Por iniciativa do Comando Territorial do Porto da Guarda
Nacional Republicana, var ser inaugurada uma chamada Sala General Sarmento
Pimentel, como espaço dedicado a homenagear esta ilustre figura da história
nacional, da Guarda Nacional Republicana e da Cidade do Porto.
A homenagem em apreço, com um quadro do ilustre militar,
será então no Quartel do Carmo, à Rua do Carmo, no Porto, na próxima sexta-feira,
dia 9 de outubro de 2020, pelas 11 h 00.
Recorde-se que o General Sarmento Pimentel está também homenageado há muito em Felgueiras, por meio duma rua com seu nome, assim como na freguesia de Rande, local da solarenga casa-mãe de sua família, a Casa da Torre, onde viveu na sua infância e juventude. (Embora natural de Mirandela, onde o clã Pimentel tinha uma propriedade, mas único da família a ter nascido em Trás-os-Montes, já que os restantes irmãos nasceram no Douro Litoral, em Felgueiras.) Sendo a homenagem em apreço derivado a ele ter sido como Comandante desse mesmo quartel do Carmo que em 1919 fez o golpe militar do 13 de Fevereiro, que derrotou a Monarquia do Norte, restaurando a República no Porto.
À época dos acontecimentos de 1919 era João Maria Ferreira
Sarmento Pimentel então Capitão de Cavalaria. Ele que já havia sido medalhado
por anteriores campanhas militares em África e por sua participação no 5 de
outubro de 1010, recebeu entretanto a comenda da Torre e Espada. E também
recebeu a Espada de Honra da Cidade do Porto, como preito da sua heroicidade na
cidade da Liberdade. Mais tarde, já depois da implantação da ditadura militar
saída do 28 de maio de 1926, teve de se ausentar do país como exilado político,
fixando-se no Brasil, onde viveu a partir de 1927. Até que, após o 25 de Abril de
1974, foi reabilitado e depois elevado ao posto que lhe era devido, como
General. Além de ter sido pela Presidência da República condecorado com a Ordem
da Liberdade, ao tempo do presidente Ramalho Eanes.
É com grande honra que neste espaçozinho se dá nota desta boa nova, devido à particularidade da imagem do quadro, que dará razão à sala da homenagem, ter sido feita a partir duma fotografia do arquivo do autor destas linhas. Acrescendo ter podido ainda ser amigo do senhor General, apesar da grande diferença de idades, bem como cheguei até a ter contactos mais diretos de amizade com seu irmão Francisco (que, então como Tenente de Infantaria, havia também sido colaborador do irmão no golpe que derrotou a Monarquia do Norte, e mais tarde enveredou pela aviação, tendo sido autor da primeira travessia aérea de Portugal à Índia portuguesa).
João Sarmento Pimentel durante parte de seu longo exilio, continuando
a ser conhecido por Comandante e Capitão, além de escrever na famosa revista portuguesa
Seara Nova, de que era um dos líderes (embora sujeito à oficial censura portuguesa),
foi sendo ativo interveniente também entre a colónia portuguesa na terra de
acolhimento, chegando a ser presidente da Casa de Portugal de São Paulo. E escreveu
o livro “Memórias do Capitão”, publicado no Brasil em 1963. Obra literária que
a nação brasileira então adotou como livro de leitura nas suas universidades; havendo
mais tarde tido edição em Portugal a seguir ao 25 de Abril, em 1974.
O sr. General João Sarmento Pimentel faleceu no Brasil, em
1987, a meses de completar 100 anos; e o irmão faleceu também no Brasil em 1988.
Armando Pinto