Espaço de atividade literária pública e memória cronista

terça-feira, 22 de junho de 2021

Jornada Cultural de reconhecimento do "Penedo das Pegadas de S. Gonçalo" - exemplar único de arte rupestre do concelho de Felgueiras

O chamado Penedo das Pegadas ou Pegadinhas de São Gonçalo, sito abaixo do lugar da Espadilha, em Varziela, num terreno fronteiriço entre Sernande e Varziela, é um pequeno penedo lendário, num dos locais do concelho de Felgueiras pouco conhecidos, cuja história popular faz parte das lendas e narrativas da memória coletiva felgueirense. Como neste blogue está narrado nalguns artigos, na linha do que entretanto foi escrito e está publicado. E de cuja visão são as imagens captadas para alguns desses trabalhos histórico-literários.


Pois o mesmo penedo felizmente foi alvo de atenções públicas por estes dias, graças a atividade levada a cabo pela Câmara Municipal de Felgueiras, através do Pelouro de Cultura e  organização da Biblioteca e Arquivo Municipal de Felgueiras, de parceria com o Gabinete de Arqueologia também da Câmara Municipal de Felgueiras.  Sendo dessa jornada naturais imagens noturnas, num sortilégio mágico de  fosforescência com algo de espiritual...

Com efeito, decorreu no passado sábado, dia 19 de junho, uma jornada cultural interessante sobre o Penedo das Pegadas de S. Gonçalo, um exemplar do património chegado à atualidade provindo de eras remotas, no concelho de Felgueiras.

Tal realização teve início durante a tarde com uma conferência proferida pelo Dr. Renato Henriques (da Universidade do Minho) e do Dr. José Ribeiro (do Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Felgueiras), numa sessão que teve lugar nas instalações da Villa Romana de Sendim. À noite, em Varziela (no respetivo sítio, também de fronteira entre Sernande e Varziela, hoje um campo de vinha, de transformação de antiga mata), foi concretizada uma visita noturna ao local próprio do penedo, o único sítio com arte rupestre do concelho, o Penedo de S. Gonçalo ou Penedo das Pegadinhas de S. Gonçalo como também é conhecido popularmente. Sendo motivo para o facto um cerimonial que teve lugar apropriado, culminado com uma queimada galega, num ritual comemorativo de tradição antiga a anunciar a chegada do solstício de verão (comemorado a 21 de junho).

Esta atividade, no âmbito da “II edição do Ciclo de Conferências de Arqueologia em Terras de Sousa e Tâmega” realizado em Felgueiras, teve assim também acréscimo de convívio popular e extensivo ato de reconhecimento do "Penedo de S. Gonçalo", como exemplar único de arte rupestre do concelho de Felgueiras, até há pouco tempo ainda quase desconhecido da maioria das pessoas (salvo de quem leu crónicas escritas sobre o facto já anteriormente).

Sob iluminação de focos bem colocados para o momento, enquanto os assistentes se associavam ao ato munidos com luminárias artesanais, em cenário composto também por druídas ali presentes, houve inicial apresentação do que representa a figuração milenar impregnada no penedo, em desenvolvida explanação bem conduzida pelo arqueólogo Dr. José Ribeiro.

 Seguindo-se o cerimonial de ancestral tradição, como era uso em sítios do género. Através dos figurantes druídas, representados à maneira de avoengos antepassados de tais cerimónias místicas. 

Terminando tudo em ameno convívio, sob o mote da ligação histórico-artística da sinalética de arte rupestre, à mistura com as lendas das andanças de tradição popular, em modo de elucidação e reconhecimento do interesse público daquele ancestral monumento rústico, que além de preservado há que ser devidamente classificado, como testemunho oficial da presença de antigos povos na região.

Armando Pinto
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