Conheci-o
pessoalmente primeiro em 1984 aquando da entrega de galardões do III Concurso
de Jogos Florais de Felgueiras, do qual ele fora um dos elementos do júri que
atribuiu uma Menção Honrosa a uma croniqueta que enviei, então, ainda em
maneira quase juvenil, em 1983 (tendo por esse tempo recebido dele um dos
seus livrinhos, das brochuras que costumava publicar). Mais tarde, uns dois anos
sensivelmente, estive em casa dele a acompanhar o sr. Coronel Piloto-Aviador
Francisco Sarmento Pimentel, que ia em nome de seu irmão General João Sarmento
Pimentel, por via do revolucionário republicano e antigo Capitão de Cavalaria
do exército ser amigo do poeta (estavam ambos os irmãos Pimentéis radicados no
Brasil, para onde foram no tempo do Estado Novo e ficaram como exilados políticos…
Vindo nessa ocasião o mais novo a Portugal, em férias, já depois do 25 de Abril). Como mais tarde ainda,
em 1994, estive com esse sr. Artur Garibaldi na homenagem prestada ao aviador Francisco
na casa da Torre, da família Sarmento Pimentel e onde nasceu em Rande o heroico
aviador da primeira viagem aérea de Portugal à Índia. Não tendo posteriormente
podido ter mais oportunidades devido a entre ele e o proprietário/diretor do
jornal Notícias de Felgueiras haver ao tempo desaguisados que sem eu querer se
alastraram a quem escrevia nesse jornal…
Sendo esse poeta uma referência da literatura existente em
Felgueiras nessas eras de antanho, pouco se conhecia dele, em virtude de publicar
mais para fora, quanto aos pequenos livros que editava, assim como o seu Jornal
Gazeta de Felgueiras era mais voltado à ideologia política e, como tal,
assinado maioritariamente por seus correligionários.
Contudo, com o interesse que tudo merece, fui conhecendo
posteriormente algo mais. Assim, de sua saliência promocional tida em vida, há
a registar de A. Garibaldi, como foi a assinatura literária do poeta Artur
Garibaldi Pereira Braga, nascido a 27 de Novembro de 1913, em Braga, e falecido
a 20 de agosto de 1992, em Felgueiras:
- Natural de Braga, onde nascera em 1913, e, poetando cedo,
ali publicou em 1931 seu primeiro livro, intitulado “Nada”. Fixou-se desde 1952
em Felgueiras, terra que habitou durante muitos anos, até falecer, em 1992. Foi
diretor d’ O Jornal de Felgueiras de 1963 a 1983, ano em que fundou o periódico
Gazeta de Felgueiras. Escreveu em muitas publicações nacionais e
internacionais, derivado aos contactos com seus correligionários, ele que foi
acérrimo idealista político-social. Publicou por sua conta pequenos livros, dos
quais se salienta “A Harpa do Prazer e da Renúncia”, numa edição comemorativa
(em 1981) dos 50 anos de sua vida literária. De permeio teve alguns livros de
poemas dedicados a diversas terras, existências e regiões, como a Guimarães,
Pinhel, V Encontro de Imprensa em Famalicão, a Vigo, à Galiza, aos moinhos de
Laúndos, às festas Nicolinas de Guimarães, bem como a personagens, de que houve
exemplos ao poeta Virgílio Amaral, ao escritor Gaspar Baltar, ao pintor Adelino
Ângelo e ao militar-político Vasco Gonçalves; além de obras várias: “Ilusões”,
em 1934, “Luar de Paixão”, 1935, “Polónia heróica”, 1941, “Presença”, 1944, “Um
operário de escol”, 1954, “Três conceitos de vida”, 1955, “Versos a um filho
que parte”, em 1958, “As vésperas da boda”, em 1964, “Lembrança Lírica de
Felgueiras”, em 1969 (d’ O Jornal de Felgueiras), “Loa à pia da Sé de Braga”,
1970, “Ramilho de memórias”, 1974, “Tríptico da noite e da esperança”, 1975,
“As mulheres da minha vida”, em 1977, “Retábulo lírico de Nigrán”, 1979,
“Cítara do conhecimento”, “Vigília” e “Louvor de Abril”, em 1981 e “Cantigas de
desenfado para a minha missa dominical cantada”, em 1991.
Entretanto, estranhamente não foi incluído na “Primeira
Colectânea de Poetas Felgueirenses”, livro publicado pelo Pelouro da Cultura da
Câmara Municipal de Felgueiras em 1989. Sem estar em causa a intenção da
iniciativa, essa publicação tem forçosamente de ser considerada como feita
muito pela rama, pelos responsáveis da respetiva seleção, sabendo-se que foi
formado um grupo de pessoas, ao género de comissão, para o efeito. Pois que,
ainda que intencionalmente elaborada, deixou assim muito a desejar, colecionando
apenas amostra algo incorreta de interessados na escrita poética dentro de
portas (conforme, inclusive, no Jornal da Lixa de 20-10-1989, em peça intitulada
“Uma grande injustiça”, um articulista chegou a referir como «escritos pessoais
de versinhos de adolescência...»), esquecendo tal edição um número
significativo de verdadeiros poetas espalhados pelo concelho ou fora dele com
ligação Felgariana. Tendo A. Garibaldi sido injustiçado com o ostracismo dessa
publicação. Acabando por falecer, em 1992, sem constar em edições literárias
felgueirenses. Embora, em modo de reabilitação, já nos inícios do século XXI
tenha sido atribuído seu nome a uma rua da cidade de Felgueiras.
Em 2002, passados dez anos de sua morte, foi editado a título póstumo um livro chamado “Voz Insubmissa”, reunindo alguns trabalhos de composições publicadas em vida.
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Nota Bene: A foto cimeira, de fisionomia do poeta, é duma publicação do amigo Mário Adão Magalhães. As imagens restantes são do referido livrinho que tenho autografado.
Armando Pinto
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