Era uma casa de pedra, de género rústico simples, composta
de cozinha de lar e forno, mais uma sala comum com quarto, e aposento no sótão
de valências diversas. A casa do meu “Tio Zé”, na Longra. Da qual tenho ainda
na retina da memória imagens ternas: O fumo do lar, saído das labaredas da
lareira, escoava pelas telhas, não sendo forrada a cozinha. Pendendo também das
traves a roda do pão. Enquanto dos lados do lar havia o preguiceiro e um banco
comprido, e entre o lar e a parede havia um postigo granítico e um suporte,
também de pedra, onde pousavam as malgas e pratos da sopa e do presigo, da
comida saída das panelas de ferro. Ali, depois da janta, à roda dessa pedra grande,
decorriam os serões de família. Que tantas lembranças deixaram e recordações trazem
na memória, por ali eu e minha família também termos convivido com os da casa,
que eram o meu tio Zé (José da Costa Moreira) e esposa, a minha tia Mília
(Emília de Jesus). Lembrando-me também ainda que nas paredes havia outras
coisas, como armários com rede, para não entrar bicharada, e estantes para pratos
e outros utensílios. Enquanto tenho nos olhos também como era o quarto e a
sala, com tapamento de ripado de madeira, mais janelo entre a grossa parede, mais
teto de madeira, enquanto pelas paredes pendiam quadros com retratos de família.
Entrando-se na casa mais usualmente pela
porta da cozinha, junto à qual havia um cortelho anexo, para arrumos. E do lado
da frente se entrava para a sala e quarto, sobre cuja porta havia um janelão de
dar luz para o sótão. Bem como no quintal estava a retrete de madeira, à boa
maneira de tempos idos.
Esta foto (fotografada a casa já em tempo de estar desabitada e antes de ter sido substituída pela nova que ali foi edificada) consta do livro “Memorial Histórico de Rande e
Alfozes de Felgueiras”, publicado em 1997, entre imagens a ilustrar antigos
exemplares de casas de arquitetura de outrora, em Rande. Captada do ângulo de entrada
para a antiga cozinha. Sendo aqui dedicada à minha prima Maria Conceição (Marie
Pacheco), neta dos meus tios, de quem sempre gostei muito e que em França mantém viva a memória
familiar e os laços idos com seus pais da Longra para Lurdes – desde Portugal para
a grande nação gaulesa, em cujo território francês a família está espalhada por
diversas regiões, ainda atualmente.
Armando Pinto
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