Artigo do autor no Semanário de Felgueiras, em seu número de 20 de março, à página 7:
Dentro de casa, como aconselha o bom senso mas também as normas de proteção perante o atual surto do Coronavírus/Covid-19 que percorre o país e o mundo, enquanto se está a sofrer e viver tal crise pandémica, mais um artigo foi escrito na linha de temática felgueirense; e, sem sair de dentro da casa informativa concelhia, foi publicado no jornal de expansão regular felgueirense.
(...)
A edição em apreço merece ser lida de fio a pavio, de todo do jornal, pelo retrato que dá da atualidade felgueirense diante da nova realidade desse maldito vírus que surpreende os hábitos das pessoas. Entre cujas peças dignas de figurarem na memória, haverá algo também na ideia que esteve subjacente ao artigo no habitual formato de missiva de teor remetente à preservação da memória coletiva.
De mais esta missiva escrita em forma de crónica se regista, além de imagem de parte da coluna, também o respetivo texto saído a público no Semanário de Felgueiras, em sua edição de sexta-feira 20 de março.
Orgulho Felgueirense
Com a chegada de alguns casos assinaláveis,
na diferença de índole e feitio, Felgueiras saltou para a ribalta por
diferentes motivos. A nível geral e nacional, primeiro com o regresso de um Rali
que voltou a trazer para estas paragens a passagem de tal espetáculo de
competição automobilística. Depois, na inversa do interesse comunitário, com a
ocorrência da infeliz novidade do Coronavírus, por haver sido associado o nome
de Felgueiras às correspondentes notícias difundidas pelo mundo, desde Portugal.
Ora, começando pela parte que menos
apetece descrever, por quanto foi e ainda é demais badalada, a pandemia Covid-19
colocou a região sousã, a partir sobretudo dos concelhos de Felgueiras e Lousada,
nos trombones da comunicação social e dos olhares de esguelha da visão pública.
Por ter sido na fronteira destes dois concelhos vizinhos que surgiu o primeiro
caso conhecido dum doente infetado em Portugal com os sintomas desse vírus, trazido
de Itália por via de presenças numa feira internacional de calçado. Mas,
deixando isso, também por algum hábito havido desde o famigerado saco azul, foi
dada uma lição quer aos governantes nacionais como aos fazedores da opinião
pública. Sendo de louvar a ação dos órgãos autárquicos, bem como outras
entidades, assim como a população tem sabido corresponder desde que houve
assimilação real da gravidade da situação.
Ora, na ocasião em que pelo País, a níveis
diversificados, aconteceram situações de discriminação para com felgueirenses e
má observação perante a realidade local, gerou-se uma onda de revolta coletiva
que levou à associação do sentimento de orgulho felgueirense manifestado nas
redes sociais, entre outras posições. Sendo natural que nos mostremos sentidos
e tenhamos um enorme orgulho em todos nós e na nossa terra.
Ao invés, com o peito cheio assim de
sentimento coletivo, no âmbito do interesse geral felgueirense, deparamo-nos
com um caso bem agradável também recentemente e até anterior, primeiro em tudo.
Tal o que se verificou com a passagem em Felgueiras do ainda recente Rali das
Serras de Fafe e Felgueiras, antecedendo a próxima vinda do Rali de Portugal,
que em boa hora voltará a passar em terra de Felgueiras. Sendo que, além de
tudo o que foi do conhecimento público e se sentiu no ambiente concelhio, um
facto houve que ficou desde aí na paisagem. Podendo parecer de somenos
importância, mas com impacto visual e reflexos amplos.
Pois então, na preparação da pista para os
bólides e arranjos dos terrenos laterais para a assistência, houve a
interessante e feliz ideia de pintar em letras bem grandes, na parede duma das
estruturas ali existentes, de modo a poder ler-se à distância do lado da cidade,
a legenda FELGUEIRAS em altaneiro sítio público.
Agora, ao chegarmos à entrada da sede do
concelho, em diversos locais, dá gosto vermos de cá de baixo “Felgueiras” escrita
naquele painel lá em cima. Algo que nos traz uma ideia também interessante:
Assim como noutros pontos do País há grandiosos símbolos à vista, colocados em
locais estratégicos, como peças escultóricas em sítios visíveis, seria
agradável e deveras simbólico haver assim também, no cimo do Monte das
Maravilhas, algo que remeta à identidade felgueirense. Como poderia ser um
artístico feto metálico, associando à origem do nome felgariano, ou uma grande
chave de S. Pedro, voltada para cima, vendo-se de baixo a parecer tocar no além,
como que a abrir a porta do céu em Felgueiras.
Honra então a Felgueiras, onde há verde
pintado na natureza e no nome de seu vinho, embora de cor púrpura no tinto que
deu cor heráldica; como tem amarelo no fofo pão de ló e nas abelhas do mel laborioso
adjuvante na coloração dos símbolos municipais; tal é concelho com azulada
faixa alusiva ao rio Sousa e também coroado no azul do céu guardado pelo
patrono São Pedro, sob o manto de Santa Quitéria deitada na barquinha ondulante
pelas nuvens abertas do progresso.
ARMANDO PINTO