Há efemérides de recordar, nomeadamente nas passagens de
dias relacionados, embora por vezes nem sempre coincidentes. Porém desta vez
coincide mesmo e daí, apesar de não ser numa data redonda, como se diz de
contas estabelecidas das chamadas bodas honoríficas, apraz mesmo assim
recordar. Como desta feita calha a preceito, por ser num domingo também. Conforme foi
a entrada do futebol felgueirense na alta roda do futebol nacional, ainda que
em modo passageiro, mas assinalável.
Então, a 20 de agosto de 1995, há 22 anos que se perfazem neste
domingo de 2017, em quente tarde de dia de Peregrinação de Santa Quitéria (como
popularmente é mais conhecida a Peregrinação de Felgueiras em procissão até ao
monte de Santa Quitéria, de consagração do concelho à Imaculada Conceição),
tinha lugar no ao tempo renovado campo de futebol da Rebela de Felgueiras, já
denominado estádio Dr. Machado de Matos, o jogo que seria de estreia do Futebol
Clube de Felgueiras no Campeonato da 1ª Divisão Nacional, como era chamada a
prova maior do futebol português de alta competição. Assim sendo, após a manhã
de subida ao monte da Santa e comido o farnel comunitário tradicional das famílias
felgueirenses, em convívios merendados pelas matas daquele alto (sobre mantas e
toalhas, à falta de mesas e bancos fixos, onde sempre se notou a falta de
espaços de merendas, em falha que se ouve sempre ser por culpa de umas ou
outras entidades responsáveis mas sem que haja quem assuma culpas e se demarque
das responsabilidades… e sobretudo alguém com funções oficiais tenha atitude bairrista de resolver tal velha situação),
grande parte do povo felgariano rumou ao estádio do Felgueiras, que recebia o
jogo grande da jornada inaugural do campeonato ao nível do interesse local, qual
a sua extensão pelo interesse nacional revelado na gente da televisão e jornais
que acorreram a transmitir a ocorrência dali derivada para todo o país.
Foi o Felgueiras nessa estreia visitado pelo Grupo
Desportivo de Chaves, também já primodivisionário, em jogo terminado num empate com dois golos para cada
lado, com pecúlio de 1 ponto a meias pela igualdade (sem divisão total, porque a partir dessa época nos jogos passaram a ser atribuídos 3
pontos por vitória), sendo os golos do Felgueiras apontados por
Earl, aos 49 minutos de jogo, a repor a primeira igualdade verificada, já que a equipa visitante entretanto inaugurara o marcador do encontro; e depois por Sérgio
Conceição aos 55 minutos de jogo, a dar a volta ao resultado e colocando o
Felgueiras à frente, até que por fim o Chaves veio a recolocar tudo igual.
O
FC Felgueiras alinhou inicialmente com José Carlos Araújo, Leal, Rui Gregório, José
Joaquim, Acácio, Vicente, Costa, Clint, Sérgio Conceição, Lewis e Earl;
entrando depois, no decorrer do jogo, Coelho e Fernando Gomes; ficando no banco
os restantes suplentes, Lopes, Teixeira e João.
Durante esse prélio inesquecível para as gentes felgueirenses, havia entre a multidão diversificada atenção pelo que se passava
noutros campos de nomeada futebolística, sendo nessa tarde também a disputa do
clássico FC Porto-Sporting no estádio das Antas. O que levou a mole humana dos
adeptos locais, ainda afeitos à natural habituação de durante décadas seguirem os jogos
grandes à distância, a também assim dividirem interesses por esse grande encontro nacional em disputa na
cidade invicta, ouvindo-se pelos ares rouquelhos sons de relatos radiofónicos através dos pupulares transistores; cujo resultado ia soando aos ouvidos, durante parte do jogo a pender para o lado sportinguista e
depois terminado com vitória portista por 2-1, perante uma reviravolta empolgante,
sendo evidentes as manifestações coletivas ao desenrolar desse desfecho no bruaá
da assistência presente em Felgueiras…
Ora, então o Futebol Clube de Felgueiras, fundado em 1932 e,
passadas temporadas de atividades de feições regionais, mais tarde inscrito
oficialmente na Associação Distrital em 1953, tendo militado épocas a fio na 3ª Divisão
Regional da Associação de Futebol do Porto, veio a ter primeira subida de divisão
em 1964/65, com ascensão através de finalíssima entre o segundo classificado da
3ª e o penúltimo da 2ª Divisão Distrital, quando o Felgueiras derrotou o FC Lixa
por 2-0 com dois golos der Sabú...
... vindo de seguida, na época imediata, a ser Campeão
Distrital da 2ª Divisão da AF Porto em 1965-1966, sob o comando do treinador-jogador
Caiçara...
e, volvidos anos, entre mais ocorrências, também Campeão da 1ª Divisão
Distrital da AFP em 1981-1982, tendo tido pontos altos nas subidas aos
Nacionais e de permeio inclusive sido campeão da 2ª Divisão B Nacional em
1991/92, atingiu o FC Felgueiras ponto de rebuçado na subida à 1ªDivisão Nacional em 1995, alcançada
posição assim correspondente ao fim do campeonato da 2ª Divisão Nacional de
1994/95, passando em Agosto de 1995 a emparceirar com os grandes de Portugal na
1ª Divisão. Tendo aí o Futebol Clube Felgueiras efémera mas inesquecível época.
Disso tudo, em rememoração da efeméride do dia, recorda-se
através de imagens e alguns dados estatísticos relacionados esse histórico feito
do futebol felgueirense diante da memória coletiva local, por meio de dados guardados
em arquivo pessoal do autor destes registos memorandos.
Armando Pinto
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