Espaço de atividade literária pública e memória cronista

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Um nosso Amigo em destaque: O “Senhor Luís da Póvoa” no jornal Voz da Póvoa…!


Figura conhecida da Póvoa, de onde é natural, e particularmente da Longra, onde residiu muitos anos e deixou raízes, o senhor Luís Tomás Pinto – tal é a sua graça – dispensa apresentações. Bastando recordar que foi uma das personalidades retratadas no livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras”, publicado em 1997, recorde-se – faz agora anos, apresentado que foi, precisamente, a 21 de Novembro...

Ora o senhor Luís, recentemente, teve lugar de destaque no jornal “A Voz da Póvoa”, em sua edição de 22 de Outubro passado, ainda do presente ano de 2014.

Assim, como conterrâneo afetivo que é, tendo vivido e convivido connosco, na Longra, e merecendo sempre nosso apreço e amizade, aqui estamos a salientar essa honra – que sabemos ser, verdadeiramente, pelo bairrismo que lhe corre nas veias.

Eis aí a devida referenciação pública e alusiva, através da primeira página e espaço interior do jornal que desse modo homenageou, muito justamente, o seu apego à terra que o viu nascer.

(((Clicar sobre o recorte digitalizado)))

Armando Pinto

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Em tempo de lembrar nossos entes queridos desaparecidos - In Memoriam: Joaquim Pinto (1916-2006)


Estamos em tempo de Todos os Santos e Fiéis Defuntos, cujos dias ocorreram ao princípio deste mês de Novembro. Sendo sempre este um período de maior lembrança aos familiares e demais ente-queridos entretanto ausentes fisicamente.

Havendo já desaparecido de nosso sangue pais, tios, primos e, de afinidade, também muitos amigos, evocamos noutras ocasiões deste blogue a figura materna e agora lembramos a figura paterna - como homenagem e perpetuação familiar, registando alguns traços das características que notabilizaram a nossos olhos e mais sentidos na alma da recordação esse que foi e é nosso herói eterno.

In Memoriam: Joaquim Pinto

Em ideia que temos, uma das evidências terrestres é que fixar memória respeitante a algo particular ou coletivo será uma forma de celebrar a vida. E, neste sentido, essa atitude terá em conta valorização de tudo o que mereça apreço, com discernimento de avaliação, a enaltecer na amplitude de uma identificação.

Pode a área cronista ter também afectividade e a visão literária ser sensível. Nem sempre a narrativa publicista deve ser demasiado técnica, de texto conciso, frases modelares, segundo normas feitas, mas em lugar próprio igualmente proporcionar oportunidade de manifestos sentimentos e partilha exposta de conhecimentos. Ora, sendo habitual ao autor escrever sobre os outros, em espaços públicos, desta vez calha a preceito dirigir uma pessoal mensagem, na ocasião do período dos Santos, como se costuma dizer, e ainda de aproximação natalícia, na pertinência da proximidade da festa de família por excelência. Ajustando-se a oportunidade para dedicação duma homenagem, no sentido de elo familiar, ao patriarca da família e extensivamente a toda a prole sucedânea.

Está, com efeito, eternamente viva a memória do progenitor e patriarca familiar do signatário. Por sinal também uma figura marcante da memória local, atendendo ao seu currículo prestigiado com o Prémio da Associação Industrial Portuense, em 1959 (como obreiro da sirene e de alguns inventos na Metalúrgica da Longra, fábrica de grande prestígio, que foi autêntica escola de artes laborais, a pontos de então haver consideração de ser uma honra pertencer a seus quadros). Além de bairrista e profundo conhecedor da história local de tempos passados, segundo o que viveu e ouviu, tendo tido primordial comparticipação na monografia sobre as memórias da freguesia natal, por meio das informações que nos deu para o livro Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras. Subsídio comparticipativo que se deveu também à esposa, a saudosa Mãe do autor destas evocações, a Matriarca da família, pelo muito que contava na sua ligação estremosa, dando razão suprema ao ditame de que no companheirismo a um homem de relevo sempre houve e está uma grande mulher…

Costuma dizer-se que os avós são pais com açúcar. Definição a preceito, no caso em apreço, para o avô dos filhos e sobrinhos do autor destas linhas, mas também e especialmente Pai, tal o sabor doce que deixou, a criar água em boca sufocada.

Como seiva que produz vida e renova a natureza, a memória de nosso pai permanecerá pelos tempos, em perene saudade e constante recordação. O seu exemplo estará sempre presente, nos valores que ele soube incutir, na união da família que conseguiu criar e fortalecer.

Contava ele que, segundo ouvira, se celebrava a missa dominical de Rande aquando do seu nascimento. E, conforme se tornou público, porque o parto de sua mãe estava difícil, o pároco dessa época, Padre Augusto, pediu do altar a todos uma oração. Então foi feita conjuntamente uma sentida prece, para que nascesse em boa hora. Facto passado a 10 de Dezembro de 1916, na mesma igreja onde depois foi baptizado, participou nos actos da comunidade paroquial até ao seu falecimento, ocorrido a 10 de Março de 2006; em cujo templo por fim, no seguinte dia 11, foi encomendado a Deus. Agora, de peito contrito, aqui e onde nos lembramos dele, como nosso herói e figura pública que mais nos marcou, estamos gratos, agradecendo a boa hora em que veio ao mundo para criar as raízes que deixa em nós.


= Joaquim Pinto – fisionomia aos 89 anos, quase no fim da sua marcante caminhada terrena – na foto, junto com o filho autor destas linhas. =

Aos domingos, dizia ele, para ser domingo de verdade tinha sempre de ir à missa de Rande, pela manhã; e de tarde havia de dar um passeio pela freguesia, sempre, para ver os seus sítios queridos, o lugar de Janarde onde nasceu, a casa de Valdomar onde passou sua infância, mais todos os lugares que conhecia como as próprias mãos. Quanto gostava de ver quando aparecia a seus olhos qualquer melhoria na freguesia. Assim como tinha algum desgosto pelo desaparecimento de uma fonte que fizera parte do ambiente de sua juventude, a Fonte da Vinhó, antes existente junto a um campo da Quinta, entre Casal Corne e Janarde. A freguesia de Rande fazia parte dos seus pensamentos e anseios. Como sonhava com o alargamento do Largo da Longra, de modo a que o centro da vila que ainda conheceu pudesse ter uma praça central. Conversava muito com os filhos e até os netos sobre esses e outros motivos de seu interesse, sabendo transmitir aos vindouros autêntico apego pelo torrão natal. A terra em que ele era uma referência, quer como construtor da sirene da antiga Metalúrgica, empresa onde durante muitos anos foi o operário mais antigo; tal como mais tarde artífice bobinador e, depois, por todos se terem habituado a vê-lo constantemente, em presença habitual na sua veneranda fisionomia, tão respeitado na consideração geral, tornando-se personagem grado e admirado.

No silêncio contido do nosso coração, continuamos a conversar e, sempre que haja qualquer obra ou beneficiação na sua e nossa terra, os nossos sentidos serão os seus olhos, presente como estará sempre connosco, bem no íntimo de todos quantos o amamos.

Remexendo no fundo da mensagem, que desejamos voe até ao Infinito, tomando as asas do poeta, permita-se uma adaptação para dizer-lhe, na ligação terrena fortalecida espiritualmente:

Se vires que pode merecer-te
Alguma coisa a dor que nos ficou
Da mágoa sem remédio de perder-te,
Roga a Deus que de nós te afastou 
Que na Sua Glória nos faça ver-te 
Quão ditosa a doutrina nos legou.

*
Em homenagem de reconhecimento, foi Joaquim Pinto, da Longra, merecedor de um Voto de Pesar pela Assembleia Municipal de Felgueiras, na primeira sessão ordinária realizada por aquele órgão autárquico após o seu falecimento. Deliberação essa havida na respectiva sessão ordinária realizada a 20 de Abril de 2006, por voto apresentado pelo Grupo Parlamentar do PSD e aprovado por unanimidade dos 63 membros presentes no hemiciclo municipal, de todos os grupos partidário-parlamentares Felgueirenses.

Igual reconhecimento houve de seguida na autarquia de Rande, através de voto que teve apresentação pela Junta de Freguesia de Rande e aprovação de todos os presentes em reunião magna da Assembleia local, tendo assim também a Assembleia de Freguesia de Rande tido esse sinal de apreço em sessão do seguinte dia 27 do mesmo mês.

Ora, fazendo memória, escreve o autor em nome coletivo: Também nós continuamos a procurar honrar essa memória. E, assim, cá estamos nós todos, desde os mais velhos até ao Gonçalo e ao Tiago. Com o que nos une bem presente!

Armando Pinto