Bodas de Diamante do “Café Jardim” de Felgueiras
- Evocação do seu fundador em louvor à existência antepassada
e apologia ao presente
O Café Jardim está em tempo de comemoração de 75 anos de sua abertura e continuadora existência. Sendo esta segunda-feira, dia 20, dia de festejo natural e louvável, por quanto representa todo esse seu tempo e sua envolvência.
Nesta oportunidade, é pois ocasião de assinalar o facto também
aqui, neste cantinho singelo de letras e memórias de menção felgueirense. Havendo
ideia pessoal da escrita de um artigo condizente à efeméride (como foi referido neste blogue, também, no artigo anterior). Contudo, reservando esse artigo para publicação
próxima no jornal que ainda é publicado em Felgueiras, em sua edição da semana
seguinte, releva-se para aqui, agora, uma rememoração evocativa sobre o
fundador, pois sem princípio não haveria continuidade, nem presente e futuro.
Assim sendo, recorda-se, através de reposição dum artigo antigo, publicado há tempos no jornal Semanário de Felgueiras, esse mesmo idealismo.
Com uma evocação ao patriarca da Pensão Albano e do Café Jardim – Abano da Costa e Sousa, avô do atual proprietário e continuador, José Mário Sousa.
Tal como doutras vezes já recordamos alguns personagens
típicos de eras recuadas, daquelas figuras marcantes que perduram na memória
coletiva, lembramos desta feita o sr. Albano, fazendo memória do patriarca do remoto universo do Café Jardim, estendendo interligação a atrativos derivados.
Conforme, em conformidade, deixamos correr a escrita num pequeno trecho, entre
o que, de quando em vez, vamos legando pela memória cultural felgueirense,
através da crónica que escrevemos no lugar mantido ao longo dos anos no jornal
Semanário de Felgueiras.
Desse escrito, para devidos efeitos, recordamos aqui o texto alusivo ao homenageado. Quanto ao original do que foi há alguns anos publicado no Semanário de Felgueiras:
Recordando Albano Costa e Sousa – Um Nome Felgueirense…
Felgueiras está de novo no mapa das terras com futebol de bom nível, quanto o fenómeno desportivo e primazia do desporto-rei proporciona em visibilidade e importância. Regressada a terra do pão-de-ló e calçado ao rol dos locais onde ocorre colorido esplendor em tardes desportivas com banhos de multidão, no alcance do F C Felgueiras 1932, chegado por ora à atual Liga 3 Nacional Sénior. Voltando assim a ouvir-se o nome Felgueiras associado à geografia nacional, onde rumam os passos de visitas e paladares, tal a extensiva promoção deparada.
Esse cenário, puxando galões recordatórios, recua a memórias de tempos idílicos de antanho, de quando o clube representativo de Felgueiras, o histórico F C Felgueiras, jogava no velhinho campo pelado da Rebela, já chamado de Campo Dr. Machado de Matos. Recinto então, às portas da vila de Felgueiras, nesse tempo, vedado a muros irregulares de blocos de cimento, com grande porta de entrada encimada por um coberto de telhas, género de telheiro alpendrado, que era ladeado dentro por uma típica tasquinha, sítio esse de apreço público em momentos de acalmia, antes e nos intervalos dos jogos, além de muito animar os visitantes que demandavam Felgueiras com interesse em conhecer o verde vinho da região, de acompanhamento a petiscos. Corriam ventos de progresso possível, nessas eras que vêm à memória, a propósito, na amena existência dos anos cinquenta e depois pelos sessenta dentro, do século XX, quando o futebol ganhou maior ligação em Felgueiras. Sendo que, antes ainda, muitos dos forasteiros, em excursões que vinham estrada acima, iam parando pelo caminho, conhecida que era de muitos a Loja da Ramadinha da Longra, e mais adiante, por fim, já na vila de então, as lojas do Pilo, do Leão, do Milhões, do Tomate, etc… Ah, e do Albano, conforme lembra a retina popularucha memorial. Em dias de jogos, na expetativa de encontros que sempre despertavam grande interesse, indo os mais novos até ao Café Popular, a fazer tempo da proximidade à hora de todos rumarem ao campo da bola, enquanto no Belém fervilhava ambiente seleto, por baixo da Assembleia de comedido convívio mais social, nessas eras. Até que todo o povo, enchendo as bermas da estrada pela reta da Marfel adiante, seguia em numerosa fila para o local de encontro, como se para romaria fosse.
Ganhara tradição, ainda, por esses tempos, a gastronomia típica, sendo muitos os visitantes que vinham também pelo sabor da cozinha local, tal o que ouvíamos em perguntas a indagar onde ficava um ou outro sítio de comes e bebes. Havendo um paradeiro (passe a natural publicidade, mas tem de se dizer por rigor cronista) que era ponto de referência, quanto se passava com o popular Albano, tal como se dizia simplesmente da pensão Albano. Graças aos dotes culinários das mulheres da respetiva família e sobretudo à popularidade desse senhor detentor de certa simpatia e muitos conhecimentos, dentro e fora de portas, na zona.
Calha assim, na oportunidade do mote, em recordar essa
figura típica como foi o senhor Albano da Pensão e do Café. Cujo Café Jardim o mesmo Albano Sousa abrira em 1948. E antes ainda, em 1936, franqueara as portas da Pensão. Como exemplo de homens
felgueirenses daquele tempo, de empreendedores conterrâneos que ajudavam ao bom
nome de Felgueiras. A ponto do Albano, como era popularmente mais conhecido esse empreendimento,
ser falado em terras distantes, pelos comeres cujo cheiro figurativamente chegava além do
horizonte, bem como pelos bons vinhos que os simpatizantes das equipas que
vinham a Felgueiras aproveitavam para conhecer aos beberes.
Albano da Costa e Sousa, esse senhor Albano, ficou então na lembrança decorrente do fluxo que o futebol de tempos áureos proporcionava. Comerciante fundador da dita pensão e extensivo grupo negocial, que se alastrou na família com café e adega, tal como até loja de doçaria, por exemplo, esse senhor Albano, falecido já no começo da década dos anos 70, foi um felgueirense permanecente na recordação das gentes felgueirenses, enquanto bairrista integrante de diversas comissões de festas e organizador de realizações concelhias. Tendo sido em seu tempo de festeiro que pela Feira de Maio houve o I e II Circuito de Felgueiras, em 1950 e 1951, respetivamente, prova de ciclismo essa que trouxe a Felgueiras os grandes nomes da modalidade das bicicletas de corrida. Cuja ação bairrista dele teve, inclusive e extensivamente, participação ativa na reorganização do clube de futebol nos anos cinquenta, revendo-se ter sido na pensão Albano, como é da história, que se realizaram reuniões da génese à revitalização do F C Felgueiras em 1952 e 53 (conforme ouvi diversas vezes contar a Adriano Sampaio e Castro, um dos elementos do clube que andaram nessas coisas, por esses tempos), no impulso de continuidade ao grupo formado em 1932. Tal qual em mesas do Café Jardim se desenrolaram contactos para a formação da equipa e organizaram desenvolvimentos das épocas desportivas.
Isso, e mais, relativamente a pessoas assim, como o fundador do Café Jardim. Do bom que se conserva do remanso de Felgueiras de tempos idos, qual celebridade do respeito merecido por gente de fibra. Mantendo-se no tempo esse nome, entre outros, dos bons velhos tempos do passado felgueirense, também, por quanto se interligavam os valores e os sabores.
ARMANDO PINTO
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