Com interesse de Felgueiras por mote, mais um artigo foi escrito para chegar à consciência felgueirense através do jornal Semanário de Felgueiras, em cuja edição de 15 de março fica impresso. Desta feita sobre
Património Memorial
O sentido de património já vai sendo diferente da
noção antiga do que existia de outros tempos. Sendo que património, como a
palavra significa na decomposição da mesma, de patri (pai) mais monium
(dinheiro recebido, herança), traduz o que recebemos de nossos pais. E mais
amplamente o que vem dos antepassados. Quão acontecia em tempos antigos haver
ideia de heranças olhando mais à propriedade monetária, enquanto hoje se
valoriza melhor a memória associada ao conceito familiar e comunitário. Como se
pode alongar na visão de afinidades coletivas, entre gente duma mesma terra,
como é a unidade concelhia afinal, em maior interesse sobre o que somos e de
onde vimos, quanto à identidade comum.
Assim, com esse fito de valorização patrimonial, sem
ideias de comparação mas apenas de constatação, no valor de preservação,
sabendo-se como muito se perdeu ao longo dos tempos quanto a objetos de
interesse público, há muito tempo que é sentida a falta de um museu concelhio
na sede do concelho de Felgueiras. Algo sentido, com efeito, de modo a
salvaguardar o que ainda possa existir de testemunhos do passado de tempos dos
antepassados felgueirenses. Notando-se que a cidade de Felgueiras será das
poucas urbes cabeças do concelho sem um local de reunião central do que
corporiza o sentimento coletivo, além de ponto estratégico de natural visita na
rota turística, mais óbvia autoestima proporcional.
É do conhecimento público como em tempos idos saíram
dos locais de origem certas pedras trabalhadas com história e peças artísticas,
para falar em termos genéricos, precisamente por o conceito de património
público ser menos evidente. Tal o ocorrido no caso do original chafariz do
mosteiro de Pombeiro e desse mesmo ambiente também alguns arcos, da parte antes
arruinada do antigo claustro, acabaram a fazer de pórticos e portões de entrada
nalgumas casas e quintas. Mas mesmo mais recentemente sucedeu em casos diante
dos olhos, conforme desapareceu o real brasão granítico que se via na esquina
do edifício de Belém, junto à Rua Costa Guimarães, e ainda há muito pouco tempo
foi deixado apear a casa solarenga que estava ligada aos laços existenciais do
Conde de Felgueiras. Assim como, noutro aspeto menos monumental, foram
desaparecendo outras evidências de tempos remotos, que podem ao menos ainda ser
avivadas ao conhecimento posterior, de modo a poder chegar notícia a tempos
vindouros.
Claro que de eras longínquas melhor aguentaram por
fatores favoráveis alguns monumentos fortificados e igrejas monumentais, mas se
houvesse já conceito vasto de preservação também teriam restado outras valias.
Realidade que agora pode e deve ser levada em conta, de forma a fazer chegar ao
futuro até realidades atuais, que daqui a tempos serão já raras. Como ainda
fazem parte de recordações as antigas lojas de comércio tradicional, mercearias
e tabernas, boticas e posteriores farmácias artesanais, estabelecimentos
comerciais de vendas a retalho de tudo e mais alguma coisa, casas de
espetáculos e lazer, instituições públicas, associações populares, aposentos de
antigos misteres de laboração e fábricas desaparecidas, etc. etc. Algo que,
como ainda existem peças de mobiliário, maquinaria e decoração de associação a
sítios desses, bem ficavam no tal museu com que urge dotar a cidade de
Felgueiras de um local de visita cultural, quase ao jeito de culto memorial.
Obviamente nada mais move estas considerações que o
interesse coletivo. Numa outra ideia que o nosso rincão pode ser mais à medida
do que lhe queremos, tal como o céu em vida poderá resultar de encontrarmos aquilo
que quisermos. Ora, se não fosse a História, por haver informações e poder
acrescer conhecimentos historiográficos, não se saberia ter havido boas
dotações, grandes cometimentos e celebrizados heróis do passado. Tanto que das
gerações recentes, apesar de tudo, ainda se valoriza algo relacionado na
mística subjacente à memória coletiva. Então, havendo Felgueiras, deve haver felgueirismo
representativo.
ARMANDO PINTO
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A um comentário anónimo (agradece-se identificação, senão não se publica) a dizer que há um museu em Friande mas sempre fechado, respondo que o que eu refiro no artigo escrito, e mesmo noutras crónicas anteriores, é sobre um museu concelhio na cidade de Felgueiras (como sede do concelho e local de visita para quem vem de fora e de encontro geral de todos cá de dentro), na ideia de um museu que abarque tudo e todos, a generalidade do Ser Felgueirense.
ResponderExcluirArmando Pinto