A quem se dedica, quando possível, ao folhear de páginas capazes de memorizar factos de
interesse, relacionados com estudo da história local e memória coletiva, por vezes
surgem notícias que de imediato despertam a nossa atenção, mesmo que à primeira
vista podendo parecer não muito pertinentes à possibilidade de mais conhecimentos atinentes
ao motivo de pesquisa.
Um destes dias, numa busca por páginas de jornais antigos de
Felgueiras, deparou-se-nos uma curiosa notícia, relacionada com excursões
realizadas nos inícios da década de cinquenta, do século XX, a partir de Felgueiras,
e com destino a Balazar - perante a fama de santidade então já chegada a estas nossas
paragens, da Serva de Deus Alexandrina de Balazar, termo da Póvoa de Varzim. Contudo,
atendendo à época, e por nestas terras de Felgueiras ainda estar a começar a
saber-se de tal realidade, por essa época, a notícia era dada com curiosa circunstância, como
transcrevemos – deixando fluir a descrição coeva, que apenas transcrevemos em
escrita atualizada, do recorte que acima colocamos. Tratando-se duma pequena nota noticiosa, do
Jornal de Felgueiras de 11 de Julho de 1953 (sensivelmente um ano antes de
nascer aqui o autor destas linhas de agora), dando então nota, naquele tempo, de deslocações excursionistas
efetuadas através da empresa de camionagem Cabanelas, como é sabido de origem
felgueirense e ao tempo instalada em Felgueiras, a dizer assim:
«Uma mulher que não se alimenta
Referiram os jornais o caso de uma mulher que não se alimenta, segundo dizem e mora em Balazar, na Póvoa de Varzim.
Por ordem do médico assistente, não poderá receber visitas.
Num indeterminado dia, encontravam-se próximo de sua habitação cerca de 80 camionetes com pessoas que a queriam visitar, segundo nos informou um indivíduo nosso conterrâneo.
A Viação Cabanelas já ali se deslocou por 4 vezes com
passageiros. Muita gente pede-lhe graças.»
Ora, Alexandrina Maria da Costa, ainda viva por essa
ocasião, sabendo-se que faleceu depois em 1955, e entretanto com auréola reconhecida pelo povo das mais variadas partes do país e do mundo, era entretanto considerada santa: «Além de ter sido uma reconhecida mística
católica com fama de santidade, foi ainda declarada beata pelo Papa João Paulo
II a 25 de Abril de 2004».
Armando Pinto
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