Espaço de atividade literária pública e memória cronista

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

"Recortes" - A propósito da comemoração da Implantação da República em Portugal


Na efeméride atual da comemoração da implantação da República, recorde-se um "recorte" do Almanaque Republicano, aquando do respetivo centenário, em 2010:

FELGUEIRAS - A PROPÓSITO DO CENTENÁRIO DA REPÚBLICA



(...) Enquanto isso, relembramos algo da natural afinidade felgueirense a esse facto histórico e sucessiva evolução cronológica (...)


= Um dos postais da Implantação da República, que demonstra as diversas fases da revolução de 5 de outubro: o bombardeamento do Palácio das Necessidades, o embarque da família real para o Brasil na Ericeira, a condução de Jesuítas para o forte de Caxias, a proclamação da República na Câmara Municipal de Lisboa, o desembarque da marinha no Terreiro do Paço, a barricada na Rotunda e a visita do Governo Provisório ao acampamento dos revolucionários. (Fotografia Ilustração Portugueza) =

Felgueiras também teve, enfim, ligação a esse movimento da implantação da República: No terreno por meio da activa participação de João Sarmento Pimentel [ACIMA NA FOTO], então jovem que apesar de ser transmontano de nascimento era Felgueirense de residência, atendendo à sua estada mais regular em Felgueiras, habitante que foi na casa-mãe da sua família (solar da Torre, em Rande). E através de contribuição logística do Felgueirense Dr.António Pinto de Sampaio e Castro, político local de ideias republicanas.


Nesses tempos, durante a última fase da Monarquia, o chefe político da região era o Conselheiro Dr. António Mendonça, respeitado Conselheiro de Estado, deputado nacional, antigo Presidente da Câmara de Felgueiras e líder do Partido Regenerador em Felgueiras, que era também proprietário e redactor do jornal Semana de Felgueiras, admirado entre a classe dos proprietários e homens cultos. Continuando depois sempre a ter o respeito das populações, após a mudança de política social. Já a juventude, entre a classe dos estudantes e fidalgos, tinha ideias republicanas avançadas, salientando-se grupo liderado pelo Dr. João Brandão e, entre os quais, conforme relato no livro Memórias do Capitão (de João Sarmento Pimentel), se destacavam o Dr. Eduardo Freitas, da Lixa, José Xavier, do Outeiro de Rande, entre outros (...)

= Barricadas republicanas na rotunda do Marquês de Pombal, em Lisboa, no dia 4 de outubro. Ali se concentraram centenas de revoltosos (militares e civis), a maior parte carbonários, comandados por António Machado Santos, figura preponderante para a Implantação da República. (Fotografia Ilustração Portugueza) =

Com efeito João Sarmento Pimentel, como Cadete da Escola do Exército, tomou parte activa incorporando-se com armas na decisiva batalha da Rotunda, em Lisboa, dando o corpo ao manifesto da revolta do 5 de Outubro que implantou a Republica em Portugal. O Dr. António Sampaio Castro, personagem muito respeitado, contribuiu no movimento a modos que anonimamente, actuando na clandestinidade durante o último período da Monarquia. Sendo assim o Dr. António Castro grande activista político e amigo de João Sarmento Pimentel, ficou no conhecimento popular que o Cadete Militar, João da Torre, levara para Lisboa artesanais bombas feitas na Longra, na Casa do Dr. Castro, na Leira, de Rande (onde residia, embora oriundo de família da Casa de Moinhos, do Unhão), pelo que se tornou lendário que algumas das primitivas cargas usadas na implantação da República foram originárias de Longra-Felgueiras ...." 


FOTO, acima, de João Maria Ferreira Sarmento Pimentel [espólio Armando Pinto

Armando Pinto, "A propósito do Centenário da República: Felgueiras em Momentos Históricos Nacionais"

(in "Almabnaque Republicano")