Apesar de faltar um rio a passar pela cidade sede do concelho, em Felgueiras, havendo apenas ribeiros espalhados pelo território concelhio a engrossar descendências das nascentes do rio Sousa, por assim dizer, o concelho de Felgueiras sente efeitos da época invernosa através da geada usual que torna prateadas as manhãs felgueirenses. Na cor de prata com que se depara o ambiente local até boas horas iniciais do dia, sob manto de ténue brancura a atapetar terrenos e a caiar ervas e arvoredos à vista da paisagem. Sem ser muito normal o aparecimento de neve, caída pela popular "folerca", como na região é chamada à folherca que origina as camadas de neve, propriamente.
Assim sendo, raramente caindo flocos de neve e como tal rareando os chamados nevões, mais comuns em terras altas, torna-se caso falado quando por vezes surge algum nevão. Algo que, como tal, fica na memória e faz parte das recordações.
Vem assim a talhe recordar um desses casos, por meio duma fotografia (abaixo) já de um tempo algo distante, a possibilitar visualização dum desses dias, também especialmente por mostrar uma vista parcial do centro da antiga vila e atual cidade de Felgueiras.
Depois disso, passados anos entretanto, já outros nevões ocorreram pela região, naturalmente. O último dos quais, com amplitude, pelo menos, foi em 2009.
Vem isto tudo a propósito de efetivamente fazer já alguns anos desde o último nevão caído por terras de Felgueiras, e do qual se retém imagem também do jardim central da atual cidade de Felgueiras na imagem cimeira, ao cimo deste artigo. Como, de seguida, também do que nesse dia se viu na vila da Longra, quanto à vivência pessoal do autor destas linhas.
Foi a 9 de Janeiro de 2009, numa manhã fria e surpreendente, quando caiu o mais recente nevão a cobrir de branco a Longra e praticamente toda a região... nesta área de Felgueiras e zona interior nortenha de Sousa e Tâmega. Prolongando-se pelo mesmo dia, uma sexta-feira, tal atração de flocos brancos surgidos do ar, vulgo farrapos, quais folhas esvoaçantes, que desde o alto celeste vieram em catadupa cobrir o solo e toda a natureza, transformando o ambiente assim colorido por um espesso manto de neve, de “folerca” - como por esta zona se costuma dizer popularmente (em corruptela popularucha de folheca).
Tal cenário até nos fez recordar poeticamente o poema "Balada da neve", de Augusto Gil...
«Fui ver. A neve caía
Tal cenário até nos fez recordar poeticamente o poema "Balada da neve", de Augusto Gil...
«Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria…
Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho…»
... Habituados à geada invernosa, nas áreas baixas da área, nesta zona ribeirinha do rio Sousa, todos os sentidos tiveram então, dessa vez, uma camada de neve a compor o panorama ambiental. Num facto pouco habitual, como só acontece com grandes intervalos de tempo, de permeio, mediando de muitos em muitos anos, normalmente. Tanto que desde aí ainda não voltou a ter repetição, por enquanto.
Recordando esse dia e a visão pouco comum, relembramos aqui o facto através de algumas imagens do álbum pessoal...
© Armando Pinto
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