Hoje tive de me despedir do meu irmão Fernando, o mais novo
do grupo de seis irmãos, dos quais eu sou o penúltimo e ele o mais novo,
companheiro desde que me lembro. De quando brincávamos os dois em pequenitos,
de quando jogávamos com as capsulas de garrafas de cerveja às corridas de
ciclistas e na bola ao futebol, quando passamos a gostar de desporto e eu me
afeiçoei ao meu clube, indo pelas minhas ideias e por ideais, e ele se deixou
ir por outro clube que na altura estava na moda da rádio e jornais, mas sem isso
pesar nas nossas brincadeiras e convivência fraterna, nem influenciar o que fosse.
Como depois andamos a estudar algum tempo juntos e sempre que estávamos em casa
com os nossos consistirmos e sentirmos sermos da família que sempre tanto
quisemos. De quando conversamos e partilhávamos gostos por cultura e afeição
por motivos da história geral e da terra natal. De tudo o que nos lembrávamos e
continuo a lembrar.
Hoje tive de me despedir dele. TIVEMOS TODOS OS QUE GOSTAMOS
DELE. Mas ele, de quem gostamos, nunca morrerá. Terá sempre o meu pensamento
nele, estará sempre nas minhas recordações. Quão antes, mesmo apesar da longa
distância geográfica e tempos longos que naturalmente não nos vimos, esteve sempre
no meu íntimo, Como sei que estará nas recordações de seus amigos. Pois só
tinha amigos. Ouvi hoje, durante o dia de seu último dia fisicamente entre nós,
em Alfândega da Fé todos dizerem que foi o professor que jamais será esquecido,
o amigo de que todos gostavam, o Pinto que era como se fosse da família de toda
a gente. Como entre conterrâneos igualmente era tido. Tanto que me sensibilizou
e agradeço de modo sentido a presença de bons amigos que desta zona felgueirense,
de nossa região do pão de ló, de Santa Quitéria e São Tiago, se deslocaram propositadamente
para o último adeus.
Entre linhas escritas em letras molhadas pela emoção,
deixo uma recordação de seus tempos de jogador de futebol do Futebol Clube da
Longra. Como o quis perpetuar e estará para sempre registado no meu livro
Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras, publicado em 1997 e agora
apraz avivar, por tudo isto. Pois sei como ele gostou quando o viu em suas mãos.
Apesar de não ter podido vir à apresentação. Nessa sessão pública de lançamento
a que esteve presente meu pai, entre tanta gente de meus afetos. E como sei que
meus pais, a minha avozinha Júlia, e outras pessoas minhas o estarão a
receber agora, envio ao infinito esta recordação.
Armando Pinto
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