Espaço de atividade literária pública e memória cronista

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Festa do Concelho de Felgueiras e seu forte Cortejo das Flores – no imaginário felgueirense perene !

Desde tempos imemoriais, no conceito de coisas de um século e tal, mais, tem sido quadro enternecedor na mística felgueirense a realização do tradicional e tão belo Cortejo das Flores. Que depois que foi reativado em finais do século XX, passou a ser um dos maiores ícones da imagem de marca felgueirense. E é tradição única no país (embora ultimamente tenham aparecido cópias noutras festividades, contudo a tradição original é o cortejo da urbe de Felgueiras para o Monte da Santa Quitéria)

Ora, atendendo a como esse evento tem estado já enraizado nas tradições atuais, na linha dos ancestrais usos e costumes concelhios, por assim dizer, será de lembrar algo do que se sabe ainda de tudo isso.


Atendendo a como esse evento estava já enraizado nas tradições atuais, na linha dos ancestrais usos e costumes concelhios, será de lembrar algo do que se sabe ainda de tudo isso. Relembrando e partilhando parte do que em anos anteriores foi publicado no jornal Semanário de Felgueiras dentro das crónicas do autor destas linhas e presentemente está guardado para um futuro possível livro sobre o concelho:

Festa do Concelho de Felgueiras (com Costume dos Vasos e Tradicional Cortejo das Flores) na Quadra dos Santos Populares

Todos os anos se fazem sentir evidências da festa que, a partir de 1911, deu origem ao feriado municipal felgueirense, na continuidade aos festejos que vinham de tempos remotos. Sendo que os feriados municipais da atualidade passaram a ser instituídos assim com o surgimento do regime republicano. Pois a festa do São Pedro de Felgueiras é muito antiga e quando se deparou a atualização do dia do concelho foi essa festa que mereceu principal referência. (Vencendo hipóteses mais personalizadas, desde efemérides de factos históricos e datas relacionadas com personalidades memorandas, como antes chegou a acontecer.)

Entre velhas tradições arreigadas à alma popular de Felgueiras, como por outras zonas também, estão os festejos dos santos populares, os três santos que o povo celebra por meio de arraiais festivos em que prevalece algo genuíno do que ao longo dos tempos brotou de realizações do povo, desde épocas remotas com características próprias no rico folclore local.

No concelho de Felgueiras, como terra nortenha, salvo efémeras exceções, nunca houve grande tradição de festejar o Santo António em noitadas, a não ser episódicas festas Antoninas realizadas nos Carvalhinhos alguns anos, em Margaride. Já a festa de S. João (não na feição paroquial, como se celebra nas respetivas paróquias, mas na vertente popular) teve antigamente laivos de primazia em diversas áreas, com realce para o S. João da Longra durante várias décadas (havendo notícias nos jornais desde inícios do séc. XX), até haver acabado essa grande festa nos princípios dos anos sessenta, ou seja muitas décadas depois, ainda no mesmo século XX. Porém, mais que todas foi sempre a do S. Pedro, efetivamente, em importância e continuidade, pois além de assinalada devidamente nalgumas freguesias, distinguiu-se sempre das demais como festa do concelho.

Ora o S. João na verdade fez parte do imaginário tradicional, transportando costumes ancestrais. Vem ao caso que em noite de S. João, nalgumas das terras felgueirenses, até se traçavam destinos de raparigas solteiras, por meio de hábitos anualmente repetidos para verem a sorte que o destino lhes antevia. Coisas próprias dos tempos antigos dessa festa popular, bem como a fogueira na mesma noite, ao escurecer, da qual também três raparigas de nome Maria iam pela fresca ao quintal apanhar cidreira, para armazenar com vista às necessidades de chá durante o ano, para as más disposições de barriga.

= Postal ilustrado - Mulher trajada com cesto alusivo ao cortejo das flores, em frente ao templo do monte de Santa Quitéria.

Tal festa, do santo mais popular das profanas romarias do norte, teve preponderância até décadas atrás, havendo sido durante muitos anos uma das noitadas mais alegres da região, com as estradas e caminhos enfeitados com arcos pendentes e decorados com garridos papeis recortados, nos quais havia lamparinas, enquanto pelas bordas estavam espalhados pucarinhos de barro com cera a arder.

Já a festa do São Pedro, abarcando todo o concelho, tem-se mantido na sua essência, festejada no monte da Santa - no espaço envolvente do santuário de Santa Quitéria, sito no monte do mesmo nome, onde existira em tempos remotos uma ermida dedicada a S. Pedro. Capela essa que era a mais antiga da região, segundo a “Corographia” do Padre Carvalho da Costa; e que, derrubada em 1719, foi substituída por templo dedicado a Santa Quitéria, concluído em 1725.

Antigamente esta festa ali realizada era feita por iniciativa popular, mas com o tempo passou a ficar à responsabilidade das autoridades civis, que tomaram a seu encargo a incumbência de manter o costume, como festa do concelho dedicada ao santo a que Felgueiras pedia proteção, desde os tempos imemoriais da capela da primitiva invocação. Para fazer face aos custos havia uma verba inscrita no orçamento municipal, para ajudar a completar a soma angariada em peditórios, de porta a porta, pelo território concelhio.

Costume que, com variações conforme os tempos e as vontades, se tem mantido sensivelmente na mesma linha tradicional.   

De permeio, o reitor do santuário, nas suas relações com pessoas influentes, ia conseguindo que senhoras fidalgas de diversas freguesias mandassem algumas suas criadas enfeitar os locais de culto, para melhor imagem ambiental do local de ajunto popular. (Como, por exemplo, o autor ouviu a pessoas antigas de famílias, sobre amiudadas visitas do Padre Henrique Machado à antiga Casa de Valdomar de Baixo, em Rande, onde viviam D. Maria e D. Henriqueta Mendonça, irmãs do Conselheiro de Rande,  duas manas fervorosas zeladores da igreja de Rande e do santuário de Santa Quitéria). 

Então, de diversos destinos seguiam ranchos de mulheres do povo monte acima, com cestos à cabeça carregados de flores, para embelezar o local cimeiro da vista abarcada desde a então vila-sede do concelho de Felgueiras, por alturas da Festividade do São Pedro. Indo essas mulheres de diversas zonas do concelho enfeitar as capelas colocadas pelo monte acima, na estrada típica em ziguezague, do martirológio da Santa, mais os altares da igreja do santuário de Santa Quitéria, e ainda o escadario em volta do monumento dedicado à Virgem Imaculada Conceição, ao tempo ainda envolto em ajardinado espaço gradeado, contendo escadas a tornar a coluna monumental).

= Frente do santuário e espaço envolvente da igreja de Santa Quitéria com decorações da Festa concelhia do São Pedro

Com o tempo, essa tradição evoluiu para a realização de sucessivo cortejo etnográfico, que passou a vigorar. 

Entretanto, em tempos passados, pela noite festiva, por altas horas quando os foliões regressavam a penates, provindos da noitada da festa, era costume os rapazes solteiros roubarem vasos de flores das casas de raparigas solteiras, colocando-os em exposição num local central da terra, da respetiva localidade de cada grupo, para no dia seguinte verem as moças irem buscá-los.

E então, por esses tempos costumavam as freguesias fazerem-se representar anualmente no concelhio Cortejo das Flores de S. Pedro, levado a cabo tradicionalmente por ocasião da festa. Desfile em que todas as representações das mesmas figuravam através de rapazes e raparigas, que ao jeito de cortejo iam até ao cimo do monte em festa. Como curiosidade (por associação à castidade de Santa Quitéria, ali venerada), era tradição irem apenas raparigas tidas como virgens, solteiras portanto, para levarem à cabeça os cestos enfeitados com flores que davam colorido e beleza ao evento...


= Uma imagem do Cortejo das Flores, com raparigas solteiras e jovens acompanhantes  pelos idos da década de 40, no século XX...

Para o efeito a Câmara lembrava ao regedor de cada freguesia e este encarregava uma pessoa com disponibilidade para organizar grupo de representação local. Atitude que depois teve sequência com a Confraria de Santa Quitéria, indo um dos mesários a cada freguesia proceder de forma idêntica, a rogar pessoa responsável, no que mais tarde houve continuidade através de comissão de festas, com igual pedido.

= Deposição final das flores, no epílogo do florido cortejo, ficando no meio da esplanada todo aquele amontoado multicolor a adornar o monumento de Nossa Senhora

Foi deveras famosa a participação organizativa do senhor Cunha Felgueiras na realização do Cortejo pelos anos 40, na linha sucessória de outros antecedentes pelos idos de 20 e 30. Havendo o cortejo tido algumas interrupções, como aconteceu desde meio dos anos sessentas até finais dos anos oitenta. Para em 1990 ter havido feliz retoma, em tempo de ressurgimento de diversos Ranchos Folclóricos (sendo de inteira justiça referir nisso o dedo de Agostinho Barbosa, fundador e entusiasta do Rancho de Varziela, bem como depois primeiro ensaiador do Rancho da Casa do Povo da Longra). Tanto que inicialmente, pelas primeiras edições do Cortejo das Flores nos anos 90, apenas participaram elementos de Ranchos Folclóricos, até terem começado a juntar-se algumas escolas com suas professoras, educadoras, auxiliares e alunos, mais associações culturais. Acabando, por fim, por se associar todo o povo folião, em anos mais recentes.

Ultimamente, já pelos anos ainda mais recentes, a partir de inícios da década dos anos 2000, surgiram dentro da novidade, sempre acrescentada no decurso do tempo, as chamadas marchas populares. Quais desfiles, mediante representações de localidades do concelho, que, apesar do nome, serão mais apropriadamente levadas à imagem das Rusgas Sanjoaninas do Porto, vistosas em efeitos coloridos e, nalguns casos pelo menos, com entoação de letras adaptadas de antigas cantigas de ligação local. 

Algumas das diversas particularidades dignas de memória, estas, por entre frases alinhavadas no seguimento de evocação ao fundo tradicional da vida local de outras eras. De que felizmente, ainda vão restando resquícios revivalistas, atendendo à recuperação em boa hora efetuada desde há alguns anos, já que o Cortejo das Flores foi recuperado e mantém-se, por meio de contributo de Ranchos Folclóricos, Associações, Escolas e outros grupos, cujos elementos participantes elaboram enfeites, custeiam as flores e dão seu folguedo. Inebriados no perfume natural da coisa pública comum.

Armando Pinto

((( Clicar sobre as imagens )))

domingo, 29 de junho de 2025

Cortejo das Flores/2025 - mais uma vez ponto alto do cartaz da Festa Concelhia do São Pedro de Felgueiras!

Cortejo das Flores, há muito tradicional destaque de cartaz da festividade do São Pedro de Felgueiras, a festa do concelho, encheu as ruas e o ambiente da cidade de Felgueiras no Dia do Concelho, feriado municipal este ano acontecido em pleno domingo de temperatura estival.

Ora, apesar do calor que fazia escorrerem bagas de suor no semblante dos participantes, voltou a ser em ambiente etnográfico da romaria histórica que, monte acima, foi cumprida mais uma vez a tradição.  

Cumpriu-se assim mais um ano desta linda iniciativa, agora revivalista do que em eras recuadas começou. Originariamente por na altura do festa do S. Pedro irem mulheres lá acima, subindo o monte de Santa Quitéria a levarem flores, para enfeitarem os altares da igreja e o escadario do pé do monumento ali existente dedicado à Imaculada Conceição. Indo então com cestos à cabeça cheios de flores, para o efeito. Costume que foi evoluindo e mais tarde deu lugar a um cortejo popular. Cuja realização teve alguns interregnos, ao longo dos tempos, até que, finalmente, em 1990 foi reativado e desde então sempre tem andado a crescer. De modo que tem sido e é o principal número do programa festivo da festa anual do concelho de Felgueiras. Tradicionalmente realizada no alto do monte, onde em tempos remotos existiu uma capela dedicada a S. Pedro. E agora, desde há alguns séculos já, existe o templo dedicado a Santa Quitéria, e na sua envolvência há o local do panorama da unidade felgueirense.

Como sobre a parte histórica do Cortejo das Flores de Felgueiras já em tempos foi feita natural resenha neste blogue, desta feita memoriza-se a realização deste ano 2025 através de algumas fotos, por imagens captadas pessoalmente no começo da subida, em pleno calor do acontecimento, na vivência misturada com o esforço físico e entusiasmo ambiental.  


















Armando Pinto

((( Clicar sobre as imagens )))


domingo, 22 de junho de 2025

Na efeméride da inauguração da Ponte da Arrábida do Porto: Uma lembrança dum passeio algures por esses tempos…

 

A 22 de junho de 1963 foi inaugurada no Porto a Ponte da Arrábida, de passagem sobre o rio Douro a ligar o Porto a Vila Nova de Gaia, em sítio mais distante das anteriores pontes (D. Maria e a popular de D. Luís, oficialmente chamada Luiz l). Possibilitando então o primeiro troço da pioneira auto-estrada a sair do Porto. Na altura tinha essa ponte o maior arco em betão armado do mundo. E na ocasião aquilo foi algo muito falado entre toda a gente, por ter sido difundido na rádio, meio mais ouvido nesse tempo, e na televisão, também por aqui, como era vista cá por estes lados no bar da Casa do Povo da Longra. Isto no ambiente da Longra desses românticos tempos dos anos sessenta, em que a Longra era ponto de encontro das gentes das redondezas, pelo menos. E então, ainda não havia passado muito tempo, houve uma excursão ao Porto organizada pelo Padre João Ferreira da Silva, Pároco de Rande e Sernande, de modo que as pessoas desta área geográfica logo puderam ir ver a ponte, que algumas pessoas em seu modo popular diziam ser da Arrábia…

Essa excursão ocorreu na linha de outras, também organizadas pelo saudoso Padre João, que meterem idas célebres ao Monte da Virgem e ao Palácio de Cristal, etc. bem como depois no ano de 1964 uma para assistirmos à ordenação do Padre Marílio.

Ora, tendo o caso sido lembrado a propósito da efeméride deste dia, da inauguração de 1963, e como já neste blogue há tempos se publicaram fotografias relacionadas com estas excursões, desta vez recorda-se uma dessas viagens excursionistas por um dos contos do livro “Sorrisos de Pensamento”, publicado em 2001.



Armando Pinto

((( Clicar sobre as imagens )))

sábado, 21 de junho de 2025

A antiga “Liga de Rande” nas memórias de elementos do “Grupo de Colegas de Escola & Amigos”…!

Na calha das lembranças recentemente recordadas (no blogue “Longra Histórico-Literária”) e partilhadas sobre a antiga existência da Liga Eucarística dos Homens de Rande… vem a calhar desta vez fazer uma ligação ao grupo de "Colegas de Escola & Amigos" – criado no WhatsApp e concretizado no almoço de convívio já realizado em maio deste ano de 2025, assim como será para ter continuidade no próximo ano 2026, na ideia de sucessivamente continuar enquanto for possível nos anos seguintes.

Ora, a antiga “Liga de Rande”, como era mais popularmente conhecida, entre os muitos elementos que teve, desde 1958 até 1973, incluía também alguns membros do grupo “Colegas de Escola e Amigos”. Sendo curioso verificar tal facto, assim como as moradas que tiveram naqueles tempos idos.

((( ampliar a imagem )))

Assim sendo, colocam-se aqui, em modo baralhado e em duas diferentes posições, a dezena e meia de cartões com os nomes dos elementos que faziam parte da Liga e atualmente estão inscritos como integrantes do Grupo dos Colegas e Amigos, agora socialmente existente. Obviamente muitos mais são, ou seja constam muitos mais nomes conhecidos nos cartões, além de outros de pessoas já desaparecidas, contudo desta feita apenas se colocam os dos amigos integrantes do grupo em apreço. Bastando ver, para uma ideia da quantidade de cartões de antigos inscritos na Liga, a altura do molho de cartões, comparativamente com os aqui mostrados, que encimam o amontoado.

Em acrescento, como a apresentação dos cartões foi feita com todos juntos e de frente, por serem vários, coloca-se também de seguida a parte de trás de um, ao calha e como exemplo, para recordar e exemplificar como os mesmos cartões eram carimbados aquando da sua entrega na ida à comunhão mensal, pelos membros da Liga que comungavam e assim cumpriam esse preceito (estando então ali um membro ao lado, com uma cestinha onde eram colocados, na devida recolha). Mais tarde o secretário carimbava-os. Entregando-os depois aos responsáveis dos grupos, que os distribuíam pelos colegas que tinham a seu encargo, porque faziam parte da sua caderneta, de modo a repetir o mesmo no mês seguinte. E assim sucessivamente.

Fica assim patente a curiosa mostra, de mais uma ligação dos tempos idos com o presente, no interesse recordatório.

Armando Pinto

((( Clicar sobre as imagens )))

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Homenagem evocativa de Alexandre Sampaio (o sr. Alexandre da Camilinha e sr. Alexandre da Liga de Rande)!

Faleceu recentemente o senhor Alexandre, como era normalmente referido e mais conhecido por “senhor Alexandre da Camilinha”, em alusão do conhecimento popular de ser filho da senhora Camilinha Rodrigues. O senhor Alexandre que foi um dos pioneiros da Liga Eucarística dos Homens de Rande, criada pelo Padre João Ferreira da Silva poucos anos após ter ficado Pároco de Rande e Sernande. Tendo esse grupo existido desde 1958, até 1973, quando faleceu o Padre João e foi substituído pelo Padre Oliveira de Varziela. Havendo o senhor Alexandre Sampaio sido um dos fundadores e continuadores desse grupo institucional da paróquia de Rande, num triunvirato formado por ele, mais Joaquim António da Costa Pinto e Manuel Nogueira Peixoto. Com a curiosidade do senhor Alexandre, embora com a retaguarda memorial de com sua família ter vivido muitos anos na casa dos caseiros da Casa da Torre, de Rande, ter residido depois em Sernande, no lugar do Carvalhal e, por fim, em Cimalhas, mas sempre fez mais vida em Rande, em todos os aspetos, quer religiosos, sociais, como laborais, ele que foi trabalhador emblemático da fábrica "Imo" da Longra.

Ora o senhor Alexandre Sampaio faleceu no dia 12 de junho, um dia de boas razões, sendo véspera das cerimónias da segunda peregrinação anual de Fátima, a que ele era tão ligado. E, nas suas exéquias, no dia 13, teve felizmente a sua urna coberta com a bandeira da Conferência Vicentina de S. Tiago de Rande e S. João Baptista de Sernande, de que desde início foi membro, tendo logo em 1995 sido eleito como vice-presidente – como se pode recordar pelo que então foi publicado no boletim “Escalada", da Sociedade de S. Vicente de Paulo, Conselho Central do Porto, em seu número de Fevereiro de 1995, com notas referentes ao mês de janeiro anterior.

Tendo felizmente o senhor Alexandre merecido essa louvável homenagem, com a bandeira da Conferência Vicentina, merecia também ter sobre o seu esquife a bandeira da Liga Eucarística de Rande a que pertenceu durante muitos mais anos e inclusive chegou a ser presidente, além de sempre ter sido um dos principais entusiastas, junto com outros que foram presidentes ou secretários, como por exemplo, Joaquim António da Costa Pinto, Manuel Nogueira Peixoto, César Nunes Ferreira, João Sousa Pinto (Isaías), António Manuel da Costa Pinto, Artur Filomeno Magalhães Barros, Abílio Pedro Mendonça Teixeira, Alberto José Pinto Guimarães Ferreira, José Monteiro Pinto, Ilídio Gonçalo Ferreira Coelho, Luís Moreira Peixoto, etc. Bandeira essa que ainda deve existir, pois ficou guardada na residência paroquial aquando do final do grupo (embora tenha sido falado que tal bandeira chegou a ser levada para outros lados, noutras ocasiões…); e que havia sido adquirida e estreada em 1961, como já neste blogue foi relembrado num artigo anterior, assim como noutras referências e historial da Liga também noutras crónicas de memorização.

Como ilustração de evocação merecida, mostram-se alguns dos cartões (em tamanho natural) que pertenceram ao senhor Alexandre na sua atividade dentro da Liga Eucarística dos Homens de Rande.

- Frente e verso do cartão anual

1966:

1968:


1969:


Armando Pinto

((( Clicar sobre as imagens )))

- Nota: A propósito, recorde-se anteriores referências em

http://longrahistorico.blogspot.com/search?q=bandeira+da+liga

AP

quarta-feira, 18 de junho de 2025

De vez em quando: Uma lembrança da Subida de Divisão do FC Felgueiras em 2012…

Recordação dum dos momentos históricos do FC Felgueiras, depois do renascimento e quando encetava a ascensão posicional de reposição a lugares consentâneos com o histórico do Clube Felgueirista. Sem necessidade de muitas explicações, pela imagem da frente e do verso do bilhete.

Armando Pinto

((( Clicar sobre as imagens )))

terça-feira, 17 de junho de 2025

Visita de um amigo Portista

- Hoje foi dia de receber a visita de um amigo Portista, com quem mantenho contacto regular via Internet e telemòvel, e de vez em quando também pessoalmente em encontros, sobretudo no estádio e no museu do Dragão, mas também nalgumas vindas dele aqui ao meu espaço doméstico. Como no caso de hoje, em que estando ele de férias, aproveitou para me fazer uma visita. E então, como por vezes acontece, trocamos entre nós material portista do que um e outro vamos tendo repetido e assim passa a completar as nossas coleções. Foi mais uma tarde de portismo com a visita do Paulo Jorge Oliveira, que se assinala nesta vida de Dragão.

Abraço amigo.

Armando Pinto

((( Clicar sobre a imagem )))

domingo, 15 de junho de 2025

Curiosidades Históricas Locais: Primeira pessoa sepultada no Cemitério Paroquial (no séc. XlX) e primeira na deposição de abertura (no séc. XXl) da Capela da Ressurreição de Rande

 

Entre particularidades da História Local, convirá deter alguma importância a quaisquer minudências de destaque, pois que em qualquer pormenor se pode rever o passado. Nesse aspeto, as curiosidades de uma primeira vez em que algo se estreou, de qualquer acontecimento ou ocorrências, quiçá as primeiras de que é possível colher conhecimentos, proporcionam efetivo interesse à posteridade – quais histórias marcantes de uma primeira vez.

(Assim sendo, vamos aqui recordar um tema que constou no meu anterior blogue – um que desapareceu da Internet por artes de “hackers”, talvez políticos ou alguém sem gosto por verdades, há uns anos, e então levou depois à criação deste sucessor com mais proteção…)

Ora, quanto ao tema que vem ao caso, entre curiosidades locais: Porque não é viável estender o alcance, neste caso, cingimo-nos a demarcar um exemplo, do que nos foi possível estudar (por ser naturalmente da zona que melhor conhecemos, em particular), anotando então caso que anotamos como “Curiosidades de Rande – Felgueiras”, a propósito da abertura da capela mortuária da freguesia referida, em 2008, até tempos passados do surgimento do cemitério paroquial da mesma, benzido e estreado em 1885, então com 123 anos de distância entre ambas as ocorrências. Agora já 140 anos desde a abertura do cemitério paroquial de Rande e 17 da inauguração da Capela da Ressurreição de Rande, vulgo mortuária (na conta de agora, em 2025).

Direcionando pois as atenções para temas que despertem particular curiosidade, desta feita apraz incidir fixação e alguma recordação sobre esses dois factos que se interligam na distância de mais de um século, desde há cento e tal anos. Quanto aconteceu e sucede com dois marcos memoriais da paróquia e freguesia de S. Tiago de Rande, como foi antigamente na abertura do cemitério paroquial, em 1885, e ultimamente com a entrada em funcionamento da capela mortuária da freguesia, em 2008. Duas efemérides merecedoras de mais um relance sobre factos históricos da memória coletiva.

Interesse, este, que revela quão significativo se torna o registo de curiosidades assim, qual interessante resultado deriva do conhecimento das veras notícias de alcance à posteridade, que fazem situar algo no tempo e transportam significado aos vindouros… Pelo menos, para quem tem raízes familiares e afetivas nas freguesias, a quem a terra natal e / ou de residência diz muito, senão alguma coisa porventura.

Não vamos recuar aos antecedentes, escusado que será rememorar o que decorreu nos tempos em que os enterramentos eram feitos no interior e nos adros das igrejas, em todas as freguesias, até que foram sendo feitos os chamados campos santos, que no caso de Rande foi em 1885 que foi concluído o cemitério paroquial – conforme registamos no livro que narra a história da região, o “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras” (escrito durante vários anos e editado em 1997). Relembramos apenas, aqui, que nesse mesmo volume referimos o nome da primeira pessoa que foi sepultada no cemitério de Rande: «Rosa, da Longra – acaso conhecido por ser madrinha da avó materna do autor, a quem sua mãe contou tal curiosidade…» (conf. página 177, do referido livro). Podendo, agora, acrescentar-se mais dados relativos, descortinado que foi o respetivo registo no arquivo distrital, como prova de que a transmissão oral conta muito e a tradição vale mesmo.

Importará, para enquadramento, relembrar alguma ligação de certas famílias pioneiras e nomes sempre familiares, conforme descrevemos num conto colocado no livro “Elevação da Longra a Vila” (ed. 2003).

Ora, com essa retaguarda do passado, atente-se no que ficou anotado no inicial registo do Livro de Óbitos (contendo termo de abertura assinado pelo Vigário da Vara, desse tempo), que fixou o primeiro enterramento no cemitério paroquial de Rande, relatando o falecimento do dia anterior (com grafia da época): «Aos dezanove dias do mês de Agosto do anno de mil oito centos e oitenta e cinco, às oito horas da noite, no lugar da Longra desta freguezia de Sam Thiago de Rande, Concelho de Felgueiras, Dioceze do Porto, falleceu, tendo recebido os sacramentos da Santa Madre Egreja, um indeviduo do sexo femenino por nome Roza Moreira de Sampaio, da idade de trinta e três annos, solteira, fiadeira, natural desta freguezia, filha legitima de António Cardoso de Sampaio, recobeiro, natural da freguezia de Sam Verissimo de Lagares, e de Mattilde Moreira de Amorim, lavradeira, natural também desta freguezia de Rande, a qual foi sepultada no Cemiterio desta freguezia. E para constar lavrei em duplicado este assento, que assigno. Era ut supra. O Parocho, (P.e) António Dias Peixoto d’Azevedo.»

= Cópias, em dois fragmentos (do mesmo) referido registo, do falecimento da pessoa que primeiro foi sepultada no cemitério de Rande, em Agosto de 1885 (falecida a 19 e naturalmente sepultada no seguinte dia 20 desse mês e ano).

Descrevemos o caso, e nomeadamente personalizou-se o apontamento, por ter passado todos esses anos já e não haver familiares diretos, da pessoa em apreço. Embora naturalmente haja descendentes em graus seguintes.

Na atualidade, sabendo-se que a capela mortuária foi benzida solenemente no dia 18 de Maio de 2008, é do conhecimento público que teve serventia pela primeira vez, como deposição funerária, ainda no mesmo ano, nos dias 6 e 7 do mês de Setembro (obviamente, dias do falecimento e do funeral respetivo).

Pela proximidade evita-se referir mais detalhes personalizados, mas para que se saiba à posteridade, sendo público o referente passamento, é justo que também se registe os respetivos dados, para constar historicamente. Tendo a dita Capela da Ressurreição de Rande sido usada pela primeira vez com o velório do sr. António Ribeiro, de 82 anos incompletos (14-09-1926 / 06-09-2008) e pessoa muito respeitada, inclusive muito interessado nos assuntos da terra (e que, como tal, chegou a oferecer apreciável material para o museu original da Casa do Povo), o qual viveu durante anos no lugar das Alminhas, da povoação da Longra, e faleceu em sua casa do lugar da Figueira (depois classificada oficialmente por Travessa com o mesmo nome), da atual vila da Longra.

Posto isto, em suma, e tomando o todo pela parte (podendo cada qual fixar as curiosidades das suas próprias freguesias), lega-se ao conhecimento e se preserva assim, nestas anotações, mais umas mercês das particularidades da terra de todos nós, do concelho de Felgueiras.

Obs.: Veio à ideia procurar e recolocar este artigo, escrito há já uns anos, por aqui ainda recentemente esse caso da primeira pessoa sepultada no cemitério de Rande ter dado azo á descoberta de dados familiares. A propósito de contactos tidos com um amigo que me contactou e encontrou por andar a fazer pesquisas sobre sua família, de antepassados que no princípio do século XX tinham ido para o Brasil, e daí o caso em referência ter proporcionado outras extensões familiares. Outra história que um dia merecerá também referências.

Armando Pinto

((( Clicar sobre as imagens )))