Passou já mais um Natal, melhor dizendo o dia de Natal e as
afinidades mais chegadas a essa data, na roda do ano. Mas mantém-se o
sortilégio sempre relacionado com esta quadra, até ao final do ano, pelo menos,
quando estamos a viver ainda a celebração do Natal, na comemoração da vinda
d’Aquele que nos proporciona alegria existencial.
Nesse âmbito foi entretanto também sentido o tradicional acto
da distribuição das prendas, hoje atribuídas ao Pai Natal e antigamente ao
Menino Jesus, na transformação dos tempos, mas sempre com contornos de magia,
enquanto se associa criança a lembrança, no Natal. Dentro daquele espírito de
quanto é bom ser criança, em pureza e sinceridade, tal como dizia Jesus que
deixassem ir até ele as criancinhas. Tanto
como noutros tempos os sonhos de meninos estavam de olhos postos nas chaminés e
a magia natalícia andava ao calor da lareira, no lar familiar. Enquanto a mesa
de consoada ficava posta, pela noite dentro, para a memória dos ausentes se
associar, entre o convívio dos familiares presentes.
Na diferença evolutiva da sucessão cronológica, apesar das
transformações verificadas, mantém-se a tradição das prendas. Como registamos,
de modo ilustrativo, com a imagem cimeira, da entrega de prendas no ambiente
familiar, por sinal numa casa da Longra.
Armando Pinto