Por quanto uma das virtudes da memória é
o sentido do reconhecimento, dando valor ao que tem valor, como sempre foi
norma pessoal do autor, desta vez dirigem-se nossas palavras escritas para a
valorização da coisa pública desportiva de brado conterrâneo. Como fica
registado no artigo escrito para o espaço da habitual colaboração no jornal
Semanário de Felgueiras, em seu número da terceira sexta feira de 2018, 19 de janeiro – do qual
para aqui transpomos o texto e imagem da respetiva coluna:
Fernando Sampaio: Referência do futebol felgueirense
Tempos houve em que o futebol foi rei em
Felgueiras. A pontos de, como diz a lenda que quem beber da fonte da Santa permanece
cá, também se dizia nessas épocas que quem veio à bola ficou. Bem como quem
sentiu o entusiasmo desses tempos áureos ficou felgueirista para sempre. Mais
ainda tratando-se de naturais do rincão, entre gente apaixonada pela terra,
como alguns bons adeptos do futebol felgueirense, emblemáticos depois e para a
vida toda. Algo de relevo, no caso, sendo o futebol um mundo que faz rolar a
vida, quão pula e avança, dando vida às terras e englobando vidas de pessoas.
Tal o facto ora em apreço, por quanto o desporto-rei em Felgueiras tem muito,
entre outros, dum felgueirense chamado Fernando Sampaio. Desta vez o
conterrâneo merecedor das linhas costumeiras do autor a recordar e valorizar
algo ou alguém da nossa terra.
Como tudo na vida tem alfa e ómega, o
futebol em Felgueiras passou pela ação duns Verdial Moura (Abílio), Dr. Machado
de Matos, Adriano Sampaio Castro, Joaquim Carvalho, P.e Hernâni e continuou com
uns Belmiro da Vitoreira, Armindo Carvalho, Paulino, Zé Luís Martins, etc. Até
que com Álvaro Costa o FC Felgueiras passou a contar com a colaboração de
Fernando Sampaio, entusiasta que antes acompanhava a equipa como apoiante
ferrenho, de seguida andara pelos campos a jogar e então ficou a ocupar o
banco, mas como dirigente, entregando-se às pugnas futebolísticas em diversas
funções ao serviço do futebol integrante de sua vida. E se depois da criação,
em 1932, o Felgueiras passou por fases marcantes como foram a filiação
associativa em 1953, a primeira subida de divisão em 1965, a primeira vez que
foi Campeão Distrital em 1966, a entrada nos Nacionais em 1982, o título de
Campeão Nacional da 2ª B em 1992, mas sobretudo a subida à 1ª Divisão em 1995,
seria em 2006 a refundação, com o então CAF, que mais revelaria acérrimos
defensores da existência dum clube de futebol digno representante do nome
Felgueiras, entre os quais esteve na linha da frente Fernando Sampaio.
Culminando tudo com as fintas da nova realidade (como está narrado em livro) até
dar-se em 2013 a retoma histórica perante a oficial transformação na atual denominação
do FC Felgueiras 1932. Sendo assim Sampaio merecedor de reconhecimento, aqui
resumido diante de sua folha de préstimos ao clube, cujo currículo dava para
encher várias páginas deste jornal. Como tal, para não alongar a narrativa,
simplesmente como justa evocação, dirigimos outra atenção ao mesmo num artigo
mais desenvolvido no blog pessoal do autor destas linhas – “Longra
Histórico-Literária”
É pois Fernando Sampaio referência no
fenómeno futebolístico felgariano. De cujo papel associativo, assentando na
memória coletiva, se pode fazer balanço como homem que nunca deixou cair o
futebol em Felgueiras. Tendo feito parte da comissão refundadora, como Secretário
da Assembleia, além de diretor para todo o serviço como era seu timbre, entre
as funções da direção inicial em distribuição decidida por sorteio, de modo que
todos estavam compenetrados do serviço à causa.
Nascido em 1951, Fernando passou pela
infância futeboleira de transição felgueirense do recinto de Fontões para o
surgimento do campo da Rebela e de permeio foi jovem simpatizante de
bandeirinha do Felgueiras na mão mais distintivo na lapela, como era uso nessas
eras anteriores aos cachecóis, seguindo por todo o lado os ídolos do futebol
local de então. Até pela vida fora ter dado muito ao clube, na sucessiva
evolução e diversas alterações, cruzando com seus sucessos particulares uma
vivência de profundo conhecedor do futebol e dinâmico dirigente. Chegando a ser
presidente do FCF em mais que uma gerência e por fim, após a extinção do
histórico clube, criou ainda a nova versão do Felgueiras, do qual mais tarde
também foi presidente do CAF em 2009/10, à época da subida da 1ª Distrital à
Divisão de Honra.
Sendo deveras conhecido, apesar de agora
ausente da vida social devido a doença crónica respiratória que o retém
acamado, continua presente na memória dos apreciadores do futebol azul-grená e
leva a esta crónica de homenagem pública, justa e sintomática.
~~
*** ~~
Acresce, para
complemento do acima exposto, como ficou também indicado no artigo
jornalístico, que, por pouco caber numa crónica assim, há muito material
descritivo a juntar. Havendo sido obtido, em espécie de entrevista recebida por
escrito, uma descrição pessoal do próprio Fernando Sampaio, a pedido do autor e
para melhor informação relacionada ao fim em vista. Tendo o sr. Sampaio enviado
extenso relatório, escrito por si, em género de História de Vida – que, pelo
seu natural tamanho não era possível incluir nem sequer resumir totalmente no
trabalho jornalístico, mas disso, como base de tudo, aqui transcrevemos como
escreveu na primeira pessoa.
Assim sendo, para uma
melhor elucidação de todo esse vasto percurso referente ao labor referido em
prol do popular Felgueiras, ficará bem aqui e agora dar desse modo a palavra ao
mesmo histórico antigo dirigente do FC Felgueiras - que por suas palavras (escritas) narra:
« Começando pela minha
infância, informo que nasci a 01 de Setembro de 1951, e que logo aqui aconteceu
algo caricato, pois como na altura se pagava multa (quando era passado o
prazo desse tempo para ir fazer o registo civil), meu Pai, para fugir aos efeitos do atraso,
só me foi registar no dia 10 do mesmo mês (e como tal ficou esse dia no livro respetivo). Logo oficialmente faço anos a 10 de
setembro, sendo que festejo com a família a 01 e com os amigos a 10.
Depois tive ao longo de
4 anos alguns problemas asmáticos, pelo que quando tinha 6 anos os médicos
disseram a meus pais que estava livre de perigo, pese embora os sintomas
pudessem regressar aos 20 ou 40 anos, e realmente voltaram aos 45, com os quais
fui vivendo com momentos normais e com outros menos bons.
No entanto e na
infância cedo tive o bichinho da bola, e com 8, 9 e 10 anos já era craque. Ao
mesmo tempo, acompanhava o Felgueiras, em casa, e fora, fugia a meus pais para
ir na camioneta dos jogadores, pois jogava lá o meu falecido tio Mário Sarrilha,
entre outros, como Mamede, Vilas, Ventura, Zé Maria Paulino, Barnabé, Zé Carlos
(“Mãos de Ferro”), Sabú, Augusto de Barrosas, Estebainha, Cardoso, Zeca Pinto,
mais tarde Pacheco, Pimenta, Rodas, Mendes, Loureiro, Caiçara, Mesquita (da
Aparecida), e uns tantos outros que fui conhecendo (dos quais não parava mais
de mencionar nomes).
Enquanto isso meus pais
trabalhavam como qualquer casal para o sustento da casa, e como aos 10 anos já
tinha mais duas irmãs, a vida não era fácil, daí que ainda na terceira classe e
quarta, quando tinha aulas de manhã, ia trabalhar de tarde, e quando tinha
aulas de tarde trabalhava de manhã. Nessa altura meus pais empregaram-me nesses
part-times na casa Valinhas, loja que ficava atrás da Câmara Municipal, mas
como era um autêntico louco pelo futebol, muitas vezes fugia para os jogos
diários que os meus colegas faziam no campo da feira, que era onde hoje é o
Edifício Campo da Feira e está o Banco Espírito Santo. Assim e como fui sempre,
apesar de trabalhar, como dizia fui sempre um bom aluno, mantinha a meta dos
melhoras da escola, que como sabe era só de rapazes, e não mistas como hoje.
Terminada a Quarta
Classe minha professora dessa altura, D. Marília Dias, filha do falecido Sr. Dias
do Grémio, que viviam na Quintã, em Margaride, foi junto de minha mãe para que
eu fizesse o exame de Admissão para continuar a estudar, pois nessa altura era
assim que funcionava, mas meus pais não tinham possibilidades de me colocar a
estudar. Chorei, queria continuar a estudar e a jogar futebol, mas meus pais
não podiam, e então deram-me ainda uma alternativa, que era a de ir estudar
para o Seminário dos Padres de Oleiros (em Lagares), mas eu não quis, pois não
me sentia com mentalidade nem com inclinação para ser padre. Fui tolo, digo
agora, pois podia ter aproveitado os estudos e depois saía como muitos fizeram.
Mas ao mesmo tempo também vi a necessidade que meus pais tinham de quem os
ajudasse a sustentar a casa, pois tinha mais duas irmãs, daí não fui estudar; e
aos 11 anos já trabalhava na fábrica de calçado SIC, ainda na velhinha nos
Carvalhinhos, tendo de seguida ido fazer parte da inauguração da nova, que
agora foi transformada em pavilhões novos depois de vários anos ao abandono.
Enquanto isto, em que
vivíamos no Pé-do-Monte, em Margaride, da então vila de Felgueiras, nesse espaço de tempo fomos viver para o Monte das
Ruas, lugar de Lagares, ou seja na estrada Carvalhinhos-Torrados, localidade
onde o Carvalhais tem a sua fábrica.
Trabalhei na SIC até
aos 15 anos, e lá aprendi a trabalhar com diversas máquinas na produção de
sapatos. Nessa altura a SIC era considerada a melhor fábrica a produzir o
melhor calçado, e muito lá aprendi. Certo dia, como sempre fui muito
determinado, e não aceitando um pequeno castigo que me foi injustamente
aplicado, despedi-me de imediato, e muito embora o patrão da altura, sr. Avelino
Pereira, muito me pedisse para ficar, o certo é que não voltei atrás na decisão,
mesmo ficando desempregado. Mas como na vida necessitava que algo fizesse, sendo
que meu pai era nessa altura Mestre Trolha e tinha alguns empregados, pois
tratava diversas obras completas e arranjos, levou que daí fui para trolha com ele
trabalhar. Coisa que durou apenas um ano, até ao momento que arranjei novo
emprego, e veja-se, saí de trolha e fui trabalhar para o escritório da fábrica
de Calçado Tofel, mais conhecida pela fábrica do Sr. Batista, aqui em Torrados.
Ali trabalhei e muito aprendi no setor da contabilidade, até ao momento de ir
para o Serviço Militar, no qual fui parar em Angola.
Bem mas pelo meio de
tudo isto que descrevi, o futebol mantinha-se comigo, pois lembro-me de
continuar a jogar na terra, e em qualquer local que nos fosse possível, bastando
colocar umas balizas, ou seja umas pedras a servir de balizas.
Entretanto, ainda na
fase dos 15 e 16 anos, já tinha comigo a forte vontade de realizar coisas e
cheguei mesmo a enviar uma carta para o F. C. do Porto, sendo que na altura os
jovens ainda jogavam na Constituição, tendo enviado essa carta para ir lá
treinar, da qual recebi a resposta ainda trabalhava na Sic Calçados; e foi o
próprio patrão que ma veio entregar, com uma resposta positiva, só que meus
pais não me deixaram ir, e como naqueles tempos pouco ou nada ainda tinha saído
de Felgueiras, mais uma vez não concretizei os meus desejos.
= Uma formação de equipamento à Porto com Fernando Sampaio como homem da bola, em equipa da região, reconhecendo-se Pachim, Fernando Sampaio e Adélio, entre outros jovens que eram já conhecidos dos meios da bola felgueirense, ao tempo.=
Enquanto isso, já
namoriscava uma colega de trabalho e que era dos Carvalhinhos. Então o F.C.
Felgueiras leva a cabo um Torneio de Futebol de 11, para a categoria de juniores,
e como sempre lá organizei uma equipa e, juntamente como Zé Maria Mendes e o
Adão (Bombeiro) inscrevemos uma equipa dos Carvalhinhos nesse torneio, onde eu
era o capitão, jogando nela vários meus colegas escolhidos por mim, pelo Zé e pelo
Adão. Entre esses escolhidos estavam e jogaram o Pachim, o Adélio Pinto Lopes,
o Mário Lopes, o Jorge Mendes, enfim mais uns quantos, que agora me estão a
passar. Nesse torneio entrou
também uma equipa de Margaride, que era treinada pelo velho Vilmar, que tinha
sido e chegou a ser treinador do F.C.F. Ora no jogo entre
Margaride e Carvalhinhos o árbitro era um dirigente do F.C.F. chamado José
Luís, que trabalhava numa fábrica metalúrgica da Serrinha. Tinha ele uma
motorizada de nome Floret, e nesse jogo estava tudo a favor do seu mister
Vilmar, até que numa certa altura do jogo me dá ordem de expulsão, o que não
acatei, e os meus colegas a mim se juntaram, que se eu fosse expulso a equipa
saía toda, Aí a resolução foi mudar o árbitro, então quem foi arbitrar foi o
Sr. Rogério Veloso. O jogo acabou com vitória nossa por 5-1, mas as
consequências vieram depois. O tal dirigente José Luís veio depois já da parte
de tarde tirar satisfações comigo, ameaçando que iria fazer queixa de mim a meu
pai, e que eu já não iria ser escolhido para os Juniores do F.C.F... Nessa mesma semana, vieram ter comigo em nome
do FC da Lixa o Zé de Meios e o Artur Bica e ainda o Fernandes (Costa), que foi guarda-redes
do Lixa, vindo dizer-me para ir treinar e jogar no Lixa. Ora como tive a
ameaça de que não iria ser escolhido para júnior do F.C.F., aceitei. Treinei e
logo me quiseram, vieram de imediato pedir a respetiva autorização aos meus pais e com eles traziam um tio meu (Armando), irmão de minha mãe, para convencerem
meus pais a assinar. Assim aconteceu, e fui jogar para os juniores do Lixa,
onde honra lhes seja feita, sempre me trataram muito bem.
Terminado o tempo de juniores,
comecei depois a treinar nos séniores do F.C. Felgueiras, era treinador o sr. Ernesto,
um Brasileiro que tinha sido jogador do Vitória de Guimarães. Estava tudo bem,
convocado logo para o primeiro jogo que era em Lousada, isto como sabemos nos Distritais.
Nessa semana tinha saído uma notícia no jornal da terra com este titulo: “
FRANKLIM EX-TAIPAS NO F.C.F., FERNANDO EX-LIXA NO F.C.F., MENDES RECÉM CHEGADO DE
TIMOR NO F.C.F.”, Ora nessa altura os contratos que se faziam por norma era de
Não-Amadores, logo os clubes podiam exercer o seu direito de opção pelo seu
atleta, e os diretores do F.C. da Lixa ao lerem isso de imediato fizeram que o clube lixense exerceu o seu direito sobre mim,
e na véspera do jogo chega um faxe ao escritório do Sr. Belmiro da Vitoreira,
vindo da A.F. Porto, a impedir a minha inscrição pelo F.C.F. Daí não ser
inscrito. Fiquei chateado e não mais joguei oficialmente por qualquer clube.
Assim deixei de praticar futebol federado.
Antes jogava muito,
quando tinha 13, 14, 15 anos e joguei por diversas equipas em torneios de freguesias,
como em jogos de caráter particular e amigáveis, desde Carvalhinhos, Torrados,
Sousa, Barrosas, Trofa, Café Jardim, enfim, era um puto muito solicitado.
Ainda no que respeita
às minhas qualidades como jogador, e tal como lhe disse depois do que se passou
com o Lixa na causa de não poder jogar pelo F.C.F., não mais joguei federado,
até porque passados 2 anos fui para Angola, mas quando vim, vinha em grande
forma. A vida não permitiu que me dedicasse só ao futebol, tendo continuado a praticá-lo
sempre só pelo prazer. Como tal comecei a jogar futebol de salão, no qual em
dois torneios que fiz em Vizela fui por duas vezes considerado o melhor jogador
do torneio. Ensinei a rapaziada de Torrados a jogar Futebol de Salão, e cheguei
a formar aqui uma equipa da minha fábrica para entrarmos no torneio em Vizela. Além
disso fui sempre, enquanto cá estive em Torrados, o que desenvolvia o futebol,
sendo quase sempre o treinador e jogador, além de ser ainda vice-presidente do
clube. isto nos anos 1978, 79, 80, 81 e 82. Mais tarde quando comecei a
dirigente do Felgueiras deixei o Torrados entregue a outros,
Sabe que nessa altura
nem todas as freguesias tinham campo de futebol, e por norma quem os tinha ali
organizavam os seus jogos e seus torneios. Hoje há o Campeonato de Amadores e
todos têm clube e direções, enquanto noutros tempos tudo era mais difícil, mas
se calhar mais belo.
Bem, parece que está
feita a minha resenha duma juventude saudável e rebelde, ao mesmo tempo
alegre e de bem com todos. O tempo foi passando e quando dou por mim já estava
em Angola, na tropa.
Quando já instalado em
Angola, zona dos Dembos, ST. Eulália, mais propriamente Zemba, a vida militar
tinha de ser levada e encarada no melhor modo possível. Tínhamos, claro, muito
tempo de lazer, no qual o meu era gasto quase sempre de bola nos pés, depois
das tarefas obrigatórias realizadas. Aqui mesmo me tornei no organizador dum
torneio entre companhias do batalhão, ou seja do BCAV-8322, que era a
1ª, 2ª, 3ª e 4ª companhias, CCS, e pelotão de sapadores, ou seja 6 equipas. Pertencendo
eu à terceira companhia, fazia parte da organização, apitava jogos e era o
capitão e treinador da minha equipa, além de ainda ser o comentador desportivo
de um programa que se fazia uma vez por semana.
Terminada a operação
serviço militar em Janeiro de 1975, graças ao 25 de Abril de 74, e como estava
de namoro em Angola com aquela que viria a ser minha esposa e mãe das minhas
duas filhas mais velhas, acabei por passar à disponibilidade lá mesmo, sendo
que viemos todos para o Continente em Agosto de 1975, dado que o clima de
guerrilha entre os movimentos Angolanos estava a tornar-se diariamente muito
perigoso. Assim todos viemos viver para Torrados-Felgueiras, e com a qual vim a
casar em Agosto de 1976.
Ainda, de quando vim do
Ultramar, realizei aqui em Torrados diversos torneios de futebol, alguns de freguesias,
entre os quais um de grande sucesso, um torneio de fábricas que foi ganho pela
Fábrica de Calçado Marina. Toda a organização, todas as classificações, registos
disciplinares, regulamentos e ainda questões de arbitrar jogos, arranjar
equipas de arbitragem, ir buscar e levar os árbitros, como ainda jogar por uma
equipa, era eu que fazia tudo. Entrava no campo ao sábado de manhã e saía do
mesmo no final de Domingo. Sempre com tudo devidamente organizado.
Pronto Amigo até aqui
já foi narrado bastante de mim, agora e parando de entrar em muitos detalhes
pessoais, vou passar mais para minha parte no desporto-rei federado.
Então é assim: Em 1986
o meu falecido amigo Álvaro Costa convida-me a ir com ele para a Direção do F.C.
Felgueiras, com o cargo de Chefe do Departamento de Futebol em parceria com o já falecido sr Joaquim Peixoto, do Café Popular. Bem, não tinha qualquer
experiência do cargo, muito menos de dirigente, mas acabei por aceitar, tudo
isto em part-time, pois tinha um “Corte e costura”, como empresa para gerir e
sustentar a mim e aos meus.
Entretanto, antes ainda
trabalhei um pouco com o treinador Manuel Barbosa, mas apenas na sua reta
final, quando ainda estava como Presidente o Sr. Fernando Lima da JOIA, e quem
ia assumir a nova Presidência era como atrás disse Álvaro Costa, da KATUS.
Uma das minhas
primeiras ações como dirigente do clube foi ir representar o F.C. Felgueiras ao Jantar do
F.C. Porto, no casino da Póvoa de Varzim comemorando a vitória da Taça dos
Campeões Europeus de Viena, a tal do calcanhar de Madjer, em 1987. De permeio foi contratado
para treinador dessa época o Prof. Neca, que estava no Fafe. Aqui e como
comecei rápido a travar conhecimentos e a fazer amizades, estive com o presidente
na maioria das contratações e consegui que de Braga nos fossem emprestados 3 Jogadores,
Fernando Pires, Serrinha e Mirinho. Contratamos também Domingos e Daniel (ex-Fafe), João (G. R. ex-Lixa), Rui Palhares, Yontechev (Búlgaro). Veio A. Lima Pereira
de novo, mantivemos Licinio, Inocêncio, Marçal, Matos, Fonseca, Simão, Douglas,
e mais alguns que agora me estão a passar.
Bem, a época começou,
mas infelizmente não da melhor maneira, e depois de 8 jornadas, e depois de
algumas contestações no seio da Direção, começo a sentir que queriam mandar o
treinador embora. Então numa reunião que tínhamos semanalmente, fui frontal e
coloquei na mesa o acreditar ou não na equipa técnica, e se queriam a mudança,
era a altura, ou então deveríamos dar total confiança para que se pudesse dar
tranquilidade ao trabalho que viria a dar os seus frutos. Já que no meu ponto
de vista as coisas estavam a caminhar no bom sentido. Dali ficou determinado a
total confiança à equipa técnica, e assim outro dia tive uma conversa com o
Prof, Neca, dando-lhe nota do que fiz e do que da reunião saiu. Agradeceu, apertamos
as mãos e prometemos levantar a cabeça e levar o barco a bom porto.
Entretanto, e depois
disso, seguiram-se mais dois empates, um fora, e um em casa, e de seguida
tínhamos um jogo para a Taça de Portugal, em casa com o Belenenses, na altura
treinado por Marinho Peres. Era da Primeira Divisão e nessa semana a
comunicação social veio fazer algumas entrevistas, às quais numa delas o nosso
Presidente ao jornal A Bola dá total confiança ao técnico. Estou eu a ler a
entrevista em frente ao Café Jardim, encostado ao carro, e o Presidente vem-me
dizer: - Não leias muito, amanhã quer percamos ou quer ganhemos o homem vai
embora... Fiquei pasmado e disse-lhe: - mas afinal que é isto, estás aqui a
dar-lhe total confiança, falamos o que falamos em reunião e agora vens-me dizer
isto? Não te entendo, assim não sei estar nestas coisas, sinceramente estou
desiludido; e imagina que eliminamos o Belenenses, que moral tens tu?. Ele me
respondeu: - olha, teve que ser, se não o fizesse as pessoas que estão a ajudar
monetariamente o clube, deixam de o fazer. Bem, fiquei entendido, afinal o
futebol dependia da vontade dos mecenas, e não era gerido no seu interior, mas
sim de fora para dentro... Ao outro dia, vamos para o jogo, e eu sinceramente
ainda pensei que uma vitória nossa pudesse virar a cabeça das pessoas e
voltarem à realidade. Vamos para o jogo e eliminamos o Belenenses, com um golo
do Moreira de Sá, Aí pensei mesmo que nada mudasse e que tudo iria continuar no
normal, pois vimos que a equipa tinha valor e que ainda íamos a tempo de obter
a desejada subida à 1ª Divisão, porque nessa altura não havia 2ª Liga, era Segunda
Divisão Zona Norte e subiam três. Mas não, no final do jogo confirmaram a
chicotada, e eu ao outro dia pedi a minha demissão, ainda por cima pelo
treinador que já tinham contratado (António Jesus, o Fadista), que anos atrás
já tinha abandonado o clube sem qualquer razão, e daí o achar persona non
grata, tal como disse à comunicação social, quando fui abordado pela minha
demissão. Tínhamos uma equipa de jogadores que tecnicamente eram para jogar futebol
de pé para pé, futebol apoiado e não uma equipa para um futebol direto como era
o timbre do novo treinador.
Bem demiti-me, e o
Presidente não descansou, todos os dias vinha à minha procura para me tentar
demover a voltar ao ativo. Depois de tanto insistir, e mesmo até o Prof. Neca, numa
entrevista à Rádio Felgueiras apelar ao meu regresso, dizendo que eu fazia
falta ao clube, mas mais pela amizade com o Presidente e pelo clube, lá
regressei, e fui trabalhar com o novo técnico. Sempre na mesma, sempre fiel ao
clube, e admirado com algumas façanhas do novo técnico, tais como um dia me vir
à fábrica perguntar qual era a minha opinião para a formação da equipa para o
jogo desse fim de semana, ao que lhe respondi que não opinava sobre isso, pois
o treinador era ele, e era ele quem deveria saber a equipa que iria jogar.
Bem, as coisas não
melhoraram em nada, mas a equipa tinha valor, e lá fomos ganhando alguns jogos e
perdendo outros. Até que um dia e no jogo em Macedo de Cavaleiros, o sr. Joaquim
Peixoto foi para o banco e esteve com a equipa, pois eu tinha apanhado 10 dias
de suspensão, e nesse jogo que perdemos e foi péssimo, pelo caminho (e isto foi
contado pelo sr. Peixoto) o treinador quase esteve a andar à porrada com dois
atletas. Ora na reunião semanal quando o sr. Peixoto contou o que se passou
todos ficaram de boca aberta, e ao outro dia o Presidente foi ao estádio,
reuniu com o treinador que nesse mesmo dia deixou de treinar. Tendo o grupo ficado
entregue a 4 atletas provisoriamente. O inesperado veio depois, os atletas não
quiseram continuar com essa situação e o Presidente não quis contratar mais
nenhum treinador, faltando ainda 6 ou 7 jornadas, e a batata quente sobrou para
mim, que acabei por ser eu o treinador, sem adjuntos, durante o resto do campeonato.
Portanto mais uma experiência e diga-se de passagem que até me saí muito bem.
Grandes jogos, bons resultados e ainda acabamos o campeonato logo atrás das 3
equipas que tinham descido da primeira divisão. Penso que fizemos um quarto ou
quinto lugar. Moral da história: um primeiro ano escaldante para um
principiante.
Na época seguinte
segue-se a presidência do Sr Quintanilha. Fui eleito com toda a direção, mas
não cheguei a tomar posse, pois logo vi que as coisas não iriam correr bem. Entrou
para a Direção o Sr. Sidónio Ribeiro, e quando vejo o treinador contratado já
estava feito, é que o mesmo impôs logo que nenhum jogador poderia ganhar mais
que ele, que fez exigências de contratações de atletas caros, algo que me soou
mal, e por isso não tomei posse. Mais tarde o Sr. Quintanilha veio a dar-me
razão. Lembra-se o amigo das Assembleias que tiveram de ser feitas no mercado
municipal, pois o auditório da Câmara Municipal era pequeno para tanta gente… Enquanto isso alguém foi boicotando o
Presidente, até que este deixando lá 20 mil contos acabou por deixar o Clube.
Então o Sr. Álvaro Costa de novo assume a liderança, formando uma Comissão
Administrativa e vem de novo buscar-me. Não lhe pude dizer não, e num jantar de
angariação ainda tive de disponibilizar 200 contos, tal como os presentes nesse
jantar, alguns até mais, e lá fomos para a luta mais uma vez.
= Primeira vez como Presidente do F. C.
Felgueiras. Na assinatura do contrato publicitário nas camisolas. Presentes
jogadores (Cordas, Pedro Sousa e Rui Luís, com os padrões das camisolas dessa época), além do
Presidente do clube e do representante da empresa patrocinadora.=
Terminada a época,
volta a haver impasse diretivo e não se criam soluções. Então no dia do casamento
do meu amigo Álvaro Costa (já falecido) conseguem entre grupos presentes ali, em
pleno casamento, empurrar-me para a Presidência dessa nova época, se bem que o
treinador Luís Miguel, que vinha da anterior, tivesse contrato e com ele teríamos
de continuar. Acabei por aceitar. Contratamos o indispensável. Lembro de
momento, Rui Luís, Casimiro, Cordas, Amândio, Petróleo, Jorge e mais alguns
que agora não estou a lembrar, mas o orçamento começa a baixar, pois na época
anterior os valores tinham subido em flecha. A certa altura, e aqui teve mesmo
que ser, pois a sua qualidade não era muita, houve que mudar de treinador e
pela primeira vez contratamos Mário Reis.
Até aqui tudo bem, só
que alguém dentro da Direção e que quisera que eu fosse o presidente, começou a
fazer tudo o que lhe apetecia, e o presidente era um boneco ou um robôt. Ora
isso não era para o meu feitio, e quando pensaram que iriam fazer o que
entendessem sem dar conhecimento ao presidente, enganaram-se e logo lhes
entreguei a pasta. Resultado dessa época com Mário Reis: Não conseguimos ficar nos
lugares que davam acesso à 2ª Liga, que pela primeira vez iria ser formalizada
em prova. Assim sendo ficamos na chamada Segunda-B.
Bem mais uma época com
histórias lindas mas que não se podem contar todas. Mais nova época, mais crise
diretiva, e quase em cima da hora, ou seja com pouco tempo para tratar de
contratações e outras coisas, aparece na minha fábrica o sr. Raúl Sousa, mais
conhecido por Maneta: Arranja um Presidente e uma Direcção e de novo cá o Tolinho
vai á luta para dar andamento e criar soluções.
Então assume a
presidência o falecido Zé Paulino, e lá vou eu de novo à procura de milagres.
Foi treinador essa época o Prof. Fernando Duarte e fomos para a luta. Sempre
com dificuldades financeiras, sempre com dificuldades de manter a Direção unida,
mas lá aguentamos, até à penúltima jornada, altura em que depois de uma derrota
em Lamas, no primeiro treino da semana o sr. Raúl e outro dirigente vão ao
estádio mandar embora o treinador e equipa técnica. Faltava um jogo em casa com
o Valpaços, e mais uma vez tive de ser o treinador da semana. Vencemos esse
jogo por 7-1, com hat-trick de Moke. Bem
como vê, vida dificil a de dirigente.
O Plantel que subiu da
2ª-B à Segunda Liga foi todo feito por mim, e só depois contratamos o
treinador. Foi Presidente o Sr. José Luís Martins da Adega. Sendo constituído assim o
plantel: GR-Tomás, Jacinto João e Paulo,
ex-Júnior; Defesas-Camilo, A.L.
Pereira, Rui Luís, Rodolfo Coutinho, Domingos, Simão; Médios-Paulo Lima
Pereira, Tozé, Rady, Joãozinho, Fonseca,
Zé Manel; Avançados-José Augusto, Brazília, Rui Lopes. Pode estar a faltar
algum, que agora não me lembro. Penso que o Moke também fazia parte, mas agora
estou confuso. Apenas quero também dizer-lhe que o treinador só teve direito a
trazer um jogador, que mais tarde foi para seu adjunto, que foi o Zé Manel. O resto
já estava tudo contratado quando partimos para as conversações com o Mário
Reis. Isto foi na época
1990-1991, que tive agora a acrescentar, porque foi um feito importante, se bem
que depois me retirasse dada a entrada em cena de novo do Sr. Sidónio Ribeiro. Com
ele depois do que me fez e ao sr Quintanilha, nunca mais estive com ele em
nada.
Continuando, não vou
fazer resenha de época a época, pois é muito alongado, apenas dizer-lhe que
andei nestas andanças desde 1986, fiz de tudo no clube, e sempre em part-time,
sendo que ainda fui Delegado da Liga com distinção em 4 anos, e que como
profissional no futebol entrei na época 1998-1999, a pedido da Presidente da Câmara
Municipal Drª. Fátima Felgueiras, e
do Presidente da Direção Júlio Faria.
Em Abril de 1998,
recebo o convite para abraçar papel de Director Executivo Permanente, a tempo
inteiro, e como profissional do clube, cargo que tinha recusado 3 anos antes, mas
depois de tanta insistência e do gosto que tenho pelo clube e pelo futebol, acabei
por aceitar. Assim a Direção que assumiu em 1998, tomou conta de um fardo muito
pesado. O clube estava completamente falido. Tinha um passivo em dívidas de um milhão
e setenta mil contos, correspondendo quase a 6 Milhões de Euros em moeda atual.
Eram dívidas a Fornecedores, a Bancos, ao Fisco, a treinadores com ações
metidas em Tribunal, a jogadores, a
Empresas de Transporte, a Empresa da manutenção da relva, à Sócopul ainda da construção da bancada do estádio, à Empresa de fornecimento de equipamentos Adidas, enfim, a tudo quanto
era cão e gato. A média salarial dos atletas que ainda tinham contrato com o
clube era dos mil contos por cabeça
mensal, o que era impensável para as receitas parcas que o clube tinha. Tivemos
um dirigente na altura que
se demitiu, mas entrou na acta e depois não tomou
posse. Mas lá começamos a época e como tal, logo me toca a negociação e
liquidações dos ordenados em atraso a diversos atletas, o que fui fazendo com
alguma mestria, sempre dando conhecimento ao presidente do clube e a todos os
restantes dirigentes. Conseguimos fazer um belíssimo plantel, com o treinador
Diamantino Miranda e seus adjuntos, Prof. Jorge Castela, Rui Luís e Matos treinador
de guarda-redes. Com as amizades
criadas no futebol, tive eu a primazia de escolha nas dispensas do Vitória de
Guimarães, e daí vieram Fernando Meira, Pedro Mendes, Lixa, Nuno Mendes e
Selmir. Contratamos em escalões inferiores trambém atletas com valor, como Rui
Pataca, Paulo Sérgio, Totta, Marafona, Rochinha, Kadim, Fredy e Manduca. Lançamos
jovens valores do clube, como Filipe Teixeira, Zamorano e o guarda-redes
Sérgio. Mantivemos de trás Eliseu, Ronaldo e Soeiro. Este último lesionou-se e
pouco Jogou. Com tudo isto a média salarial baixou para os 250 contos de média
por cabeça, e só não subimos de divisão porque alguém da Direção anterior não
queria que fizéssemos mais que eles, e boicotaram o nosso trabalho, seduzindo e
abanando com ofertas a alguns atletas do clube para que baixassem o seu
rendimento, até fazendo com que perdessemos diversos pontos… e cito: Paços de
Ferreira-Felgueiras, com auto golo e derrota, pelo menos 1 ponto; Santa Clara-Felgueiras: redução
para dez jogadores e oferta de um golo, deu em derrota de 3-2, mais1 ponto
perdido; Maia-Felgueiras: oferta de um
golo, empatamos, e estávamos a ganhar,
mais 2 pontos à vida; Naval-Felgueiras: empate, mais um auto golo, e mais 2
pontos perdidos por oferta; Aves-Felgueiras: mais uma oferta escandalosa, empatamos, depois de termos estsdo a ganhar, mais 2 pontos oferecidos; e ainda mais escandaloso, Belenenses-Felgueiras: oferta escandalosa de
cabeça ao ponta de lança do Belenenses Quim, para o 1-1, quando ganhávamos nessa altura por 1-0, acabamos por perder
2-1, pelo menos mais 1 ponto perdido. Agora o célebre jogo Felgueiras-Feirense.com roubalheira enorme que acabou em empate e que deu 2 jogos de interdição
ao nosso estádio. Fomos jogar a Guimarães com o Paços de Ferreira:, empatamos 2-2, e a
Braga com o Santa Clara, e ganhamos 2-0.
= «Conferência de Imprensa sobre a Arbitragem
do Jogo F.C. Felgueiras-G.D. Feirense. época 1998/1999, resultado final 1-1, um
escândalo com invasão ao balneário da equipa de arbitragem, sr. Mário Santos, o
qual era mesmo de Vila da Feira. Eu numa entrevista televisiva atirei-me ao
Conselho de Arbitragem pela sua nomeação, ainda antes do dia do jogo. Apanhamos
suspensão do nosso estádio. Tivemos de jogar com o Paços de Ferreira em
Guimarães, empate a 2-2, e o outro jogo em Braga com o Santa Clara, vencemos
por 2-0. Este escândalo também nos impediu a possível subida à 1ª Liga nesse tempo.» =
Bem, a parte desportiva
foi esta. Na parte financeira, fomos satisfazendo os compromissos, e nesta
época só de dividas do passado pagamos 120 mil contos. Esta Direção tinha
assumido por 3 anos, mas alguns elementos no final da primeira deixaram o barco.
Foi feita uma remodelação, sendo que o presidente se manteve, e eu como era
profissional do clube também continuei, até porque tinha assumido por 3 anos
tal como o Presidente e todos os restantes, mas cada um sabe das suas razões e
das suas vidas.
1998/1999, 1999/2000, 2000/20001…
Foram 3 épocas intensas, e a última no plano desportivo não foi boa, pois
muitos jogadores saíram, incluindo a equipa técnica, e desportivamente a coisa
esteve feia. É aí que surge o caso Marco, com uma Jurídica de David contra
Golias (Ferreira Torres), mas o David Felgueiras desta vez ganhou, pois tinha
os regulamentos pelo seu lado, um bom Advogado (Dr.Paulo Samagaio) e um único
dirigente a acreditar que iria ganhar a luta, o mesmo, sempre disse e com plena
certeza de que ficaríamos na Segunda Liga.
= Foto da luta que estava a travar com a
LPFP, sobre o caso Marco. Processo que viemos a vencer. Esta foto do jornal desportivo
O Jogo, época 2000/2001, final e inicio da época 2001/2002. Estrondosa vitória
sobre o Loby “Ferreira Torres”. =
Financeiramente, o
clube em 3 anos fez um encaixe financeiro de 355 mil contos em atletas, valor
esse que deu todo entrada no clube, muito embora o comprador não tivesse pago
tudo aos detentores dos títulos de dívida, ou seja das letras, que depois
passaram a cheques. Dívida essa andava a ser resolvida em tribunal, até que o
comprador morreu, e não sei como ficaram as coisas, pois sei que haviam alguns
bens penhorados ao mesmo, no entanto até ao meu último conhecimento, o devedor
dos 355 mil contos já tinha pago pelo menos 250 mil contos, sendo que o
restante já tem muitos juros acumulados, não sei até que ponto os bens
penhorados conseguem cobrir a dívida. Mas o clube fez esse encaixe isso é
garantido.
Também é na época
1998/1999 que se dá a transação do Estádio Machado de Matos para a Câmara
Municipal, e acreditem que então foi vendido, não por 120 mil contos como se
falou. A história está muito mal contada, mas ela foi bem explicada em Assembleia
Geral aos sócios, bem assim como em Assembleia Municipal. O valor correto da venda é de 875 mil
contos, sendo que o clube apenas recebeu 80 mil, pois a C.M. teve de fazer pagamento do que o clube devia
da Bancada, e deduzidos todos os valores que tinha dado ao clube para essa obra,
incluíndo o financiamento que tinha sido feito de 300 mil contos, por isso é
mentira que Fátima Felgueiras tivesse dado para o clube 5 milhões de Euros. Isto
que eu lhe conto desmonta toda especulação.
Bem, deixamos o clube
em 2001 com um passivo de 415 mil contos, para quem o tinha recebido com 1.975,
deduzimos aqui muito. Por assim dizer deixamos com passivo de médio e longo
prazo de dois milhões setenta cinco mil euros, em fim de época de 2001, tinha
recebido com passivo de cinco milhões, trezentos e setenta e cinco mil euros,
bastante diferente.
Ok. Saímos e outros
entraram. Não deixamos nada em tribunal, nem impedimentos de inscrições de
atletas, apenas o essencial para o que é normal ter de apresentar à Liga, ou
seja os pressupostos de natureza financeira, e aí penso que seriam necessários
uns 40 mil contos para engrenar a máquina, pois o outro passivo dizia mais com
a lei Mateus, que já vinha de trás, e outras dívidas a mais longo prazo, mas
que mensalmente eram suportáveis.
Se assim ficou em 2001,
em 2003, ou para a inicio da época 2003/2004, o clube estava outra vez
mergulhado num pesadelo, de tal forma que ninguém se atrevia a pegar nele. Eu
mesmo não queria acreditar no que fui ver: correio por abrir há 3 meses,
penhoras e mais penhoras, ações de jogadores, treinadores, fornecedores, tudo
por contestar, tudo perdido, era impensável, e quando fui a somar tudo, o valor
de dívidas ascendia a valores impensáveis em tão pouco tempo. Em 2003 encontro
um valor de passivo de 4,100 milhões de euros, com agravante de tudo penhorado,
até as receitas dos jogos, qualquer contrato publicitário, tudo… Nada se podia
fazer. Veja-se que só para obter as certidões e inscrever o clube, que
entretanto tinha descido, mas podia aproveitar a saída do Campomaiorense, e
continuar na Segunda Liga, mas só para as certidões com prazo limite até 31 de
Julho de 2003, precisava-se de 150 mil
euros para as Finanças, de 45 mil para a Segurança Social, e ainda era
necessário que o Secretário de Estado das Finanças aceitasse o recomeço do
pagamento da Lei-Mateus, em prestações como vinha acontecendo, mas que
infelizmente a Direção deixou de pagar. Quanto aos atletas e treinadores, era
preciso negociar com eles, ou arranjar dinheiro para lhes pagar, e isso era
coisa que não havia.
Mas meu amigo, o Louco
voltou, e com a ajuda de alguns colegas de Direção e um ou outro elemento
exterior, e depois de muito me solicitarem em Assembleia Geral, alguns com
falsas promessas, eu lá encarei o touro de frente e fui para a luta.
Passei muitas noites
sem dormir, passei por coisas que não desejo a ninguém, fiz tudo, possíveis e impossíveis,
mas consegui, ou melhor conseguimos, pois devo sempre falar no plural, embora
os meus colegas reconheçam que sem mim não o conseguiriam. Aliás eu penso que
ninguém o conseguia, e também ninguém se meteria a tentar sequer, só mesmo um
doente como eu, valendo-me de muitos conhecimentos. Consegui em tempo
record fazer tudo, arranjar as certidões, levantar os impedimentos negociar
dívidas, levantar as penhoras, enfim lá
consegui colocar a máquina a andar, e mais uma vez com sucessos desportivos e
financeiros, pois terminamos o campeonato em 10º lugar, e com um forte
abatimento ao passivo, sendo certo que ía ter uma nova luta para a época
seguinte.
Acrescente-se que da época
2003/2004 e parte de 2004/2005, quero destacar alguns colegas que trabalharam
comigo: Carlos Diogo, Luís Antunes, António Viana, Carlos Castro e ainda as
funcionárias Elisabete Fernandes e Joana Soares. Estes nomes merecem ser mencionados pela coragem,
dedicação e ajuda em tudo que foi feito nessas temporadas.
Tal como previa, para
inscrever o clube e não ter impedimentos para a época 2004/2005, iria ser uma
luta. É aqui que do nada surge uma ajuda preciosa, que foi a Drª. Dulce
Noronha, irmã do Presidente da Assembleia Geral do clube sr. Rui Noronha de
Sousa, e que para a fase necessária emprestou ao clube uma avultada verba, que
deu para que de novo conseguíssemos ter
tudo em ordem, mesmo em tempo limite, mas lá conseguimos de novo colocar a
máquina em andamento mesmo sobre a meta, com orçamentos baixinhos, a viver com
a realidade e tentar manter clube na Segunda Liga. Só que com o favor da Drª
Dulce vem também para a Direção o seu companheiro da altura, um sr. de
Guimarães chamado Miguel Ribeiro, que em pouco tempo deu para ver o tipo de
homem que era, principalmente um mentiroso compulsivo, sendo uma pessoa
totalmente fora do contexto de gerir um
clube, muito menos um grupo de homens, além do mais. E para cúmulo não era
sério.
Então e porque já tinha
criado imensos problemas, resolvi ser sério com a Drª Dulce, escrevendo-lhe um
dossier a contar-lhe tudo sobre o seu
companheiro, e muitas das coisas que ela mesma não sabia nem sonhava. Bem se o
fiz para a avisar, a mesma preferiu acreditar na possível história dele, e
então começam a preparar para me derrubar da Presidência. Ora se pensavam que sairia
sem dar luta enganaram-se, eu não estava agarrado a nada, apenas estava ali
para servir o clube. Para mim já chegava os problemas do clube, muito menos
queria criar problemas a alguém, e assim sendo, depois de uma apresentação de
um projeto em Assembleia Geral, na qual eu impugnava se quisesse, pois o mesmo
não tinha tempo de sócio suficiente para assumir, nem sequer para intervir na
Assembleia, mas tanto ele como o advogado que levaram para a mesma não podiam,
em função dos estatutos, falar ou intervir. Mas como quem não deve não teme, deixei
que apresentassem e depois deixei que me substituísse, embora o mesmo em plena
Assembleia me tenha convidado a trabalhar com ele, o que me fez rir, mas claro
que não aceitei.
Mas pronto, foram vinte
meses, abati ao passivo quase 2 milhões de Euros, só de impostos em 20 meses
pagamos 460 mil euros, e deixei ao referido ainda o contrato de 300 mil euros
para ele fazer, sendo que o mesmo já estava comigo acordado, e pronto para ser
feito. O mesmo terminou a época, pagou
apenas mais 2 meses de salários, deixou a clube na classificação que eu o
deixei, e tinha a grande luta de iniciar a nova época, para começar o tal
projeto apresentado. Pois muito bem, contratou jogadores, alguns até bons,
tinha sim senhor uma boa equipa, mas para isso é preciso pagar, e contratar
coisas que se possam cumprir. Melhor dizendo para abreviar, começou a casa pelo
teto e não pelos alicerces, pois fez tudo, estágios, jogos, festa da
apresentação, mas não conseguiu inscrever o clube. Não conseguiu sequer as
certidões para fazer o contrato com a Autarquia, e ainda para apresentar as mesmas
na Liga. Não conseguiu levantar nenhum impedimento dos atletas, ou seja nada
fez, pois de nada percebia, e muito menos tinha conhecimentos básicos para
qualquer coisa, e pelo que sei, andou a enganar os colegas de Direção e todos
os Felgueirenses até à última hora, e por fim, acabou com o clube.
Amigo, nada que eu não
esperasse, quando me ligaram dos jornais, nada respondi, pois estava de férias,
mas nem sequer fiquei admirado ou surpreendido, dado que estava ao corrente de
que o mesmo nada tinha pago nas Finanças, e muito menos alguma negociação
estava a ser feita por ele ou por alguém. Apenas lhe digo: Comigo ainda hoje
esse clube existia sem nunca ter acabado, pois já tinha tudo controlado, com o
contrato da C.M. e com a venda de um jogador, que já estava em marcha, iria
realizar 600 mil euros, logo o clube tinha andamento, assim, deu no que deu.
Passado um ano a terra
não tinha futebol oficial, e mais uma vez, sou eu que arranjo 50 sócios fundadores,
dos 18 que foram à escritura do novo clube e se vem a fazer o CAF, sendo que os 3
nomes pedidos foram F. C. Felgueiras, ou Felgueiras F.C., e C. A.
Felgueiras. O que veio aprovado foi o CAF, levei isso a uma reunião dos sócios
fundadores e todos aceitaram. Assim logo caminhamos para formar uma Direção. Nos
50 sócios, os números atribuídos foi em sorteio, sendo que ao sr. Fernando
Martins saiu o nº 1, logo ele acabou por assumir a Presidência e fazer a sua
equipa. Eu fiz parte da Assembleia Geral, pois não podia ser diretor, dado que ía
para Diretor Desportivo do Penafiel, mas continuei sempre a ajudar a Direção do
CAF.
= Época 2006-2007, quando Diretor
Desportivo do F. C. Penafiel. Com António Folha e Rui Bento, em estágio na
Curia.=
Subimos na primeira
época, contra tudo e todos, pois nem campo tínhamos, dado o que acabaram por
fazer aos dois relvados que Felgueiras tinha, mas aí já são questões políticas
e dessa matéria não me quero meter.
O sr. Fernando Martins fez os seus 3 anos, e depois mais uma vez sobrou para mim, e lá fui fazer mais
um ano a Presidente da Direção do Clube Académico de Felgueiras, quando se concretizou a nossa subida da 1ª Distrital à Divisão de Honra.
No ano seguinte ainda fiquei na Direcção a ajudar o novo Presidente e meu amigo
sr. Pedro Martins, sendo que depois tive de deixar pois a saúde me atraiçoou, e
o referido amigo Pedro Martins sobe o Clube da Divisão de Honra à Terceira
Nacional. Sendo nesta Terceira que se encontra o clube, atualmente chamada que
é de Campeonato de Portugal.
= Foto do ano de Presidente do CAF: 2009/2010 - Época de subida da 1ª Distrital
à Divisão de Honra. =
Entretanto e tal como
eu tinha previsto em devido tempo, as pessoas fizeram bem em recolocar o nome
de F. C. Felgueiras, como F C Felgueiras 1932, em referência ao ano da fundação
e deixando de lado o resto por motivos legais, pois tinha de ser assim, dadas
as dívidas do extinto F.C.F.
Agora encontro-me
acamado, com DPOC (Doença pulmonar obstrutiva crónica), que me inibe a respiração para me movimentar como devia.
Assim sendo tenho algumas e fortes dificuldades, como, além disso, se acrescenta
a solidão, porque entretanto e fruto da vida que levei no futebol, deixei um
pouco de lado o sentido familiar e isso veio a pesar no desenlace final
matrimonial.»
^^^^ *** ^^^^
Resumindo e concluindo (digo agora eu, autor do blogue): Uma longa vida ao serviço do desporto felgueirense, mais
particularmente ao serviço de Felgueiras, Terra e Clube.
A. P.
A. P.
((( Clicar sobrer as imagens )))
Alguns e diversificados comentários entraram aqui sobre este artigo que, por motivos óbvios, não são publicados. Sendo de explicar a propósito: É curioso que, apesar de muitos visitantes haver do blogue, como o autor naturalmente sabe pela retaguarda do sistema do blogger, raramente aparecem comentadores reportando apreciações construtivas, entre fatores positivos que claramente ressaltam do interesse que se nota em tantas procuras. Mas quando é para dizer mal de pessoas visadas, de quem os leitores não gostam ou com quem têm assuntos mal resolvidos, logo aparecem. De entre esses, como acrescento ao que depois exprimiu, um ainda apreciava que o artigo no jornal é algo relevante, mas a maioria desta vez apenas referem assuntos particulares. Assim não. Mais: O autor é apenas um estudioso interessado por tudo o que seja memória felgueirense. E o que mereça apreço conterrâneo continuará a merecer homenagem. OK?!
ResponderExcluirArmando Pinto
Parabens por esta bela homenagem ao estilo AP. O Fernando Sampaio foi um dos melhores homens do futebol em Felgueiras mas nisto nem interessa contabilizar apenas dizer que é um grande felgueirense e merece esta bela homenagem. Parabens.
ResponderExcluirEsta crónica verdadeiramente deu para a Câmara se ter lembrado, valeu a pena para finalmente ser feita justiça da homenagem que fizeram bem ao Sampaio agora na gala do desporto de Felgueiras. Parabens e nunca lhe saia da ideia de fazer justiça a pessoas que merecem. E srº Pinto há muito merece coisa assim também. Parabens.
ResponderExcluirJustamente foi prestada este sábado uma homenagem pelo Felgueiras, no campo da bola. É melhor tarde que nunca e valeu a pena a ideia. Parabéns Fernando Sampaio e obrigado em nome do Felgueras.
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