Contemplando os mistérios dos Rosário, está patente nos baixos
da moderna igreja do recinto das Aparições de Fátima (Basílica da Santíssima Trindade) uma valiosa coleção de terços integrantes do museu do mesmo santuário
de Fátima, que está à vista do público e pode ser visitada até outubro de
2024.
Esta «nova exposição temporária do Santuário de Fátima,
apresenta o Rosário como caminho para a paz. “Rosarium: Alegria e Luz, Dor e
Glória” é o título da mostra, que pode ser visitada no Convivium de Santo
Agostinho, piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade».
A exposição integra assim muito material das reservas e do próprio museu de exposição permanente, espaço grandioso sito do lado direito da colunata e do templo principal (Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima).
"Há mais de uma dezena de anos que o Museu do Santuário
de Fátima nos oferece exposições temporárias que, ao mesmo tempo que apresentam
o espólio do Santuário, nos permitem também contemplar muitas obras de arte
privadas, conduzindo-nos, pela via da beleza, ao conhecimento e aprofundamento
de Fátima. Assim acontece com esta exposição sobre o Rosário, tema
profundamente enraizado em Fátima, porque nos conduz ao âmago da Mensagem e tem
um aprofundamento atual, porque a paz é tema incontornável nos nossos
dias", nas palavras do padre Carlos Cabecinhas, atual reitor do santuário.
A exposição percorre os quatro mistérios que se meditam no
Rosário, através de uma narrativa que convida à contemplação desta oração
mariana, que é “uma das dimensões mais estruturantes da mensagem de Fátima”. O
itinerário começa, por isso, com a projeção do pedido que a Senhora do Rosário
fez aos Pastorinhos para que rezassem o Terço todos os dias para alcançar a
paz.
“Desde 1917, não mais se deixou de tomar as contas por entre
as mãos com esse intuito. Por essas contas, feitas das mais variadas matérias e
ligadas por uma cadeia rematada pela cruz, passam as alegrias e as luzes, as
dores e as glórias dos mistérios de Deus e da humanidade”, lê-se no guião da
mostra, que, no primeiro núcleo, apresenta o Rosário como instrumento de
recitação dos mistérios da vida de Cristo, através de um esquema explica o
método desta oração, incluindo a jaculatória que Nossa Senhora ensinou aos
Pastorinhos na Aparição de julho de 1917.
Este esquema pedagógico é apresentado ladeado de vinte
Terços que foram oferecidos a Nossa Senhora de Fátima pelos Papas Bento XVI,
Paulo VI, João Paulo II e Francisco, aos que foram ofertados por outras
personalidades como o padre Pio de Pietrelcina, a madre Teresa de Calcutá ou o
Rosário oferecido pelos pescadores de Caxinas, depois de sobreviverem a um
naufrágio onde recitaram a oração mariana na aflição.
A terminar o primeiro núcleo é apresentada uma obra de arte
contemporânea que apresenta 150 terços oferecidos por peregrinos anónimos a
Nossa Senhora de Fátima. Na instalação, da autoria de Ana Bonifácio, os Rosários,
de cor branca, são dispostos numa teia de fios que suspendem os Terços até
junto de uma plataforma que contém terra de Fátima, para “significar as orações
que sobem da Terra ao Céu”.
O segundo núcleo da exposição interpreta e contempla os
mistérios do Rosário. Os subnúcleos que apresentam os mistérios da alegria, da
luz, da dor e da glória, são dispostos à volta de um "monumental
Rosário", situado no centro do espaço, e que serve de “peça âncora” sob a
qual os visitantes meditam as contas de cada mistério.
Cada subnúcleo apresenta um Terço que pertenceu aos
Pastorinhos de Fátima e, sob o fundo de um painel que mostra fotos de pormenor
das mãos de peregrino a rezar o Terço, são dispostas, lado a lado, uma peça de
arte antiga e contemporânea, suscitando interpretações no diálogo que se
estabelece entre ambas.
No espaço dedicado aos mistérios da Alegria, as obras
expostas focam-se sobre o nascimento de Jesus: uma pintura a óleo sobre madeira
de Simão Rodrigues “Adoração dos Pastores”, datada de 1605, e a instalação
“Sinais do Presépio”, de Emília Nadal, do ano 2000. No segundo subnúcleo, que apresenta os
mistérios da luz, uma urna eucarística do século XVIII é exposta ao lado de
dois vitrais de Rolando Sá Nogueira, de 1986, da capela do Anjo da Paz do
Santuário de Fátima. No espaço dedicado aos mistérios da dor, sob a cor
vermelha, é apresentada a escultura em madeira “Ecce Homo”, do século XVIII, em
contraponto com a escultura de Clara Menéres, de 1973, “Jaz morto e arrefece o
Menino de sua Mãe”, que retrata um cadáver de um soldado ferido em guerra. No
último subnúcleo, dedicado à glória, uma escultura de Cristo ressuscitado, do
século XVII é disposta no meio de uma instalação de rede de alumínio, de 2022,
da autoria de Ana Lima-Netto, para recriar o jardim do éden.
No terceiro núcleo, que tem como título “Entre o céu e a
terra”, é exposta a obra “Suspensão”, que Joana Vasconcelos fez por ocasião do
centenário das Aparições de Fátima, e que apresenta um monumental Rosário,
iluminado, em que a cruz está disposta sobre uma reprodução de “Homem de
Vitrúvio”, de Leonardo da Vinci.
“Aqui, está significada a paz que está em suspenso… Isto é:
a paz é possível se, de facto, se cumprir o Evangelho de Cristo e se meditarem
os mistérios do Rosário, que são de Deus, mas também da Humanidade. É possível
a paz ser alcançado, (…) mas depende da liberdade humana em aceitar o convite
dos Céus”, explica o responsável pela exposição “Rosarium: Alegria e Luz, Dor e
Glória”, que tem lugar nos 20 anos da publicação da Carta Apostólica sobre o
Rosário de João Paulo II.
A exposição está inserida na abertura do ano pastoral no
Santuário de Fátima, que assume o mesmo tema da Jornada Mundial da Juventude
que em 2023 decorreu em Lisboa: "Maria levantou-se e partiu
apressadamente".
A exposição tem entrada livre e pode ser visitada no
Convivium de Santo Agostinho, piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade. Onde é distribuído um pequeno manual em
formato de brochura, para explicação de acompanhamento interpretativo.
Armando Pinto
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