Espaço de atividade literária pública e memória cronista

segunda-feira, 27 de abril de 2020

“IMO” da Longra: Empresa felgueirense vencedora da pandemia do Covid-19


Estava a tornar-se maçadora, aos olhos e sentimentos felgueirenses, a fatalidade de Felgueiras só aparecer na comunicação nacional e estrangeira por motivos infelizes. Como foi ainda em finais do século XX o caso do trabalho infantil reportado em peças televisivas, mostrando crianças a coserem peças de calçado em casa, através de reportagens chegadas ao resto do velho continente; mais o caso do famoso “saco azul” de antiga administração municipal, que tão mau nome deu a Felgueiras. Até ao início da pandemia do Coronavírus, nos princípios de 2020, cujos primeiros casos chegaram por via dos intercâmbios da indústria de calçado, e os primeiros infetados surgiram a 5 de março na fronteira entre os concelhos de Felgueiras e Lousada, em Barrosas de cima e de baixo. Se bem que entretanto, antes e depois, coisas boas por aqui houve, sem que pela comunicação de fora e nalguns setores também cá de dentro, tivesse sido dado o devido relevo. Até que, finalmente, já em plena primavera também de 2020, apareceu na televisão portuguesa uma reportagem a dizer bem de algo de Felgueiras.


Pois, estava-se ainda nos primeiros dias de abril, quando houve surpresa de aparecer na Longra um carro de reportagem da TVI estacionado em frente à IMO, e nesse dia à noite se ter podido ver na televisão, no noticiário de horário nobre do canal 4, na TVI, uma passagem com imagens da mesma fábrica IMO, da Longra, a dar conta de a mesma empresa ter conseguido superar a crise derivada do Coronavírus e haver passado a não ter mãos a medir para atender às encomendas. Sob título de “FABRICO DE CAMAS HOSPITALARES EM FELGUERAS e referindo que a EMPRESA IMO RECEBE PEDIDOS URGENTES DE HOSPITAIS DE QUASE TODO O MUNDO… foi então difundido que na atualidade passara assim a IMO a ser uma FÁBRICA SEM MÃOS A MEDIR DEVIDO AO COVID-19, pois DUPLICOU A PRODUÇÃO DE CAMAS HOSPITALARES NO MÊS DE MARÇO…


Na linha da mesma constatação, agora já em finais deste mesmo mês de abril foi o jornal Semanário de Felgueiras a referir destacadamente tal realidade, em peça de página inteira, numa entrevista com um dos novos rostos da empresa, como que registando o estado de graça que essa firma trouxe ao ego conterrâneo. Sendo uma honra assim vermos que a carreira industrial iniciada há setenta e tal anos pelo fundador da empresa tem continuidade e de modo particular como está a dar bom nome à terra.


Disso, para memória historiadora, se regista tal interessante novidade, com imagens da referida reportagem televisiva e da página respetiva do Semanário de Felgueiras de 24 de abril, recente.

Armando Pinto
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sexta-feira, 24 de abril de 2020

Padre Luís Rodrigues - 41 anos de recordação


No 41º. Aniversário da partida do Padre Luís de Sousa Rodrigues para o PAI. (24 de abril de 1979 / 2020): 
- Recordando o saudoso reitor da Lapa do Porto, Padre Luís Rodrigues, natural de Rande – Felgueiras.

Padre Luís Rodrigues

(Do Site: Terras de Portugal   http://www.terrasdeportugal.pt)

« Natural do concelho de Felgueiras, Luís de Sousa Rodrigues nasceu a 6 de Julho de 1906, na Casa da Fonte, da freguesia de Rande. Na igreja paroquial de São Tiago foi baptizado no dia seguinte, conforme consta no livro “Padre Luís Rodrigues: Uma Vida de Prece Melodiosa”, editado em 2004 por Armando Pinto.


Após conclusão do curso eclesiástico no seminário diocesano do Porto, teve Luís de Sousa Rodrigues ordenação sacerdotal em 1930, ano em que de imediato passou a desempenhar funções de Prefeito no seminário da diocese e aí depois foi professor de música. De 1940 até à sua morte exerceu o cargo de Reitor da igreja da Lapa, no Porto, onde desenvolveu acção notável, sendo conhecido por toda a cidade, nomeadamente pelo seu trabalho pastoral, desenvolvimento musical na liturgia e pelas suas homilias de impacto e flagrante actualidade (1).

Musicólogo de renome internacional, foi autor com vasta bibliografia, de obras literárias e publicações de composições musicais. As suas obras figuram inclusive em importante enciclopédia musical inglesa, de Cambridge, a antologia International Who’s Who in Music.

Como musicólogo, Luís Rodrigues escreveu as obras literárias “Música Sacra-História e Legislação”, publicada em 1943, as biografias de Debussy e Mussorgsky em 1945, e o “Tratado do Canto Gregoriano e Polifonia Sagrada”, em 1946. Entretanto, colaborou em artigos escritos no Boletim da Diocese do Porto e nas revistas especializadas Gazeta Musical, Arte Musical e Lumen, em Portugal. No estrangeiro participou nas Revue du Chant Grégorian (S. Waudrille), Caecilien Veriens Organ, e Zeinschrift fur Kirchenmusik (Colónia).


Publicou também temas de que foi compositor tendo, através de editoras portuguesas e estrangeiras, obras datadas tais como:

Rosa Mística, 1934
Cânticos para a bênção do SS, 1935
Miscelânea Musical Religiosa, 1937
Avé Maria; Missa Credo in Unum Deum; Meu Portugal; Missa Laudate, Pueri Dominum; estas em 1939
Cantantibus Organis, 1941
Sorrisos a Jesus Menino, 1942
Missa Regina Caeli, 1943
Eucarísticas, 1944
Manuale Officii et Missae pro Defunctis, 1944
Rosas Brancas, 1945
Florinhas a Nossa Senhora, 1946
Hino a São João de Brito, 1947
Subiu ao Céu, 1949
Coral Arcaico, 1953
Última Ceia-Meditações sobre temas gregorianos, 1954
Te Deum Laudamus, 1955
Missa Litúrgica, 1956
Hossana, 1958
Missa Christus Manet, 1959

Sem data de publicação, teve editadas outras obras tais como:

Oração pela Paz
Missa dos Anjos
Hino ao Papa
Coração Divino
Veni Sancte Spiritus
Te Igitur
Duo Cantica
Prelúdio Sinfónico
Rosas Brancas
Súplica à Senhora da Paz

É de acrescentar, ainda, que em 1954 publicou também Tantum Ergo, para três vozes, incluído no opúsculo “50.º Aniversário do Motu Proprio Tra le Sollecitudini do Papa S. Pio X”, editado em Braga, juntamente com composições de dois compositores famosos da escola bracarense.

Durante o seu percurso musical, além de outras facetas, fundou e dirigiu o famoso Coro de São Tarcísio, do Porto. Relacionou-se com figuras marcantes, tal o caso de Guilhermina Suggia, de quem foi confessor até ao último suspiro da notável violoncelista. Colaborou com o cineasta Manuel de Oliveira, em particular no filme “O Pintor e a Cidade”, cuja banda sonora é de sua autoria sendo o filme agraciado, em 1957, com o Prémio Harpa de Prata em Cork, na Irlanda.


Falecido a 24 de Abril de 1979, no Porto, foi agraciado a título póstumo, pela Presidência da República, com a comenda da Ordem de Santiago da Espada.

Está perpetuado no Porto, no adro da Lapa, com um busto da autoria da escultora Irene Vilar. Passados anos de seu desaparecimento, a obra musical de Luís Rodrigues continua viva, sobretudo no panorama internacional. Entre possíveis exemplos refira-se que serviu ainda de tema de doutoramento assinalável, como aconteceu com a dissertação de sapiência dum grande catedrático dado pelo nome de Paulo Castagna, investigador de música e professor do Instituto das Artes da UNESP-Universidade Estadual Paulista, de S. Paulo-Brasil. Incluiu diversas passagens do livro “Música Sacra: História e Legislação” do Padre Luís Rodrigues na sua tese, documento esse que, pela sua fundamentação e amplitude, foi muito divulgado, a ponto de ser traduzido para espanhol (2), sendo o nome de Luís Rodrigues amplamente citado.


Fontes bibliográficas
(Livro) “Padre Luís Rodrigues: Uma Vida de Prece Melodiosa”, pub. 2004, de Armando Pinto

Notas de Rodapé
(1). conf. livro “Do Evangelho para a Vida”, por António Manuel Casimiro e José António Pereira, ed. 2004, com segunda edição em 2006 acompanhada de um CD com gravação da voz do mesmo antigo Reitor Padre Luís da Lapa
(2). “Prescripciones Tridentinas Para La Utililizacion Del Estilo Antigo Y Del Estilo Moderno En La Musica Religiosa Catolica – 1570/1903” »
*****
O Padre Luís Rodrigues está honrosamente homenageado na toponímia de locais referenciais, havendo ruas com seu nome na cidade do Porto, na cidade de Felgueiras e na freguesia de Rande.

(As fotos aqui colocadas são de arquivo pessoal do autor deste blogue)
A. P.

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Um poema e seu poeta… a propósito da lembrança do conjunto Quazar...


Costuma-se dizer que as conversas são como as cerejas, vêm umas atrás das outras. Também, mesmo em conversas de partilhas virtuais, a interação decorrente faz com que através de lembranças surjam recordações e umas com outras sucessivamente. Tal como no caso, quanto a se ter evocado aqui neste espaço a antiga existência do conjunto musical Quazar.


Ora, tendo esse grupo sido iniciado em 1977 e existido pelo menos até meio dos anos oitenta, sensivelmente, além dos membros originais, teve depois diversos elementos aderentes. Mas não só membros ativos do próprio grupo, como também colaboradores e acompanhantes. Naturalmente além de admiradores e admiradoras, obviamente. E entre os colaboradores nos inícios e até determinada altura, havia o letrista, autor de letras que por vezes serviam ao grupo, o Fernando Pinto.


Pois, entre esses e outros motivos de recordação, vêm à ideia, por entre outras, também essa faceta. Quão ao passar os olhos pela revista do espetáculo de Natal de 1978, ocorrido na Casa do Povo da Longra, se depara o caso dum poema do dito elemento que ao tempo era do núcleo desses jovens. Tal o caso de meu irmão Fernando, do qual consta um poema na referida brochura de Dezembro de 1978, em que foi apresentado ao público na Longra o conjunto Quazar.


Desse tempo ficaram algumas fotos a atestar lembranças de atuações do grupo e de outras ocasiões com amigos que os ajudavam em concertos e mais situações – como se pode ver por alguns clichés fotográficos da época.


E, por fim, quanto ao que ficou registo em letra de forma, tudo isso dá para recordar um poema e seu autor, o Fernando Pinto, que aqui e agora lembramos, através dessa composição poética publicada na brochura do Centro Cultural e Recreativo da Longra, como guião do espetáculo “Natal-78”.


Armando Pinto
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Recordando: QUAZAR – Um conjunto musical felgueirense dos anos 70 / 80, formado na Longra…


Entre algumas existências do que que houve por estas bandas, das mais diversas veias de cultura, há que recordar este conjunto de nome QUAZAR, formado na Longra e que durante alguns anos animou serões e bailes de diversão da juventude felgueirense, nos mais variados locais, desde casas de espetáculos a bailes de garagem.

Desse agrupamento musical, classificado ao tempo como “Conjunto de ritmos”, consta no arquivo do autor um panfleto e uma brochura dum espetáculo levado a cabo pelo antigo Centro Cultural e Recreativo da Longra na sala de festas da Casa do Povo da Longra, onde este grupo atuou. Sendo que então era mesmo no palco dessa casa que costumava ensaiar. E como nota de reportagem junta-se uma apresentação historiadora de seu quadro original (constante nessa revistinha oficial, então vendida ao público assistente), em imagem textual que fala nas palavras apresentadas.

Armando Pinto
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domingo, 12 de abril de 2020

sexta-feira, 10 de abril de 2020

Páscoa Virtual de 2020 - em casa e família


Neste tempo de medidas de restrição, com o confinamento geral da população na tentativa de não propagação do malvado vírus que atormenta a nossa atualidade, a Páscoa é também diferente. Mas não uma quadra com coelhinhos de chocolates com máscaras, em alusão aos dias de pandemia devido ao coronavírus, que vivemos. Ainda que forçosamente muitas tradições que são comuns sofrerão interrupção por este ano, embora podendo fazer-se algumas adaptações.

Assim sendo, aproveitando o facto de ter chegado aqui à caixa de correio cá de casa uma pagela de oferta do Pároco Padre Manuel Ferreira, no sentido (como ele entretanto difundiu na sua página do facebook) de dirigir uma mensagem aos paroquianos, no dia do sacerdócio, como é a quinta-feira santa da instituição da Eucaristia na última Ceia de Cristo, fazemos aqui também um exercício de convívio virtual.


Ora, assim com a referida missiva pascal, ao abrirmos a portada da caixa de correio em plena sexta-feira santa, recebeu-se em casa a pagela da Páscoa de 2020 que seria entregue no domingo de Pácoa aquando da visita pascal do tradicional Compasso, que este ano não será possível acontecer. Simbólica estampa essa, com impressão de alusiva imagem e oração respetiva, a representar como que uma visita virtual desejando que fiquemos bem em nossas casas com Cristo Ressuscitado.

Pois então, como este ano também não será possível a habitual reunião de família, ocasião de nos podermos estreitar em convívio sentimental, metendo aqui em casa e em muitas famílias alguns momentos mais ternos como as tradicionais brincadeiras familiares de avós, pais, filhos e netos a andar na caça aos ovos e coelhinhos de Páscoa… juntamos imagens da tradição de família cá de casa  (da sinalética que se costuma colocar nas árvores do jardim doméstico) entremeadas entre pagelas distribuídas ao longo dos anos do século XXI  em Rande (ainda na última parte da paroquialidade do Padre Abílio e desde a chegada do Padre Manuel), em junção recordatória e reunião de afetos.  


Armando Pinto
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quinta-feira, 9 de abril de 2020

Na atualidade do Coronavírus -- a Pneumónica de 1918 na região de Felgueiras... e na História de Portugal (Artigo no Semanário de Felgueiras)


Surgido este ano em Portugal o Coronavírus, que tanto está a alterar a vida das pessoas, apareceu este malfadado vírus passados perto de 102 anos depois dum anterior surto com rasto deixado na vida antepassada, como foi a Pneumónica, popularmente chamada de gripe espanhola, dizimadora de número assinalável da população portuguesa nos ínícios do século XX, entre 1918 e 1919. Algo nefasto, a pontos de ter alterado o panorama e mesmo a história, como pode voltar a suceder com o inesperado assaltante da saúde. O que leva a que este tema venha à ideia, por associação, servindo de mote à crónica que desta vez foi escrita para publicação no espaço da colaboração habitual do autor no jornal Semanário de Felgueiras. 


Desse artigo, publicado na edição do SF de 10 de abril (que por ser feriado de sexta-feira santa, chegou mais cedo ao público, de véspera), junta-se aqui o texto e imagens da respetiva coluna:

Pneumónica de 1918/1919 na História

Não no sentido dos ciclos em que a história parece repetir-se, mas pelo que casos da atualidade podem fazer lembrar acontecimentos de outrora, o atual surto do Coronavírus que se abate pelo mundo, começado na China em 2019 e alastrado a todo o globo por 2020 dentro, traz à ideia alguma associação do COVID-19 com a memória da chamada Pneumónica, então popularmente conhecida por gripe espanhola, que se abateu sobre Portugal em 1918. Uma das grandes epidemias da História, com muitas vidas ceifadas.

Tal autêntica pandemia do século XX «chegou a Portugal em maio de 1918. A primeira zona afetada foi o Alentejo aquando do regresso de trabalhadores sazonais vindos de Espanha. Foi o primeiro surto no país…» Depois em Gaia rebentou um novo surto, rapidamente espalhado pela cidade do Porto e pelo norte do país. Perante a proximidade a estas regiões, a epidemia chegou também aos concelhos do Vale do Sousa e no Outono estava a fazer-se sentir já com casos de infeção no concelho de Felgueiras.

As condições existentes à época eram diferentes de agora. Tendo uma das medidas levadas a cabo nessa época tido repercussões na paisagem regional, visto as casas, que eram maioritariamente erguidas em pedra rústica, terem sido caiadas de branco. Pois, olhando à contaminação, as autoridades civis da região, seguindo exemplos de uns lados para outros, foram aprovando um conjunto de medidas para conter o avanço da pandemia. Entre cujas decisões foi estabelecido mandar proceder à desinfeção e ao branqueamento dos edifícios municipais, devendo obrigar-se os particulares a procederem de igual modo, assim como foi estabelecido que se desinfetasse amiudadas vezes as cadeias, bem como as retretes públicas. Apesar dessas e outras medidas, a epidemia grassou com bastante intensidade, embora sem demasiados casos terminais nos concelhos da região sousã. Tendo tido maior repercussão por exemplo no concelho de Amarante (sobressaído aí o desaparecimento do pintor Amadeu Sousa Cardoso, entre acontecimentos que levaram a famosa enfermeira Ana Guedes a criar na área de Vila Meã um sanatório, como refúgio de assistência em sua casa de família, onde instalou doentes). Pois então tudo isso levou a que o Presidente da República, à época, viesse inteirar-se da situação presencialmente. E, como agora não se sabe as repercussões que acabará por haver, na ocasião houve algumas…

Ora o Presidente, Sidónio Pais, nomeara o então capitão João Sarmento Pimentel para comandante do esquadrão de Cavalaria da Guarda Republicana do Porto, de modo a ter alguém de confiança na tão importante unidade militar do Carmo, perante a instabilidade político-social que o país passava. Tendo surgido pouco depois a gripe pneumónica. Conta o protagonista, que como é sabido era da família da Casa da Torre, de Rande (como ficou narrado no livro de Norberto Lopes “Sarmento Pimentel ou uma geração traída”): 
«Quando alastrou a epidemia, ele (o Presidente) foi a Amarante. Eu estava em Felgueiras, porque ia com frequência à Torre. E o presidente da Câmara Municipal pediu-me que o acompanhasse na recepção que desejavam dispensar ao Presidente da República. O homem andava a visitar os hospitais para tomar conhecimento da extensão do desastre e de algum modo confortar os doentes…Foi lá (em Amarante) que se deram os (maiores) casos da broncopneumonia.» Em virtude desses contactos, o próprio capitão foi vítima da doença, ficando então acamado. Nesse interregno deu-se no Porto o levantamento de Paiva Couceiro que restaurou o anterior regime, instaurando a chamada Monarquia do Norte. Sendo presos os republicanos mais temidos pelo novo sistema, ficou a salvo o comandante do Carmo por estar internado no Hospital Militar. E (resumindo), informado por seu irmão Francisco e mais oficiais do que se passava, logo que pôde o capitão dirigiu-se ao quartel, apoiado pelo mano felgueirense, e de surpresa, a 13 de Fevereiro de 1919, pôs fim a esse reino da Traulitânia. E assim, a pneumónica, além de tudo o mais, também teve influência na vida e na história do país.

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A propósito, como enquadramento, relembre-se algo do que pelo autor foi escrito aquando da homenagem que a Associação 25 de Abril prestou ao “Capitão-General” João Sarmento Pimentel, quanto ao 13 de Fevereiro de 1919:


A 13 de Fevereiro, a Monarquia acabou como começara: por um golpe militar no Porto. O seu chefe foi o Capitão João Sarmento Pimentel. Apesar de doente com gripe, a pneumónica que nesse tempo grassou pelo país (sendo entretanto informado pelo irmão de toda a situação e idealizado entretanto o que havia a fazer, com seu irmão Francisco Sarmento Pimentel a comandar uma das alas das forças armadas apoiantes), aproveitou a saída da cidade de Paiva Couceiro e da maioria das tropas, para invadir o Quartel do Carmo e restaurar a República, à frente da Guarda Real, que voltou a ser a Guarda Republicana. Estava então restabelecida a ordem republicana, derrotada que foi a Monarquia do Norte. No Porto correu entretanto em mãos dos ardinas um desenho com imagem do Capitão João Sarmento Pimentel, estampa que foi vendida publicamente a tostão (moeda da época) entre a população, enquanto a cidade portucalense, por iniciativa de cidadãos e ação das entidades representativas, ofereceu a espada de honra da cidade do Porto ao Capitão Sarmento Pimentel.

Esteve assim Felgueiras em mais um momento histórico da grei, sendo o mais novo dos Pimenteis, Francisco Sarmento Pimentel,  natural do concelho de Felgueiras. Bem como o mais velho em Felgueiras passou praticamente sua mocidade, oriundo da família da Casa da Torre de Rande, tendo até sido aluno do antigo Colégio de Santa Quitéria

= À esquerda o Capitão João Sarmento Pimentel. À direita seu irmão, o felgueirense Francisco Sarmento Pimentel, então Tenente que fora nomeado pelo presidente Sidónio Pais para o aquartelamento do Porto... (e passados anos, já como Piloto-Aviador, foi autor da 1ª Travessia Aérea de Portugal à Índia).

= Estampa com que os cidadãos do Porto homenagearam o seu herói, Sarmento Pimentel, após o derrube da Monarquia do Quarteirão, como também se chamou o regime monárquico reimplantado em 1919, por só ter durado 25 dias. A estampa foi vendida com os jornais, anunciada aos quatro ventos através de pregões dos ardinas ("O Capitão Sarmento Pimentel a tostão, para acabar"!).  Ao lado a bandeira portuguesa que foi de Sarmento Pimentel, usada na ocasião da vitória das forças republicanas no Porto, e que mais tarde esteve “presa” na PIDE durante o seu exílio político durante o Estado Novo (bandeira que faz parte do património da Associação 25 de Abril, guardada em Lisboa na respetiva sede. Onde esteve na Exposição de homenagem ali prestada a Sarmento Pimentel de 18 a 28 de abril de 2017) 


Armando Pinto
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quarta-feira, 8 de abril de 2020

Imagens da Semana Santa de outrora, à vista duma revista antiga de Lisboa…


Ainda temos na cabeça imagens da Semana Santa e seguida apoteótica Páscoa, aqui pelas nossas bandas, recuando anos, a tempos que há muito lá vão. Mas mais recuado ainda é ver a Páscoa como ficou registada numa revista de Lisboa no início do século XX.


Assim, deitando olhos e demais sentidos ao que ficou impresso na revista Ilustração Portuguesa de Março de 1904, ganha-se uma noção cronológica. Podendo ter-se ideia de como ao tempo era vista esta quadra no imaginário de quem escrevia desde Lisboa, colocando o alto Minho como paradigma da Páscoa de aldeia.


Ora como esses eram tempos em que até no folclore ficou cantado no tradicional vira minhoto “Meninas, vamos ao vira / Ai, que o vira é coisa boa! /Eu já vi dançar o vira / Ai, às meninas de Lisboa… Havia essa ligação de contrastes. Podendo assim pensar-se que, no caso, quem diz alto Minho dirá Entre Minho e Douro e toda esta região verdejante de afinidades.


Ficam então aqui alguns recortes elucidativos, mais a crónica inteira de duas págunas, sobre a Semana Santa e Páscoa de inícios do século vinte (com alusões de origens mais antigas), conforme ficou na Ilustração Portuguesa.


Armando Pinto
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terça-feira, 7 de abril de 2020

Bibliografia (do autor) atualizada - em 2020


Obras publicadas:

- Livro (volume monográfico) «Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras»; publicado em Novembro de 1997. Edição patrocinada pelo Semanário de Felgueiras.
- Livro «Associação Casa do Povo da Longra – 60 Anos ao Serviço do Povo» (alusivo ao respetivo sexagenário, contendo a História da instituição - Abril de 1999). Edição da Casa do Povo da Longra.
- Livro (de contos realistas) «Sorrisos de Pensamento – Colectânea de Lembranças Dispersas»; publicado em Outubro de 2001. Edição do autor.
- Livro (alusivo da) «Elevação da Longra a Vila» - Julho de 2003. Edição do autor.
- Livro (cronista do) «Monumento do Nicho Nas Mais-Valias de Rande» – Dezembro de 2003 (oferecido à Comissão Fabriqueira paroquial, destinando receita a reverter para obras na igreja). Edição do autor.
- Livro «Padre Luís Rodrigues: Uma Vida de Prece Melodiosa» – Na passagem de 25 anos de seu falecimento; publicado em Novembro de 2004. Edição do autor.
- Livro «S. Jorge de Várzea-História e Devoção», publicado em Abril de 2006. Edição da Paróquia de Várzea.
- Livro «Futebol de Felgueiras – Nas Fintas do Tempo» (sobre Relance Histórico do F. C. Felgueiras e Panorâmica Memorial do Futebol Concelhio, mais Primeiros Passos e Êxitos do Clube Académico de Felgueiras) – Edição do autor, pub. Setembro de 2007.
- Livro "Destino de Menino" - dedicado ao 1º neto - Dezembro de 2012, em edição restrita do autor, numerada e autenticada pessoalmente.
- Livro "Luís Gonçalves: Amanuense - Engenheiro da Casa das Torres", edição patrocinada pela fábrica IMO da Longra - biografia de homenagem ao Arquiteto do palacete das Torres, de Felgueiras - Janeiro de 2014.
- Livro "História de Coração" - dedicado ao 2º neto - Novembro de 2015, em edição restrita do autor, numerada e autenticada pessoalmente.
- Livro “Torrente Escrita – em Contagem Pessoal”, ao género autobiográfico – Dezembro de 2016 - edição restrita do autor, numerada e autenticada pessoalmente (apenas para partilha familiar).
- Livro “História dum Brinquedo que não se pode estragar”, dedicado ao 3º neto - em Fevereiro de 2019, em edição restrita do autor, numerada e autenticada pessoalmente.
- Livro “Luís de Sousa Gonçalves O SENHOR SOUSA DA IMO”, edição patrocinada pelo IESF-Instituto de Estudos Superiores de Fafe – biografia de homenagem ao fundador da fábrica de metalurgia IMO da Longra – novembro de 2019.
- Livro "Ciclistas de Felgueiras", publicado em Janeiro de 2020, através da editora Bubok Publishing, A. L. , e apresentado publicamente em Março seguinte. Edição do autor. Sobre os cicilstas naturais de Felgueiras que correram ao mais alto nível desportivo, tendo participado na Volta a Portugal em bicicleta e no caso do mais famoso também em importantes provas no estrangeiro. 


E
Livros oficiais (alusivos a realizações de eventos), entretanto também publicados:

- «1ª Mostra Filatélica e Exposição Museológico-Postal da Casa do Povo da Longra» (relativa a Semana Cultural de abrangência comemorativa do centenário do aviador Francisco Sarmento Pimentel e octogenário do Correio da Longra - Julho de 1995).
- "FREGUESIA de RANDE (S. Tiago) e POVOAÇÃO da LONGRA - Rande" - Coordenação geral e autoria de alguns textos - Publicação patrocinada pela Junta de Freguesia de Rande, a reverter para obras da igreja paroquial de Rande - Março de 1996.
- «1º Festival Nacional de Folclore “Longra/97”» (englobando partes historiadoras e galeria diretiva da Associação Casa do Povo da Longra - Maio de 1997).
- «2º Festival de Folclore do Rancho da Casa do Povo da Longra» (contendo Lendas e Narrações das freguesias da área da instituição - Setembro de 1998).
- «3º Festival de Folclore da Longra – Memória etnográfica do sul Felgueirense e afinidades concelhias» (Julho de 1999).
- «4º Festival de Folclore da Longra – Celebração Folclórica do sul Felgueirense» (Julho de 2000).
- «Evocações da Festa Paroquial de S. Tiago de Rande» (Julho de 2000 - de promoção à festa desse ano, por solicitação (e edição) da respetiva comissão organizadora, traçando panorâmica das festas antigas.)
- «Rancho da Casa do Povo da Longra-Sete anos depois... em idade de razões» (Maio de 2001 – livro comemorativo do 7º aniversário do mesmo agrupamento e também alusivo ao 5º Festival de Folclore da Longra, de Julho seguinte – incluindo texto de fundo narrativo do “Conto de um Rancho Amoroso”, sobre a história do grupo em questão.)
- «6.º Festival do Rancho da Casa do Povo da Longra – Desfile de Oito Anos de Vida» (Junho de 2002).
- «7.º Festival da Associação Casa do Povo da Longra – Danças Mil em Nove Anos de Folclore» (Junho de 2003).
- «Grupo de Teatro da Casa do Povo da Longra – Sete Anos na Arte de Talma Associativa» (Outubro de 2003 – Livro historiador do respetivo agrupamento, em tempo do seu sétimo aniversário). A pedido (e edição) do Grupo de Teatro da CP Longra
- «8.º Festival da Associação Casa do Povo da Longra – Alcance duma Década Etno-partilhada» (Junho de 2004).
- «9.º Festival da Associação Casa do Povo da Longra – Comunhão de Tradição Associativa» (Junho de 2005).


Mais participação em revistas de teor local e clubístico...


Assim como (além de colaboração em jornais, ao longo de muitos anos, em episódicas participações em jornais diversos e mais regularmente quer no jornal O Porto entre 1974 a 1980, no Mensageiro da Longra em 1978, no Notícias de Felgueiras enre 1985 a 1995 e no Semanário de Felgueiras desde 1996 até à atualidade), ainda, algumas participações em livros literários e publicações diversas …


ARMANDO PINTO
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sexta-feira, 3 de abril de 2020

Cruz Pascal à porta!


Assim como em tempos remotos na campanha dos cruzeiros foi tomado como lema que uma cruz basta para dizer na história… também agora, numa interessante campanha de cruzes à porta a assinalar a Páscoa em tempo de quarentena, basta uma cruz como marca correspondente ao período que passa.  

Se outrora houve a campanha dos cruzeiros da independência, a assinalar a dedicação da Pátria Portuguesa a Nossa Senhora da Conceição dentro do período da Restauração e consequente Independência da nação, de que então se comemorava três séculos quando foram erigidos novos cruzeiros paroquiais substitutos de antigos pelourinhos... desta feita, de modo mais restrito e contido, obviamente, tem lugar a interessante iniciativa de se colocar uma cruz em lugar visível das casas a balizar a comunhão comunitária do espírito Pascal.

Pois então, como este ano, devido à pandemia do Coronavírus e derivado confinamento das famílias nos respetivos domicílios, toda a gente está e fica em casa, no intuito de evitar a expansão transmissiva do vírus, e por conseguinte deixando de se poder realizar os cerimoniais tradicionais da quadra, as famílias católicas de Portugal estão convidadas a colocar uma Cruz à porta de casa, como forma de assinalar a Semana Santa e a Páscoa, nesta fase de isolamento social. Sendo ideia de em cada família se fazer uma cruz, adornada se possível e colocá-la à porta de casa, onde normalmente entra o Compasso Pascal em anos normais. Cruz essa que até ao domingo de Ramos será decorada com ramos de oliveira e no dia de Páscoa com flores, em sinal de cada período. Assim como outros possíveis adereços relacionados.

A iniciativa, partilhada inicialmente entre amigos das redes sociais e depois divulgada pelos sacerdotes das paróquias como sugestão de se viver este tempo de forma diferente, está pois em marcha. Sendo mesmo acrescentado como explicação pela agência Ecclesia: “Na prática temos de ganhar consciência, neste rebuliço do trabalho em casa, nesta fase de isolamento, perdemos o foco do que é essencial e isto é recentrar na Semana Santa”.

Como também foi divulgado pelo pároco da comunidade da região a que pertencemos:

- «Dadas as circunstâncias, este ano não poderemos celebrar a Semana Santa e a Páscoa em comunidade paroquial.
Tem circulado nas redes sociais uma proposta que acho interessante para marcarmos esta Semana com tanto significado para nós cristãos.
A proposta é: no próximo Domingo, Domingo de Ramos, todos colocarmos uma cruz na porta de nossa casa (varanda, portão ou outro sítio visível), que aí permanecerá toda a Semana Santa. No Domingo de Páscoa enfeitamos essa cruz com flores, assinalando, desta forma, a alegria da Ressurreição de Cristo.»

Assim sendo, está já feita e colocada a cruz cá de casa, à chegada do fim-de-semana dos Ramos. Depois, a seu tempo, haverá simbolismo de Aleluia, naturalmente.


Armando Pinto

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Primavera enganada



Todos os anos o mês de Abril começa com o considerado dia dos enganos. Pelo menos na nossa era, pois em tempos remotos isso terá começado quando houve alteração no ano civil do antigo calendário. Quando o ano começava a 21 de Março, ou seja com o equinócio da Primavera, ocorrendo na ocasião festividades extensíveis até 1 de Abril. Assim, com a adoção de nova contagem anual, mediante o calendário gregoriano, transferido que foi o Ano Novo para o dia da circuncisão de Jesus, no 1º de Janeiro, a data anterior transformou-se em ano falso, ou seja dia de presentes fingidos. Como tal, porque se manteve alguma confusão na cabeça das pessoas, o antigo início do calendário passou a ser visto como dia de engano para os que não assimilaram logo os novos hábitos, pelo que na evolução temporal ficou a simbolizar data de mentiras, derivando costumes de brincadeiras propositadas.

Pois então, no tema do 1º de Abril, do Dia dos Enganos, desde remotos tempos que há costume de se pregar partidas e mentiras brincalhonas nesta data da fase revigorante do ano, ao nível do povo ou até no aspeto mediático, sobretudo por via da comunicação social, de onde partiram famosas mentiras que induziram engraçados logros em muita gente, agora com menor impacto por sobreaviso escaldado.

Ora, este ano, com a pandemia que está a alterar a vida das pessoas, não parece ser só este mesmo dia a enganar alguém, ou tudo e todos, porque com toda a gente confinada ao recolhimento caseiro é um tempo algo inédito de coisas completamente desconhecidas. Porém, como é dito num célebre poema, aparece isto em tempo primaveril mas a Primavera como não sabia nem sabe continua a rejuvenescer a natureza, enquanto o pessoal fica em casa, na esperança de não deixar alastrar a doentia fase do Coronavírus, à espera de melhores dias.

Surge este malfadado vírus passados cerca de 102 anos depois duma anterior virologia que deixou marcas na vida antepassada, como foi com a Pneumónica, a chamada gripe espanhola que grassou em 1918. Algo nefasto que tanto alterou o panorama e mesmo a história, como pode voltar a suceder. Tema que bem poderá dar para uma crónica a desenvolver, também, por exemplo nalgum espaço de colaboração publicista.  

Entretanto, no próprio dia e seguintes tempos, a Primavera está enganada mesmo e até a Páscoa deve passar como se não fosse em tempo Pascal. Até que, como também se diz, depois dos tempos virão outros tempos.

Armando Pinto