Espaço de atividade literária pública e memória cronista

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Artigo no SF sobre o treinador de futebol Mário Guimarães, "mister" felgueirense a laborar no estrangeiro


Na linha das crónicas assinadas pelo autor destas linhas, sob temas felgueirenses, com que há já uns anos bons tem havido colaboração pessoal no jornal Semanário de Felgueiras, desta vez o assunto de fundo é sobre uma história do presente. Versando uma narrativa de vida desportiva à mistura com o bem estar social adjacente. No caso trazendo a público um pequeno texto (conforme o usual espaço jornalístico) a homenagear uma boa representação felgueirense, afinal, sendo que uma terra é muito do que expressam as suas potencialidades, incluindo os filhos da própria terra. Dando vez, agora, a conhecer-se melhor o que faz um felgueirense da nova vaga de sucesso no estrangeiro, o treinador de futebol Mário Guimarães.


Conhecia eu apenas de vista este conterrâneo, em apreço, mais de o ver no campo do Felgueiras, no mítico estádio Dr. Machado de Matos – desde as bancadas, assistindo do meio dos degraus do público, vendo-o lá em baixo, junto aos jovens do FC Felgueiras 1932, ou então também nas bancadas a ver os mais velhos. Possivelmente ele poderia identificar-me, talvez por via dos meus muitos anos de trabalho no antigo Posto Médico da Casa do Povo da Longra, entre coisa de 12 mil utentes que esse Centro de Saúde abrangia ao tempo; e, como tantos jovens de há anos, na evolução natural, que cresceram a fugir aos olhos dos outros. Só mais tarde soube que o Mário até vivia para os meus lados, inclusive sendo filho dum amigo meu de infância, um dos companheiros de tempos idos na Longra, que mais tarde demandou outras paragens (sendo muitos os colegas de escola e doutrina que, pelas diretrizes da vida, rumaram para outras terras e mesmo países vários). Curiosamente ele, o filho, o Mário Guimarães, nascido em Varziela, onde o pai entretanto vivera, depois veio residir precisamente para a zona de origem de sua família, pelo menos de onde eu conheci seus avós e bisavós, mais seus tio e tia, além do pai naturalmente, pois que seus antepassados viveram muitos anos ali em frente, relativamente, na zona vizinha à antiga Metalúrgica da Longra. Curiosidades, somente, mas interessantes. Querendo com isto dizer, porém, que não é por nada disso que mereceu ser tema de crónica, desta feita, mas sim pelo que honra o orgulho felgariano que há nestas circunstâncias. Em modo de laço forte à valorização do sentido felgueirense, de tudo o que faz história do desígnio patriota.


Disso, em suma, passando à crónica respetiva, transpomos para aqui o texto escrito por iniciativa própria, na colaboração gratuita de sempre, por carolismo como se costuma dizer; e de modo particular felgueirismo.


Eis então o artigo publicado no Semanário de Felgueiras de sexta-feira 22 de junho, de cuja coluna se junta imagem digitalizada.

Mário Guimarães: Treinador Felgueirense “lá fora”

Por estes dias decorre nas longínquas paragens dos Czares, antigos monarcas da Rússia, o mediático Mundial de Futebol de 2018, chamando sobremaneira atenções ao fenómeno futebolístico. Portento social esse, o futebol, que movimenta paixões e associações derivadas, incluindo deslocação de elementos com vida profissional ligada ao mundo do futebol. Havendo também felgueirenses que por merecimento foram atraídos a trabalhar no estrangeiro nessa área do desporto da bola.

Com efeito, se tempos houve em que Felgueiras apenas exportava calçado para a estranja, além de móveis metálicos e pequenas remessas de pão de ló e vinho verde para as comunidades de emigrantes da diáspora portuguesa, passando depois a escoar já em maior escala o vinho de boa graduação saído das videiras sousãs, igualmente tem tido em tempos mais recentes também pessoas naturais e habitantes do concelho a receberem convites de irem para fora do país mostrar seus dotes em terras de outros usos e costumes. Facto que lembra a realidade atual dum conhecido treinador felgueirense de futebol, com trabalho feito cá dentro e que passou a ser um apreciado treinador lá fora, no estrangeiro.

Cara conhecida dos meios futebolísticos felgueirenses há alguns anos, desde tempos da coexistência de dois clubes em Felgueiras, Mário Guimarães foi um rosto da unificação do futebol felgueirense, como faz parte da história do futebol local. Com assomo de ter sido o treinador da equipa B do FC Felgueiras no período de unidade pacificadora do ambiente desportivo felgueirense. E com bons resultados, como estão ainda de fresco tais bons ensejos.

Ora, então nesta fase em que o sol puxa mais pela natureza, é de avivar algo revigorante ao apreço conterrâneo, tal como uma planta precisa de água e sol, com tempo assim propício cresce melhor o sentimento relacionado. Em cujo sentido é de louvar a veracidade de no presente o referido felgueirense estar a treinar com sucesso lá fora, inclusive tendo durante a temporada de 2017/18 estado à frente de duas das melhores equipas da comunidade portuguesa na Bélgica, com tal omnipresença por ali ser possível treinar na mesma época em duas competições distintas.


Passemos então a vias de facto, voltando às origens para apresentar este nosso conterrâneo felgueirense: De nome completo Mário Filipe Moreira Guimarães, nascido no próprio ano e mesmo pouco depois do histórico 25 de abril de 1974 e como tal com raça, é natural de Varziela, onde veio ao mundo a 4 de maio. Passando já depois de casado a residir em Rande, onde tem seu lar de permanência portuguesa na Longra, dentro do mesmo nosso concelho, até que desde há uns tempos recentes vive em Anderlec, na Bélgica. Desportivamente habilitado com o Curso Nível I, ministrado pela AF Porto e concluído em 2010, colaborou com o futebol concelhio, constando de seu currículo desportivo: Em 2009/10-Treinador adjunto do escalão de juvenis/9º classificado e em simultâneo treinador dos guarda-redes de todos os escalões do FCF Felgueiras; 2010/2011-Responsável Técnico (RT) de Juvenis do FCF Felgueiras/1º classificado com 61 pontos, apenas 1 empate e 1ª derrota; ficando em 4º no apuramento de campeões e respetivo 4º lugar na 2ª distrital da AF Porto. 2011/12-RT de Juvenis do FCF Felgueiras/1º classificado só com vitórias e com 3 golos sofridos/Subida à 1ª divisão de juvenis. 2012/2013-RT de Juvenis do FC Felgueiras/3º classificado da 1ª divisão. 2013/14-RT do escalão Sénior B do FC Felgueiras 1932/10º classificado da 2ª divisão da AFP, só com jogadores da formação. 2014/15-RT da Equipa B do FC Felgueiras 1932/6º Classificado da 2ª divisão da AFP. 2015/16-RT dos B do FCF /2º classificado da 2ª divisão da AFP/ Subida à 1ª Divisão Distrital AFP/Finalista vencido da segunda fase. A meio da época 2016/2017 deixou o FCF para ir trabalhar para a Bélgica. Havendo então assinado pelo FC Portugal, equipa de maior relevo da comunidade portuguesa na Bélgica, fundado em 1974, na 1ªdivisão Royal ABBSA, tendo com Mário Guimarães logo conseguido ser 3º classificado e finalista vencido da taça nas grandes penalidades. Enquanto o mesmo felgueirense tinha também o prazer de treinar o F C Porto de Bruxelas, galardoado pela segunda vez com o Dragão de Ouro na Gala de 2017 do FC Porto, no campeonato trabalhista TFT.BE; e por fim 1º classificado (campeão) e Vencedor da Taça.


Para a época 2018/2019 Mário Guimarães já renovou pelo FC Portugal. Grato às gentes dos dois clubes pela oportunidade de estar a ter esta experiência fantástica. Quão, na profusão do património afetivo, revela o que é ser Felgueirense também lá fora.

ARMANDO PINTO

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quarta-feira, 13 de junho de 2018

Santo António


Chegado Junho e quase na porção de meio do mês, começa o tempo dos Santos Populares, das festividades dos arraiais mais castiços, a partir da véspera do próprio dia, sendo a 13 o dia de Santo António.


Neste dia, na calha do Santo António, santo de simpatia alargada, vem a propósito lembrar o facto. Sem pormenorizar os casos do santo em Portugal ser apelidado de Lisboa, onde nasceu, e em Itália ser referido como de Pádua, onde viveu seus últimos anos e morreu, repousando na igreja de seu nome, a basílica a ele dedicada.


Também não vêm ao caso aspetos mais simples, tal como popularmente costuma ser associado a lendas e rezas, mais devoções popularizadas. Vindo a talhe sobremaneira a sua popularidade ao longo dos tempos, tornado um santo carismático na religiosidade.


Nesta ocasião em que Santo António é festejado em muitas terras e inclusive em Lisboa, em cuja área residem e trabalham pessoas de meus afetos familiares, mas também na cidade do Porto, em plena área do ambiente portista onde a igreja de Santo António das Antas se eleva à vista do estádio do Dragão, lembra assim evocar o mesmo santo português, afamado orador e Doutor da Igreja, o Santo António de Portugal e do mundo. Sem referência ou tendência ao lado etnográfico nem ao âmbito antropológico, apenas à afetividade. Advindo da especial ligação a Santo António alguns adereços com que se ilustra esta lembrança.


Armando Pinto
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terça-feira, 5 de junho de 2018

Inauguração da "Casa do Porto de Felgueiras"


Felgueiras é terra de muitos e bons portistas, como se sabia e ficou bem confirmado na sexta feira 1 de junho, em mais um dia assinalável na memória de gente felgueirense, no convívio portista derivado da inauguração da atual Casa do FC Porto de Felgueiras. Numa linha provinda de tempos históricos de apoiantes do clube dragão.


Como esta zona se insere, afinal, na parte do interior Norte do País onde, por réstias de fósseis, se sabe ter havido remotas existências… também, quais trilobites e dinossauros, há portistas da velha guarda. Pois há muito que Felgueiras tem tido e continua a ter adeptos portistas de forte ligação ao clube azul e branco com nome da Invicta capital do Norte, desde uns Adriano Castro, Cunha Felgueiras, Artur Peixoto Júnior e mais de tempos idos, passando por diversos outros, incluindo o autor destas linhas (não digo, como é costume, passe a imodéstia… porque é dito com orgulho, no caso) como colaborador do antigo jornal O Porto e revista Mundo Azul, e também um Mário Cunha da anterior existência da primeira Casa do FC Porto em Felgueiras, como já historiamos em artigo alusivo, até ao Hugo Reis que é o autêntico herói da abertura e vida da atual Casa do Porto de Felgueiras. Mas ainda de muitos portistas que proliferam por esta região felgueirense, e especialmente pelos que sempre que há algo relevante de afeto portista se manifestam. Como desta feita, mais uma vez, aconteceu com a inauguração da reabertura da Casa do FC Porto de Felgueiras.


Foi uma festa bonita, na verdade, de cujo acontecimento ficaram sensações bem agradáveis e, como tal, faltarão palavras para ilustrar devidamente qualquer narração. Tornado que foi possível tantos felgueirenses verem de perto a chegada do presidente do FC Porto à frente dos Paços do Concelho, onde depois houve a oficial receção, embora estranhamente de acesso ao interior do edifício apenas para entidades e convidados vips, tendo ficado fora o povo que rodeara Pinto da Costa à chegada e o conseguiu voltar a aplaudir à saída. (Contrariamente ao sucedido aquando da anterior vinda de Pinto da Costa à Câmara de Felgueiras, em 2004, pela primeira inauguração das antigas instalações da mesma Casa do clube; assim como de idênticas ocorrências com representantes de outros clubes noutros anos, igualmente.) Seguindo-se a inauguração da Casa propriamente, nas próprias instalações da mesma, bem situada à entrada sul da cidade, nas Idanhas; e por fim o jantar de convívio, conforme estava delineado a preceito. Coisa que, além de tudo o mais, valeu bem a pena, se mais não fosse pelo discurso de Jorge Nuno Pinto da Costa, quanto à confirmação que vai continuar à frente dos destinos do FC Porto.


Por entre a alegria derivada de boa disposição e confiança, o repasto decorreu em tons de fervor clubista, ressaltando que o Presidente Dragão Pinto da Costa continua em forma, enquanto das conversas resultantes das presenças ficou vincada também uma interessante promessa do vice-presidente Alípio Jorge, feita de viva voz a um adepto, de vir a Felgueiras comemorar com o referido portista se o FC Porto vencer a próxima disputa da Taça da Europa de Clubes de bilhar.


Sobre tal ocorrência festiva, para melhor ilustração memoranda, juntamos a reportagem publicada no jornal O Jogo do dia seguinte e algumas imagens da página informática do clube.

Armando Pinto

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sexta-feira, 1 de junho de 2018

Artigo alusivo à memória local da "bola" afetiva, no aniversário do Semanário de Felgueiras


Calhando a edição de 1 de junho do Semanário de Felgueiras no próprio dia do 28º aniversário do mesmo jornal, versa desta feita o artigo do autor sobre tema relativo ao registo memorando que um jornal como o SF guarda, no interesse histórico de valorização à perpetuação da memória coletiva:


Sintaxe esférica da memória

O mundo é uma bola que rebola, como diz um chavão popular. Não admirando que muito do que é mundo gire em torno de si, do próprio esférico. E como encarna o poema da Pedra Filosofal, o mundo pula e avança, qual bola comandando a vida. Tal o fenómeno desportivo, porque anda atrás duma bola, e particularmente do futebol que movimenta um mundo. Como vem a propósito lembrar, na ocasião de mais um aniversário do Semanário de Felgueiras, sendo que, entre momentos altos registados ao longo da existência dos periódicos da memória jornalística concelhia, perduram os grandes êxitos do futebol felgueirense.

Estão ainda nos olhos da recordação as primeiras páginas dos jornais locais aquando da entrada do FC Felgueiras na 1ª Divisão Nacional, como ao tempo era chamado o atual campeonato da Liga principal, e de modo particular as parangonas das primeiras subidas de divisão, uns bons anos antes. Estando assim na retina da lembrança os jornais existentes nessas eras remotas, como eram o Notícias de Felgueiras e o Jornal de Felgueiras, quando o Felgueiras andava pelos Distritais e por cá se passou a aspirar a mais altos voos; como depois à chegada ao patamar mais alto do desporto rei português já dava cartas o Semanário de Felgueiras, jornal que passara a estar por cima no panorama informativo na nossa região.


Vem assim a talhe recordar aqui algo da memória guardada nas páginas jornalísticas, atendendo ao interesse que o futebol sempre mereceu e por quanto movimentou a vida local. Dando extensivamente para valorizar a existência dos jornais, pois através deles se sabe também parte da história relacionada, ajudando isso mesmo a ter lugar na história. Quão é presente o impacto das folhas de jornais que ilustraram os feitos de Sabú, Mamede, Pimenta, Roda, Estebainha, Mário, Mendes, Rocha, Cardoso, Zé Maria, Pacheco, Monteiro e restantes jogadores do tempo da primeira subida de divisão, a meio da década dos anos sessentas; bem como antes ainda também uns Barnabé, Zeca Pinto, Augusto, Zé Carlos, etc.; tal como já depois Caiçara e tantos mais. Sendo que até foi pelo futebol que vieram e ficaram alguns bons valores de entre esses, lembrando por exemplo que Pimenta e Zé Carlos (o popular “Mãos de ferro” destas bandas) se empregaram na Metalúrgica da Longra, empresa que na época dava também desse modo grande apoio ao desenvolvimento concelhio e apoiava o crescimento do futebol local. Cidadãos esses que acabaram por ficar, arreigando-se a Felgueiras, como outros. Por entre a admiração granjeada, lembrando-nos como o referido Pimenta era conhecido popularmente por Pimentinha, em sinal de apreço por esse Ás da bola tornado figura pública no remanso da então pacata vila de Felgueiras. Até que nas andanças da história, posteriormente, em meados dos anos noventas, foi a vez de uns Lewis, Sérgio Conceição, Clint, Kristic, etc, fazerem andar a impressão de imagens e seus feitos no Semanário de Felgueiras. Jornal que mais tarde acompanhou o surgimento do continuador clube da génese ao presente do FC Felgueiras 1932, que fez renascer o entusiasmo pela bola em Felgueiras, como se verificou na recente fase em que o atual Felgueiras esteve na disputa da possível subida de divisão.


Eis então uma das balizas assinaláveis no papel que a imprensa escrita regional teve e vai detendo no universo da história local, pelo sentimento resultante na memória coletiva. Quão edificante transforma os suportes da memória em voos rasantes do conhecimento perene, tornando tudo mais próximo na distância do pensamento evocativo. Na linha sintetizadora de eternidade, à passagem de muito tempo num momento, tal como canto suave dum passarinho lendário, enquanto o pensamento pousa num galho da meditação memoranda.

ARMANDO PINTO
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