O São João da Longra
Era mesmo assim popularmente chamada a festa d’ “o São João da Longra”, a festividade sanjoanina que durante anos teve lugar no Largo da Longra e arredores. Uma festa de tradição até inícios dos anos sessentas e depois ainda continuada pelos caminhos do sítio das Quatro barrocas (atual Alminhas) a chegar às Cortes Novas.
Não vamos nem vimos aqui e agora (re)escrever uma descrição desse arraial e suas componentes que anualmente, e durante uns bons anos, animou o centro da antiga Povoação da Longra, quer na noite festiva, de 23 para 24 de Junho, como no próprio dia do santo popular, pois que isso está devida e profusamente narrado no livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras” (publicado em 1997) e inclusive no “Sorrisos de Pensamento” (de 2001). Apenas juntamos algumas imagens, desta feita, como recordação ilustrativa.
Assim, pelas fotos coevas, que se juntam, consegue-se ver alguma coisa, embora numa pequena perspetiva simplesmente. Podendo haver outras fotos (em mãos de outras pessoas), que se desconhecem, visto durante anos, pelo tempo de elaboração do livro da história da região, se ter tentado angariar fotos de outros tempos pelos mais diversos meios e feitios, e não apareceram no conhecimento público. Sendo estas as que há, portanto.
Pelas imagens existentes, estas que se anexam, numa primeira vista fica patente um aspeto de como a Longra ficava engalanada de arcos decorativos, a ladear a iluminação de lamparinas suspensas e tudo o mais. Sendo essa imagem de frente à antiga farmácia (onde hoje é a frente da fábrica IMO), em dias antecedentes à festividade.
Depois pode-se ver um ar festivo do Largo da Longra, como fundo visual, incluindo uma visão dum poste de ferro da iluminação pública (dos que haviam sido adaptados para o efeito com os trilhos do comboio depois que a linha férrea foi levantada). Foto derivada de pose fotográfica duma menina desse tempo, vestida “à lavradeira” para integrar o cortejo que também se realizava então. E da mesma foto segue-se uma ampliação possível desse naco visual.
Em seguinte foto vê-se fase de atuação em palco do Rancho da Longra desse tempo, como na festa sanjoanina da Longra sempre dançava um grupo feito para a ocasião com raparigas e rapazes da freguesia de Rande, mas também dos arredores, antes e depois dos cortejos.
Fica assim dado aqui um ar de graça, dentro do possível, da antiga existência dessa que foi a famosa festa do São João da Longra. Que sempre metia cascata gigante com adereços próprios, de artesanal construção e genuína decoração, mais barracas de café de chocolateira e tendas de comes e bebes, corridas de bicicletas, até sessões de fogo, com foguetes de cana grande e dos pequenos, como então havia, etc. etc. E tanto mais que ainda está na memória de algumas pessoas desse tempo, como nos recordamos.
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Associada a essa antiga existência e sua recordação, ficaram também associados alguns eventos paralelos, como foi por exemplo a existência do antigo Rancho Folclórico Infantil da Longra.
O Primeiro Rancho Infantil da Longra:
Pois foi nos já longínquos tempos de inícios dos românticos anos sessentas, em pleno século XX, quando pelo mundo ecoavam melodias dos princípios do rock anglo-americano, como os Beatles começavam a ser moda, ao passo que em Portugal era voga a música Yé-yé e as canções festivaleiras de António Calvário, Madalena Iglésias, Simone, Artur Garcia e mais, que, enquanto isso, na televisão portuguesa Pedro Homem de Melo fazia com que o folclore português fosse preservado e por Felgueiras surgissem primeiros arremedos de Ranchos Folclóricos.
Então, após a existência de alguns ranchos antigos, pelos anos trinta e quarenta (como está historiado no livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras), deu-se volvidos tempos o aparecimento de grupos episódicos formados para idas ao cortejo das flores da festa concelhia do São Pedro e mesmo para as respetivas festas paroquiais, até à efémera existência do Rancho da Marfel, por exemplo. E a partir daí começaram a aparecer alguns grupos já chamados de Ranchos Folclóricos nalgumas povoações e freguesias. Tendo na Longra começado o Rancho das Quatro-Barrocas ou das Padeiras, como era conhecido, cujo inico derivou da continuidade das danças de roda acotiadas pelas tardes domingueiras no cruzamento das quatro-barrocas e mais a sério entretanto ensaiado para a inauguração do nicho das Alminhas da Longra, naquele local de confluência, benzido pelo Padre João Ferreira da Silva a 1 de Novembro de 1961, na vinda das cerimónias do “Dia de Todos os Santos e Fiéis Defuntos”.
Depois de organizado tal grupo de gente adulta, fundado o Rancho por ideia do sr. António Ferreira, do lugar das Côrtes Novas e ensaiado por sua filha Mena, com ensaios a decorrer junto à casa da mesma família e daí resultando o nome popularizado do grupo, esse mesmo Rancho teve atuação de relevo na festa do S. João das quatro-barrocas da Longra em 1962, havendo para a ocasião sido então organizado também um grupo de crianças, nascendo assim o Rancho Infantil da Longra. O primeiro Rancho Infantil da Longra.
Desses agrupamentos de tempos idos juntam-se correspondentes fotografias coevas, com maior ênfase para o Rancho Infantil, em apreço, acrescido de junção de imagens (duas em uma) do Ranho inicial dos adultos desse tempo.
Passaram já 60 anos (faz agora em 2022), desde essa existência arrebatadora entre os passatempos que a criançada da Longra teve nesses idílicos tempos dos anos sessentas. Como passados poucos anos os referidos grupos desapareceram. Até que um dos elementos que fez parte desse Rancho Infantil fundou em 1994, junto com a esposa, o sucessor Rancho Infantil da Casa do Povo da Longra. O resto faz parte das memórias de quem viveu e se recorda de tais acontecimentos, entre caminhos da história local!
Armando Pinto
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