Em plena quadra dos Santos Populares, na proximidade do terceiro
dos três e mais chegado à área felgueirense, o São Pedro da festa do concelho
de Felgueiras, versa sobre tema relacionado o mais recente artigo da
colaboração há muito tida com o jornal que se publica em Felgueiras; em mais uma
crónica das de vez em quando escritas aqui pelo autor para o jornal Semanário
de Felgueiras; agora com publicação no número desta sexta-feira 24 de junho de
2022. Edição da qual haverá já conhecimento público por quem compra o jornal
nos locais de venda, mas não tanto pelos assinantes, visto a distribuição do
correio em Felgueiras andar atrasada mais de uma semana, estando a bater recordes
de atrasos, no descaminho e sem vergonha que estão a ter certas empresas subsidiadas
pelo governo português, desde há tempos a esta parte. Quase a irem ao ar, perante
o desinteresse de quem de direito, como balões lançados em noitadas dos Santos
Populares.
Ora, então o artigo de opinião historiadora, no Semanário de
Felgueiras, desta vez teve e tem como tema a "Tradição das Cascatas dos Santos Populares" (que para aqui se tranporta em recorte do artigo publicado e com o texto original.)
Tradição das Cascatas dos Santos Populares
Na roda do ano, chegada a época de transição final da
Primavera para a entrada do Verão, decorre por estes dias da quinzena festiva
mais popular as chamadas festas dos Santos Populares. Uma temporada cheia de
usos e costumes, com as festas a Santo António, S. João e S. Pedro, a partir
dos festejos Antoninos, passando pelas tradições Sanjoaninas até terminar na
parte dedicada a S. Pedro, que muito diz ao sentimento felgueirense. Desde a
antiga tradição da colocação de vasos em locais públicos, após sua retirada às
escondidas de casas de moças solteiras, como era a ideia inicial em tempos idos
pelos moços namoradeiros. Até às cascatas feitas em arraiais festivos das
festas de S. João, primeiro, e depois S. Pedro, nas mais diversas localidades
do entre Douro e Minho (visto ao Santo António ser mais acotiado a edificação
de tronos).
Com efeito, entre os aspetos dos certames anuais, havia essa
feição das cascatas. Ao jeito de toscas lapinhas enfeitadas. Tal como no Natal
é de bom-tom os presépios, dentro de casas de famílias e sítios de confluência
pública, já na quadra dos festejos nortenhos dos santos populares primam as
cascatas, feitas com elementos da natureza a cobrir o altar improvisado dos
santos da afeição popular. Algo que por estas bandas era mais acostumado pelo
S. João e por vezes no S. Pedro, embora na sede do concelho de Felgueiras não
seja muito usual, mesmo sendo a festa do concelho a do santo da pedra angular
da Igreja. Valendo mais na tradição felgueirista o cortejo das flores, que
desde a antiga vila e atual cidade de Felgueiras sobe em tons floridos através
de cestos, cestas e tudo o que leve flores em mãos e à cabeça do povo
felgueirense. Contudo, com a amplitude desse ar alegre das cantorias pela
encosta acima, como um suspiro de fragrância natural, até nem ficava mal haver
uma cascata grande em sítio central, com S. Pedro a abençoar a mística
felgariana, por entre a folhagem e água corredia típica dessa figuração, com
arremedos de casario da costeira do monte de Santa Quitéria.
Essa imagem, que passa pelos olhos do imaginário ainda
presente na recordação, transporta pois aos tempos em que era acostumado
fazer-se as tradicionais cascatas, com musgo de rio a cobrir socalcos,
ramalhada a fazer vez de arvoredo, pedrinhas e seixos em fundo e bicas de água
a esguichar, ao modo de chafariz, enquanto em torno de lagoas formadas por essa
humidade saltitante se espalham figuras de estatuária típica, os chamados
bonecos de barro de feição popularucha. Deixando no ambiente e pelo chão a
primavera florida, ao passo que as figuras de barro preenchem o cenário em
forma humana. E claro, como diz a tradição, qualquer linda Cascata de Santos
Populares, à maneira de sempre e que se preze, tem que ter os típicos bonecos
de barro a representar festejos, costumes e cenas típicas, os músicos da Banda
filarmónica, a igrejinha ao cimo da colina, os vendedores típicos, a mulher da
cesta do farnel, o fogueteiro, a lavadeira, etc. etc. e… o "Cagão"
(como é chamado, em linguagem vernácula, e não há outra forma de dizer, pois
assim é conhecido na gíria do tipicismo coevo). Bonecos esses representativos
na fidelidade à ancestral imagem castiça. Quais quadros da realidade de
outrora, mas por vezes ainda atual, deixando a bom entendimento o que sai de
maneira genuína, no falar verdadeiro. Como quem abre os olhos ao que ressalta
do pensamento.
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Observação – em Post-scriptum:
Como quem conhece as tradições e no caso das cascatas tradicionais
até entende do assunto, é sabido que numa cascata de jeito, ao sabor popular, não
pode faltar a figura do boneco representativo do tal “cagão”, em tom de galhofa…
também ultimamente, embora em aspeto menos alegre, se sabe que ultimamente na
Longra tem havido um “cagão” que conspurca o lavadouro público. Alguém, que nem
é da Longra mas mora nos arredores e na passagem, sem esperar por poder chegar
a casa ou pelo menos por dever ser limpo e não sujar o que é de todos, tem
andado a emporcalhar aquele local público, deixando assim nauseabundo o
ambiente próximo e a provocar doenças públicas por ali… em torno do lavadouro
público. Aproveitando o facto desse sítio ser muito esquecido pelas entidades
responsáveis oficiais. Algo que demonstra como o conhecimento da história nem é
muito do passado, antes faz muito presente a atualidade e o futuro.
ARMANDO PINTO
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