Espaço de atividade literária pública e memória cronista

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Santa Sé reconhece "virtudes heroicas" do padre Américo


A Santa Sé reconheceu, esta quinta-feira, dia 12, as "virtudes heroicas" do padre Américo Monteiro de Aguiar (1887-1956), fundador da Obra da Rua ou Obra do Padre Américo, no Distrito do Porto.

É um passo decisivo para a sua beatificação, processo iniciado em 1986, que agora a Santa Sé reconhece, com a publicação do decreto sobre as virtudes heroicas, autorizada pelo Papa Francisco após uma audiência com o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo Amato, na quarta-feira.

O reconhecimento das "virtudes heroicas" é necessário no processo para a beatificação, ficando a faltar o reconhecimento de um milagre atribuído à intercessão do Padre Américo.

Américo Monteiro de Aguiar nasceu em Salvador de Galegos, Penafiel, em 23 de outubro de 1887. Dedicou a sua vida aos mais carenciados, sobretudo os jovens.

Estudou no Colégio de Santa Quitéria, em Felgueiras, antes de ter seguido o rumo que o levou a uma vida plena de vivacidade humana.

Ingressou nos franciscanos em 1923, que abandonaria anos depois. Foi ordenado padre em 29 de julho de 1929. Dedicou-se aos miúdos de rua em Coimbra e, em 1940, funda a primeira Casa do Gaiato, em Miranda do Corvo. Em 1942, publica a "Obra da Rua".

Faleceu em 16 de julho de 1956, no Porto, dois dias depois de ter sofrido um acidente em Campo-Valongo.

= Monumento ao Padre Américo - Localizado na Praça da República, no Porto (junto ao quartel militar vizinho da igreja da Lapa), sendo estátua em bronze datada de 1972, a homenagear o Padre Américo Monteiro Aguiar. Obra escultórica da autoria de Henrique Moreira =

Segundo uma nota divulgada aquando do cinquentenário da morte do Padre Américo, esta quinta-feira citada pela Ecclesia, a Conferência Episcopal Portuguesa destacou a "conversão radical a Deus e ao serviço dos pobres" que o levou a ordenar-se padre aos 36 anos, "entregando-se desde logo a visitar cadeias, hospitais e os tugúrios de famílias marginalizadas".

"Para estas lança a cadeia de construção que foi o 'Património dos Pobres' e para o amparo de doentes incuráveis cria o recolhimento do 'Calvário'. A sua genial iniciativa, porém, foi a 'Obra da Rua', destinada a acolher e promover rapazes desamparados", acrescenta a nota.

 Obras literárias como O Pão dos Pobres, Isto é a Casa do Gaiato e Doutrina, caracterizam a imagem que hoje se tem de Américo de Aguiar.


O Padre Américo preocupou-se, desde o início da sua carreira, em garantir melhores condições de vida aos mais desfavorecidos. Foi nesse sentido que, em 1940, fundou a primeira Casa do Gaiato, uma instituição que ainda hoje se dedica a recolher crianças sem família ou de famílias carenciadas. Como meio mais eficaz de dar a conhecer a sua obra, os seus ensinamentos e os seus propósitos, o sacerdote fundou o jornal "O Gaiato", que também servia para angariar fundos investidos na sua causa. O seu estilo de escrita era direto e esclarecedor, fazendo sempre referência à pobreza e miséria dos muitos que ajudava e pretendia ajudar pelo país fora.

No ano de 1951 lançou a ideia que denominou de "Património dos Pobres". O objetivo era o de promover, junto de todas as freguesias e de todas as paróquias, a ajuda aos mais pobres de cada região. A sua área de ação, embora se tenha estendido a várias zonas do país, foi principalmente o Porto, cidade onde acabaria por falecer, com quase 69 anos de idade.

A sua luta contra a pobreza e a exclusão social, todavia, não desapareceu com ele. Sob a orientação dos seus seguidores foi fundada, em 1957, a casa do "Calvário", uma outra instituição criada para receber doentes incuráveis e abandonados pelas famílias.»

A.      P.