Faleceu o Padre Valdemar Alves Pinto, sacerdote com
assinalável percurso na Diocese do Porto. Um ilustre felgueirense, natural da
paróquia da Pedreira, que a nível conterrâneo era algo desconhecido,
dando ideia de ser pessoa discreta, contrastando com seu currículo. Embora tenha também contribuído para o caso da ligação local, o facto de (no pouco tempo que estava por terras da baixa do sul felgueirense) ainda ter vivido em Varziela, onde passava temporadas e inclusive costumava rezar missa na igreja velha, como é mais conhecida a respetiva igreja paroquial (em contraste à capela eclesial de Pedra Maria).
Segundo nota informativa da página informática da Diocese Portucalense, «o Pe. Valdemar Alves Pinto ordenou-se em 20 de Dezembro de 1953 na
Catedral do Porto, em celebração solene presidida por D. António Ferreira
Gomes. Foi, durante cerca de 10 anos, professor no Seminário de Vilar; 19 anos
no Centro Diocesano e Nacional das Vocações; 14 anos na Missão Diocesana; 32
anos como professor no Colégio Alemão e, desde 1961, o maior ideólogo e
impulsionador dos Cursilhos de Cristandade, "onde gostosamente tenho dado
a melhor colaboração de que sou capaz". De 1979 a 2011 foi Reitor da Igreja
dos Clérigos, sendo seu Reitor Emérito até à data de hoje.
As exéquias solenes celebram-se no dia 21 de novembro, às
11h30, na Igreja dos Clérigos. Preside o Senhor D. António Taipa, Administrador
Diocesano. Posteriormente seguirá para a Igreja Paroquial da Pedreira,
Felgueiras, sua terra natal, onde haverá uma celebração às 15h. Será sepultado
no cemitério local.»
Armando Pinto
Nota: Com agrado registamos um testemunho enviado para aqui, ao autor desta página, sobre a figura do mesmo felgueirense Padre Valdemar, narrado na primeira pessoa pelo Dr. Joaquim Luís Mendes Gomes:
« O Padre Valdemar Alves Pinto
Morreu. Deus o receba na Sua glória.
Conheci-o um padre jovem. Veio, desde a freguesia da Pedreira, habitar na minha aldeia com sua Mãe.
Ali passava as férias.
Eu, miúdo, lhe ajudava à missa, em cada dia, na igreja velha.
Retribuia-me o serviço com sua simpatia. Gostava de puxar por mim e ria-se muito.
Eu, já nessa altura, tinha a ideia de ir para o seminário. Onde ele era professor.
Cá para mim, pensava, vou ter ali um grande amigo.
De facto, passados uns quatro anos, eu estava a ingressar no seminário de Vilar no Porto.
Primeiro, tive-o só como prefeito, nos longos salões de estudo.
Dois anos mais tarde, como meu professor de português.
Um brilhante e dinâmico professor.
Suas aulas eram um verdadeiro espectáculo de sapiência.
Escalpelizava ali, como um verdadeiro mestre, cada um dos nossos escritores.
Lia-nos trechos de compêndio e, uma característica muito pessoal que marcou muitas gerações, era a sua habilidade e culto pela declamação de poemas.
Todos tínhamos de subir ao palco a declamar um poema que nós escolhêssemos, perante todos os colegas.
Muitos declamadores se tornaram bons oradores de púlpito.
Outra característica terrível e invariável, eram as redacções semanais. Dava-nos um tema da sua lavra e, às quartas feiras recolhia as nossas redacções.
Faziam um molho.
Na segunda-feira seguinte, vinha a esperada e ansiada leitura das classificações em - desde o óptimo, Bom mais, Bom menos, Suficiente... até ao negativo...
Eram uma dor de cabeça constante.
Todos ficamos marcados por este mestre. Eu que o diga...
Tomei conhecimento hoje, ao começar o dia aqui em Berlim, pelo mágico facebook...
Foi um baque...Teria uns 87 anos mais ou menos.
Peço a Deus que o receba em sua morada.
A minha grata e sentida homenagem de seu aluno.
Berlim, 21 de Novembro de 2017 9h
Jlmg »
Nota: Com agrado registamos um testemunho enviado para aqui, ao autor desta página, sobre a figura do mesmo felgueirense Padre Valdemar, narrado na primeira pessoa pelo Dr. Joaquim Luís Mendes Gomes:
« O Padre Valdemar Alves Pinto
Morreu. Deus o receba na Sua glória.
Conheci-o um padre jovem. Veio, desde a freguesia da Pedreira, habitar na minha aldeia com sua Mãe.
Ali passava as férias.
Eu, miúdo, lhe ajudava à missa, em cada dia, na igreja velha.
Retribuia-me o serviço com sua simpatia. Gostava de puxar por mim e ria-se muito.
Eu, já nessa altura, tinha a ideia de ir para o seminário. Onde ele era professor.
Cá para mim, pensava, vou ter ali um grande amigo.
De facto, passados uns quatro anos, eu estava a ingressar no seminário de Vilar no Porto.
Primeiro, tive-o só como prefeito, nos longos salões de estudo.
Dois anos mais tarde, como meu professor de português.
Um brilhante e dinâmico professor.
Suas aulas eram um verdadeiro espectáculo de sapiência.
Escalpelizava ali, como um verdadeiro mestre, cada um dos nossos escritores.
Lia-nos trechos de compêndio e, uma característica muito pessoal que marcou muitas gerações, era a sua habilidade e culto pela declamação de poemas.
Todos tínhamos de subir ao palco a declamar um poema que nós escolhêssemos, perante todos os colegas.
Muitos declamadores se tornaram bons oradores de púlpito.
Outra característica terrível e invariável, eram as redacções semanais. Dava-nos um tema da sua lavra e, às quartas feiras recolhia as nossas redacções.
Faziam um molho.
Na segunda-feira seguinte, vinha a esperada e ansiada leitura das classificações em - desde o óptimo, Bom mais, Bom menos, Suficiente... até ao negativo...
Eram uma dor de cabeça constante.
Todos ficamos marcados por este mestre. Eu que o diga...
Tomei conhecimento hoje, ao começar o dia aqui em Berlim, pelo mágico facebook...
Foi um baque...Teria uns 87 anos mais ou menos.
Peço a Deus que o receba em sua morada.
A minha grata e sentida homenagem de seu aluno.
Berlim, 21 de Novembro de 2017 9h
Jlmg »
Daqui de Berlim, a minha homenagem respeitosa e o meu obrigado pelo sólido e rico ensino de Literatura e Português que ele me deu, como meu professor, em 1957...Deus o receba na Sua glória.
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