Espaço de atividade literária pública e memória cronista

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Ligações felgueirenses à popular Volta a Portugal em bicicleta – Artigo no Semanário de Felgueiras


Na proximidade da realização da Volta a Portugal em bicicleta, prova desportiva de atração popular, este ano com início a 1 de Agosto; e perante o facto de Felgueiras ser meta de partida para a penúltima etapa da mesma grande prova, no dia 11; merece tal ocorrência uma rememoração pública sobre as ligações de Felgueiras ao ciclismo competitivo e particularmente em haver inclusive tradições na Volta a Portugal, quer em passagens, como em chegadas e partidas de etapas, na antiga vila e atual cidade sede do concelho felgueirense, do distrito do Porto e província do Douro Litoral – como o autor procurou recordar em artigo escrito para publicação no atualmente único jornal concelhio com edição impressa. De cuja crónica, reportada a esse tema, se transpõe para aqui o respetivo texto, ilustrado com imagem da coluna publicada na edição de sexta-feira 20 de julho, no Semanário de Felgueiras.


Felgueiras na Volta a Portugal

Aí vêm eles (i bem’ eles – na fala popular) ouvia-se de repente, cortando espera ansiosa; e um movimento de cabeças, a par de imediato bruaá, dava movimento a clamor da multidão expetante. E logo se inclinavam os dorsos, para melhor ver os corredores, pondo olhos e sentidos à direção em que os ciclistas vinham. Era assim na espera e por fim passagem repentina dos ciclistas da Volta a Portugal em bicicleta, a grande corrida nacional que levava o povo à rua para ver os ciclistas. Coisa que em Felgueiras, por tempos passados, se revelava algo social, num misto de festa popular com momentos de contemplação, pelo deslumbramento de ver, ainda que num repente, os homens dos nomes ouvidos na rádio, mais caras vislumbradas nos jornais. Como ficou na tradição oral um ano em que Fernando Moreira, ao tempo grande ídolo dos adeptos da modalidade, venceu a meta volante instalada no centro da então vila de Felgueiras, em etapa vinda da Póvoa em direção ao Porto, no ano em que venceu a Volta, em 1948 – facto perpetuado com alusiva foto que veio na revista lisboeta Stadium. Pois, durante muitos anos a caravana voltista passou em Felgueiras, mas não parava. Quer na sede do concelho, como noutras localidades concelhias. Até que lá veio tempo em que parou mesmo e de permeio a terra felgariana teve direito a ver de perto os ciclistas antes de iniciarem novo percurso, rumo à glorificação triunfante.

O ciclismo é um desporto tornado espetáculo apreciado até por gente que nem costuma andar de bicicleta, sendo antes fenómeno de apreço ao esforço e destreza, na vertente de valorização da heroicidade. Porque o ciclismo competitivo é uma máquina de heróis que em cima das máquinas de rodas dão asas aos anseios de vitórias conseguidas pelos músculos. Valorizando como tal atenção a que Felgueiras não foge à regra, com gosto de ver. Conforme tradição enraizada, desde tempos de admiração por antigos ídolos dos pedais, como no tempo do nortenho Fernando Moreira, até à existência de conterrâneos salientes sobre as bicicletas de corrida, como foram Artur Coelho, que em diversos anos chegou a andar com a camisola amarela da Volta, mais Joaquim Costa, Albino Mendes e Miguel Magalhães. Nas afinidades ao ciclismo, constando protagonismo felgueirense através daqueles conterrâneos que participaram entre os concorrentes (conforme já aludimos em anteriores artigos), mais acréscimo de ter existido a equipa Zala e mais tarde a equipa W52-Quintanilha-Felgueiras, com sede em Felgueiras e que ostentava camisola com as cores municipais com o símbolo do concelho. Enquanto este ano volta a ser realidade o facto da cidade de Felgueiras ser ponto de partida duma etapa da Volta a Portugal, por sinal de início à tirada mais apreciada da edição atual, voltando assim a ser ponto de referência, depois de em anos recuados já ter sido local de relacionamento com a mesma Grandíssima.

Com efeito, Felgueiras foi já sítio de finais de etapas algumas vezes e dessas coincidindo numa a meta final com o próprio fim da Volta; assim como teve entretanto também anteriormente um início de etapa, cuja experiência se irá repetir agora em agosto. Fazendo parte da história da ligação felgueirense com a popular Volta que em 1992 terminou na cidade de Felgueiras a etapa Mondim-Felgueiras; assim como em 2006, em meta instalada no cimo do monte de Santa Quitéria, terminou a então etapa que ligou Gondomar a Felgueiras; tal como em 2008 a 70.ª Volta a Portugal acabou com um contrarrelógio de Penafiel até ao Monte de Santa Quitéria; ao passo que na volta de 2009 teve largada de Felgueiras a 5ª etapa, de ligação entre Felgueiras-Fafe. Festivo início este ano reeditado no penúltimo dia da competição, abrindo alas à sempre difícil etapa para a Senhora da Graça.

Eis assim uma leve memoração, na apropriação afetiva a tal vera ligação desta região a que a natureza dotou de vivas cores. Vestindo Felgueiras condizente camisola multicolor de festiva ocasião.

ARMANDO PINTO
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Exposição comemorativa do centenário natalício de Lucas Teixeira


Inaugurada oficialmente no passado sábado, 14 de julho, na Biblioteca Municipal de Felgueiras, decorre este mês a exposição a assinalar o centenário de nascimento do felgueirense Lucas Teixeira, célebre iluminurista e apreciado poeta, nascido em Varziela-Felgueiras em 1918 e falecido no Brasil em 2013. Civilmente chamado Armando Teixeira e com nome público Lucas, derivado de antiga profissão religiosa e por fim assinatura artística.


No ato da abertura oficial, diante da presença de pessoas interessadas pela cultura relacionada com a identidade concelhia, bem como apreço pelo que é felgueirense, e após explicações da Drª Manuela Melo, responsável pela exposição, e esclarecimentos da Drª Dulce Freitas, diretora da Biblioteca e Arquivo Municipal, falou em nome da edilidade o Presidente da Assembleia Municipal, Prof. José Campos, que se congratulou com a realização, numa mostra de Felgueiras ter mesmo pessoas importantes, ainda que por vezes desconhecidas da generalidade dos munícipes; quão justificativo é de nomes que estão patentes em ruas, como algo que assim se pode conhecer melhor. Referindo que Felgueiras muito deve a pessoas que se interessam pela memória coletiva, sendo estas realizações bons motivos de fortalecimento felgueirense.


Na exposição, até 31 de julho, é possível visitar, na Biblioteca Municipal de Felgueiras, uma mostra documental sobre o “Centenário do Nascimento de Lucas Teixeira”, composta por iluminuras originais e reproduções, fotografias, catálogos de exposições, livros de poesia, poemas inéditos assinados e artigos de jornal.


Na exposição, além de material que faz parte do acervo da Biblioteca Municipal de Felgueiras e outros exemplares por empréstimo do Mosteiro de Singeverga-Santo Tirso e ainda de envio do Brasil pela filha de Lucas Teixeira, Eng.ª Maria Margarida Teixeira Lima, também houve inclusão de diversa documentação literária e fotográfica de arquivo do autor destas linhas.


Da mesma exposição, como ilustração, junta-se aqui imagens relacionadas, com acréscimo de recorte de notícia também difundida no jornal Semanário de Felgueiras, em sua edição de 20 de julho.


Do ilustre artista felgueirense, em apreço, tem o autor deste blogue ainda um pergaminho emoldurado, oferecido pelo próprio sr. Armando Teixeira, que apenas não chegou a ser entregue para a exposição por não estar pintado  devido a ter sido feito já em idade avançada do grande iluminurista. Do qual, como iliustração, se junta imagem do referido quadro, colocado no escritório pessoal do autor destas linhas.


Como complemento, juntam-se ainda mais algumas imagens documentais de publicações relativas ao personagem homenageado, em comprovação adicional sobre a dimensão da importância da sua lavra na arte de iluminuras.

Armando Pinto
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