou-se atípico, fora do normal.

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Isso apanhou toda a gente de surpresa. Ninguém contava com aquilo.

Antes ouvia-se falar e conhecia-se por leituras ter havido uma pandemia há muito, como foi a Broncopneumónica, popularmente conhecida por gripe espanhola, nos inícios do século XX, mais precisamente em 1918, e que durou largo tempo ainda de 1919. De cuja extensão se ouvira dizer a pessoas antigas que fora de caixão à cova, tal a gravidade de ter morrido muita gente. Inclusive, porque as condições desse tempo eram muito diferentes de agora, havendo sobretudo ainda pouco conhecimento medicinal. Naquela época aquilo fez o povo andar tão amedrontado que quando havia enterros, de enfermos infetados, nem eram tocados os sinos das igrejas (a defunto, como era normal nas ocasiões de toque de notícia e depois durante os funerais) para não afligir mais as pessoas.

Mas como uma coisa é ouvir e outra saber mesmo de fonte limpa, nada melhor que ir ver pelos jornais da época, para averiguar e confirmar.

Assim, O Jornal de Felgueiras, em sua edição de 28 de setembro de 1918, registava:

«Gripe bronco-pneumónica

Parece que é assim que chamam a essa epidemia que, tendo andado pelos concelhos vizinhos do lado sul e nascente, veio também visitar-nos.

É na Lixa onde se tem dado mais casos e onde tem havido mais victimas.

Os boletins obituários acuzam mais de 30 cazos nas freguesias de Borba e Vilacova.

Em quasi todas as freguesias teem havidos casos mas óbitos, poucos, relativamente, e sendo a doença um pouco mais atenuada, se bem que alguns falecimentos teem havido para o sul do concelho, onde a moléstia tem sido violenta e a doença demorada.

A higiene é tudo para a afugentar.

É aos sinapismos, fricções de mostarda no corpo e panos de vinagre na testa, que se deve recorrer logo que se pressinta estar-se afectado, e imediatamente se deve chamar o medico.»

Assim, com a grafia da época e ainda na confusão da mudança de escrita, umas vezes redigindo com z e outras s a mesma palavra, ficou contado à posteridade a situação.

Ora, por estudo pessoal, do que se foi descortinando de umas coisas com outras, durante as pesquisas para a elaboração de livros sobre história da região, algo mais é de acrescentar, podendo-se discorrer em narrativa própria um quadro descritivo sobre o tema.

Pneumónica de 1918/1919 na História

Não no sentido dos ciclos em que a história parece repetir-se, mas pelo que casos da atualidade podem fazer lembrar acontecimentos de outrora, o surto do Coronavírus que se abateu pelo mundo, começado na China em 2019 e alastrado a todo o globo por 2020 dentro, traz à ideia alguma associação do COVID-19 com a memória da chamada Pneumónica, então popularmente conhecida por gripe espanhola, que se abateu sobre Portugal em 1918. Uma das grandes epidemias da História, com muitas vidas ceifadas.

Tal autêntica pandemia do século XX «chegou a Portugal em maio de 1918. A primeira zona afetada foi o Alentejo aquando do regresso de trabalhadores sazonais vindos de Espanha. Foi o primeiro surto no país…» Depois em Gaia rebentou um novo surto, rapidamente espalhado pela cidade do Porto e pelo norte do país. Perante a proximidade a estas regiões, a epidemia chegou também aos concelhos do Vale do Sousa e no início do Outono, à volta de setembro, estava a fazer-se sentir já com casos de infeção no concelho de Felgueiras.

Porém nessa primeira fase os casos foram ainda dispersos, mas numa segunda vaga a situação piorou.

Então, de permeio, em finais de 1918 e na transição para 1919, a situação da pandemia agravara-se, passando no concelho de Felgueiras a haver casos por todo o lado, sendo atingidas todas as freguesias também. A ponto de em pouco tempo terem sucumbido dezenas de pessoas. Então n’ O Jornal de Felgueiras (de 26 de outubro de 1918) era referido que havia «casas onde no mesmo leito está um morto e dormem doentes e não doentes. Há cadáveres que não têm sido sepultados imediatamente porque não há quem cuide do serviço e quem faça as despesas do caixão… Há muita miséria e fome…»  

Quanto a números não há certezas, mesmo porque à época a transmissão de dados não era muito usual, sendo ainda por alto que se faziam contas, como se dizia popularmente de contabilidade ditada apenas por cálculos feitos “de cabeça”. Mas que houve gravidade sabe-se porque chegou a ser construído um hospital episódico destinado a epidémicos no alto de Santa Quitéria, para acolher os enfermos da crise pandémica. Dizendo-se até que no final do ano em poucas semanas terão morrido cerca de quatrocentas pessoas.

As condições existentes à época eram diferentes de agora. Tendo uma das medidas levadas a cabo nessa época tido repercussões na paisagem regional, visto as casas, que eram maioritariamente erguidas em pedra rústica, terem sido caiadas de branco. Pois, olhando à contaminação, as autoridades civis da região, seguindo exemplos de uns lados para outros, foram aprovando um conjunto de medidas para conter o avanço da pandemia. Entre cujas decisões foi estabelecido mandar proceder à desinfeção e ao branqueamento dos edifícios municipais, devendo obrigar-se os particulares a procederem de igual modo, assim como foi estabelecido que se desinfetasse amiudadas vezes as cadeias, bem como as retretes públicas. Apesar dessas e outras medidas, a epidemia grassou com bastante intensidade. Tendo tido maior repercussão por exemplo no concelho de Amarante (sobressaído aí o desaparecimento do pintor Amadeu Sousa Cardoso, entre acontecimentos que levaram a famosa enfermeira Ana Guedes a criar na área de Vila Meã um sanatório, como refúgio de assistência em sua casa de família, onde instalou doentes). Pois então tudo isso levou a que o Presidente da República, à época, viesse inteirar-se da situação presencialmente.

(E, como em 2020 com o Covid-19 não se sabia ainda as repercussões que acabará por haver, na ocasião em 1918 houve algumas…)

Ora o Presidente, Sidónio Pais, nomeara o então capitão João Sarmento Pimentel para comandante do esquadrão de Cavalaria da Guarda Republicana do Porto, de modo a ter alguém de confiança na tão importante unidade militar do Carmo, perante a instabilidade político-social que o país passava. Tendo surgido pouco depois a gripe pneumónica. Conta o protagonista, que como é sabido era da família da Casa da Torre, de Rande (como ficou narrado no livro de Norberto Lopes “Sarmento Pimentel ou uma geração traída”):

«Quando alastrou a epidemia, ele (o Presidente) foi a Amarante. Eu estava em Felgueiras, porque ia com frequência à Torre. E o presidente da Câmara Municipal pediu-me que o acompanhasse na recepção que desejavam dispensar ao Presidente da República. O homem andava a visitar os hospitais para tomar conhecimento da extensão do desastre e de algum modo confortar os doentes…Foi lá (em Amarante) que se deram os (maiores) casos da broncopneumonia.» Em virtude desses contactos, o próprio capitão foi vítima da doença, ficando então acamado. Nesse interregno deu-se no Porto o levantamento de Paiva Couceiro que restaurou o anterior regime, instaurando a chamada Monarquia do Norte. Sendo presos os republicanos mais temidos pelo novo sistema, ficou a salvo o comandante do Carmo por estar internado no Hospital Militar. E (resumindo), informado por seu irmão Francisco e mais oficiais do que se passava, logo que pôde o capitão dirigiu-se ao quartel, apoiado pelo mano felgueirense, e de surpresa, a 13 de Fevereiro de 1919, pôs fim a esse reino da Traulitânia. E assim, a pneumónica, além de tudo o mais, também teve influência na vida e na história do país.

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A propósito, como enquadramento, relembre-se algo do que escrevi também aquando da homenagem que a Associação 25 de Abril prestou em Lisboa ao “Capitão-General” João Sarmento Pimentel, quanto ao 13 de Fevereiro de 1919:

A 13 de Fevereiro, a Monarquia acabou como começara: por um golpe militar no Porto. O seu chefe foi o Capitão João Sarmento Pimentel. Apesar de doente com gripe, a pneumónica que nesse tempo grassou pelo país (sendo entretanto informado pelo irmão de toda a situação e idealizado entretanto o que havia a fazer, com seu irmão Francisco Sarmento Pimentel a comandar uma das alas das forças armadas apoiantes), aproveitou a saída da cidade do Porto de Paiva Couceiro e da maioria das tropas, para invadir o Quartel do Carmo e restaurar a República, à frente da Guarda Real, que voltou a ser a Guarda Republicana. Estava então restabelecida a ordem republicana, derrotada que foi a Monarquia do Norte. No Porto correu entretanto em mãos dos ardinas um desenho com imagem do Capitão João Sarmento Pimentel, estampa que foi vendida publicamente a tostão (moeda da época) entre a população, enquanto a cidade portucalense, por iniciativa de cidadãos e ação das entidades representativas, ofereceu a espada de honra da cidade do Porto ao Capitão Sarmento Pimentel.

Esteve assim Felgueiras em mais um momento histórico da grei, sendo o mais novo dos Pimenteis, Francisco Sarmento Pimentel, natural do concelho de Felgueiras. Bem como o mais velho em Felgueiras passou praticamente sua mocidade, oriundo da família da Casa da Torre de Rande, tendo até sido aluno do antigo Colégio de Santa Quitéria. E com eles foi salva e mantida em 1919 a República em Portugal, como havia sido implantada em 1910. Com a Broncopneumónica pelo meio.

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Pois também o Coronavírus se meteu entre a vida de 2020. Não se conhecendo se com alguma influência imediata sobre casos de políticas, mas pelo menos nas vivências pessoais.

Com efeito, a história por vezes repete-se e, volvido um século, sensivelmente, apareceu por cá nova moléstia, a alterar a vida das pessoas.

Foi à chegada da Primavera de 2020. No começo de março, tendo-se ouvido primeiras notícias na proximidade do fim-de-semana primeiro do mês. Chegadas notícias que havia umas duas pessoas infetadas em Barrosas, freguesia de Idães, no concelho de Felgueiras, e na vizinha localidade de Santo Estevão de Barrosas, do concelho de Lousada. Isso porque um industrial de calçado de Barrosas tinha ido a uma feira de produtos de calçado a Itália, onde o Coronavírus estava já alojado. Tendo assim havido essa transmissão entre familiares, na chegada a Portugal. Contudo ainda se não temia muito a sua propagação, pois nem as autoridades de saúde a nível nacional davam muita importância ao assunto. Mas depressa se propagou. Tendo então acontecido que ainda no sábado 7 de março houve na Biblioteca Municipal de Felgueiras a apresentação pública do meu livro “Ciclistas de Felgueiras” (no dia dos anos da Clara, por isso escolhido por mim para ter a minha gente toda comigo na ocasião… em que também o Vasco já estava em gestação, dentro da mãe) e esse foi o último acontecimento público em Felgueiras, no ano, pois logo de seguida tudo fechou.

Com efeito foi então anunciado oficialmente, ao início da semana seguinte, um conjunto de medidas extraordinárias e de caráter urgente, decididas em Conselho de Ministros do Governo de Portugal, para resposta à situação epidemiológica do novo Coronavírus-COVID 19, em modo de acautelar, estrategicamente, a previsão de normas de contingência para a epidemia SARS-CoV-2, e assegurar o tratamento da doença no Serviço Nacional de Saúde (SNS), através de um regime legal adequado à realidade excecional.

E num ápice o país teve de entrar em confinamento, na tentativa de impedir maior propagação que a tão rapidamente atingida. Sucederam-se sintomas e como doença forte adveio a morte para muita gente. Também por cá tudo ficou no silêncio interior de cada qual. Tanto que nem houve cerimónias tradicionais de Páscoa sequer e pelo ano adiante deixou se se poder circular para fora de cada concelho durante muito tempo.

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Foi nesse ambiente que chegou a vez do Vasco vir ao mundo, passados meses, a meio de outubro. Acontecendo que no seu nascimento só o Hugo pôde estar presente, junto à Clara; amparando pai e mãe a chegada do seu segundo filho. Seguindo nós cá longe tudo pelas comunicações via telemóveis e internet, por notícias pessoais e fotos enviadas e cá chegadas. Até que depois com a alta hospital o Vasco foi para casa e então também o Guga ficou a conhecer o irmão e a tê-lo consigo. Enquanto nós, cá longe, o imaginávamos e íamos gostando da sua existência. Tal qual na continuidade do tempo de restrições sociais, incluindo uma doença súbita acontecida com o Vasco, que nos fez ver como sem ainda o conhecermos pessoalmente já gostávamos muito dele… Felizmente à chegada do Natal houve uma espécie de amnistia oficial, que proporcionou que as famílias se juntassem, ainda que em número reduzido. E então, pude estreitar a mim o meu novo neto.

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*

Enquanto isso o Covid estava e continuava em força. Foi mesmo como um desconhecido invisível que nos apareceu do nada, no início de março de 2020. Em cuja fase inicial fomos bombardeados por muitas informações contraditórias, imensa desinformação, mais por pessoas com responsabilidades, como no caso dos governantes nacionais. Primeiramente houve um deixar passar e ficar à espera, para depois terem conduzido a um confinamento social. Enquanto se não sabia bem o que era, foi tempo para a indústria se reorganizar e produzir máscaras e desinfetantes. Bem como oportunidade de apelos às boas práticas e ensino à população sobre algumas medidas de proteção visando algum controlo da pandemia. Seguiu-se um verão sereno, mas marcado por calor amedrontado, embora não generalizado. Até que, passado o tempo quente, voltou tudo atrás com uma segunda vaga. Para, felizmente, volvidos meses tudo começar a voltar à normalidade com a vacinação efetuada, que atualmente, ao findar o ano de 2022, vai já na quarta dose tomada.

(2 fotos)

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Pois então, o Covid intrometeu-se na vida das pessoas e foi autenticamente um intruso na nossa vida familiar. Fazendo com que nós, cá os avós, tios e primos da Longra, só vimos o nosso Vasco passado muito tempo, com a chegada do Natal desse ano de 2020, quando finalmente nos reunimos cá em casa. Vendo sua linda cara coberta de seu sorriso atraente, mas no colo dos que ele estava habituado a ter com ele, até aí, naturalmente. Sendo assim esse Natal um natal ainda mais atrativo e reluzente. Pudendo eu passar a senti-lo, também. Como com o decorrer dos meses, e já nestes dois anos entretanto ultrapassados, foi melhorando a convivência possível e o Vasco, após mementos de estranheza à chegada, depois se afeiçoa depressa connosco. E dá gosto ver como a vida se renova e fortalece.

Nesse Natal, na viagem de Lisboa para a Longra, enquanto esperávamos por ficar a conhecer o novo rebento, telefonei à Clara para comprar, numa das áreas de serviço da auto-estrada, um jornal que tinha junto também uma revista… E assim, enquanto isso e depois, a família teve a surpresa de ver que na revista Evasões, especial da quadra natalícia acompanhante do Jornal de Notícias, vinha algo de interesse familiar, ao verem-me lá no interior das páginas, vindo ali uma entrevista comigo sobre as tradições pessoais de Natal.

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Esse foi, pois, um Natal mais aconchegante, como festa de família por excelência, com todos nós juntos.

Estão cá gravados na retina da memória todos os momentos entretanto já passados, quer aqui na Longra, como das vezes que fomos a Carnaxide. Como as imagens fotográficas espalhadas por este livrinho ficam a testemunhar. Porque há imagens que falam por muitas palavras que se possam escrever. E nada consegue narrar quão melhor que tudo diz o coração.

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E cá temos o Vasco. A juntar aos Gonçalo, Tiago e Diogo, formando um quarteto de luxo. Tanto como algo especial é isto do sentimento avoengo, de avós e netos. Como eu via a minha avó. E posso relembrar, no afago da memória, como um dia os meus netos podem lembrar os avós.

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Calha assim bem evocar os meus. Dos quais lembro de modo especial minha avozinha Júlia, com quem passei minha infância, junto à sua cama, sentado junto ao leito em que estava paralisada santificadamente, após ter sofrido um “ataque” quando estava comigo ao colo, tinha eu coisa duns 4 meses, segundo me contava minha mãe. A “Vózinha”, com a qual me habituei a gostar de histórias, ao ouvi-la contar-me enternecedoras peripécias de outros tempos e loas de antigamente… A minha avozinha que tenho sempre comigo, em todos os meus pensamentos, como está registado num dos contos do meu livro “Sorrisos de Pensamento”!

A minha avó materna não conheci, pois faleceu ainda antes de eu nascer, mas tenho dela linda ideia pelo que minha mãe dela contava. Já de meu avô materno lembro-me bem, apesar de ser ainda criança quando faleceu, tendo ainda uns poucos de alguns dos livros que ele gostava de ler e ter, numa característica que sei bem de onde me vem… também.

Assim sendo… Tenho nas memórias mais antigas, das primeiras imagens da vida, a minha avozinha, minha avó paterna. A minha avó Júlia. Deitada na sua cama, onde estava há anos paralisada, mas sempre bem-disposta, com cara sorridente, dum modo santificadamente marcante. Ficara assim desde que sofreu algo que deve ter sido um AVC, que popularmente diziam ter sido um “ataque”, estando comigo ao colo, era eu bebé. Ficando paralisada apenas na parte das pernas, mas lúcida e de bom cérebro. A partir dali fui crescendo a querer estar junto a ela e ela a gostar de me ter à sua beira. Ouvindo-a contar-me histórias de fazer sonhar. Lembrando-me bem de suas mãos branquinhas e enrugadas, de pele muito macia, de palavras ternas como réstia duma vida cheia de histórias. Quão me vem à memória que me embalava, com um cordel preso ao berço, conforme soube mais tarde como depois fazia ao meu irmão mais novo, Fernando. E nós os dois, os rapa-caçoilas da família, ali andávamos junto à sua cama, a querer ouvi-la, entre umas vezes ou outras das vezes em que rezava ou ouvia o terço e as missas no rádio que o meu pai lhe colocara na mesinha de cabeceira. Sempre com muita calma a gerir dentro do possível as brincadeiras dos netos. Era como se no seu regaço eu descansasse desses tempos de infância, dum modo que pela vida adiante sei que me acompanha. Como naquela noite dum conto que conto no meu livro Sorrisos de Pensamento. E tenho bem presente como fazendo parte de minha alma, como sinto num fechar de olhos de pensamentos.

A minha avozinha, nascida em 1884, faleceu em 1969. Em cujos 85 anos seus eu ainda a pude ter comigo alguns anos da minha vida, que então ia em 14 primaveras. Embora na época de seu falecimento eu estivesse deveras longe, por via do percurso estudantil, estando episodicamente ausente em período formativo num estabelecimento interno nos arredores do Porto (no Seminário dos Capuchinhos, em Gondomar). Como também anotei na narrativa do conto daquele livro de descritivas histórias particulares. Lembrando coisas e loisas que me apeteceu contar. Embora pudesse ter contado mais, que não calhou. Como mais tarde calhou, mas aí de viva voz, na confirmação da casa onde nasceu o célebre mestre de música sacra Padre Luís Rodrigues, porque foi na mesma casa onde anos antes ela também nascera, como contava – na Casa da Fonte, do alto da freguesia de Rande, onde sua mãe fora empregada nesses tempos que se perdem na penumbra das memórias (antes de também ela ter depois trabalhado na casa de Rande, como acontecia nesses tempos de fidalgos de casas solarengas). E está registado, quanto à localização, conforme consta na narrativa oficial do seu registo de nascimento, do qual tenho prova na Certidão de Nascimento que guardo, como várias outras recordações físicas de coisas que ela guardava, também.

Assim, como no calor duma vela acesa da lembrança que me vem à ideia, lembro a minha avozinha, ao calhar desta oportunidade. Como que sentindo tê-la à minha beira, a proteger-me, na ternura da infância que quero fazer perdurar no colo de sua recordação. Como eu estarei com os meus netos sempre.


(Fotos)


Bibliografia DO AUTOR

Obras publicadas:

- Livro (volume monográfico) «Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras»; publicado em Novembro de 1997. Edição patrocinada pelo Semanário de Felgueiras.

- Livro «Associação Casa do Povo da Longra – 60 Anos ao Serviço do Povo» (alusivo ao respetivo sexagenário, contendo a História da instituição - Abril de 1999).

- Livro (de contos realistas) «Sorrisos de Pensamento» – Colectânea de Lembranças Dispersas; publicado em Outubro de 2001. Edição do autor.

- Livro (alusivo da) «Elevação da Longra a Vila» - Julho de 2003. Edição do autor.

- Livro (cronista do) «Monumento do Nicho Nas Mais-Valias de Rande» – Dezembro de 2003 (oferecido à Comissão Fabriqueira paroquial, destinando receita a reverter para obras na igreja). Edição do autor.

- Livro «Padre Luís Rodrigues: Uma Vida de Prece Melodiosa» – Na passagem de 25 anos de seu falecimento; publicado em Novembro de 2004. Edição do autor.

- Livro «S. Jorge de Várzea-História e Devoção», publicado em Abril de 2006. Edição da Paróquia de Várzea.

- Livro «Futebol de Felgueiras – Nas Fintas do Tempo» (sobre Relance Histórico do F. C. Felgueiras e Panorâmica Memorial do Futebol Concelhio, mais Primeiros Passos e Êxitos do Clube Académico de Felgueiras) – pub. Setembro de 2007. Edição do autor.

- Livro "Destino de Menino" - dedicado ao 1º neto - Dezembro de 2012, em edição restrita do autor, numerada e autenticada pessoalmente.

- Livro "Luís Gonçalves: Amanuense - Engenheiro da Casa das Torres", patrocinado pela fábrica IMO da Longra - biografia de homenagem ao Arquiteto do palacete das Torres, de Felgueiras - Janeiro de 2014.

- Livro "História de Coração" - dedicado ao 2º neto - Novembro de 2015, em edição restrita do autor, numerada e autenticada pessoalmente.

- Livro “Torrente Escrita – em Contagem Pessoal”, ao género autobiográfico – Dezembro de 2016 - edição restrita do autor, numerada e autenticada pessoalmente (apenas para partilha familiar).

- Livro “História dum Brinquedo que não se pode estragar”, dedicado ao 3º neto - em Fevereiro de 2019, em edição restrita do autor, numerada e autenticada pessoalmente.

- Livro “Luís de Sousa Gonçalves O SENHOR SOUSA DA IMO” – Patrocinado pelo IESF-Instituto de Estudos Superiores de Fafe – biografia de homenagem ao fundador da Fábrica IMO da Longra – Novembro de 2019.

- Livro “Ciclistas de Felgueiras” – sobre os homens do ciclismo português naturais de Felgueiras que andaram na Volta a Portugal e provas importantes - publicado pela editora Bubock Publishing S.L. Janeiro de 2020.

- E agora este livro “Um tal Covid na história familiar… num sorriso de vida”, dedicado ao 4.º neto, Vasco.

 (Além de livros oficiais alusivos a realizações de eventos, entretanto também publicados.)

 

Pelo Natal de de 2022


Armando Pinto

 

quarta-feira, 12 de abril de 2023

De vez em quando… Entre livros raros e interessantes com afinidades felgueirenses

Desta vez, sobre livros de interesse felgueirense, calha deitar olhos a dois livros sobre a vida de José do Telhado, famoso bandoleiro que roubava aos ricos e dava aos pobres, como permaneceu na tradição popular. Também célebre personagem que ficou ligado a Felgueiras por episódios de suas andanças por esta região, ainda, além de ter sido figura carismática por toda a zona do Vale do Sousa e mesmo pelo Norte do país.

Dois livros, estes, distantes muitos anos entre si, quanto à época de publicação, e também pelo género literário respetivo. Sendo o mais antigo em verso, datado de 1909; e o mais recente publicado em prosa descritiva, no ano de 2007. Contando suas aventuras algo lendárias e outras também descritas em julgamento: o primeiro livro, já em “4ª edição mais correcta” “descripta em verso por José d’Almeida Cardoso Jorge”, então de 1909; e o mais recente, publicado em 1ª e 2ª edição no ano de 2007, da autoria de José Manuel de Castro Pinto, narrando seu percurso desde Recezinhos de Castelões-Penafiel, passando por Caíde-Lousada, Lisboa, Póvoa de Lanhoso, Baião, Marco, Aparecida-Lousada, Santa Marta de Penaguião, Fervença-Celorico de Basto, Figueiró-Amarante, Braga e Barcelos, Vila Verde, Mancelos e Vila Meã-Amarante, Felgueiras (arredores da então vila), Lixa, Aião e Unhão-Felgueiras, mais Porto (onde esteve no cárcere), até seu desterro em África.

Ora, sobre esse famoso capitão de quadrilhas de assalto, nascido em 1816 ou 1818 (conforme diferem diversas versões) são pois esses dois interessantes livros, que fazem parte aqui da biblioteca pessoal, com natural interesse pelas afinidades relacionadas ao concelho de Felgueiras, por onde José do Telhado também andou e inclusive teve peripécias relevantes.


Armando Pinto

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domingo, 9 de abril de 2023

Páscoa de 2023 - Tradição Familiar e Paroquial - Compasso de Rande (Felgueiras)

Mais uma Páscoa faz parte dos dias memoráveis aqui do autor deste blogue. Retomada que foi a tradição dos dias de Páscoa, após os dois anos diferentes devido à pandemia do Covid. Voltando a não haver restrições e como tal podendo haver, como houve, pleno convívio familiar, em casa. E com a receção do tradicional Compasso Pascal dentro de casa, à boa maneira de sempre.

Assim sendo, ao findar o dia festivo de apoteose à semana maior do ano, como faz parte da sensibilidade cristã e do maravilhoso clássico de sentido coletivo, esvai-se no sentimento humano o semblante entusiasta, para voltar a normalidade do calendário. Mas com a sensação de ter ficado algo tocante, mais uma vez.


Então, mais um dia de Páscoa passou e assim já decorreu esse acontecimento anual. Tendo-se mantido a tradição do Compasso, com o é usual pela região nortenha e particularmente tem sido vivido por terras de Felgueiras. E obviamente em S. Tiago Maior de Rande. Tal como costuma acontecer, pelo conhecimento pessoal, e continua a fazer parte da vida comunitária, ao voltar a ser retomado tal antigo costume, na vivência paroquial e arreigo pelo que dos antepassados vem. Conforme fica a assinalar a pagela desta Páscoa, entregue na Visita Pascal respetiva, com a qual fica encimado este apontamento. 


Em registo deste ano, ainda, como quem escreve mais uma página no livro comunitário de afinidade comum, juntam-se algumas imagens relacionadas. Ilustrando-se esta memorização com algumas fotos da Visita Pascal à chegada e durante a mensagem de Aleluia e no beijar da cruz (agora uma vénia), em casa do autor signatário. A registar a Páscoa de 2023 em Rande - Felgueiras!


Armando Pinto
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