SEXTA-FEIRA 25 DE FEVEREIRO DE 2022
Chegou ao final da tarde de quinta-feira, dia 24 de
fevereiro, a notícia do falecimento de Mário de Oliveira, mais conhecido por
Padre Mário da Lixa”. Antigo sacerdote que assim ficou conhecido por ter sido
nessa condição, enquanto pároco da paróquia de Macieira da Lixa, que passou
pelas notícias nacionais por ter sido oposicionista do antigo regime político,
derivado à guerra colonial, de então, e por suas posições ante o comportamento
eclesial diante da situação, na transição dos anos 60 para a década de 70, no
passado século XX. Havendo entretanto respondido em processo judicial, do qual ficou testemunho documental em livro do advogado felgueirense Dr. José da
Silva. Livro esse, publicado em 1971, que tenho na minha biblioteca particular.
Havendo depois Mário de Oliveira deixado de exercer funções de sacerdócio e
como tal deixando assim o seu múnus de pároco em território felgueirense,
passando a residir noutras áreas, e seguidamente enveredado por atividades literário-culturais.
Tornando-se mais falado como autor de livros polémicos. Tendo agora falecido aos 84 anos, no Hospital de Penafiel, onde estava internado
desde o final do mês de janeiro devido a um acidente de viação.
Desse livro referido foi então feita essa primeira edição sob
título “Subversão ou Evangelho? O processo do Pároco de Macieira da Lixa no
tribunal Plenário do Porto” (Peças do 1º julgamento no Plenário do Porto), pelo
Dr. José da Silva, Advogado. Seguindo-se outras publicações em livros sob títulos “Subversão ou
Evangelho? - II parte (Peças do 1º julgamento no Plenário do Porto), do mesmo Dr.
José da Silva; e “O Segundo Julgamento do Padre Mário”, Edição de um grupo de
jornalistas.
A notícia jornalística acrescenta:
«Mário Pais de Oliveira, também conhecido por Padre Mário de
Oliveira (Lourosa, Santa Maria da Feira, 8 de Março de 1937 – Penafiel, 24 de
fevereiro de 2022) foi um presbítero, jornalista e escritor português, de
formação católica mas aderente do Jesuísmo.
A ligação de Mário de Oliveira, natural da freguesia de
Lourosa, em Santa Maria da Feira, aos estudos religiosos iniciou-se em 1950,
quando deu entrada no Seminário da Diocese do Porto. A ordenação como padre
aconteceu em 1962, tendo pouco depois sido enviado como capelão das tropas
portuguesas na Guiné-Bissau. As suas posições públicas contra a manutenção do conflito,
já quando pároco na Lixa, no concelho de Felgueiras, foram mal recebidas pelas
estruturas eclesiásticas de então, mas também pela PIDE, que o prendeu por duas
vezes e o levou a julgamento, tendo sido absolvido. Expulso da Igreja Católica
na década de 1970, o Padre Mário entregou-se desde então à atividade
jornalística, dirigindo o jornal "Fraternizar", e à escrita de livros
polémicos (…) Paralelamente, dedicou-se ainda à dinamização do Barracão de
Cultura, projeto de dinamização cultural, social e cívica que desenvolveu em
Macieira da Lixa e ao qual se manteve ligado até aos últimos dias.»
O chamado “Padre Mário da Lixa” não era indiferente a
ninguém, admirado por uns e não por outros, mediante credos e posições políticas
e sociais, mais foram afinal essas suas posturas pessoais que o tornaram mais
badalado publicamente.
= O “Padre Mário da Lixa” (ao centro, da foto) presente numa evocação de homenagem
ao Padre Luís Rodrigues, na Biblioteca Municipal de Felgueiras, aquando da comemoração
relacionada com a passagem (em 2004) de 25 anos da morte desse célebre
sacerdote felgueirense que foi famoso Reitor da igreja da Lapa do Porto (sendo
que o Padre Luís Rodrigues, musicólogo, compositor de cânticos de música sacra
e mestre de canto gregoriano, havia sido professor de Mário de Oliveira nos
Seminários do Porto e depois foi muito apreciado por suas homilias avançadas
para o tempo…)!
Armando Pinto
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