Espaço de atividade literária pública e memória cronista

quinta-feira, 15 de março de 2018

Novo Bispo do Porto – D. Manuel Linda nomeado Bispo Diocesano da Sé Portucalense


«Com data de 15 de março, o Santo Padre nomeou Bispo do Porto Sua Ex. cia Rev. ma o Senhor D. Manuel Silva Rodrigues Linda, até agora Bispo do Ordinariato Castrense» - conforme difusão oficial da Diocese do Porto. Algo de relevo para a região felgariana e comunidade social de Tâmega e Sousa, visto as terras de Felgueiras serem também do território da mesma diocese da Sé Portucalense, integradas que são as correspondentes paróquias na Vigararia de Felgueiras.

Foi assim esta quinta-feira 15 de março, dia litúrgico dedicado a Santa Luísa de Marillac, conhecida a notícia de que passa a haver novo Bispo do Porto, D. Manuel Rodrigues Linda, como sucessor do entusiasmante prelado D. António Francisco dos Santos, falecido no passado 2017. Sendo a nomeação conhecida no dia de Santa Luísa de Marillac, que com São Vicente de Paulo criou as Irmãs dos Pobres, as Filhas da Caridade ou Irmãs Vicentinas, mais tarde proclamada padroeira das obras sociais e de todos os assistentes sociais (pelo Papa João XXIII, em 1960).

Tem o facto certa relação especial, no caso, sendo que para Felgueiras a Ordem Vicentina faz parte do caracter religioso da vivência comunitária felgueirense, através das Irmãs de Caridade sediadas no alto de Santa Quitéria e até há pouco tempo também residentes no antigo convento da Misericórdia do Unhão, além da presença dos Padres Lazaristas que durante muitos anos tiveram casas em Lagares e Pombeiro e atualmente têm residência no monte de Santa Quitéria. Em cujo mítico local desde há muito tem estado a cargo dessa ordem a reitoria do santuário respetivo, onde anteriormente existiu uma ermida dedicada a S. Pedro, cabeça da Igreja católica.

~ Uma recordação dum dos momentos da presença Vicentina na comunidade felgueirense ~

Dom Manuel Linda, nascido em Resende a 15 de abril de 1956 e entretanto Bispo Auxiliar de Braga, como depois e até agora bispo das Forças Armadas e de Segurança, foi com efeito nomeado pelo papa Francisco para dirigir a diocese do Porto. Na Conferência Episcopal Portuguesa, o novo bispo do Porto preside à Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização e é vogal da comissão para a Pastoral Social e Mobilidade Humana. O lema episcopal de D. Manuel Linda é ‘Sede alegres na esperança’.


No dia da nomeação o próprio D. Manuel Linda logo publicou uma mensagem aos católicos da região portucalense: "Não é sem emoção que regresso ao Porto passadas quase quatro décadas depois da minha formação no seu seminário Maior", sublinha o bispo, que dirige uma saudação a todos os católicos locais, com um "destaque especial para os mais débeis, os pobres, desempregados, doentes, idosos, detidos e quantos perderam os horizontes da esperança".

O anterior titular do cargo agora ocupado por D. Manuel Linda era D. António Francisco dos Santos, que morreu, vítima de ataque cardíaco, a 11 de setembro de 2017. Desde essa altura, a segunda maior diocese portuguesa em número de paróquias (a seguir à arquidiocese de Braga) tinha como administrador apostólico o bispo auxiliar D. António Taipa.

Manuel Linda, de 61 anos (quase a perfazer 62, já no próximo mês de abril), após estudo no  Seminário de Lamego e no seguimento de seu percurso académico, obteve três Licenciaturas: em Disciplinas Humanísticas na Faculdade de Filosofia da Universidade Católica de Braga; em Teologia na faculdade do Porto; em Teologia Moral na Academia Alfonsiana em Roma. Assim como por fim também obteve Doutoramento em Teologia Moral na Universidade Comillas de Madrid. Entretanto, depois de ter terminado o Curso de Teologia no Seminário Maior da Diocese do Porto, ordenou-se padre em Vila Real, tendo sido ordenado sacerdote em 10 de junho de 1981, com incardência na diocese de Vila Real. Como sacerdote, ocupou os seguintes cargos: Sacerdote Paroquial, Assistente de Ação Católica, Conferencista em Seminário, Membro da Comissão Diocesana "Projeto Vida"; Reitor do Seminário e Diretor do Centro Cultural Católico da diocese; Vigário Episcopal da Cultura. Em 20 de setembro de 2009 foi nomeado Bispo Auxiliar de Braga e em 10 de outubro de 2013 foi nomeado Ordinário Militar para Portugal, como bispo das Forças Armadas e de Segurança. Até passar a ser a partir de 2018 o novo Bispo Diocesano do Porto.


D. Manuel Linda passará assim a integrar o vasto e honroso rol dos Bispos do Porto, sabendo que tal categoria tem um carisma especial, desde o histórico D. Hugo que recebeu de D. Teresa o antigo senhorio da cidade portuense, até na passagem dos tempos ter muito depois havido a definição administrativa do célebre cardeal D. Américo, mais o percurso histórico e pastoral de grandes prelados como foram D. António Barroso, mártir da transição monárquica para o regime republicano, e seus sucessores D. António Barbosa Leão, familiar da linhagem da Casa de Rande (Felgueiras), D. António Castro Meireles, D. António Ferreira Gomes, o mítico Bispo do Porto, mais D. Armindo Lopes Coelho (estes três naturais do Vale do Sousa, sendo o bispo Castro Meireles oriundo de Lousada, como era natural do concelho de Penafiel o célebre D. António da carta pró-memória a Salazar, enquanto D. Armindo foi ilustre felgueirense); além de outros que deixaram marca, como o Administrador Apostólico D. Florentino, e volvidos anos também D. Júlio Tavares Rebimbas, entre todos os que antecederam o tão admirado D. António Francisco dos Santos. 

»» D. António Ferreira Gomes, Bispo do Porto, em visita à igreja portuense de Nossa Senhora da Lapa, confraternizando com o célebre reitor da Lapa, o felgueirense Padre Luís Rodrigues, também compositor de música sacra e musicólogo de renome internacional «« 

Todos esses e restantes bispos completam a gloriosa galeria (a seguir exposta, em forma ordenada por fases históricas) de Bispos do Porto.

Lista de Bispos de Portucale:
Período Suévico-visigótico

- Viator (572-585)
- Constâncio (585-589) (bispo católico)
- Argiovito (585-610) (abjurou o Arianismo, em 589, durante o III Concílio de Toledo)
- Argeberto (?)
- Ansiulfo (633, 638)
- Flávio (656)
- Froárico (675, 683, 688)
- São Félix Torcato ou São Torcato Félix (693) (também Arcebispo de Braga)

Período da Reconquista cristã:

- Justo (873, 881)
- Gomado (908, 912)
- Hermógio (912, 924)
- Froarengo (?)
- Ordonho 931
- Énego, Nónego ou Diogo (1025)
- Sesnando (1049-1070)
- Pedro (1075-1091) (também Arcebispo de Braga)

Lista de Bispos do Porto

Período do Condado Portucalense e seguinte Nacionalidade / independência de Portugal 

- D. Hugo (1114-1136)
- D. João Peculiar (1136-1138) (também arcebispo de Braga)
- D. Pedro Rabaldes (1138-1145)
- D. Pedro Pitões (1145-1152)
- D. Pedro Sénior (1154-1175)
- D. Fernando Martins (1176-1185)
- D. Martinho Pires (1185-1189)
- D. Martinho Rodrigues (1190-1235) (envolvido em controvérsias com D. Sancho II de Portugal)
- D. Pedro Salvadores (1235-1247) (envolvido em controvérsias com D. Sancho II de Portugal)
- D. Julião Fernandes (1247-1260)
- D. Vicente Mendes (1261-1296)
- D. Sancho Pires (1296-1300)
- D. Geraldo Domingues (1300-1308), depois bispo de Évora
- D. Fradulo ou Trédulo (1308-1309)
- D. Frei Estêvão (1310-1312), depois bispo de Lisboa
- D. Fernando Ramires (1313-1322)
- D. João Gomes (1322-1327)
- D. Vasco Martins de Alvelos (1327/1328-1342), depois bispo de Lisboa
- D. Pedro Afonso (1343-1357)
- D. Afonso Pires de Soveral (1359-1372)
- D. João III (1373-1389)
- D. Martinho Gil (ou Martinho Egídio) (1390)
- D. João Afonso Esteves de Azambuja (1391-1398)
- D. Gil Alma (1398-1407)
- D. João Afonso Aranha (1408-1414)
- D. Fernando da Guerra (1416-1417) (antes bispo do Algarve e depois arcebispo de Braga)
- D. Vasco  II (1421-1423)
- D. Antão Martins de Chaves (1424-1447), cardeal
- D. Gonçalo Enes de Óbidos (1449-1453)
- D. Luís Pires (1454-1464)
- D. João de Azevedo (1465-1496)
- D. Diogo de Sousa (1496-1505), depois (arcebispo de Braga)
- D. Diogo Álvares da Costa (1505), sobrinho do cardeal de Alpedrinha, morreu sem tomar posse
- D. António Álvares da Costa (1505-1507), sobrinho do cardeal de Alpedrinha
- D. Pedro Álvares da Costa (1507-1535), sobrinho do cardeal de Alpedrinha, também bispo de Léon e de Osna
- D. Belchior Beliago (1535-1536), mais tarde bispo de Fez
- D. Frei Baltazar Limpo (1536-1550)
- D. Rodrigo Pinheiro (1552-1572)
- D. Aires da Silva (1573-1578) (faleceu em Alcácer Quibir)
- D. Simão de Sá Pereira (1579-1581)
- D. Frei Marcos de Lisboa (1581-1591)
- D. Jerónimo de Menezes (1592-1600)
- D. Frei Gonçalo de Morais (1602-1617)
- D. Rodrigo da Cunha (1618-1627) (futuro arcebispo de Braga)
- D. Frei João de Valadares (1627-1635)
- D. Gaspar do Rego da Fonseca (1635-1639)
- D. Francisco Pereira Pinto (1640) (nomeado por D. Filipe IV de Espanha, nunca chegou a tomar posse; a Sé Episcopal permaneceu oficialmente vaga até 1670, devido ao Papa não ter confirmado os dois bispos nomeados por D. João IV de Portugal)
- D. Sebastião César de Menezes (1641-?), eleito mas não confirmado pelo Papa
- D. Frei Pedro de Menezes (?-1670), eleito mas não confirmado pelo Papa
- D. Nicolau Monteiro (1670-1672)
- D. Fernando Correia de Lacerda (1673-1683)
- D. João de Sousa (1683-1696)
- D. Frei José de Santa Maria de Saldanha, O.F.M. (1697-1708)
- D. Tomás de Almeida (1709 - 1716) (futuro Patriarca de Lisboa; Sé vaga até 1741)
- D. Frei João Maria (1739), eleito mas não confirmado pelo Papa
- D. Frei José Maria da Fonseca de Évora (1741-1752)
- D. Frei António de Távora (1757-1766)
- D. Frei Aleixo de Miranda Henriques, O.P. (1770-1771)
- D. João Rafael de Mendonça (1771-1793)
- D. Lourenço Correia de Sá e Benevides (1796-1798)
- D. Frei António de São José de Castro (1799-1814)
- D. João de Magalhães e Avelar (1816-1833)
- D. Frei Manuel de Santa Inês (1833), eleito mas não confirmado pelo Papa
- D. Jerónimo José da Costa Rebelo (1843-1854)
- D. António Bernardo da Fonseca Moniz (1854-1859)
- D. João de França Castro e Moura (1862-1868)
- D. Américo Ferreira dos Santos Silva (1871-1899), cardeal
- D. António José de Sousa Barroso (1899-1918)
- D. António Barbosa Leão (1919-1929)
- D. António Augusto de Castro Meireles (1929-1942)
- D. Agostinho de Jesus e Sousa (1942-1952)
- D. António Ferreira Gomes (1952-1982), antes bispo de Portalegre e depois como Bispo do Porto ausente do país durante 10 anos (por exigência política do então governante da nação, Salazar)
= D. Florentino Andrade e Silva – Administrador Apostólico - durante o exílio político de D. António (1959-1969)
- D. Júlio Tavares Rebimbas (1982-1997)
- D. Armindo Lopes Coelho (1997-2006)
= D. João Miranda Teixeira - Administrador Apostólico - após o falecimento de D. Armindo e a entrada de novo bispo (2006-2007)
- D. Manuel José Macário do Nascimento Clemente (2007-2013), depois Patriarca de Lisboa e Cardeal
= D. Pio Alves de Sousa – Administrador Apostólico - entre a nomeação de D. Manuel Clemente como Patriarca de Lisboa e a entrada de novo bispo do Porto (2013-2014)
- D. António Francisco dos Santos (2014-2017)
= D. António Maria Bessa Taipa  – Administrador Apostólico - após o falecimento de D. António Francisco e a entrada de novo bispo (2017-2018)
- D. Manuel da Silva Rodrigues Linda (2018-...).

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Perante a honra de Felgueiras ter tido um Bispo Titular da Diocese, D. Armindo (anteriormente também auxiliar e titular da diocese de Viana) e um outro Auxiliar e Administrador Apostólico da Diocese do Porto, D. João, recordam-se os mesmos através de imagens documentais alusivas.


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Na mensagem, D. Manuel Linda nota que foi no Porto que surgiu “para a vida sacerdotal” e que exerceu “o sacerdócio colaborando na formação de novos padres”, regressando agora “como mais um de entre os muitíssimos que apostam tudo na evangelização e na promoção humana desta Diocese”.

De acordo com D. Manuel Linda, a diocese do Porto “sempre se distinguiu pela cultura dos seus membros, zelo missionário, santidade operante e sadia presença na sociedade”. “Trabalharei no Porto como tenho feito até aqui: «com Pedro e sob Pedro». Mas também «à maneira de Pedro». Isto é, pretendo ser um «missionário da misericórdia», um pastor com «o cheiro das ovelhas», um pai dos Padres, um irmão dos mais pobres e um fomentador do espírito ecuménico e de diálogo”, descreve. “Procurarei reconduzir a Igreja a uma tal simplicidade evangélica que a constitua referencial ético para o mundo atual”, acrescenta. O novo bispo do Porto refere-se também a uma Igreja “reformanda” e “sensível aos sinais dos tempos”.

“Se «daqui houve nome Portugal», como nos garante Eugénio de Andrade, também floresça uma Igreja conduzida pelo Espírito, sensível aos sinais dos tempos e sempre "reformanda", como pede o Papa Francisco e exigem os nossos contemporâneos”, afirma.

A Diocese do Porto saudou, entretanto, o seu novo bispo e o seu “regresso” ao local onde terminou o curso teológico, no Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição.

ARMANDO PINTO
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