Vimos de um tempo, segundo valorizamos, em que o saber, os modos de fazer, os costumes, tudo o que tem a ver com tradição e valores do espírito, se transmitiam de geração em geração. O passado, qual candeia que seguia à frente dos caminhantes em noites de breu, iluminava o presente e apelava a um avançar na manutenção da mesma direção. Ao invés do que por vezes vai acontecendo, quando avançar já tem mais de inovar. Num futuro que, de qualquer maneira, formata o presente, à medida da evolução do caminho da vida.
Continuando no nosso quotidiano, quanto possível arreigado aos valores eternos, vai-se mantendo um caminho de dar valor ao que tem valor. E de gostar do que realmente é de gostar.
Num desses dias e momentos, disto que se deduz em tal íntima narrativa, damos connosco a rebobinar imagens marcantes, ao calhar dum dia de aniversário, do que ficou na retina de dias de anos, ao longo dos anos. De como sempre gostamos de fazer anos, no sentido de nos sentirmos a contar para alguma coisa em tal dia… Especialmente ainda naqueles tempos em que víamos os outros, os que tinham já mais uns bons anos de andanças, num plano diferente, com uma idade que então víamos muito longe do alcance…
Hoje, como diz o outro, já não é bem a mesma coisa. Muitos desses familiares, amigos e conhecidos, dos que nos antecederam, já foram partindo para o Além, lá para onde é ou será. Querendo dizer que a vida se renova, enquanto os jovens de antes começam agora a ficar no plano etário dos antecessores. Presentemente já temos outros ramos, da árvore da vida, com rebentos a fortificar. Hoje tenho já o meu neto, um ser muito desejado, ao qual se entrelaçam braços sempre estendidos e prontos a mais um abraço, num destino amado. E vemos a vida na continuidade, desejando sempre fazer anos para, agora com esse outro motivo, o ver crescer e nos continuar.
Volta-se assim mais um lanço da ampulheta existencial, na contagem do tempo, passado que é mais um ano nesta caminhada medida por um relógio visual. Servindo este arrazoado prosaico para reter algumas imagens das que, noutra medida, ficam a simbolizar algumas das amizades entretanto ganhas e mantidas, por aqui.
Guardamos assim algumas curiosas gravuras, como são os arranjos gráficos que nos foram oferecidos, neste dia de aniversário: alguns de simbologia afetiva, outros de diretrizes bem definidas; enquanto outros até dispõem bem, fazendo sorrir, no dia do aniversário. Como a querer que se conte muitos momentos que tais, com saúde e toda a felicidade do mundo. Bem como ramos floridos, simbolizando a pureza duma afetividade, no cheiro que exala a vivência simples, mas verdadeira. Porque a vida é para ser vivida, como em floração, voltada à luz.
Armando Pinto